Dezesseis Anos e Meio escrita por Lady Padackles


Capítulo 25
Capítulo 25




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Quando Ruby e Jo encontraram o professor Brian Scott, depois de muito procurá-lo, viram, decepcionadas, que ele não tinha nada nas mãos. Nada de flores, nem de bombons... A morena ficou especialmente chateada com isso, pois gostava de inserir elementos reais em suas histórias fictícias.

– Que droga... - praguejou baixinho.

Jo concordou. Procuraram aquele homem por toda escola em vão... A intenção era puxar assunto com Brian e tentar descobrir sobre as flores e os chocolates. Mas estando ele de mãos vazias, o que poderiam fazer?

– Ahh, mas eu vou dar um jeito... - exclamou Ruby, decidida, puxando a amiga pelo braço e indo de encontro ao treinador em seguida.

– Olá professor Scott! - foi logo cumprimentando a morena. - Me diz uma coisa... Hoje é seu aniversário?

Brian Scott olhou para as garotas sem nada entender. Conhecia Jo e Ruby de vista, e sabia que faziam parte do mesmo grupo de teatro de Dean, orientados por Sam. Fora isso, não sabia mais nada a respeito delas. E não, não era seu aniversário...

– Não... - respondeu o homem. - Por quê?

Jo puxou a amiga de leve. Que vergonha... O que Ruby estava tentando fazer?

– Ahhh pensei. É que nós te vimos com flores e chocolates... Já sei... Você que vai dar de presente pra alguém! - exclamou.

Brian olhou a morena tentando entender... Que flores? Que chocolates? Ia abrir a boca para dizer alguma coisa, mas Ruby não parava de falar.

– Sabe, desculpa a pergunta... Mas é que hoje em dia é tão difícil a gente ver pessoas românticas, que dão flores para o namorado. Ou namorada, sei lá... - completou. - Então,você ganhou de presente, ou vai dar pra alguém?

Que garota mais doidinha... Do que ela estava falando?

– Não... Você está confundindo... Deve ter visto outra pessoa... - respondeu o homem, por fim. Nessa hora, Pablo apareceu. Ótimo, estava na hora de sair de perto daquelas duas e se encaminhar para a quadra.

– Desculpa, mas tenho treino agora... - completou Scott, após cumprimentar Pablo com entusiasmo.

Ruby e Jo ainda observaram por algum tempo, enquanto os dois sumiam em direção à quadra. Pareciam bastante próximos... Pudera, um era o técnico, o outro, capitão do time de basquete. Talvez aquele garoto latino com cicatriz no rosto pudesse lhes contar alguns segredinhos a respeito do namorado de Sam...

Quando as meninas finalmente voltaram para a sala, Misha deu o sinal, e Dean e Sam logo puseram-se de pé e se afastaram. Ambos estavam de bom humor. Fazer coisas proibidas escondidos era excitante. Tinha um gostinho especial... Além de tudo, Sam iria viajar, e eles não se veriam no fim de semana. Pelo menos puderam namorar um pouco antes de ficarem alguns dias sem se ver.

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O Sábado não custou a chegar, e Dean estava desanimado. Só pensava no namorado e em como poderia ter tido um dia maravilhoso ao lado dele... Mas nem mesmo trocar mensagens direito estavam podendo fazer, já que Sam estava com Clark, em Nova York, ajudando o amigo no que fosse preciso. O louro suspirou. Não tinha direito de reclamar, nem de ficar chateado... Clark era um bom amigo, que inclusive salvou-os no dia que foram à Smokey Grey...

Naquele mesmo dia, Ruby estava completando 16 anos. Fazia aniversário exatamente um mês antes de Dean. A princípio a menina não iria comemorar, mas, por insistência da mãe, acabou chamando os colegas para uma festinha em sua casa. Apesar da pouca vontade de sair de casa, Dean decidiu ir. Misha e Justin estariam lá também, e, pelo menos, podia conversar com eles sobre seu assunto predileto: o lindo e maravilhoso Deus Winchester.

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– Sam... Eu não sei onde estava com a cabeça! Eu não devia ter vindo... Eu não sou ator!

