Dezesseis Anos e Meio escrita por Lady Padackles


Capítulo 7
Capítulo 7




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Um pouquinho mais de verde... Cinza... Ou seria mais azul? Dean estava concentrado, desenhando em seu tablet. Desde a última vez que os vira, não conseguira mais esquecê-los. Eram os olhos mais bonitos e expressivos do mundo inteiro...

– É o olho da sua namoradinha?

Dean levou o maior susto. Chegou a dar um pulinho da cadeira.

– Pai... Que susto! - reclamou ele. – Isso não é um olho... – mentiu. – É só uma bolinha colorida... Em seguida começou a desenhar outra em vermelho. Estava sem graça por ter sido pego em flagrante.

Dean sempre fora assim. Quando via algo bonito, gostava de desenhar. Não importava o que fosse... Mas não podia admitir que estava desenhando a íris do seu professor de teatro. Era no mínimo estranho, e com certeza vergonhoso...

Roger deu um tapinha no ombro do filho. Era bom vê-lo de volta em casa. O tempo passava devagar quando o garoto estava no colégio...

– Parece um olho... – insistiu o homem, mais para puxar conversa que por qualquer outro motivo. – Tem certeza que não é...?

– Não pai! Não é um olho... – retrucou Dean. – E os olhos da Jo são castanhos!

Jo? Roger sorriu de uma orelha a outra. Então seu garotinho estava mesmo namorando? Isso era ótimo! O homem não vira o seu primeiro filho namorar... Dean, o mais velho, estudava em um colégio só para meninos, e isso, com certeza, impedira que conhecesse garotas de sua idade. Pior: deixara-o confuso quanto à sua sexualidade. O menino passou a confundir amizade com algo mais. Bem, mas isso era coisa do passado... Roger suspirou. A notícia de que seu caçulinha estava namorando deixava-o muito feliz.

– Por que não me contou, hein? Está com vergonha do seu pai?

– Não, pai... Sei lá... - Dean deu de ombros. A verdade era que ele havia simplesmente se esquecido de mencionar a namorada. Jo não estivera em seus pensamentos desde que chegara em casa...

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– Não, Clark. Hoje não vai dar... Eu... – Sam suspirou. Desde garoto fora péssimo para inventar desculpas. Agora, pelo menos tinha consciência disso. – Não estou a fim de sair de casa... – completou, sincero.

– Poxa, Sam... – Clark ficou desapontado, mas não gostava de insistir. Há tempos não via o amigo, e estava doido para colocar a conversa em dia. Tantas coisas haviam acontecido em sua vida nos últimos meses: tinha um namorado e também um emprego novo. Bem... Não um emprego de verdade... Talvez estivesse mais para um hobbie novo. – Pelo jeito você nunca vai vir me ver na Smokey Gray... – lamentou-se ele.

Sam riu. – Prometo que vou, Clark... É que a minha vida anda uma loucura agora, com o início das aulas. Mas não perco isso por nada... – E não perderia mesmo... Imagina, Clark se travestindo, dançando e cantando na noite? Era tudo o que rapaz sempre quisera fazer na vida... Agora, seu sonho tornara-se realidade. De dia, trabalhava de terno e gravata como advogado. A noite, virava Clara Kentucky, a grande atração da casa noturna Smokey Gray.

Sam desculpou-se mais uma vez e desligou o telefone. Suspirou. Seria tão bom se pudesse contar para o amigo que Dean estava de volta... Falar como isso estava mexendo com sua cabeça e abalando sua estrutura emocional... Mas não. Sua sina era ter que guardar tudo para si. Não queria Clark ou nenhuma outra pessoa duvidando de sua sanidade mental... Se ao menos Seu Romero ainda fosse vivo... Sam sentia a sua falta.

O homem sentiu uma lágrima lhe escapar dos olhos. Contemplou o quadro pendurado na parede de seu quarto. Mais do que nunca, aquela pintura o emocionava. Era Tristan imortalizado através da arte de seu grande amor: Ross. Sam pegara aquela pintura para si já havia alguns anos. Não só aquela, mas todos os quadros pintados por Ross e abandonados no depósito do colégio. Conseguira os quadros com ajuda de Seu Romero, pouco antes do homem sofrer o derrame cerebral que tirou-lhe a vida.

