Katekyo Gangue Reborn escrita por yumesangai, GalStyx


Capítulo 6
Inquietação




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   Vários carros estacionaram na frente do colégio. Mas era cedo e o céu estava começando a clarear, provavelmente os estudantes estavam começando a sair de suas camas.

 

“Chefe”.

 

   Todos os subordinados estavam alinhados, vestindo terno, gravata e óculos. Com a exceção do garoto de cabelos loiros que usava roupas normais e carregava uma mochila que não condizia com a dos demais estudantes.

 

“Você sabe que não precisa se preocupar, Romário”. Dino comprimiu os lábios num sorriso.

 

O homem abriu a boca para dizer algo, mas se calou. Ele ajeitou os óculos escuros enquanto limpava a garganta.

 

“Tenha um bom dia”. Ele declarou respeitavelmente enquanto todos os outros subordinados repetiram a frase em coro.

 

Dino apenas riu e acenou já de costas seguindo para o colégio. Onde ele se refugiou na cobertura, onde poderia aproveitar o nascer do sol.

 

“Você deve ser a maior dor de cabeça que Namimori já teve”.

 

“Kyoya”. Dino sorriu abrindo os olhos, porém rapidamente rolou o corpo para o lado se esquivando de uma tonfa que quase o acertara no meio da testa. E ela fizera um buraco no chão. Hibari apoiou o pé nela.

 

“Kamikorosu”. Ele murmurou com um sorriso.

 

“Espera um pouco Kyoya, eu acabei de chegar e--” Ele precisou recuar antes que seu precioso rosto fosse acertado.

 

“Essas roupas são proibidas dentro do colégio”. Ele disse estreitando os olhos perigosamente.

 

“Eu vou trocar de roupa mais tarde”. Dino tentou retrucar, mas obviamente aquilo não acalmaria Hibari. “Eu soube que é Rokudo Mukuro que está derrubando todos os chefões”. Disse de repente e Hibari até parou, pego de surpresa pela informação.

 

“Não passam de uns herbívoros em extinção”. Ele disse parecendo entediado.

 

“Parece que a Vongola está inquieta”. Dino disse mais para si mesmo.

 

“Esses herbívoros me interessam muito menos”. Murmurou com uma expressão de desagrado.

 

“Kyoya, você não deveria ter tão pouca fé assim neles. Acho que se eles conseguirem vencer o Mukuro, isso prova alguma coisa, não é?” Perguntou embora não esperasse que o outro concordasse.

 

“Wao. Desde quando você se preocupa com esse tipo de coisa?”

 

“Você deveria conhecer o Tsuna, ele é um cara legal”. Diz com um sorriso agradável.

 

“Só se for para mordê-lo até a morte”. Diz com um sorriso afetado.

 

“Você já pensou na possibilidade do Mukuro vir atrás de você?” Dino perguntou repentinamente sério.

 

“Se isso acontecer eu vou poder me divertir um pouco”. Ele guardou as tonfas, e começou a se afastar.

 

“Kyoya eu falo sério!”

 

   Hibari não respondeu e tudo que Dino viu fora seu corpo sacudindo levemente como quem ria sem emitir som.

 

-x-

 

   Mais tarde quando as aulas estão prestes a começar, os alunos vão chegando. Na classe de Tsuna a carteira de Gokudera iria ficar vazia por algum tempo.

 

   Ao avistar Tsuna, Haru corre até ele.

 

“Sa-Sawada-san! Anou... você sabe se... eto... se Gokudera-san vai ficar melhor?”

 

   Na noite anterior Haru estava apavorada demais para dizer qualquer coisa, quanto mais sanar suas dúvidas. Mas depois de uma noite de sono, ainda que mal dormida, ela já parecia bem melhor. Ela não pergunta apenas por educação, sua preocupação era legítima.

 

“O Gokudera-kun é forte, eu tenho certeza que ele vai se recuperar em breve”. Ele sorriu realmente querendo acreditar naquelas palavras. “... Obrigado”. Ele disse bem mais baixo e também com uma expressão calma. “Por salvar o Gokudera-kun”.