Clark andava de um lado para o outro da sala, esperando ser chamado para o teste. Estava com os nervos a flor da pele, roendo as unhas, e esfregando as mãos de nervoso.

– Calma... Não precisa ficar desse jeito... Você se preparou da melhor maneira que pôde... Vai se sair bem!

Os dois amigos haviam viajado para Nova York na noite anterior, e Sam passara quase a madrugada inteira ajudando Clark, dando dicas de interpretação. Ele aprendia com facilidade, e, apesar de ainda não atuar magistralmente, tinha uma bela voz. E isso era muito importante em um musical...

– Não! Eu não devia ter vindo! Eu sou um incompetente! - Clark colocou a mão na testa de maneira dramática e afetada, e Sam riu por dentro... Seu amigo era perfeito para um papel em "A gaiola das loucas". Se os produtores não percebessem isso, eram eles os incompetentes... Poderia ter dito isso a Clark, ou tentado explicar novamente que ele tinha tudo para se sair bem. Mas Sam sabia que em um momento como aquele, o melhor que tinha a fazer era tentar descontrair, e tirar a pressão das costas do amigo.

– Clark... Relaxa! Se você não for escolhido, pelo menos vamos ter um incrível fim de semana em Nova York. Assim que acabar o teste, vamos jantar, e depois podemos sair para comprar roupas para a Clara Kentucki. Que tal?

Sim... Nova York era um paraíso de sapatos, vestidos e acessórios... Aquele pensamento conseguiu arrancar um sorriso de Clark.

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Dean chegou à casa de Ruby mais ou menos na mesma hora que Clark foi chamado para o teste. Uma hora depois, Dean estava ao lado de Misha e Justin se deliciando com cachorros-quentes e biscoitinhos; e Sam e Clark já estavam sentados em um rodízio japonês, comendo sushis, sashimis e dumplings de todos os tipos.

– Ai, Sam... Sei lá... Não sei se me saí bem... Acho que cantei direito, mas exagerei na atuação... - tagarelava Clark, sem parar, enquanto equilibrava uma fina fatia de salmão crú entre os "palitinhos". Estava aliviado, é claro, por ter concluído o teste. O nervosismo, entretanto, só passaria por completo depois que recebesse o resultado.

– Relaxa... É melhor você não ficar pensando nisso... - aconselhou Sam.

– É... Seja o que Deus quiser... - suspirou Clark. - Melhor mudarmos de assunto... Vamos falar sobre compras! Eu estou procurando uma bota vermelha, salto agulha. Mas é tão difícil encontrar no meu tamanho...

– Eu te ajudo a procurar... E você me ajuda a encontrar um presente de aniversário pro meu bebê. Dean vai fazer dezesseis aninhos no mês que vem, e eu não sei o que comprar pra ele...

– Compra um brinquedo. - sugeriu Clark, sacana, arrancando uma careta de Sam.

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Enquanto isso, longe dali, Ruby, a aniversariante, estava feliz da vida. Não por causa da festa, mas por causa do presente que ganhara dos pais: Uma máquina fotográfica profissional, de última geração.

– E para que você quer essa máquina? - Perguntavam os amigos, surpresos. Para eles as fotos tiradas no celular eram mais do que boas. Com o dinheiro, a menina poderia ter ganho algo muito mais útil...

A aniversariante dava de ombros: "Eu gosto de tirar fotos..." - dizia. Apenas Jo, sua melhor amiga, sabia de suas verdadeiras intenções. Uma máquina fotográfica daquelas, com um zoom tão poderoso, ajudaria muito em suas investigações, e também na ilustração de suas histórias. E Ruby estava realmente obcecada por Wincott. Só pensava e só falava no casalzinho gay de seus sonhos.

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– O que o Pablo está fazendo aqui? - perguntou Dean aos amigos, espantado, assim que viu Navalhada chegar na festa. - Ele nem é da nossa sala... Acho que a Ruby nem fala com ele...

O louro ficou ainda mais surpreso quando a aniversariante de aproximou do garoto, com um enorme sorriso estampado no rosto e pareceu dar-lhe mais atenção que a qualquer outro convidado.

