A Raposa & A Fada escrita por Juliana Rizzutinho


Capítulo 4
Acolhendo um ranzinza


Notas iniciais do capítulo

Aeeeee! Olha nós de novo aqui^^ Estou viva e bem! Acontece que fiquei sem internet por dois dias! E fiquei em desespero! Mas também estou triste... É a última one :’(
Mas se é a última one, ela deve ser a mais engraçada, não é? Vamos ver o que você acha...
Ah, a música-tema é a deliciosa: Clean Bandit & Jess Glynne – Rather be
https://www.youtube.com/watch?v=m-M1AtrxztU

Toda a vez que a ouço, imagino a Lydia cantando para o Edgar



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Estamos no finalzinho do século XIX, quase com um pé no XX, e os Ashenbert se tornaram uma das famílias que mais prosperaram entre a nobreza na Inglaterra. Vivo como era, Edgar sabia que aqueles novos tempos pediam novas soluções, novos caminhos. E o que ele fez? Associou-se aos vários empresários da época. De conde a empresário e com uma boa lábia, que era mestre, cresceu.

Orgulhoso como era, não deixou barato nem para os Phantomhive! Claro que a rixinha continuava, não sou só com o conde Ciel, mas com aquele maldito mordomo que não envelhecia nunca... Como pode? Por isso mesmo, ele acertou em cheio na fábrica de doces e chocolates Ashenbert. Sem contar que, por conta de sua vaidade, também entrou no ramo de roupas. E uma de suas desculpas era que ele poderia presentear com tantos e tantos vestido à Lydia, que nunca reclamava.

Lógico que ele continuava a todo vapor sendo o Conde Cavaleiro Azul. Mas esses novos tempos também pediam que ele se desdobrasse mais ainda. Sem contar que ele era, agora, pai de três crianças! Pois é, o tempo passou e agora, ele beira aos 40 anos. Se ele continua bonito? Claro que sim! Sem contar que continua casado com Lydia e completamente apaixonado. Pois bem, novos ares e novos problemas também... Evidente que na altura do campeonato, ele estava enfrentando a crise da meia-idade. Acredito que você deve estar pensando: “Mas ele é jovem ainda, não?”. Mas, esqueceu-se que estamos ainda no século XIX, e naquela época, aos 40 anos, um homem é considerado um senhor? E que na linguagem de Edgar, seria o mesmo que velho.

Naquela semana ele faria 40 anos. E aí, Lydia teve uma ideia...

— Kelly, que tal fazermos uma festa surpresa para o Edgar?- perguntou a condessa para sua criada pessoal.

— Nossa, seria perfeito! Quer que comece os preparativos?

— Claro! Além de nós, poderemos chamar os senhores elementais e...

— E os empresários da região?

A condessa, que continuava tão charmosa como na juventude, apresentava os cabelos caramelos presos em um coque todo trabalhado com tranças e flores, inclinou-se para frente e colocou as mãos sobre o queixo pensativa.

— Acho melhor não! Gostaria de fazer algo mais íntimo, concorda?

— Entendo!

— Conte a Raven, mas diga para ele ...

— Não falar nada? Oras, condessa, acho que a gente está cansada de saber que ele não abre a boca nem quando é solicitado.

— Pois é, sem contar que ele é seu marido, não?

Estranhou o fato, leitor(a)? Sim, Raven casou-se com a empregada pessoal de Lydia, Kelly. A princípio a garota o achava estranho, sórdido e assustador, mas não é que nosso garoto-fada aos poucos a encantou e conquistou seu coração? Digamos a verdade, foi complicado também para Raven, pois ele não era chegado a entender as emoções, inclusive as próprias. Eles tinham um filho, Melro, que estava por volta de 10 anos. Era a mistura dos dois, apesar de que herdou um pouco de fada, como o pai... Mas, essa seria outra história...