 

“Ah, não, eu... realmente não fiz nada demais...”

 

“Eu agradeço mesmo assim”. E fez uma reverência do jeito que podia.

 

   Haru olha de um lado para outro e acaba rindo sem graça.

 

“Você está bem?” Perguntou de repente. Estivera com a cabeça tão ocupada no estado de Gokudera e nas palavras de Mukuro que sequer falara com as duas. Na verdade, só sabia que fora Haru que encontrara Gokudera.

 

“Ah, sim, sim. Obrigada por perguntar.” Responde com mais energia.

 

 Tsuna sorriu aliviado.

 

“A Kyok—Sasagawa-san também?” Ele tentou corrigir com um sorriso amarelo. Ele não podia simplesmente chamá-la de Kyoko-chan na frente das amigas dela. Ele iria parecer um tarado, stalker ou coisa pior.

 

“Hm, ela está bem.” Haru responde assentindo.

 

“Ah, ainda bem”. Murmurou com a mão sobre o peito e então olha completamente envergonhado para Haru, com medo de como ela poderia interpretar aquilo tudo.

 

“Você realmente se importa com todo mundo não é, Saw... posso te chamar de Tsuna-san?” Ela pergunta sorrindo.

 

“H-hai”. Ele assentiu ainda meio sem graça. “Bom... se possível eu gostaria que ninguém se machucasse”.

 

“Hm...” Sua expressão fica cabisbaixa por um instante. “Mas vai dar tudo certo no final!” Diz se recuperando.

 

“Claro!” Diz confiante.

 

O sinal toca mais tarde indicando o intervalo. Como Gokudera no último dia, Tsuna sai sem falar com Yamamoto. Lembrando um pouco a época antes de Tsuna se juntar à Vongola, ele segue pelos corredores do colégio sozinho.

 

 E sabia quando havia alunos do colégio envolvidos com gangues, quando alguns deles passavam a sussurrar e apontar para ele como se ele não estivesse vendo.

 

“Mukuro. Eu não vou perdoá-lo”. E apesar de sentir as mãos tremendo, ele continua convicto do que faria. Nem Reborn poderia pará-lo.

 

Ele encontraria Rokudo Mukuro e... Bom, se ele sobrevivesse seria outra história. De qualquer forma, Hibari provavelmente o mataria por causar qualquer distúrbio em Namimori.

 

No entanto, algo completamente inesperado aconteceu.

 

“Eh!? O Mukuro não veio?” Tsuna gritou. “Muito obrigado”. Ele agradeceu e se afastou, seguindo agora sem rumo pelo colégio. “Será que ele também está no hospital? Será que o Gokudera-kun conseguiu no final?”

 

E o destino agiu novamente. Na posição privilegiada em que ele se encontrava, ele via o grupo de Mukuro reunido, ainda que sem o mesmo. E também, Chrome. Ela parecia ainda mais solitária.

 

“Mukuro-Sama. Por que o Mukuro-Sama não veio?” Ela perguntou com uma expressão chorosa.

 

“Não é da sua conta.” Diz Chikusa com um tom entediado e levemente irritado.

 

Os olhos de Chrome se arregalam e ela automaticamente engole o ar e segura a vontade de chorar. Por que todos eram tão cruéis quando Mukuro não estava por perto?

 

“Chikusa, se ela começar a chorar agora o Mukuro-chan vai brigar com a gente”. Diz MM girando os olhos.

 

“Se consegue fazer ela parar, então o faça.” Ele responde suspirando.

 

“Eu não ganho pra ser babá”. Ela murmurou fazendo uma careta.

 

“Ken!” Chrome se virou com os olhos pedintes.

 

“Mukuro-sama está resfriado!” Ken cospe a primeira desculpa esfarrapada que lhe aparece na cabeça. Ele só não queria aqueles olhos nele.

 

“Resfriado?” Chrome repete surpresa e também preocupada. “Mukuro-Sama está doente.” Ela agora parecia em transe.

 

“Meus parabéns...” Ironiza Chikusa.

