Dezesseis Anos e Meio escrita por Lady Padackles


Capítulo 23
Capítulo 23




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O figurino já estava resolvido, o cenário já estava quase pronto... Sam então virou-se para Misha e Justin, que olhavam para ele esperando para se pronunciar.

– E vocês... Terminaram o texto? - Essa era uma das maiores preocupações de Sam. Grande parte do texto já estava pronto, mas Justin e Misha perderam muito tempo revisando diálogos, escolhendo a trilha sonora, e imaginando a movimentação de cada personagem. E o ato final ainda não tinha sido tocado... Até a semana anterior, não havia sequer sido escrito...

– Escrevemos! - anunciou Justin, orgulhoso.

Dean, Jo, Ruby e Sam se entusiasmaram. Já sabiam mais ou menos como acabava a história, mas estavam loucos para saber os detalhes.

– Então lê pra gente! - pediu Dean.

Misha abriu a mochila, tirou algumas cópias do texto e distribuiu. Ia começar a ler em voz alta quando Sam sugeriu que quem fosse participar da cena - ele, Dean, Ruby e Jo - subisse no tablado, e cada um lê-se sua própria fala. Assim ficava mais fácil sentir se o diálogo fluía bem. Todos concordaram, e Misha prosseguiu, agindo como diretor.

– Bem, então vamos à cena final! - disse o garoto com entusiasmo.

Alec (Dean) chega à mansão do Sr. Forester (Sam), onde ele mantém presa a irmã de Alec (Rory, interpretada por Ruby), e a sua própria filha (Tish, interpretada por Jo), para que esta não vá ao encontro de seu amor.

Alec entra pela janela, surpreendendo o Sr. Forester e as duas moças. O camponês tem uma espada nas mãos, e espera que o nobre senhor empunhe a sua também. Os dois duelam pela sala, enquanto as mulheres soltam gritinhos desesperados. Até que Alec finalmente desarma o seu oponente e aponta a espada para o seu coração. Ele olha para o Sr. Forester com ódio. Está prestes a matá-lo.

– Vai, Dean. Pode ler o diálogo. - instruiu Misha.

Dean e Sam então, assim como Ruby e Jo, posicionaram-se de acordo com as instruções dos autores. Dean pegou a espada de madeira e apontou para Sam.

– Diga adeus, Sr. Forester! - exclamou então Dean, olhando nos olhos do professor. E que olhos mais lindos... O menino perdia-se neles.

Sam olhou para o louro, que tinha a expressão mais doce do mundo no rosto. - Dean, tenta de novo... Tenta falar com mais raiva... - pediu.

O menino tentou, mas novamente não se saiu bem. Sam aconselhou-o a se lembrar de alguém de quem sentisse raiva. Mas quem? Mackenzie? Se Dean começasse a pensar nela, era capaz de começar a chorar, isso sim... Vivia uma momento de muita felicidade desde que começara a namorar com Sam. A única coisa que ainda o fazia sofrer era se lembrar de irmã. Quem sabe então o treinador Brian Scott? Não... Apesar de ser intrometido, insistente e homofóbico, Brian sempre o tratara com muito carinho e simpatia. Dean não conseguia desgostar dele... Sem opção, o louro pensou no vilão da novela. Fazer o que se não detestava ninguém?

– Diga adeus, Sr. Forester! - repetiu Dean, forçando a carinha de mau mais fofa do mundo. Sam teve vontade de agarrá-lo ali mesmo, mas apenas prosseguiu com o diálogo.

– Por favor, não faça isso! - pediu Sam, suplicante.

– E por que eu haveria de lhe poupar a vida?!

– Eu me arrependo de tudo que fiz a ti. Me envergonho de ter agido como agi. Mas Alec, por favor, me perdoa! Eu amo...

– Você não ama a sua filha! - interrompeu Dean, seguindo o que dizia o texto. - Se a amasse não haveria de tê-la separado de mim...

– Alec, eu amo Rory, a sua irmã! - Exclamou então Sam com a voz alterada.

Ruby correu de encontro ao homem e segurou seu braço.

– Minha irmã? Você tem o dobro da idade dela! - reclamou Dean, arregalando os olhos para mostrar indignação. Continuava com a espada apontada para Sam. O menino achou a fala irônica, dada a diferença de idade entre ele e seu amor. Aquele Alec era um bobo preconceituoso...

– E isso importa? Antes eu mesmo achava que sim... Eu achava que você e minha filha não podiam ficar juntos por serem de classes sociais diferentes... Mas quando a gente ama... - Sam fez uma pausa dramática - É só isso que importa... Custou pra eu perceber isso... Eu trouxe Rory para viver comigo com pretexto de me vingar. No fundo, eu só queria era ficar ao lado dela...

– Alec, eu também o amo. Amo muito! - Exclamou Ruby, olhando Winchester nos olhos. Em seguida abraça Sam. Ou, pelo menos, era isso que dizia o roteiro. A menina, entretanto, vendo aqueles lábios belos e rosados a sua frente, tascou-lhe foi um beijo na boca.

Como assim? O que aquela oferecida estava fazendo? A boca de Sam era dele e de mais ninguém! Dean teve vontade de pular em cima da garota e afastá-la de seu namorado, esganando-a se fosse preciso.

– Isso está fora do script! - se conteve em reclamar. Agora já sabia em quem pensar quando precisasse sentir raiva de alguém...

Sam se desvencilhou da garota depressa, notando o desespero de seu bebê. - O que é isso menina! Eu tenho namorado, sabia? - disse então, quase sem pensar, e fazendo o louro sorrir por dentro.

Ruby se desculpou, e trocou olhares com Jo. Nem precisaram perguntar sobre o chupão! Winchester simplesmente acabara de confessar sua homossexualidade! Ele tinha namorado. Pronunciara claramente, com "o" no final. Não havia mais nenhuma dúvida que Sam e Brian estavam mesmo juntos... Ambas estavam surpresas e orgulhosas do excelente trabalho que faziam como detetives.

– Vamos lá... Está quase terminando! - pediu Justin. Jo, seguindo o script, correu até Dean e o abraçou.

– Meu amor... - disse olhando para o louro - Esqueça isso tudo e vamos viver em paz. Como uma família...

Dean hesitou, mas finalmente largou a espada no chão. Alec por fim aceitara o pedido de desculpas do Sr. Forester. Eles apertaram as mãos em seguida. Os dois casais de abraçaram, e por fim, os quatro se abraçaram, simbolizando a família unida.

– Fim! - anunciou Justin, contente. - gostaram?

Sim, todos haviam gostado. Um final feliz, como deveria ser.

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– Dean, você pode ir comigo comprar o material que falta? - perguntou Sam ansioso, ao final da reunião. Seu coração batia acelerado. Finalmente contaria a Dean sobre seu namoro com o irmão mais velho do menino. Temia a reação do louro...

Só faltava uma bola de isopor, e Sam com certeza poderia ir comprá-la sozinho. Ruby e Jo, entretanto, nem prestaram atenção. Elas agora cochichavam sobre o fato de Sam ter se assumido gay. Será que ele era o ativo ou o passivo? De qualquer forma, ele e Brian juntos devia ser uma cena quente! Os dois eram homens grandes, fortes e vigorosos. Brian era bonito, e Sam, segundo Ruby, o homem mais lindo do universo inteiro.

– Claro, professor. - respondeu Dean, sentindo borboletinhas no estômago - Vamos agora? - perguntou com a voz trêmula.

Quando os dois saíram, as meninas não puderam se conter. Finalmente contaram sua grande descoberta para Justin e Misha, que riram até perder o fôlego. Jo e Ruby riram também. Dois professores homens namorando era mesmo muito engraçado...

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Dean e Sam seguiam apressados em direção ao carro do professor. