Dezesseis Anos e Meio escrita por Lady Padackles


Capítulo 27
Capítulo 27




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Dean viu as balinhas coloridas se espalhando pela grama. Em seguida viu Christian reagir, correndo em direção à Pablo.

– Pablo, o que deu em você? - gritou o garoto para o amigo. Dean o seguiu, sem entender também o que acabara de acontecer.

– Se o Dean é gay, vocês podem ficar juntos... Não precisa mais de mim... - disse Pablo irritado, sem encarar os outros dois, que o olhavam perplexos. Mais perplexos ainda ficaram quando lágrimas começaram a escapar de seus olhos.

– Eu e o Dean? Não há nada entre nós dois... - defendeu-se Christian, assustado.

Dean estava tão surpreso quanto ele. Navalhada estava com ciúmes? Parecia um grande exagero...

– Mas você gosta dele, só pode gostar... Claro... Como não? Ele é louro, lindo... Parece um modelo fotográfico...

Dean estava boquiaberto com a cena de ciúmes de Pablo, e mais ainda com o elogio que acabara de receber. Estava totalmente sem ação. Mas Christian soube o que fazer e o que dizer. Aproximou-se de Pablo, e tocou-o de leve, olhando em seus olhos.

– Pablo, Dean é meu amigo. Nada mais... Eu gosto de você. Quero ficar com você, e com ninguém mais.

– Eu sou feio... - reclamou Pablo, choroso, tocando a cicatriz que tinha no rosto.

– Pois pra mim é o mais lindo do mundo inteiro... Eu gosto de cada milímetro seu.

Christian abraçou seu amado e beijou-o com docilidade. Finalmente Pablo parecia corresponder uma investida de carinho sua, e aquilo o fazia se sentir nas nuvens.

Dean teria se retirado para deixar os pombinhos em paz, mas em vez disso, resolveu servir de vigia. Estava feliz pelos dois, e não queria que alguém, diga-se Brian, os pegasse em flagrante.

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Sam ficou assustado com tanto sangue. Olhou com mais atenção e viu que o sangue vinha de ratos mortos. Que nojo! Que brincadeira de mal gosto era aquela? Já ia fechar a tampa da lata de lixo, quando ouviu a vozinha de novo.

– Que bom que você veio... Por favor, me tire daqui!

O homem notou então algo se movimentando dentro da lata. Era um rato... Mas este, apesar de bastante machucado, ainda estava vivo.

– Ben? - perguntou Sam surpreso, ao reconhecer o mascote de Ross.

– Sou eu mesmo! - comemorou o bichinho.

Sam estava com nojo de enfiar a mão no meio daqueles ratos mortos e cobertos de sangue. Mas era Ben... E dentro daquele lixo ele não sobreviveria...

O Winchester prendeu a respiração e, com muita aflição, enfiou o braço para resgatar o animalzinho.

– Pronto. - disse ele então, colocando o bichinho no chão. Mas Ben não parecia nem um pouco satisfeito, apesar do enorme esforço que o professor acabara de fazer para resgatá-lo.

– Você não vai me devolver pro meu dono? Eu sou o presente de aniversário ideal... - guinchou baixinho.

Sam ajoelhou-se perto do animalzinho. Como explicar que os tempos eram outros? Se desse um rato de aniversário para o seu bebê ele ficaria chocado. Muito provavelmente iria entender como um insulto, e não um presente...

– Desculpa, Ben. O Ross agora é Dean. E Dean não gosta de ratos, entende?

– Eu não sou um rato! - reclamou o bicho, mexendo os bigodinhos de indignação. - Sou um bichinho lindo e fofo agora!

Sam encarou o roedor novamente. Sentia muito... Mas Ben era rato sim, e com R maiúsculo... Dentuço, orelhudo e com um rabão enorme... A quem ele estava tentando enganar?

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Christian e Pablo se beijaram e depois acenaram para Dean e saíram, deixando o louro sozinho com seus pensamentos.

Pouco a pouco as atitudes de Pablo pareciam fazer sentido. Não queria ele no time... Não deixou que Christian se sentasse ao seu lado no carro quando saíram para fazer compras com Sam... Ficou super enraivecido quando Christian massageou sua perna... A verdade é que ele morria de ciúmes, sabe-se lá por que. E pelo jeito, isso já rolava há um bom tempo... Navalhada sempre o tratara com antipatia... Talvez porque o achasse bonito, e imaginasse que Christian se interessava por ele... Ou talvez porquê Brian sempre o tivesse paparicado demais, criando a falsa impressão de que ele era o garoto perfeito...

Quem sabe agora Navalhada se acertasse com o namorado e esquecesse dele de vez? Dean torcia para isso. Estava arrependido de ter soltado sem pensar que era homossexual. Em Christian ele confiava. Em Pablo, não...

