Bleib escrita por hk


Capítulo 4
Há algo nos seus olhos


Notas iniciais do capítulo

[http://www.youtube.com/watch?v=Dme_FJ1ZLwQ]



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 ... algo infinitamente interessante


Vesti a calça jeans, a blusa branca, a bota preta e amarrei meus cabelos com uma fita rosa forte. Fui depressa até o outro lado do apartamento, não tive coragem de encarar o banheiro quando passei por ele. Sabe-se lá se eu não veria a porta se abrir, a maçaneta mexer...

 

Coincidentemente, Tom tocou o interfone no mesmo momento em que cheguei perto da entrada.

 

- Estou descendo! – avisei-o.

 

.

.

.

 

- Linda desse jeito eu tenho até receio de sair com você, sabia?! – implicou Tom quando saí do prédio.

 

- Idiota! – respondi rindo. Tom tinha um jeito largado, roupas também. Mas era magnificamente encantador assim. Acompanhou-me e abriu a porta do seu Audi prateado.

 

- Ta com fome? – pediu já dentro do carro.

 

- Pra falar a verdade, não. – eu até estava, mas... Ah, dane-se!

 

- Ótimo. Nem eu!

 

Tom dirigia rápido, chegando em poucos minutos até o outro lado da cidade, onde era possível notar certa movimentação. Há tempos eu vinha me mantendo afastada de lugares muito cheios.  

 

Descemos do carro e adentramos uma porta de um lugar rústico. Parecia um prédio do século retrasado. As pessoas pareciam ser legais, havia uma música sonoramente boa tocando, contudo, eu ainda imaginei estar um pouco deslocada. Decidi sentar num banco metálico; alto, estreito e estofado no assento em couro vermelho. Tom me acompanhou.

 

Ele passou os olhos brevemente pela tabela de bebidas exposta na mesa. Pediu ao garçom um drink e olhou para mim. Fiz sinal afirmativo com a cabeça, então pediu dois. Para falar a verdade, eu não estava bem ciente do que ele pediu. Drinks são todos iguais, não?  Muitas vezes você se importa apenas com a quantidade de álcool que vai circular pelas suas veias e o efeito que esse provocará no seu sistema nervoso mais tarde. Afinal, se você quer sentir o gosto de uma fruta, você toma um suco, não um drink. Ao menos era somente nisso que eu estava pensando naquele momento: tivesse álcool o suficiente para fazer-me sentir mais a vontade, já seria de bom agrado.

 

Enquanto esperava, virei-me para observar melhor os detalhes, o lugar. Passei os olhos pelo lado oposto, onde havia um sofá branco encostado à parede. Nele, uma garota sentada ao lado de um rapaz. Impossível não repará-la aí. Cabelos divididos entre mechas loiras e morenas, e corpo exaltando beleza e traços convidativos para qualquer ser da espécie humana masculina, dentro de um vestido justo e preto. Ele parecia querer se aproximar mais do que ela permitia. Ela tentava manter certa distância. A bela garota virou seu rosto, e sua feição de entediada transformou-se em um olhar maligno ao me encarar. Alguém que me dilacerava com os olhos ao avistar Tom sentado ao meu lado.

 

Ana nunca me perdoou por tê-lo "roubado".

 

Tentei esconder a expressão de espanto, mas creio que meus olhos se arregalaram mais do que eu queria.

 

Aquela garotinha que dividiu comigo sua infância na vizinhança da pequena Madenburg agora parecia ter se tornado minha pior inimiga de uns tempos pra cá.

 

 

Vi Ana levantar-se, ainda me olhando como um caçador encara sua presa. Para meu alívio, a garota tomou o rumo da esquerda, juntamente com o distinto rapaz, ambos desaparecendo por entre o restante das pessoas.

 

Tomei num gole o drink que Tom recém colocara na minha mão.

 

 

Meu maior medo talvez seja minha salvação;

Estranho como as coisas chegam a esse ponto.

 

 

 

 

Poucas horas depois, como o pressuposto, a noite parecia mais a vontade para mim. Não dentro da festa, mas sim fora dela. Não demorou muito para Tom estar pisando mais uma vez no acelerador, dirigindo-nos a qualquer lugar em meio ao nada. Dentro do Audi, Tom, eu e uma garrafa de tequila estávamos nos entendendo bem.

 

 

 

- Ops, acho que acabou... – exclamei quando tentei tomar mais um gole da bebida, mas percebi que nem uma gota sequer encostou na minha boca.

 

Rimos como dois idiotas.

 

Minha cabeça doía, e por mais tonta que estivesse não queria ir para casa. Não queria encontrar com meus fantasmas mais uma vez. Não naquele momento! Talvez não fosse do modo mais certo, talvez isso não fosse trazer as mais adoráveis consequências, mas eu estava tentando voltar a viver.

 

Tom tirou a garrafa da minha mão, jogou-a vazia no banco de trás e, sem perder muito do seu tempo, começou a me beijar. Saiba que isto não necessariamente ocorria com frequência, digamos que tenha acontecido uma única vez dentro desses meses... Ok, duas... Mas nada além.

 

Fui na onda, entretanto, e deixei que suas mãos percorressem diversos caminhos pelo meu corpo.

 

A lua cheia refletia no retrovisor. E, para fazer mais uma vez meu pobre coração pular, no mesmo espelho um par de olhos negros passou de relance, como se alguém estivesse ali no banco de trás. Olhos maquiados, negros e profundos. Familiares... Até demais. Então, um lapso de consciência sã voltou a minha cabeça.

 

- PARE!

 

- O que houve? – pediu Tom ao ver afastar-me dele assustada.

 

"Um déjà vu em péssima hora." Pensei.


...

 

- Bill, não há ninguém lá fora. Não precisamos fazer isso aqui dentro. – provoquei num sussurro em seu ouvido. 

 

Bill olhou-me intrigado, voltou seu olhar para o lado de fora do carro, onde a grama iluminava-se através do reflexo da lua cheia. Olhou-me novamente, agora com os olhos semicerrados e um sorriso de lado.

 

- Você tem sempre boas ideias! – respondeu mordendo meu lábio inferior em seguida!

 

...

 

 

- Desculpe, Tom, hoje não foi o meu melhor di...

 

- Será que isso nunca vai passar, Kimberly? – Tom alterou, e muito, sua voz. Acredito que o lapso de sã consciência atingiu ambos. – Eu estive do seu lado há oito meses. OITO MESES! Eu fiz de tudo por você, para te ver feliz, para te tirar do inferno em que sua vida foi jogada, e você ainda não conseguiu esquecer o idiota do meu irmão?! – Tom falava de um jeito ameaçador. Uma espécie de Tom que nunca vira antes.

 

- Idiota? Ahh, agora o Bill não passa de um idiota pra você? – Devo confessar que suas palavras atravessaram meu peito como uma flecha. Mas não iria chorar feito uma criança ao levar sermão. Quis sair do carro na mesma hora. No fundo, eu nem tinha tantos argumentos para contradizê-lo.

 

- Não, Kimberly... Desculpe! Eu não quis falar isso! – Tom tentou impedir-me de sair, mas fracassou ao tentar puxar-me pelo braço. – Droga! – exclamou levando as mãos ao rosto ao ver-me fechar a porta bruscamente.

 

 

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Notas finais do capítulo

Tomzão chegou chegando, e a Ana apareceu *u*
e ela é realmente LINDA, saibam disso!

reviews, reviews? :]



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