Passado a semana, os preparativos estavam a todo vapor, inclusive os presentes comprados e Edgar em crise... Os primeiros cabelos brancos despontavam e, como isso, o deixavam irritado! Era fácil disfarça-los, porque a cabeleira loura do conde era muito clara e isso facilitava a ilusão de ótica. Mas quando penteava-os, eles estavam lá! Zombando com sua galhardia e sua pose de galã. Os cabelos brancos eram inegáveis, mas o tempo não o prejudicou nem no rosto e nem corpo. Havia poucas rugas e o semblante sereno e galante não o tinham abandonado.

Mas voltando ao bendito aniversário, Edgar estranhava as atitudes de Lydia, que não falava nada sobre se teria alguma comemoração, se viajariam juntos, mesmo com o filho mais novo, ainda pequeno para ficar sozinho, nada... Nada! Isso o incomodava também, mas ele era prudente o suficiente para não dizer nada. Bem, mesmo que os outros membros da família também não falavam nada! Inclusive o sogro, o professor Carlton!

Naquela manhã indo ao encontro de um empresário que queria fazer uma parceria, agora no ramo de bebidas, ficou pensativo e preocupado e desabafou para Raven:

— Estranho, Raven... Amanhã é o meu aniversário e ninguém fala nada! E nem você!

O mordomo, por um momento, ficou sem ação. Sabia dos preparativos da festa, mas preferiu ficar quieto e lembrou-se da esposa dizendo:

— Queridinho, bico calado, entendeu?

E meio sem-jeito, fazendo uso da maior expressão de paisagem, disse:

— Pensei que o senhor não ligasse para isso...

— Eu? Mas Raven, estou prestes a completar 40 anos! Sabe o que é isso?

— Entendo... Entendo...

Contrariadíssimo, o conde preferiu ficar quieto. Durante o almoço dos negócios, lá estava a oportunidade da pequena vingança de Edgar... Sim, meu caro, minha cara, pensa que o nosso conde não iria dar o troco pelo silêncio em volta do seu aniversário?

— Então, posso contar com senhor para conhecer a matriz?

— Claro! Estou bem interessado em fecharmos negócios! Pode ser amanhã, então?

Ele chegou em casa com uma expressão insondável que Lydia não percebeu o que era... Durante o chá, ele dispara com maior cinismo do mundo. Coisa, que há muito tempo não fazia com ela. Mas convenhamos, Edgar está com a crise dos 40!

— Ly, preciso viajar ...

A primeira reação dela seria cuspir todo o chá da boca, mas ela foi forte o suficiente para encara-lo e perguntar:

— Repentinamente, assim?

— É! Afinal, como já te disse, esse empresário de bebidas...

— Alcoólicas, não é? E desde quando você tem interesse nisso?

— Ly, não estou pensando em mim, estou pensando em nossos filhos. Eles precisam...

Ela ficou tão aborrecida com a conversa, que resolveu desligar-se do que ele falava.

“Logo agora? Amanhã! Amanhã é sua festa, seu idiota!”, pensou irritadíssima. Queria jogar a xícara que estava nas mãos na cabeça dele! “Como ele pôde? Como?”.

Ligeiramente trêmula, ela respirou fundo e disse:

— Faça o que bem te entender!

Levantou-se e saiu! Ele ficou lá, sem entender nada! Absolutamente nada!

“Ah, é? Então agora que vou mesmo! Nem para lembrar meu aniversário!”, se convenceu.

Mais tarde, antes de dormir, Raven apareceu com a mala pronta e Kelly ficou encostada na porta de um dos aposentos e avisou:

— Você quer criar uma questão diplomática, marido?

— Mas, só estou fazendo o que ele....

— Te pediu! Oras, Raven! Como você é... Você é.... Argh! – virou-se também e foi embora.

Ótimo, duas esposas indignadas, dois maridos desprezados. E o que pior, sem saberem o que fazer. Aliás, ao menos Raven, porque Edgar, de pirraça, iria viajar! “Ela vai ver só! Deixa chegar o aniversário dela!”, prometeu para si mesmo.