 

“Por que... Por que eu era a única que não sabia?” Ela encolhe os ombros parecendo deprimida.

 

“Aaah!” MM Bate com o pé no chão. “Porque você ia ficar aí fazendo essa cara e enchendo o saco da gente. Não seja um incômodo pro Mukuro-chan”. Diz cruzando os braços.

 

Chrome apenas abaixa o rosto e fica encarando os próprios pés.

 

Tsuna se afasta com uma expressão de desagrado.

 

“Resfriado? Isso é impossível”.

 

À volta para a classe não o acalmou. Tivera aula de matemática e nem estava se dando ao trabalho de se concentrar. Ele havia prometido que não iria mal nas provas novamente, mas lá estava ele, totalmente desligado.

 

Quando o sinal soou pela terceira vez naquele dia. Tsuna juntou o material e seguiu para fora do colégio. Tudo que queria era se jogar na cama e pensar. Pensar em tudo que teria que fazer e quando Reborn iria aparecer.

 

No que ele estava se metendo e nas conseqüências de seus atos.

 

“Sawada-san”. Kyoko desencostou do portão e se aproximou com seu sorriso típico.

 

“Sasagawa-san”. Ele murmurou surpreso ao vê-la. “O Ryohei, aconteceu alguma coisa com o Onii-san?” Ele se desesperou e a segurou pelos ombros.

 

“N-não.” Ela respondeu assustada. “O Onii-chan está bem”.

 

“Ah...” Tsuna continuou com as mãos nos ombros dela, até de fato perceber o que estava fazendo. Seu rosto toma um tom completamente avermelhado e ele se afasta num pulo. “Me desculpe!”

 

“Não se preocupe com isso”. Ela diz ainda um pouco assustada, mas tentando voltar ao normal. “Com todas essas coisas estranhas que tem acontecido eu também fico preocupada. Onii-chan às vezes volta tarde pra casa e também treina todos os dias”. Ela disse mais melancólica.

 

“Kyoko-chan...” Ele queria poder reconfortá-la de alguma forma. Mas é claro que dizer que todos eles ficavam reunidos até tarde da noite não era nada reconfortante.

 

Gomen”. Ela deu um sorriso de leve. “Eu não pretendia incomodá-lo com isso”.

 

“N-não é incômodo. É natural que você fique preocupada. E-eu também fico. Sair tarde do colégio, andar pelas ruas quando o sol já se pôs.”. Ele olhou para os lados e reparou que ela estava sozinha.

 

  Kyoko acompanhou o olhar dele e apenas sorriu em reposta.

 

“A Haru-chan foi embora com os pais. Ela ainda está assustada e a Hana-chan faltou”.

 

“Ah...” Tsuna abaixou o rosto. Conseguia ver claramente Haru no hospital abraçada com Kyoko.

 

Demo a Haru-chan é forte!” Ela disse convicta, fazendo com que Tsuna erguesse o rosto. “Nós também não vamos perder.”

 

  Tsuna acabou sorrindo e assentiu com a cabeça.

 

“Sasagawa-san vai voltar pra casa sozinha?”

 

“Onii-chan tem algumas coisas pra resolver no clube de boxe, eu disse que iria sozinha pra poder fazer as compras para o jantar”.

 

“M-me desculpe, eu estou tomando o seu tempo”.

 

“De forma alguma, além do mais, fui eu quem o chamei”. Ela sorriu levemente e Tsuna sorriu sem graça. “Eu gostaria de agradecê-lo”.

 

“Agradecer?” Ele repetiu sem entender.

 

“Onii-chan fala muito bem de você. E mesmo sendo da mesma classe nós nunca tivemos a oportunidade de conversar, eu me sinto uma pessoa muito ruim por isso”.

 

E os pensamentos de Tsuna simplesmente flutuaram. Na verdade, sua mente pareceu entrar em transe.  Ele se esqueceu da Vongola, Mukuro e Reborn.

 

Ele estava ouvindo bem ou era somente mais de seus delírios? Sua querida Kyoko pensava nele a ponto de se sentir uma pessoa ruim por nunca terem conversado? Ela não o achava um completo zero a esquerda?

 

“Kyoko-chan não é uma pessoa ruim!” Ele disse de repente, um pouco incomodado por aquela ultima frase. “Ah, gomen! Sasagawa-san!” Ele tentou se corrigir, mas já era tarde.

 

   Kyoko piscou os olhos, uma, duas, três vezes e então riu baixinho.

 

“Eu posso te chamar de Tsuna-kun?” Ela perguntou com um sorriso gracioso.

 

“C-claro”. Ele respondeu com o rosto corado, afetado pelo sorriso dela.

 

“Ah, eu realmente tenho que ir fazer as compras agora”. Ela disse olhando para o relógio de pulso. “Até amanhã, Tsuna-kun”.

 

“Até amanhã”. Ele acenou com um sorriso bobo e seguiu para casa.

 

Ele andou para casa, ansioso. Agora mais do que tudo ele queria chegar em casa e aguardar pelo próximo dia. Kyoko-chan, querida Kyoko-chan havia falado com ele.

 

Já estava quase entrando em casa quando reparou numa pessoa se escondendo atrás do poste de luz. Sentiu rapidamente o corpo gelar com a possibilidade da presença de uma nova gangue quando ele estava sozinho e também basicamente em casa.

 

“Q-quem está aí?” Ele perguntou com a voz trêmula, incapaz de fazer qualquer coisa sozinho. E então uma tímida menina apareceu. “Chrome!?”

“Posso pedir um favor?” Ela perguntou tão baixo que Tsuna não tinha certeza se sequer havia a ouvido.

 

“C-claro”. Ele murmurou meio incerto. Na verdade, completamente apavorado. Se qualquer um dos outros três estivessem com ela, seria uma catástrofe.

 

“Onigiris”. Ela pediu com o rosto corado e apertou as mãos na saia, amassando o tecido. “Me ensine a fazer onigiris”. Ela pediu se curvando.

 

“Han!?” Tsuna quase cai de cara no chão com aquele pedido repentino. Ele pensando em gangues e brigas e Chrome falando de onigiris. Talvez aquilo fosse um sinal para ele se acalmar.

 

E talvez Chrome fosse de alguma ajuda. Afinal ela conhecia Mukuro, não?

 

“Por favor.” Ela pediu ainda do mesmo jeito.

 

“Hai...” Ele sorriu sem graça. “P-por favor”. Ele indicou o portão que acabara de abrir. E os dois entram em casa.

 

-x-

 

  Aproveitando a hora da saída, a Vongola estava reunida no ginásio fechado. Os membros se reuniam ao redor de Ryohei e Yamamoto que explicam a situação.

 

“Isso não vai ficar assim!”

 

“Nós vamos pegar esse Mukuro e virar ele ao avesso!”

 

“Capitão!” Chama um dos membros, entrando correndo no ginásio. “O Chefe não está em lugar nenhum.”

 

“Hmm... não faz mal, podemos avisá-lo depois.” Responde Ryohei com os braços cruzados. “O importante agora é todos se prepararem.”

 

“Nosso adversário é poderoso, temos que estar em nossa melhor forma para enfrentá-lo.” Diz Yamamoto com seriedade.

 

“Treinem com afinco. Vamos mostrar pra eles quem somos!”

 

   Os membros se dividiram. Alguns ajudavam os outros com o que conseguiam. Ryohei havia levado alguns deles à sede do clube de boxe. Como Yamamoto não tinha treino naquele dia, ele foi ajudar os outros como podia.

 

-x-

 

   No velho centro de lazer abandonado onde ele lutou com Gokudera na noite anterior, Mukuro se reunia com sua turma.

 

“Esses Vongolas são um pouco mais fortes do que eu havia imaginado... vamos ter que mudar de tática.” Diz Mukuro.

 

“Tudo que o Mukuro-chan disser”. MM apenas sorria completamente divertida com a idéia.

 

“Foi por causa dos Vongolas que Mukuro-sama faltou a aula hoje?” Pergunta Ken, incomodado.

