O Teste da Deusa escrita por Risurn


Capítulo 2
Capítulo Um – E o tempo passa...


Notas iniciais do capítulo

Oi galera, agradecendo, de coração, à Sorvete de Limão e a Evelin Valdez por continuarem comigo

[ATUALIZADO 23/01/2017]



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"Toda grande mudança é precedida pelo caos."

 

Levantei em um pulo, caindo da cama. É hoje. É hoje. É hoje. Mal dormira a noite com a expectativa.

Corri descalça no piso gelado indo até o pequeno armário tentando desligar meu despertador. Mas era uma porcaria mesmo.

Fui até o banheiro e joguei uma água no rosto. Sorri.

Nada ia tirar esse sorriso do meu rosto hoje. Depois de tanto tempo eu voltaria ao acampamento. Sentia uma falta sem tamanho daquele lugar! Depois de tanto tempo lotada com as coisas da faculdade finalmente as coisas começariam a dar certo. O acampamento Meio-Sangue era minha casa, e a de Percy também, mas nossas vidas foram agitadas demais nos últimos anos para que pudéssemos voltar, mas agora que finalmente nos formamos temos esperança de que as coisas melhorem.

Eu havia decidido passar os primeiros dias de férias na casa do meu pai, aqui em São Francisco, e agora chegara o dia de ir pra casa. Percy decidiu fazer o mesmo e visitar Sally, ele é um irmão muito babão, e vive comprando presentinhos e mimos.

Assim que pensei nela, recebi uma mensagem em meu celular. Eu ainda achava uma tremenda irresponsabilidade da nossa parte ter um aparelho daqueles, mas Percy havia conseguido me convencer.

“Bom dia corujinha. Desculpe não poder te acompanhar, mas estou aqui. Esperando por você.”

Sorri. Ele já havia chego.

Quíron havia nos chamara para uma “reunião da velha guarda” como ele apelidou. A nossa geração de heróis voltaria ao acampamento durante um fim de semana, a fim de matarem a saudade, seria ótimo ver como todos estavam e como conseguiram se virar durante os últimos anos. Não era fácil sobreviver até a nossa idade. Sinto muita saudade deles. Não é como se não houvesse semideuses no Acampamento Júpiter, mas lá simplesmente não é a minha casa.

Vi de canto de olho o colar pendurado atrás da porta do quarto. Minhas contas de verão, sorri. Eu ainda recebia uma ao fim de cada verão por correio. Simbolizava o ano que sobrevivi. Esse ano receberia a décima quinta conta. Era algo especial. Coloquei o colar por debaixo da blusa e desci as escadas.

Já havia me despedido da minha família na noite anterior, para não perder tempo. Dirigi até o aeroporto e respirei fundo. Estou indo pra casa.

*** 

Depois de quase três mil milhas, mais de cinco horas em um avião e toda a burocracia para alugar um carro, eu finalmente avistei a colina por entre as árvores. Eu nunca havia gostado da ideia de morar tão longe daqui, mas frequentar a faculdade em segurança havia exigido esse sacrifício. O sol já estava alto quando estacionei o carro perto ao de Argos.

Caminhei colina acima até chegar ao seu topo e observar a extensão do acampamento. Sorri respirando aquele ar. Finalmente estava em casa.

Desci a montanha correndo como uma criança indo direto até a área dos chalés. Certa vez eles formavam um “u” perfeito, hoje eram quase um círculo. Deuses eram reconhecidos a cada ano, mas eu sabia para onde ia. Corri até o chalé 11, entrando de uma vez.

— Connor? Travis? – Gritei. – Já chegaram?

Vários pares de cabeças com cabelos cor de areia viraram em minha direção, o que me fez sorrir, sem graça.

— Eu, hum, poderia falar com o conselheiro chefe do chalé, por favor?

Quase que imediatamente um garoto com feições típicas de um filho de Hermes e com quase metade da minha altura apareceu.

— Peter Brown – Ele estendeu a mão, desconfiado.

— Annabeth Chase. – Sorri enquanto ele me olhava espantado.

— A Annabeth Chase? A garota dos romanos?

— É, é. – Falei, envergonhada. Nunca gostei de me vangloriar pelas guerras que lutamos, mas morar entre romanos era algo notável por aqui. – Você viu dois caras praticamente idênticos por aí? Você sabe, mais ou menos a minha idade, cabelos cor de areia, parecem elfos...?

Ele bufou, revirando os olhos.

— Você acabou de descrever todo o chalé de Hermes. Mas sim, eu sei de quem você está falando. Eu tive que enxotá-los daqui. Tentaram fazer uma pegadinha comigo. Acredita?

Ri. Sim, eu acreditava.

— Eles não deixaram nada pra mim por ai não? – Ele pareceu pensar e depois estalou os dedos, correndo chalé adentro.

— Deixaram isto. Disseram que uma loira de olhos cinza podia querer.

Sorri, agradecendo. Era obvio que eles sabiam que eu iria querer uma blusa do acampamento antes de me reunir com eles, e aqueles dois sempre tiveram o melhor contrabando de qualquer coisa imaginável. Velhos hábitos são difíceis de largar.

Fui em direção ao meu chalé para me trocar e assim que coloquei os pés lá, parei. Olhei ao redor do lugar que chamei de lar durante dez anos. Sorri, sentia falta do chalé seis. Sentia falta de mamãe. Uma brisa fez meu cabelo esvoaçar a voltar a cair.

Reuni toda a minha coragem e empurrei a porta, me colocando para dentro.

Ao entrar, fiquei de boca aberta.

— Mas o que vocês fizeram aqui? – Perguntei, fazendo com que um bando de pré-adolescentes loiros de olhos cinza me olhasse em expectativa. O chalé parecia estar com o triplo do tamanho que eu me recordava.

— Magia de expansão. Os filhos de Hécate nos deviam um favor. – Respondeu um garoto como se fosse obvio, me olhando de cima a baixo. – Filha de Atena?

Sorri, me endireitando.

— Sim. Annabe...

— Annabeth Chase? – Exclamou uma menina do outro lado. – Eu não acredito! – Ela tinha olhos grandes e espertos, extremamente animada e assustadoramente parecida comigo.

— Sim. – Respondi com um riso. – Eu adoraria ficar por aqui e conversar com vocês, mas eu preciso me arrumar, estou atrasada. Posso usar a salinha? – Corri em direção ao pequeno espaço e troquei de blusa, para sair correndo logo em seguida. – Vejo vocês mais tarde!

Disparei porta a fora e subi em direção à casa grande. Conforme eu me aproximava conseguia ouvir as risadas e gritos.

— Eles não mudaram nada – murmurei, revirando os olhos por mais que sorrisse.

Ao chegar quase não me contive de alegria. Primeiro procurei pelo moreno de olhos verdes e lá estava ele, conversando com um menininho sinistro. Corri em direção a eles e pulei em suas costas, tapando os olhos.

— Adivinha quem é? – Ele riu me fazendo sorrir.

— Você está atrasada.

— Eu sei, me desculpe. Burocracias com o aluguel do carro. – Ele se virou e me deu um beijo, me fazendo sorrir ainda mais. – Já estava com saudades.

— Foi só uma semana casal maravilha. – Murmurou Nico revirando os olhos, me fazendo lhe dar a língua.

— Pareceu uma eternidade.

— Annabeth! – Ouvi alguém gritar me fazendo virar, eufórica. Antes de perceber eu já estava no chão, esmagada.

— Eu não consigo respirar! Sai já! – Murmurei rindo. – Eu também senti sua falta, mas não precisa de tanto.

Thalia estava ótima, se quer saber. Seu cabelo estava mais comprido, mas suas roupas e maquiagem continuavam como eu me lembrava. Faziam meses que não nos víamos e eu estava morta de saudades. Desde que Thalia havia abandonado a caçada ela vinha viajando pelo mundo e cumprindo algumas missões para a deusa. Foi o trato que fizeram. Thalia não conseguiu ficar presa por muito tempo a elas, ela tinha de ser livre, como o vento. Acho que era coisa dos filhos de Zeus. Então ela alternava suas folgas entre os acampamentos.

— Fico feliz que não tenha sido devorada por nenhum monstro! – Ela falou rindo.

— Digo o mesmo pra você.

— Jason me pediu pra te dizer para visitar mais ele.

— Por que ele mesmo não diz? Ele não vem?

— Neguei. Assuntos urgentes com os pretores.

— Então Frank e Hazel também não vem?

Neguei.

— As meninas podiam ter vindo juntas! Sabe, as vezes acho que Ártemis está certa sobre homens: um atraso de vida.

Um a um foram chegando Travis, Connor, Malcolm, Katie, Miranda, Clarisse, Chris...