Foram dormir brigados, cada um no canto da cama, e não trocaram uma palavra se quer. “E agora? O que faço?”, refletiu Lydia desolada. E aí de madrugada, quando ainda não tinha pregado os olhos, a fairy doctor saiu de fininho da cama. Verificou se ele estava dormindo, que parecia ressonar tranquilo. A primeira vontade de nossa condessa era arremessar os chinelos na cabeça do marido, mas se conteve e teve uma ideia...

Na manhã seguinte, malas prontas e Edgar seguiu viagem de trem para Oxford, cidade vizinha a Londres. Chegando lá, foi direto para o hotel onde ficaria hospedado, trocaria de roupa e iria esperar pelo empresário. Quando Raven foi desfazer a mala para colocar as roupas no armário, um envelope caiu de dentro dela.

Milord! – chamou a atenção do conde – acredito que isso seja para o senhor....

Edgar pegou o envelope e viu que a letra era de Lydia. Seu coração ficou temeroso. “O que será que ela escreveu aqui? Pedido de divórcio?”, surtou. Saiu da antessala e seguiu para o quarto. Fechou a porta e isso com Raven observando.

Com dedos trêmulos, abriu o envelope. Era hora da verdade. “Ela não disse nada sobre meu aniversário porque não me ama mais, não é? Será que... Não, não... Kelpie já tinha desaparecido a muito tempo de nossas vidas! Maldito cavalo-marinho mágico, quer ver que ele veio encontra-la e...”, balançou a cabeça com força e raiva, querendo negar uma cena absurda que veio em sua cabeça: Lydia aos beijos com Kelpie. E com certa coragem abriu o envelope. Puxou o papel e lá estava o que Lydia tinha escrito só para ele...

“Seu terrível e grande imbecil! Tem ideia o quanto te amo? Não, né? Ainda acalenta essa mania perniciosa como nós se conhecemos ontem! Estamos tanto e tanto tempo juntos e você não entendeu os meus sinais?! Ah, não! Não é isso!! Está tão assustado que vai fazer 40 anos que não percebeu o quanto te amamos. E te digo mais, amamos : inclui-se aí seus filhos, Raven, Kelly, Melro, Paul, Lota e inclusive, principalmente, eu! Pois é! Confesso que no começo o achei ordinário, mesquinho e até cruel! Mas não é que você deixou cair a máscara com tantas dificuldades? E mostrou quem você é: homem lindo por dentro e por fora! De coração enorme e carinhoso, educado e preocupado com os outros! E não é que aos poucos, mesmo relutante, me apaixonei por você!? E foi durante esses anos, o quanto percebi que foi a escolha perfeita: ficar com você! Namorar, casar, ter filhos. Cada momento, mesmo brigados (como agora), sempre agradeço por você ter-me raptado naquele navio... E olha que você foi sem-vergonha, não é conde? Com os cabelos pintados enganou direitinho a idiota aqui! Essa idiota que ama tanto você, mesmo ficando rabugento e em crise de idade e identidade. Não importa que cabelos brancos surgem na sua cabeça, e ideias tolas de que você não é viril como antigamente... Te manca! Você tem ideia como me faz bem seu sorriso, suas piadas, conversas, pedido de conselhos e confissões? Tem? Ah, mas o senhor só se preocupa que está velho, que ninguém te ama e que todo mundo esqueceu seu aniversário! Quanto quer apostar que é isso?”

“E como ela sabe?”, perguntou-se assustado.