 

“De certa forma. Eu apenas fiquei um pouco desorientado depois da ultima luta. Já fazia algum tempo que não precisava usar tanto poder.” Diz Mukuro, que parecia estar falando mais consigo mesmo do que com os outros.

 

“Que mudança de tática é essa?” Pergunta Chikusa.

 

“Não há necessidade de pintar alvos em nossas costas. Ao invés de confrontá-los diretamente, vamos atacar pontos isolados.”

 

“Não entendi nada.” Resmunga Ken, cruzando os braços.

 

“Significa que vamos pegá-los de surpresa e sozinhos?” Os olhos de MM brilham.

 

“Exatamente.” Responde Mukuro sorrindo.

 

“Mukuro-chan tem mesmo as melhores idéias”. MM basicamente passa a rodopiar imaginando tudo que aconteceria.

 

 -x-

 

   Naquela noite, mais sete membros da Vongola foram atacados e enviados ao hospital. Na manhã seguinte, a campainha da casa de Tsuna toca ainda cedo.

 

Tsuna havia dito para si mesmo que iria se esforçar. Por isso, ele ficara acordado até tarde tentando estudar, é claro que ele não conseguia fazer sequer um progresso estudando sozinho.

 

A matéria que ele não entendia continuava confusa. As anotações pareciam um quebra-cabeça de zilhões de peças. E em quinze minutos ele já tinha desistido e havia ido pra cama.

 

Mas naquela manhã ele também não queria sair da cama. Vongola, Mukuro. Tsuna tivera a impressão que acordara depois de um longo sono.

 

“Rokudo Mukuro”. Tsuna fechou a mão com força. “Eu com certeza irei--” Ele se levantou da cama quando ouviu o barulho da campainha.

 

Na verdade, aquilo estava começando a incomodá-lo, toda vez que ouviu um barulho na rua ou o som da campainha até mesmo do vizinho, Tsuna parava para tentar descobrir o que ou quem era.

 

Será que todos os membros de todas as gangues espalhadas por Namimori se sentiam assim?

 

“Tsu-kun, é pra você”. Nana gritou do primeiro andar.

 

“H-hai”. Tsuna saiu do quarto o mais rápido que pôde, no entanto, ele viu uma pessoa não familiar à porta. “Sim?”

 

“Bom dia, Chefe!” Cumprimenta o rapaz à porta. “Eu temo trazer más noticias.”

 

Tsuna engoliu em seco e ficou encarando o garoto. “O-o que aconteceu?” De repente ele conseguia ver a imagem dos amigos no chão e Mukuro sorrindo vitorioso.

 

Se Ryohei estivesse machucado, então Kyoko... Não, se todos estivessem feridos, ele não suportaria olhar para sua querida Kyoko.

 

    Tsuna é levado até o hospital onde os novos feridos estavam. Yamamoto, Ryohei, Lambo e vários membros da Vongola faziam uma confusão no saguão.

 

“Yamamoto, o que ‘ta acontecendo?” Pergunta se juntando aos demais assim que os avista.

 

“Ah, Tsuna. Não estão deixando a gente passar.” Diz com falsa tranqüilidade.

 

“Foi o Mukuro?” Ele perguntou baixo, como se tivesse medo de pronunciar aquele nome em voz alta.

 

“Não deu pra confirmar. Mas é o mais provável.” Responde com seriedade na voz.

 

“Mesmo tendo dito para o Reborn que estávamos prontos...” Tsuna olha de Yamamoto para Ryohei. “Eu não estou pronto, eu nem sei lutar”. E fixa o olhar em Lambo. “E acredito que ele também não saiba...” Bagunçou os próprios cabelos enquanto se desesperava internamente. “Nós vamos ser massacrados. Isso tudo porque eu decidi que iríamos lutar”. Ele ficou pensando no pior.

 

“Eu consegui convencer os caras.” Diz Lambo se aproximando dos dois. “Mas eles só vão deixar passar quatro.”

 

“Eu vou.” Diz Ryohei apontando para o próprio peito.

