Bleib escrita por hk


Capítulo 7
Geh


Notas iniciais do capítulo

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Vá! Deixe-nos pra trás, não tente entender.

 

 

 

 

Bati... Sem resultado.

 

Bati de novo... Ninguém abriu.

 

Bati mais forte... Inútil...

 

Tentei girar a maçaneta. Bingo! A porta estava destrancada, o que achei muito estranho já que Tom parecia não estar.

 

Entrei naquele apartamento. Há muito tempo não pisava lá dentro. Caminhei devagar até o corredor, procurando por Tom.

 

Mudei minha rota quando vi a porta do quarto de Bill. Meu coração bateu mais forte, senti meu corpo voltar no tempo.

 

" - Kim? – Bill insistiu. – Kimberly, quer fazer o favor de sair daí? – eu não respondia. – Kimberly, eu vou quebrar essa porta, eu juro! "

 

Continuei olhando para aquela porta, lembrei sorrindo da nossa primeira briga. Empurrei-a de leve com os dedos, não estava totalmente fechada. A curiosidade gritava dentro de mim naquele momento. A porta rangeu baixinho quando abri. As memórias daquele lugar vieram à tona em minha cabeça tão claramente que eu podia senti-las fisicamente. A luz do final do dia entrava de um modo suave. Dirigi-me até a escrivaninha. Uma pilha de CDs, arrumadas em ordem alfabética. Bill ficava furioso se não os via organizados. No encosto da cadeira um moletom cinza, o que ele mais gostava. Peguei-o nas mãos e levei-o ao rosto. Ah, aquele cheiro! Enchi meus pulmões com o cheiro daquela peça de roupa. E mesmo sem que permitisse, algumas lágrimas molharam-na. Sentei-me na beirada da cama impecavelmente arrumada. Por diversas vezes senti aqueles lençóis quentes. E agora eram frios, brutos. Meus olhos continuavam percorrendo cada detalhe do aposento. A nossa foto cuidadosamente colocada num porta-retrato branco metálico. Ah, como sentia falta daquele sorriso. Peguei-a na mão. Eu ficaria a vida inteira olhando para ela, sei que nunca cansaria, pois era ali que minhas melhores lembranças se guardavam. Levantei mais uma vez, ficando de frente para o espelho perto da janela, onde havia um pouco mais de iluminação.

 

Abaixei o rosto afundando-o no moletom cinza que ainda estava em minhas mãos. Não queria chorar, mas era inevitável. Quem no meu lugar não choraria?

 

- Nem que eu tenha que atravessar mil oceanos... – ouvi a voz baixa e um pouco rouca de Bill ao pé do meu ouvido. Levantei o rosto de imediato.

Senti meus ombros serem acariciados por suas mãos. Não, não era uma lembrança. Era real. Conseguia vê-lo pelo reflexo do espelho, logo atrás de mim. Meu coração vibrou como se fosse rasgar meu peito e sair de dentro dele. Minhas pernas amoleceram como se o chão estivesse se dissolvendo... Bill?

 

-... Eu ainda estarei do seu lado. – senti o calor de seu sussurro em meu pescoço.

 

Virei logo o meu corpo para trás. Por um instante pensei ter ficado cara a cara com ele, mas logo sua imagem sumiu.

 

A essa altura eu já me sentia enclausurada por sua presença que insistia em permanecer mesmo após tanto tempo. Por que diabos uma pessoa entra na sua vida para depois sumir e transformá-la num inferno? Queria uma resposta plausível.

 

Saí do seu quarto sem olhar para trás. Queria correr o mais longe que pudesse, mas antes procurei mais uma vez por Tom.

 

A porta do seu quarto estava aberta. Tom dormia na espaçosa cama de casal, e ao seu lado, uma bela mulher, rosto delicado, ar sexy. Ambos cobertos apenas pelo lençol.

O que deveria fazer num momento como esse? Gritar? Quebrar todos os objetos daquele quarto? Insultá-los?

 

Obviamente não. Não me sentia no direito de fazer isso. Nem se quer quis acordá-los. Tom era livre, assim como eu. Era um amigo, e amigos não se prendem, não é mesmo? E além do mais, eu sabia que Ana realmente o amava. Eu já havia mexido demais com a vida dos dois.

 

Saí daquele quarto. Saí daquela casa. Saí daquele prédio. Eu olhava para as pessoas na rua e cada uma parecia subliminarmente me chamar de louca. Ainda tinha o moletom cinza nas mãos. E aquela voz ainda chacoalhava em altas e baixas freqüências dentro da minha cabeça. "Eu ainda estarei do seu lado!"

 

Cheguei em casa apressada. Queria um tempo. Queria paz. Ser perseguida por um estranho, atropelada em seguida, ver fantasmas e ouvir vozes não era o que eu chamava de estado normal das coisas. Minha casa cheirava a angústia, estranheza. Queria uma passagem de ida para outro planeta.

 

Corri para o quarto. Subi na cadeira de rodinha e peguei uma mala grande em cima de uma estante alta. Abri-a ali no chão e passei a jogar tudo o que julgava mais importante para mim lá dentro.

 

Abri a porta do armário para pegar roupas. Não precisava de toda aquela tralha, apenas algumas bastavam.

 

Olhei para o canto de cima da porta. Aquele coração desenhado com um "ich liebe dich" dentro, estava agora complementado com um "Für immer..." embaixo.

 

Pelo contrário do que eu pensava, foi confortante ver aquela frase... De algum modo ele esteve ali mais uma vez, não?

 

Ajoelhei ali na frente do armário, ficando da altura da prateleira de baixo, onde as roupas de Bill estavam.

 

 

Passei minhas mãos por cima daquela pilha de camisetas. Quando duas mãos sobrepuseram-se as minhas. Mãos brancas, de veias grossas e unhas pretas. Senti um corpo quente em minhas costas e uma respiração calma em minha nuca. Não virei para trás. Fechei os olhos. Sabia que era ele. E sabia que se tentasse tocá-lo, ele sumiria, como sempre. Então tentei aproveitar a sua misteriosa presença. Talvez fosse uma ilusão, mas eu não me importava.

 

[flash back off]

 

 

 

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Notas finais do capítulo

acho que eu passei uma má impressão do Tom nessa fic :S
o lance dele com a Kim não é e nunca foi sério .. ngm "traiu" ngm! desculpa se ficou meio confusa essa parte da história!

aaah, não esqueceram daquele flash back láá do primeiro capítulo né? pois é, ele fechou só agora xD

o próximo capítulo é o último e talvez eu demore um pouquinho pra postar, porque o vestibular não me deixa com saco pra acabar de escrevê-lo. haha, ô desgraça!
mas NÃO FUJAM! oaishdiae

sorry pela nota enorme! bjs bjs mil :*



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