"A Pessoa que passa o dia rindo, é a mesma que passa a noite chorando"

A frase ecoava pela mente de Elizabeth; sem que ninguém percebesse aquela frase havia a preocupado; e o que para os outros era apenas mais uma redação, para a garota a atividade se tornara um instrumento de tortura psicológica.

— E com a leitura da redação a tarefa vai render um ponto; para os que precisam sugiro começar... Agora. —

Dizia o professor fingindo olhar no relógio de pulso; Droga, ela precisava, chegara no fim do primeiro semestre sem as notas da antiga escola, estava no vermelho e cada ponto era necessário; mas, fazer aquela redação poderia fazer desabar a barreira dentro de si, barreira essa que construíra para conter seus sentimentos e fraquezas; ler o texto em voz alta para todos de sua sala ouvir então, seria com toda certeza uma das tarefas mais difíceis e dolorosas de sua vida. "Ê drama" dizia uma voz dentro de si, a voz que sempre a ajudava a fortificar a barreira em sua mente.

O sinal tocara anunciando o final da sexta aula e tirando nossa protagonista de seus pensamentos melodramáticos.

(...)

Enquanto voltava para casa, a maldita frase ainda martelava em sua cabeça, fazendo a garota prestar a atenção apenas em seus problemas.

— Fala sério, tanta coisa com que realmente se preocupar —.

Dizia um garoto moreno e olhos verde-mar ao seu lado.

— Monstros e deuses, por exemplo —.

Completou ele olhando ao redor, a garota por outro lado apenas sorriu fracamente, ainda olhando para baixo.

— Não fale besteiras Jackson, existe apenas um Deus. —

Contradisse um grande e loiro homem a direita de Elizabeth, que continuava seu caminho olhando para seus pés; “she's will be loved” tocando alto em seus fones não a impedia de ouvir a discussão dos dois diferentes personagens. Ela suspirou tirando os fones enquanto passava pelo portão de sua casa, os outros não mais ao seu lado.

Passou por seus pais dizendo um animado oi recebendo o mesmo em resposta; entrou em seu quarto deixou a mochila em qualquer canto parando em frente ao espelho, o reflexo era triste, doentio e melancólico; como todo o resto do quarto o espelho conhecia bem o ser a sua frente, bem o suficiente para mostrar a ela o que os outros não viam o que ela lutava para que eles não vissem; a garota por de baixo da mascara tão diferente da de segundos atrás. Elizabeth é uma garota esguia e um tanto magricela, sendo muitas vezes questionada do porque não se candidatar a modelo; grandes e expressivos olhos castanhos, cabelos caídos nas costas e extremamente negros destacam ainda mais a pele alva. Com um suspiro começou a despir seu uniforme, colocando no lugar uma regata preta e um short jeans para depois se jogar na grande cama de casal.

Acordou quatro horas depois com uma furiosa mãe gritando coisas sobre não fazer nada o dia todo e não ter almoçado ainda. Lizz realmente odiava dormir de tarde, além de perder preciosa parte da tarde e deixar sua mãe uma fera, privava algumas horas de sono durante a noite o que significava horas pensando em besteiras e coisas inúteis sem conseguir dormir. Levantara preguiçosamente prendendo os cabelos num rabo de cavalo alto e respirando fundo foi fazer suas obrigações.

(...)

Durante a noite como havia previsto o sono teimava em chegar o que lhe dava tempo para pensar em coisas aleatórias, não que ela pudesse escolher entre dormir e pensar em seus problemas, dramas e etc.

— Bah! Já que não vai dormir poderia fazer algo de realmente útil! —

Afirmou um alto homem sentado na cadeira giratória de seu computador, um violino descansando em seu ombro.

— Me avise quando pensar for algo inútil. —

Rebateu a morena olhando para o teto acima de sua cabeça, Tom seu gato se remexeu em seus pés antes de voltar ao seu sono.

— Está pensando nas coisas erradas. —

Disse o homem apontando o arco do instrumento para a garota, olhando pela primeira vez para a mesma.

— Como sabe? —

Perguntou Lizz, falhando na tentativa de ser sarcástica e já sabendo a resposta da pergunta. Ela sempre sabia a resposta.

— Eu estou aqui, não estou? —

Questionou ele de forma retórica, como se tudo explicasse o motivo dele estar ali, o que para ambos fazia. Ele virou o rosto para um posto fixo, começando a tocar uma melodia lenta e triste que de tempos em tempos mudava para uma alegre e animadora. A garota por sua vez sorria um sorriso que dissolveu quando ela fechara os olhos ao mesmo tempo que que o som do violino se tornara melancólico; várias imagens de momentos aleatórios vinham em sua mente e a cada vez a melodia se tornara mais triste de modo que era difícil para qualquer um segurar as lágrimas, então Elizabeth sozinha e cansada de ser forte desatou em choro, o ruídos das cordas do violino já inexistente ecoando em sua mente.