 

“Eu também.” Diz Yamamoto. Ele olha para Tsuna. Embora esse fosse uma das funções do líder, ele sabia que Tsuna se sentia desconfortável com essa situação. Bastava se lembrar de como ele reagiu quando viu Gokudera inconsciente.

 

“E agora? O Mukuro não está brincando.” Tsuna continuava perdido no próprio mundo, mas acaba acordando ao ter o olhar de Yamamoto sobre si. “O que?” Ele pergunta olhando em volta.

 

“Você vai ver o que aconteceu ou vai ficar aqui embaixo?” Pergunta Yamamoto.

 

“Eu vou... Eu vou ver o que está acontecendo”. Ele respondeu soltando todo o ar em seguida, sem nem saber quando havia começado a segurar a respiração.

 

Yamamoto assente. Os quatro seguem e vêem os membros feridos. Os diferentes tipos de ferimentos pareciam indicar que não foram atacados todos pela mesma pessoa. Além disso, estavam todos inconscientes.

 

“Mukuro... eu não vou perdoá-lo”. Tsuna diz enquanto observava os outros membros. “Reborn, eu ainda não sou capaz de lutar sozinho, é isso que você está esperando que eu faça?”

 

“Mukuro...” Havia uma sombra sobre o rosto de Lambo e sua voz não continha nenhuma emoção. “Vocês disseram que iriam lutar... então eu vou também. Vou acabar com a raça daqueles infelizes.”

 

Um dos feridos era um dos companheiros de Lambo. Além disso, ele não tinha visto Gokudera antes, então era a primeira vez que ele via o estrago causado por Mukuro pessoalmente.

 

   E Lambo não iria deixar isso ficar barato.

 

   Tsuna concorda com um aceno de cabeça e então rapidamente se ajoelha no chão diante de Ryohei e Yamamoto.

 

Onegai! Me ensinem a lutar”. Pede de cabeça baixa.

 

“Sawada...”

 

“Oe, Tsuna.”

 

“Por favor!” Ele insiste.

 

   Ryohei e Yamamoto se olham.

 

   Eles não eram cegos. Se alguma vez Tsuna havia chamado atenção no colégio, antes de se tornar o chefe da Vongola, foi quando ganhou o infame apelido de Dame-Tsuna. O garoto sempre foi quieto e evitava que os olhares dos outros caíssem sobre si.

 

   Sempre existem aqueles que se vêem no direito de atormentar esse tipo de gente. Ainda que as brincadeiras de mau gosto nunca tenham ido longe demais, Tsuna nunca tomou providências para impedi-las. Fosse com a ajuda dos professores, ou resolver tudo sozinho, ele nunca fez nada.

 

   Para todos no colégio, havia uma verdade óbvia em Tsuna. Ele era um fraco. Física e mentalmente fraco.

 

   A Vongola, que se sempre esteve ocupada com seus próprios assuntos nunca deu um pensamento a respeito do garoto. Não havia motivo para tal. Mesmo Gokudera, Yamamoto e os outros que estavam na mesma classe que ele nunca gastaram mais do que dois segundos em pensamentos sobre Dame-Tsuna.

 

   Então, tudo mudou na noite em que eles foram emboscados. Aquele garoto insignificante derrotou um perigoso adversário e os salvou do que seria o fim da gangue. Eles não puderam deixar de imaginar que o garoto tivesse algum potencial oculto.

 

   Tsuna deixa o distrito comercial as pressas, ainda com o som da gangue comemorando sua vitoria contra o Queijão as suas costas.

 

“Acha que devíamos botar ele pra treinar os caras?” Pergunta Ryohei entusiasmado.

 

“Por que não o tornamos um dos nossos?” Agora era Yamamoto que indagava. “Um cara desses seria uma ajuda e tanto.”

 

“Vamos falar com ele amanhã.” Declara Gokudera.

 

“Vocês estavam tão perto e nem perceberam?” A voz grave de Reborn interrompe a discussão dos três capitães.

 

   Reborn apanha uma latinha que estava no chão.

 

“Sardinha enlatada, 800 yens... esse foi o preço da sua vitória.” Ele diz lendo o rótulo.

 

“Ta dizendo que aquilo... foi pura sorte?” Pergunta Gokudera espantado. Quais eram as chances de algo tão surreal acontecer?

 

“Sorte... talvez. Ou talvez algo mais...” Reborn indaga mais para si do que para os outros.

 

“Eu disse que ele tinha um potencial oculto.” Diz Yamamoto sorrindo. “Até Reborn-san ficou surpreso.”

 

“Potencial oculto?” Reborn se vira novamente para os três, jogando a latinha no chão. “Talvez vocês possam chamar disso. Aquele garoto certamente tem algum potencial.”

 

“Então não tem problema chamar ele pro grupo?” Pergunta Gokudera.

 

“Nenhum problema. Mas, pensem bem, essa não é a chance que vocês precisavam para unir de vez o grupo?”

 

   Os três capitães se entreolham.

 

   Verdade, as coisas não iam nada bem pra Vongola. As recentes derrotas e constantes perdas de territórios estavam baixando o moral de forma acelerada. Alguns membros já falavam em abandonar a gangue. Sem um líder que pudesse inspirá-los de verdade, a Família não tinha futuro.

 

   A vitória naquela noite veio na melhor hora possível. Mas eles precisariam de uma reação legítima para reerguer os ânimos. Precisavam de um acontecimento de verdade. Algo que unisse a família novamente.

 

   Eles precisavam de um líder.

 

   As expressões nos rostos dos três eram indicação suficiente para Reborn. Ele não precisava sequer ouvir a conclusão que eles chegaram.

 

   Tsuna se tornaria o líder da Família, os guiariam e os inspirariam. Mas o garoto ainda precisava de treino. Muito treino.

 

“Parece que eu terei algum trabalho daqui a pra frente.” Pensa Reborn se afastando do grupo.

 

   Tsuna se tornou o líder na hora em que a Família mais precisava. Ele mostrou que tinha sorte, mas apenas isso não cria um líder. Mesmo os três sabiam que ele precisaria de seu apoio para ficar firme no posto que lhe foi confiado. Ele tinha ganhado a confiança de seus companheiros

 

   A segunda coisa que um líder precisa é ter o respeito de seus subordinados. E isso Tsuna conquistou na batalha da ponte. Lutando lado a lado da Família, eles puderam ver de perto a força de seu chefe. A partir daquela noite, ninguém na Vongola duvidou de Tsuna.

 

   Eles não sabiam sobre a Shinu ki Dan, então julgavam as explosões repentinas de Tsuna como um grande potencial oculto. Ainda que isso fosse verdade, era dolorosamente óbvio que ele não sabia lutar. Lambo havia confirmado isso quando os dois brigaram na porta do colégio.

 

   E agora Rokudo Mukuro estava criando caos e desordem por toda Namimori e mirando os membros da Família. Isso não poderia continuar.

 

   Seu chefe ainda precisava de seu suporte. Não, o que é um chefe sem o suporte de seus subordinados?

 

   Os dois se abaixam, encostando um joelho no chão.

 

“Isso não é necessário, Tsuna.” Diz Yamamoto com uma mão sobre o ombro dele. “Vamos todos dar o nosso melhor, né?”

 

“Pode contar com a gente pro que for preciso. Vamos treinar ao extremo.” Diz Ryohei repetindo o gesto de Yamamoto. “Você também, certo?” Ele pergunta virando o rosto para Lambo.

 

“É claro.” Ele responde sorrindo. “Eu ainda não mostrei pra vocês o que sou capaz.”

 

   Um sorriso iluminador se formou no rosto de Tsuna. Ele não havia pensando no que os demais poderiam pensar dele, se ele era um fracassado ou pior.

 

   Ele só queria se juntar a eles, com toda a Vongola e honrar todos aqueles que Mukuro atacara. Cumprir a promessa que havia feito.

 

“Muito obrigado!” Tsuna agradece com os olhos brilhando.

 

Continua...


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