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Sam acordou assustado e suando bastante. Que sonho mais esquisito tivera... Fora tão real... Como se ratos pudessem falar... Imagina... Ben de volta, e todo machucado... Querendo ser o presente de aniversário do Dean... Que significado será que tinha? Provavelmente nenhum...

Olhou o relógio. Eram oito horas da manhã, e ele estava tão cansado... Podia e iria dormir até mais tarde. Virou para o lado e não custou a adormecer, e, dessa vez, dormiu como uma pedra.

Quando acordou novamente, o sol estava alto no céu. Sam então foi tomar banho, almoçou, e saiu para ir ao colégio. Assim que desceu as escadas do prédio, e colocou o nariz para fora, avistou a mesma lata de lixo do sonho. Sabe quando você sente uma enorme vontade de fazer alguma coisa, e nem sabe por que? Sam sentia-se assim. Sentia que precisava levantar a tampa daquele latão. Mas não esperava encontrar ratos lá dentro... Provavelmente veria somente restos de alimentos e produtos usados.

O Winchester então fez o que seu impulso mandava. Ergueu a tampa da lata, e, como previsto, não viu sangue nenhum. Nem ratos. Mesmo assim, estava extremamente surpreso e chocado com o que viu. Uma ninhada de cachorrinhos recém-nascidos, jogados ali para morrer.

Sam sentiu seus olhos enxerem de água. Como um ser humano podia ser assim tão cruel? O homem retirou os corpinhos um a um, com o coração partido. Estavam mortos, com a exceção de um. Era um cãozinho muito pequeno, de pelo ralo, amarelo claro. Estava raquítico e respirando muito fracamente.

O trabalho podia esperar. Winchester colocou o bichinho no bolso de seu casaco, tentando mantê-lo aquecido, e dirigiu até a clínica veterinária mais próxima.

– Aguenta firme, Ben. Você tinha razão... Agora é mesmo um bicho fofinho! Me desculpa por ter demorado tanto. Vão cuidar de você. Vai ficar bem...

Mas Sam não tinha tanta certeza assim da recuperação do bichinho... O filhote estava muito fraquinho. Por que demorara tanto para descer e abrir a maldita lata de lixo? Que idiota ele fora... Há tempos não tinha um lampejo de mediunidade, mas, mesmo assim, não deveria ter ignorado aquele aviso. Era impossível para ele conter as lágrimas agora.

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– Dean, não precisa ficar com essa cara! Daqui a pouco o professor Winchester chega...

Justin tentava tranquilizar o amigo com suas palavras, mas Dean estava preocupado. Sam não respondera o e-mail que ele enviara logo depois de recuperar seu celular. Tudo bem, devia estar cansado por causa da viagem, provavelmente dormindo até tarde... Mas o tempo passou... Já eram duas horas da tarde e o homem ainda não tinha nem aparecido no colégio. E se tivesse acontecido alguma coisa com ele? Tipo o avião cair, um acidente de carro ou um treco qualquer enquanto dormia?

Os dois louros estavam sentados, vigiando a entrada dos carros no colégio, e torcendo pela chegada do professor de teatro.

– E se ele estiver no hospital? - choramingou Dean, tentando evitar pensamentos ainda piores que aquele.

– Não aconteceu nada! Se acalma. Vai ver o pneu do carro furou... - supôs Justin.

– E por que não responde meu e-mail?

– Porque ele está ocupado trocando o pneu, oras...

Justin deu graças a Deus quando Misha voltou da cantina com uma caixa de chocolates. Doces tranquilizavam qualquer um...

– Aqui, Dean. Toma. - ofereceu o moreno. - come que vai te fazer bem.

Mas o menino nem olhou para as guloseimas. Seu amado poderia estar mal... Doente, acidentado, em perigo, ou até morto. Dean engoliu em seco, contendo a vontade de chorar. Se Winchester demorasse mais um pouco ele teria um piripaque nervoso.

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"O Jipe vermelho de Sam Winchester finalmente tornou-se visível, entrando pelos portões do Saint Peter. Ele estava bem, graças a Deus. O namorado, abalado pela emoção, correu ao seu encontro, esquecendo-se que deveriam manter sua relação em sigilo.

– Sam, por Deus, você está bem? Por que demorou tanto?

O Winchester fitou confuso os olhos marejados de seu amado. Tudo isso era preocupação?

– Calma... Eu estou bem. Apenas dormi demais... - explicou. - Não passei muito bem à noite, acho que estou ficando gripado. - mentiu.

– Nossa, eu quase morri de preocupação, pensando o pior... Me liga da próxima vez...

O menor então se aproximou, e, sem medir as consequências puxou o professor de teatro para um beijo, cinematográfico. Alunos, professores e funcionários viram a cena de longe. Estavam perplexos... Brian Scott e Sam Winchester juntos? Nunca poderiam imaginar...

E Scott, por sua vez, nunca poderia imaginar o que estava por trás do atraso de seu namorado... Mais tarde surpreendeu-se com as centenas de flores que foram enviadas ao seu gabinete."

– Ahhh! E agora? A escola inteira vai ficar sabendo!! Ficou show! - comemorou Jo. - E como o Sam é romântico com essas flores...

– Obrigada, amiga... Pelo menos esse sumiço do Winchester serviu pra alguma coisa... Me inspirei pra escrever essa linhas... - respondeu Ruby embevecida.

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Ruby e Jo também esperavam ansiosas pela chegada de Sam. Já haviam tirado várias fotos de Brian, e agora, era a vez do professor de teatro. Brian era alvo fácil... Estava sempre saracoteando pelos corredores, pela cantina e, principalmente, pela quadra de basquete. As meninas agora examinavam as imagens que tinham.

– Olha essa foto! - elogiava Jo. - Ele está fazendo biquinho... Vai ser perfeita!

– Pois é... Agora só faltam as fotos do Sam para poder fazer as montagens... - suspirou Ruby - onde será que ele se enfiou?

– Calma, Ruby... Daqui a pouco ele chega com aqueles cabelos esvoaçantes que você tanto gosta... - riu a ruiva - ele deve estar encomendando as flores do Brian...

Ruby sorriu se imaginando dentro da realidade de sua fanfiction.

– Tomara! Por que eu não posso decepcionar meus leitores... Sabia que já tem mais de 20 pessoas acompanhando "teachers in love " na internet? O povo está gostando! E vai gostar mais ainda quando virem as imagens...

Jo achou graça. Agora que Ruby tinha outros leitores além dela, estava ainda mais empenhada em escrever a história perfeita. E agora sismara em ilustrar com imagens...

– Amiga, você é louca... Mas você sabe disso, né? Imagina se alguém descobre essa história e as fotos... Maluca, mil vezes maluca...

Ruby riu. A probabilidade daquilo acontecer era pequena. Mas se acontecesse, quem poderia saber que era ela a responsável? Quem haveria de provar a verdadeira identidade de Paloma Fricote Winscotti?

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Dean quase esqueceu-se que precisava ser discreto quando finalmente viu o carro do Winchester despontar. Chegou a se levantar e fazer menção de correr ao encontro do seu amado, mas, ao contrário do Brian na história de Ruby, tinha dois amigos que seguraram-lhe o braço.

Dean então voltou a se sentar, acompanhando a movimentação do moreno. Sam finalmente passou ao seu lado e cumprimentou os garotos como se fossem alunos quaisquer. Trocou olhares com Dean, entretanto, que valiam mais que palavras. Ele estava bem, e o louro pôde finalmente respirar aliviado.

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Sam disfarçara a preocupação. Não iria contar a Dean sobre o filhotinho que achara no lixo. Ben não estava nada bem, e tinha grande chance de não resistir. Para que preocupar o garoto a toa? O veterinário estimara que o bichinho não tivesse nem uma semana de nascido, e estava desnutrido e machucado. Fora colocado em um imcubadeira, tomando soro. Mais tarde tentariam dar-lhe leite com um conta-gotas.

Se Ben resistisse, faria o que o ratinho lhe dissera no sonho. Daria ele de presente de aniversário para Dean. O louro gostava de bichinhos, e, tinha que admitir, um ser vivo era um presente especial... Principalmente quando esse ser era a reencarnação de Ben, amigo inseparável de Ross...

Sam sabia que talvez Dean não pudesse ficar com ele, caso seus pais não permitissem. Nesse caso, ele mesmo criaria o cachorro. Seria de Dean, mas ficaria na casa dele.

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Mas tarde, Sam respondeu todas os e-mails de Dean. A noite, trocaram ainda mais mensagens. Sam contou a Dean sobre sua viagem, e sobre o teste de Tom. Dean contou sobre o aniversário de Ruby, a máquina fotográfica que perseguia Brian Scott, e o ataque de ciúmes de Pablo que levara a um beijo apaixonado de Christian.

Dean teria passado a madrugada de papo com seu amado, mas Sam não deixou. O louro tinha mais provas no dia seguinte... Precisava se concentrar e estudar para ter bons resultados. A semana passaria depressa, e, por fim, chegaria o sábado. E Sam estava cheio de planos... Prometera a Dean que o recompensaria pelo fim de semana que passaram separados e era exatamente isso que faria.


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