— Júniper! – Exclamei! – Onde... Cadê o menino bode? Não vejo ele há tanto tempo...

Ela sorriu, delicada como sempre, andando em minha direção.

— Ele teve alguns problemas, mas chega antes do anoitecer.

Sorri, assentindo. Ia falar algo, mas fui interrompida.

— Bem-vindos! Bem-vindos! – Olhei em direção a voz e meus olhos se encheram d’agua. Quíron. – Se acalmem, terão muito tempo para conversarem, mas ninguém vai vir me dar olá?

Ri correndo em sua direção e lhe abraçando, então alguém pigarreou ao meu lado.

— Annie Bell, isso são modos?

— Senhor D.! Até de você eu senti falta. – Ele revirou os olhos, mas vi um pequeno sorriso em seus lábios.

— Muito bem pestinhas. Eu sei que vocês estão maiores e isso significa confusões maiores, mas prestem atenção: nos últimos cinco anos não tive quase problema algum no acampamento todo, se ignorarmos aqueles incidentes com Apolo, e não vão ser vocês que mudarão isso, então não coloquem fogo em nada. E, Peter Johnson, estou de olho no senhor.

Percy o olhou como se estivesse novamente no colegial e um professor lhe dissesse que era um problema, parecia ofendido, o que me fez rir. E então o deus se desfez em uma fumaça arroxeada.

— Que dramático.

— Ele estava de bom humor. – Ouvi alguém murmurar fazendo todos sorrirem.

— Annie... – Percy murmurou me chamando atenção. – Quer dar uma volta? A gente podia ir no mar. – Sorri, andando em sua direção.

— Como nos velhos tempos?

— Não! – Ele respondeu com uma careta. – Nos velhos tempos você batia em mim.

— Idiota. – Sorri. – Vamos?

 ***

Não podia ser mais perfeito. Admito que nunca havia achado que eu e Percy daríamos certo. Atena e Poseidon nunca foram amigáveis entre si, então logicamente Atena não apoiava a minha relação com “o filho do pescador”. Mas tudo mudou depois de uma quase guerra entre os deuses que terminou com Afrodite fazendo a roupa de todo mundo ficar rosa por um mês. Ainda não sei como ela faz essas coisas e porque a fixação com rosa. Vai entender.

Agora aqui estamos nós, caminhando pela orla da praia do acampamento, com a água do mar molhando nossos pés. Olhei para Percy, ele parecia ótimo, como sempre ficava perto d’água. Parecíamos dois adolescentes durante o primeiro encontro. Não que eu estivesse reclamando. Mesmo com meus vinte e dois anos ele fazia com que eu me sentisse a garota de dezessete que começou a namorar com ele, tantos anos atrás.

— No que está pensando? – Sorri.

— Em como eu senti falta desse lugar.

Ele pareceu pensar um pouco.

— Você sabe que nós não precisamos morar tão longe daqui, não é? Terminamos a faculdade, podemos escolher um local mais perto para morar. Eu sei que você nunca gostou muito de Nova Roma e eu acho qu...

— Podemos? Quer dizer... Você e eu? – Murmurei insegura.

— É. Você sabe, - ele parecia nervoso. A água a nossa volta se agitava um pouco – também podemos ir para São Francisco. Jason e Piper nos receberiam muito bem, você sabe disso. Nova Roma seria um lugar lindo de se viver, caso você prefira continuar por lá.

Mordi o lábio. A ideia de viver entre os romanos, mesmo em tempos de paz me deixava inquieta, e o fato Percy ter uma história lá também. Eu sabia que ele adoraria viver lá, mas eu nunca senti esse desejo. Minha casa é aqui. Suspirei.

— Eu sei. Mas Nova Iorque ia ser melhor para nós dois, não acha?

Ele assentiu.

— Muito melhor.

Ouvi um toque soar ao longe. O jantar seria servido em meia hora.

— Melhor irmos para os nossos chalés. Acho que Quíron vai nos querer no jantar.

— Também acho. Te vejo depois? – Assenti. Ele me deu um beijo e saiu em disparada para o seu chalé. Um homem bonito daqueles não podia ser humano.

Surpreendi-me rindo. Ele não era, afinal.


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Notas finais do capítulo

O capítulo anterior aconteceu antes da história de verdade. É agora que ela começa. Então, qualquer dúvida, me mande MP ou deixe review. Eu amo conversar, valeu *ri*
Reviews? Vai? Um só? Obrigada.
Beijos ^^



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