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Quando Roger perguntou ao filho se este queria continuar estudando no Saint Peter, o garoto não se surpreendeu. Já esperava pelo questionamento. Só não estava muito certo do que responder... Há poucos dias atrás, tinha certeza de que queria sair do colégio. Agora, tinha suas dúvidas. A verdade é que o Saint Peter não era tão ruim assim afinal...Tinha uma namorada... Amigos... Talvez até entrasse para o time de basquete... Além disso, seria um tanto covarde de sua parte fugir assim, sem se despedir de ninguém...

– Talvez eu possa ficar mais um pouco... – murmurou, sem muita convicção.

Roger abriu um enorme sorriso. Por mais que sentisse saudades do menino em casa, ele torcia para que o filho permanecesse no Saint Peter. Aquela era sem dúvida a melhor escola da região.

– Mas se eu mudar de ideia, você me tira! – completou o garoto, apressado. Não queria ser forçado a permanecer no colégio interno caso mudasse de opinião.

Roger concordou e abraçou o filho. Era bom ver seu menininho crescendo e tornando-se um pouco mais independente.

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A noite, Dean pegou-se pensando em sua decisão. De certa forma, sentia-se aliviado. Segunda-feira veria seus amigos novamente... Veria sua namorada... Faria um teste para o time de basquete... Teria aula com o professor Winchester...

Dean encarou o tablet que agora exibia diversas bolinhas coloridas na tela. Dentre elas, disfarçada, estava a iris do professor de teatro... Dean sorriu. Poderia olhar naqueles olhos novamente e verificar se as cores que escolhera eram de fato precisas. Talvez não pudesse fazê-lo na segunda-feira, mas na terça estaria novamente cara-a-cara com o homem. Quem sabe não ensaiariam outra cena juntos? Dean corou sem perceber.

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Quando a segunda-feira chegou, pouco antes da aula de teatro, Dean estava tão ansioso quanto Sam. Quando o professor entrou na sala, olharam-se brevemente. O contato entre os dois não passou disso, entretanto.

Naquela mesmo dia, ao final da tarde, Dean, Justin e Misha foram fazer testes para o time de basquete. Dos três, Dean era o menos entusiasmado. A verdade é que preferia usar seu tempo com atividades artísticas. Sentia, entretanto, uma certa pressão para se sair bem. Primeiramente do próprio professor Brian Scott, que tanto elogiara seu falecido irmão. Em seguida, de Jo, que ficara visivelmente animada com a possibilidade de seu namorado ser “promovido” a membro do time de basquete. Aquilo trazia prestígio e popularidade para ele, e, consequentemente, para ela também.

– E então, como você se saiu? – perguntou a ruiva, ansiosa, assim que avistou o namorado voltando da quadra.

Dean, Justin e Misha caminhavam juntos. A verdade é que nenhum dos três tivera um desempenho animador.

– Eu só acertei duas cestas... – respondeu Dean. Não gostava de desapontar Jo, mas sentia-se um tanto aliviado. Os dois amigos saíram-se ligeiramente melhores que ele.

Foi com surpresa que, pouco tempo depois, Dean recebeu a notícia de que tinha conseguido um lugar no time. Justin e Misha estavam fora... A decisão um tanto injusta do treinador deixou o louro pouco a vontade. Jo foi a única que comemorou o resultado.

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– Professor! Sabia que o Dean entrou pro time de basquete!? – perguntou Jo assim que avistou Sam chegando para a reunião de terça-feira. Jo já havia anunciado o feito do namorado para meio mundo, e não poderia deixar o professor Winchester de fora.

Sam forçou um sorriso.

– Que legal... Parabéns! – exclamou o homem, tentando esconder seu descontentamento. Imaginou imediatamento Brian, o Scrotto, cheio de tentáculos monstruosos, se apoderando do seu bebezinho.

Dean abaixou o olhar, envergonhado. Detestava todo o rebuliço que a namorada andava fazendo, como se ele fosse algum tipo de herói. Pior ainda quando Sam não gostara nem um pouco da notícia... Para Dean fora fácil perceber, apesar do sorriso do professor. O louro tinha rara sensibilidade para interpretar os olhares do homem.

