Maxon partiu exatamente cinco horas depois do meu ultrassom. Eu não lembro muito do que aconteceu, eu só sei que em um momento eu estava me despedindo de Maxon chorando muito e no outro eu estava no meu quarto acordando com os olhos extremamente inchados. Acredito que os bebês sentiam a falta do pai, pois eles chutavam com mais frequência do que nunca! O bebê de Marlee poderia nascer a qualquer momento, pois ela estava para completar nove meses. Os nervos de Carter estavam a flor da pele, pois ele se irritava com a sensação de não saber quando o seu filho viria ao mundo.

Já fazia uma semana que Maxon havia passado, e tudo não passava da normalidade. Marlee teve um susto, pensando estar entrando em trabahlo de parto, mas era apenas um chute muito forte do bebê. Eu passava o dia todo conversado com Marlee e com minha mãe, mas isso já começava a me entediar. Falávamos sempre das mesmas coisas, sentadas nos mesmos sofás roxos, na mesma sala. Eu não tinha o menor contado com Maxon, pois aonde ele estava não possuía sinal de celular. Eu chorava toda vez antes de dormir. Eu não suportava andar pelo palácio sem ser ao lado de Maxon, dormir sozinha sabendo que se eu tiver um pesadelo ninguém irá me acordar, eu morria de medo de algo acontecer com Maxon e eu nunca mais sentir os seus braços, os seus cabelos, e os seus lábios.

Já havia duas semanas desde a partida de Maxon. Eu estava sentada em seu escritório cuidando de umas papeladas que ele havia deixado quando o telefone tocou.

– Ciao? - disse uma voz feminina do outro lado da linha.

– Nicoletta! O que houve? Tudo bem com você?

– America! Sim,sim tudo bem conosco. Sabe...eu e o bebê. - sorri deste lado da linha. Nicoletta conseguia ser mais radiante ainda enquanto grávida. - Bem, eu queria me desculpar por não ter te convidado ao meu casamento.

– Tudo bem, eu entendo.

– É que eu não achei muito justo fazermos uma festa de casamento enquanto estamos em guerra. - ela disse, me lembrando a razão para Maxo não estar perto de mim neste momento. - Por falar em guerra, vocês deviam se preocupar um pouco com os seus aliados.

– Sim, sim. Maxon está em campanha neste exato momento.

– Ah, ele não está aí? Desculpe America, eu não quis...

– Tudo bem. Não havia possibilidades de você saber. - eu disse com uma lágrima nos olhos. - Mas como você está? E Alissio? Já se acostumou com a ideia de ser papai?

Enquanto ela me contava de tudo o que tinha acontecido de novo com ela, não pue deixar de sentir um pouco de inveja. Não por seu marido ou pelas coisas que ela fazia, mas por ter uma vida bem mais emocionante que a minha. Enquanto ela passeava de cavalo, colhia uvas do pé e comia de tudo, eu mal podia sair para o jardim, comia muitas frutas, mas poucas das quais eu podia dizer que estavam frescas, e era obrigada a comer a comida de minha mãe. Não que fosse ruim, mas eu já havia comido comidas melhores.

Era um dia comum, e quando digo comum quero dizer completamente sem graça. Eu estava andando pelos corredores do palácio, umas das únicas diversões que ainda me restavam, quando ouvi um grito. Eu não podia correr, mas fui o mais rápido que pude. Ao me aproximar mais, descobri de onde vinha o grito. Da casa de Marlee. Entrei, basicamente, arrombando a porta, e encontrei Marlee sentada no sofá com as pernas abertas e suando muito. Quando ela percebeu a minha presença apenas disse.

– Chame...Carteeeeeeeeeeeeeeer.

Fui em direção ao local de trabalho de Carter quando alguém esbarrou em mim. Quase caí no chão, e que estrago seria, mas a pessoa me segurou pela mão e me ergueu novamente. Quando me toquei, a pessoa era Carter. Eu não precisei dizer nada, acho que apenas com minha expressão ele percebeu o que estava acontecendo. Ele foi correndo em direção a casa deles e eu fui atrás, bem mais devagar. Quando cheguei lá, Carter estava com Marlee no colo e eles estavam discutindo, enquanto ela urrava de dor. Eu comecei a ficar com raiva. Como eles conseguiam brigar numa hora dessas. Eu não aguentei e gritei.

– Pare com isso, vocês dois! Carter, leve essa mulher A-GO-RA para o hospital. O filho de vocês está para nascer! Vão logo!

Eles se entreolharam e Carter começou a correr novamente. Quando cheguei no hospital, a enfermeira me disse que eles já tinha entrado na sala de parto e que eu teria que aguardar. Acontece que eu não podia ficar em pé por muito tempo, então perguntei quando eu poderia vê-la. A enfermeira me disse que por ser tarde da noite, provavelmente eu só a veria amanhã. Dei um sorriso simpático a ela e dei-lhe boa noite. Eu iria dormir, isso sim.

Na manhã seguinte, acordei sorrindo. Fui saltitante até o hospital. Quando entrei no quarto deles, Marlee estava com o bebê embrulhado em uma manta, com ele aos braços e Carter ao seu lado. Ambos pareciam muito cansados, mas sorriam da forma mais radiante que eu já vira. Eu me aproximei, e Marlee deu um gritinho ao me ver. Ele deu o bebê a Carter e eu fui ao seu encontro, a abraçando.

– Doeu muito? - eu perguntei sorrindo.

– Eu não vou mentir. Se fosse você, fazia cesariana. Valeu muito a pena, claro, mas eu quase morri lá! - nós duas rimos um pouco, enquanto Carter brincava com o bebê nos braços.

– Eu posso segurá-lo um pouquinho?

– Mas é claro!

Eu fui até Carter e me senti meio sem jeito ao pegar o bebê, por causa da minha barriga. Mas com o tempo, ele se aconchegou no meu colo. Quando eu fui tocar o seu narizinho, ele abriu os olhinhos bem devagar e sorriu para mim. Eu me senti maravilhada. Nenhum bebê havia sorrido para mim antes. Ele tinha os olhos verdes de Marlee. Ele era perfeito.

– Já decidiram o nome dele? - eu perguntei, ainda olhando para ele.

– Já. - disse Marlee. - O nome dele é Harry.

Harry. O mais novo amiguinho dos meus Ethan e Katrina.