“Esqueceu que tenho meus métodos em saber o que está pensando ou sentindo? Pode não parecer, mas você é transparente o suficiente, ao menos para mim, o que passa aí na sua cabeça e seu coração! Então agora, saiba, seu tonto, que há uma festa só para você! Que há um bolo feito pelas minhas mãos! Que só tem convidados que a gente gosta e se sente à vontade! E tem ideia como eu e as crianças quebramos a cabeça para comprar seus presentes? É sim, grande lerdo: presentes! Não é só um, não! E tem mais! Como você vai perder a oportunidade de me ver naquela camisola que achou bárbara? Pois é, seu grande estúpido! Teríamos também uma festa em particular! E o que você fez, seu chantagista emocional? Criou essa viagem tola só para fazer pirraça para gente, não é? Então, se tem amor pela sua vida Edgar Sylvanford Ashenbert, refaça as malas e venha para casa! Afinal, o senhor tem compromisso com duas festas! Disse, duas festas, entendeu bem? Uma com toda família e outra, particular! E ah, antes que me esqueça: Feliz aniversário, senhor Conde Cavaleiro Azul! Meu grande e único amor! Te adoro demais, mesmo sendo um ranzinza, um chantagista emocional... Que modos são esses?”

E depois de certo espaço, a carta finalizava assim:

“E, ainda está aí, com a carta na mão? Não vai arrumar as malas? Bom... A camisola está aqui, e vou usá-la estando você aqui ou não... Só para seu governo! E o que está esperando?

Com amor,

Lydia”.

Ao final da carta, os olhos dele já estavam para lá de marejados. Abraçou a carta com um fervor e pedindo desculpas por todas as birras que fez. Raven bateu na porta e Edgar pediu para ele entrasse. O mordomo até que ficou preocupado com o estado que o conde estava. “Será que era uma má notícia?”, mas os receios do, agora, homem-fada foram fadados ao fracasso. O que conde disse foi, simplesmente, :

— Raven, refaça as malas!

— Mas, milord!

— Nem mais e nem menos! E outra, avise o senhor Helgar que fica para outra oportunidade nossa reunião e a minha visita à sua fábrica.

Milord, ele vai querer saber o motivo, não?

— Diga que tenho um compromisso muito mais urgente! Afinal, é meu aniversário, Raven! E não são todos os dias que se faz 40 anos e com uma esposa linda me esperando do jeito que eu quero!

O mordomo sorriu, mexeu a cabeça com deboche e deu meia-volta para arrumar tudo de novo. Alguns minutos depois, com a desculpa esfarrapada já dita, Edgar seguiu de volta para casa, sem olhar para trás. Afinal, Lydia o esperava... Depois da festa!

Fim!


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Notas finais do capítulo

Em choque com Edgar batendo a porta da idade do lobo? XD Mais uma vez, tentei ousar aqui com o tema maturidade! E a Lydia, hein? Eita mulher forte! Vale mencionar que dois personagens de Kuroshitsuji deram um leve ar da graça. Sabe quem são eles? Sebastian Michaelis e Ciel Phantomhive. Ambos pertencem à Yana Traboso, não a mim (que droga, viu?). Se você já acompanhou as minhas outras histórias, sempre brinco que eles são rivais^^ Isso porque os dois são condes (sendo que o Ciel tem apenas 13 anos na obra e o Edgar, 21). Ok, o Edgar aparenta mais por ser uma raposa velha! E a gente adora isso nele! Ah, agora entendeu o nome da coleção? Pois é... o Edgar é a raposa, não tenha dúvida. Bem, quero agradecer à Clark e à Toshi que favoritaram a história. Agradecer a quem ainda vai acompanhar e a quem ficou envergonhado de falar um oi. Bem, se é o último, não se avexe... fale o que achou^^
Logo mais pinta minha original, uma doideira que nem vou falar o que é... E mais uma one com a Lydia e o Edgar... Mas será para maiores ( ͡ ͡° ͜ ʖ ͡ ͡°)
Bem, muito obrigada e até a próxima história. E aproveite para conhecer a página Hakushaku to Yousei – fanfics – Brasil. Link: https://www.facebook.com/HakushakutoyouseifanficsBrasil
Lá você encontra os links de todas as histórias de minha autoria para o meu fandom, assim como curiosidades sobre o anime, mangá e o light novel! Beijos e até mais.



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