Talvez Sam não gostasse de esportistas... Vai ver, assim como muitos outros, associava a imagem dos alunos atletas com a dos valentões. Será que Sam havia sofrido bullying quando garoto? Talvez... Dean suspirou. Não... Era mais provável que o professor pouco se importasse com isso. Seu descontentamento, certamente, devia ser por causa da peça que estavam ensaiando. Talvez Sam achasse que a nova atividade pudesse atrapalhar o empenho de Dean nos ensaios. Mas isso não iria acontecer...

– Professor, eu posso fazer os cenários... Eu gosto de desenhar... - o garoto falou em voz baixa. Queria mostrar que estava disposto a trabalhar bastante no projeto da peça também...

Sam sorriu, parecendo agora satisfeito. Bingo! Dean sentiu-se aliviado.

– Você gosta de desenhar? – o homem parecia genuinamente interessado.

– Gosto. Adoro. – respondeu o louro. Aproveitou para reparar nos olhos do professor mais uma vez. Talvez precisasse acinzentar sua “bolinha” um pouco mais...

Sam teria puxado mais assunto com Dean sobre seus dons artísticos se Ruby não tivesse chegado, exigindo a atenção do professor. A menina queria treinar seus diálogos, e, claro, apreciar a beleza de Sam.

O professor então pediu que os outros alunos treinassem também suas falas. Dean fez a leitura dos diálogos com Jo, enquanto Misha e Justin treinavam as falas do narrador, que seria feita por ambos, alternadamente.

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Quando a reunião terminou, Dean estava um tanto desapontado. Não ganhara nada em ficar treinando com Jo, que era pior até que ele na atuação. Achava injusto que Ruby roubasse toda a atenção de Sam e esperasse que seus colegas aceitassem isso numa boa só porque ela era uma assanhada, e estava a fim do professor...

– Dean?

O louro, que já estava saindo da sala, olhou para trás.

– Você já praticou algum tipo de luta?

A pergunta chegou de surpresa. Porque o professor Winchester queria saber isso?

– Não... – respondeu.

– Tudo bem... É só para eu saber... No próximo encontro podemos treinar nossa primeira luta da peça. Que tal?

O professor sorriu, e o louro não pode evitar sorrir de volta. Acenou a cabeça em sinal afirmativo. Claro. Adoraria...

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– Vem, Dean. Vamos treinar...

Dean aproximou-se do professor. Como ele era alto... Parecia ainda maior assim, bem de pertinho...

Sam, sem dizer palavra, despiu-o de sua camiseta. Ele tinha o corpo perfeito. Todo musculoso e trabalhado... Dean não pode deixar de notar. O menino engoliu em seco.

– Relaxa! – pediu o professor. – Assim ficamos mais a vontade... – Sam abriu um sorriso charmoso, exibindo suas covinhas bem feitas. Em seguida, ajudou Dean a livrar-se de sua camiseta também.

Sam então empurrou Dean com força. O menino se desequilibrou e quase caiu vergonhosamente no chão. Mas o professor foi mais rápido... Segurou o louro antes que se machucasse.

– Vamos, Dean. Lute comigo. É vale-tudo...

Sam já estava sorrindo de novo. Dean jogou-se contra o corpo do professor, mas ele era tão forte... Forte, macio, e gostoso... De repente o garoto viu-se nos braços do homem, sem forças para se afastar. Seu cheiro era embriagante. Os lábios de Sam aproximaram-se dos seus. Suas mãos passeavam pelo corpo do menino, que ofegava de prazer.

– Dean, eu te quero tanto... Você me quer? – sussurrou o professor ao pé do seu ouvido.

O menino não respondeu. Apenas deixou que o mais velho continuasse a se esfregar de maneira sensual contra seu membro ereto.

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Dean acordou ofegante. Molhado, e não apenas de suor. Não era a primeira vez que ejaculava durante o sono, mas nunca em um sonho erótico como aquele. Pelo menos não que pudesse se lembrar...

O menino levantou-se de imediato, com seu órgão ainda excitado por um prazer imaginário e... Proibido... Sonhara com seu professor de teatro... Um homem... Sentia-se envergonhado. Deveria estar sonhando com sua namorada, e não com o professor Winchester...

Dean atirou-se debaixo do chuveiro. A água gelada, no meio da madrugada, acabou rapidinho com toda aquela excitação... Meu Deus... De onde saíra aquele sonho? Só de uma coisa ele tinha certeza... Nunca falaria sobre ele com ninguém.


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