Misha e Justin se entreolharam. Talvez fosse inevitável que o louro ficasse sabendo, e era melhor que contassem logo...

– Ruby anda querendo saber da vida do treinador Scott... Convidou Pablo só pra tentar arrancar informações dele, já que é capitão do time de basquete... Está se fazendo de amiguinha, tentando se aproximar.

– Ela está apaixonada pelo Brian agora? - perguntou Dean, arregalando os olhos.

– Não, Dean... Ela e Jo acham que Brian e Sam são namorados. - Misha disse por fim. Ele e Justin torceram para que amigo risse, assim como eles fizeram quando souberam da teoria sem pé nem cabeça das meninas. Mas Dean não teve a mesma reação que os dois. Ele parecia irritado e confuso.

– Por que? Da onde elas tiraram isso? - perguntou.

Misha então contou a história do cachecol, e depois Jusin confessou que ele próprio incentivara a imaginação das meninas, falando sobre flores e bombons que nunca existiram.

– Eu fiz isso pra ajudar! Elas foram atrás do Brian e deixaram você e Sam namorarem em paz...

Dean não reclamou, afinal duas meninas desmioladas podiam acreditar no que quer que fosse. Mas só imaginar seu amado e Brian juntos deixava seu estômago embrulhado...

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Pablo nunca tinha visto uma garota tão interessada em basquete. Queria saber tudo sobre tudo: desde os fundamentos do esporte até os horários de treinamento... Ficou conversando com ela um bom tempo, até perceber que Christian os olhava de longe.

– Oi Christian! - gritou o menino, chamando o amigo para perto dos dois.

O menor se aproximou, desconfiado. Não gostava nada de ver Pablo e Ruby conversando a sós e tão animadamente... Ele e Pablo mal conheciam aquela garota, afinal... Ele, particularmente, só estava ali porquê aproveitava toda e qualquer oportunidade para passar tempo com seu melhor amigo, por quem era apaixonado... Mas pelo jeito ele não era o único interessado no moreno... Ruby também estava! Isso explicava o inesperado convite que receberam para àquela festa. Ruby queria Pablo, e convidou também a ele e outros dois meninos de sua classe para que ele não se sentisse deslocado, e aceitasse participar da festa.

Ruby ainda conversou um pouco com Pablo depois que Christian se juntou à conversa, mas logo se retirou. Já tinha conseguido o que queria: se aproximar um pouco do capitão do time de basquete. Assim que conseguisse mais intimidade com ele, começaria a perguntar sobre Brian.

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– Ahh Sam! Essa loja é um paraíso! - exclamou Clark, animadamente, ao entrar em uma boutique especializada de roupas para "mulheres grandes", ou, melhor dizendo, para homens que se vestiam de mulher.

O Winchester sorriu ao ver o amigo tão animado. Agora sim, parecia descontraído, enquanto enchia um carrinho com várias peças. Depois chamou-lhe para opinar sobre quais roupas deveria levar.

– O que você acha dessa calça prateada? E a blusa azul tomara que caia?

– Estão lindas...

– E essa sainha preta...? - perguntou pensativo. Antes que o Winchester pudesse responder, Clark já havia desistido dela. - Não... É muito adolescente... Por que você não compra pro Dean?

Sam riu. Seu bebê não gostava de se vestir de mulher. Não que ele soubesse...

– Não, ele não vai gostar. Mas depois que a gente sair daqui, vamos procurar um presente pra ele.

– E minha bota vermelha... - completou Clark. Ainda bem que as lojas em Manhattan ficavam abertas até de madrugada. Pelo jeito eles não voltariam tão cedo para o hotel...

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A festa de Ruby já estava no fim, e quase todos os convidados já tinham ido embora. Misha e Justin tinham acabado de sair, assim como Navalhada. Dean esperava por seu pai, sentado ao lado de Christian, e conversando sobre coisas sem importância, quando seu celular tocou. O menino checou o aparelho. Era Roger.

– Oi Pai! Você já está chegando?

