Bleib escrita por hk


Capítulo 3
Pesadelos; apenas o início


Notas iniciais do capítulo

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Eu nunca lhe disse obrigada. Pensei que teria outra chance...

 

 

 

 

Bill me observava com o canto dos olhos, enquanto os meus estavam distantes. Sentávamos na areia de uma praia vazia, de céu nublado. Percebi que ele me olhava, então virei meu rosto em direção ao seu, e sorri. O vento agitava-lhe os cabelos, ora colocando-os na frente de sua face, ora os tirando.

 

Bill colocou sua mão sobre a minha que até então abraçava os joelhos. Cruzou nossos dedos, deixando visíveis nossos anéis que tanto significavam.

 

Se você tiver sorte, apenas uma vez encontrará uma pessoa que divida a sua vida entre antes e depois dela...

   


Permaneci calada, apenas apreciando sua presença... Que me fazia tão bem.

Aproximei-me para beijá-lo. Tentei acariciar seus cabelos, mas minhas mãos começaram a amortecer, eu já não sentia seu calor, a imagem dele ali em minha frente se distorcia, escurecia...

 

 

Abri subitamente os olhos. O sol já estava alto. Enfiei o rosto no travesseiro, querendo dormir outra vez. Nessas horas queria poder dormir para sempre.

 

Oito meses... Oito meses se passaram e eu ainda acordava toda a manhã com o mesmo pesadelo que não cessava. Sim, pesadelo, pois tão pior quanto ter um sonho ruim e acordar para a realidade, é ter um sonho bom de uma lembrança que nunca voltará. Será que iria ser assim até quando?

Anjo do meu pesadelo...


 

Bem, já não era de manhã. Era praticamente de tarde. Adorava acordar após o horário de almoço. E como naquele dia não tinha aula de manhã, decidi fazer isso. Almoçaria mais tarde na faculdade ou em qualquer restaurante perdido pela cidade de Hamburg.

 

Estava quente, então achei melhor levantar-me mesmo que a inércia de permanecer naquele colchão confortável tentava falar mais alto.

 

O "beep" da secretária eletrônica me deu bom dia. Ok, mais um motivo para acordar de vez!

 

Arrastei-me até a sala de pijama, cabelo bagunçado e bocejando. Hora de ver quem havia me ligado.

 

"Oi, Kim! Ehr, bem, hoje é sexta-feira. O que você acha de sairmos juntos? A gente poderia jantar, ou somente dar uma volta por aí... Já faz um tempo que não te vejo se divertindo de verdade... Bom, se aceitar me ligue! Tom."

 

Tom era carinhoso, cavalheiro, tratava-me como uma peça frágil e rara. Desde que Bill se foi, encontrei em meu próprio cunhado uma espécie de refúgio. Alguém que preenchesse minhas carências e fizesse-me sentir a vontade diante de tantos pesadelos.

 

.

.

.

 

 

Naquele dia, em torno das 19:00 cheguei em casa...

 

Joguei-me no sofá e liguei a televisão. Quando vi o telefone ali em cima da mesa lembrei-me de Tom. Quem sabe eu estivesse realmente disposta a sair com ele.

 

Levantei e pensei em tomar um banho. Ou será que ligaria antes? Tanto faz, resolvi fazer os dois ao mesmo tempo. Peguei o celular e disquei seu número enquanto me livrava daquela roupa quente.

 

- Tom, ainda é tempo ou demorei muito pra ligar? – falei segurando o telefone em meu ouvido com o ombro enquanto separava uma muda de roupas do armário.

 

- Claro que não, meu anjo. Passo aí daqui a meia hora, pode ser?

 

- Tudo bem. – respondi entusiasmada. Tom realmente preenchia minhas carências, em todos os sentidos que essa palavra delimita.

 

Nisso, desliguei o telefone, quando estava para fechar a porta do roupeiro, notei que por dentro dessa, no canto de cima, havia um pequeno coração desenhado a caneta. Dentro dele escrito ‘ich liebe dich’.

 

Estranhei. Nunca havia o reparado. Será que foi Tom? Mas Tom havia ido tão poucas vezes a minha casa. E também não costumava dizer que me amava... Ou será que estava ali desde que Bill e eu namorávamos?

 

Estava cansada e sem cabeça para perguntas sem respostas. Saí do quarto tentando não me importar com isso e fui tomar banho.

 

A água quente batendo em minhas costas era mais relaxante do que qualquer sessão de meditação. Fechei o chuveiro e me enrolei na toalha branca. Senti um frio encontrar minha pele. Olhei para o lado e vi que a janela que estava encostada abrira-se. Voltei para fechar, quando encostei minha mão no puxador, senti um cheiro suave e um pouco doce acompanhar a brisa que batia no meu rosto. A essência era exatamente igual ao perfume que Bill mais usava. Exatamente.

 

Um grande arrepio percorreu cada célula do meu corpo. Kimberly... Ouvi baixinho uma voz dentro da minha mente. A voz de Bill. Exatamente. Assustei-me como uma criança que ainda acredita em bicho-papão. Fechei rapidamente a janela e saí apressada do banheiro, correndo em direção ao meu quarto, quase tropeçando em meus próprios pés. Sentei na beirada da cama, fechando meus olhos num ato de alívio, mas minha respiração continuava acelerada.

 

Você está ficando louca Kimberly... Pensei com as mãos trêmulas no rosto.

 

 

 

  

Talvez aquilo tudo fosse mais real do que eu imaginava!

 

__________

 


 

 


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Notas finais do capítulo

o que estão achando? x)

humm, amanhã é véspera de natal .. entããão, feliz natal, sejam comportadinhas que o papai noel dá os TH de presente, ok! o/