Roger então explicou ao filho que tinham uma visita em casa, inesperada, e perguntou se ele poderia arranjar carona de volta.

– Não, pai! Misha e Justin já foram embora! E Jo vai dormir aqui. Você tem que vir me buscar... - choramingou o menino. Estava especialmente chateado por saber que ao chegar em casa ainda teria que encarar alguma tia velha de quem ele nem se lembrava. E a tal, com certeza, ainda ficaria meia hora dizendo o quanto ele estava crescido, e o quanto se parecia com seu irmão mais velho.

– Você pode voltar comigo... - sugeriu Christian, que havia ouvido a conversa.

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– Que tal uma série de televisão? - perguntou Clark, enquanto ele e Sam olhavam na seção de DVDs.

– Os garotos hoje em dia assistem tudo pela internet... - suspirou Sam.

– Mas você podia dar uma série que você assistia quando era criança... Ia ser fofo... - sugeriu Clark. - De qual você gostava?

Sam sorriu com a lembrança. - Eu gostava do Incrível Hulk!

– Incrível Hulk? Jura? Essa é mais velha que a gente...

– Eu via a reprise, oras.

– Eu estava pensando em uma série mais interessante... Tipo Twin Peaks!

– Eu nunca assisti Twin Peaks... E o Incrível Hulk é legal, tá? - reclamou Sam. Mas ele mesmo admitiu que Dean provavelmente ficaria entediado com a história de David Banner, que a cada episódio ficava irritado com alguma coisa e virava um monstro grande e verde... Era melhor procurar outro presente...

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– E então, meu filho, como foi a festinha? - perguntou a mãe de Christian assim que os meninos entraram no carro, e depois de ser apresentada a Dean.

– Mais ou menos... - disse o menino, sincero. - Pablo continua sem querer nada comigo. Quer dizer... Ele quer. Eu sei que ele quer! Mas ele fica encucado com o que o professor Scott falou.

– E o que os pais dele acham disso?

– Ele nunca falou para os pais - suspirou o garoto. - São católicos...

– Ele nunca conversou com os pais sobre isso?! - perguntou a mãe do menino, surpresa. Ela só não estava mais surpresa que Dean... A família de Christian conversava sobre a homossexualidade do filho como a maior naturalidade do mundo... E na frente dele, um estranho!

– Não, mãe... O Pablo não tem liberdade assim com eles...

– Poxa, que coisa triste... Pais e filho que não tem intimidade... Pablo devia tomar coragem e contar pra eles! Tenho certeza que o amam, e vão entender... - suspirou a mulher. Depois, notando que Dean estava muito quieto e deslocado, puxou-o também para a conversa. - Não é verdade, Dean? - perguntou. - Pais e filhos deviam ter liberdade para conversar sobre qualquer coisa...

– Claro... - concordou o menino sentindo-se um idiota. Ele, assim como Pablo, era um covardão. Mas a última coisa que queria era se distanciar de seus pais, especialmente de Roger, a quem tanto amava.

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– Até que enfim! - exclamou Clark, quando viu Sam escolher uma correntinha de prata para Dean. Já tinham rodado Manhattan inteira. Ele já tinha inclusive encontrado a bota vermelha. Estava abarrotado de sacolas, e o amigo ainda não tinha comprado nada...

– Mas não vou dar de aniversário... - surpreendeu-se Sam. Aquele presente não era bom o suficiente. - É só uma lembrancinha de Nova York!

Clark suspirou, cansado. Pelo jeito nada era bom o suficiente para o neném de ouro...

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Dean finalmente estava em casa. Agradeceu a carona e já ia entrar quando reparou no carro estacionado na entrada. Um carro que ele conhecia muito bem, e que não pertencia a nenhuma tia velha. Seu coração disparou. Era Mackenzie...


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Notas finais do capítulo

Há muito tempo que eu queria dizer que Jared assistia O incrível Hulk quando era pequeno. Isso fecha uma pontinha que tinha ficado solta em "O Castelo dos Meninos". Dou um doce virtual para quem souber do que eu estou falando. Acho que ninguém vai saber responder essa! kkkk.



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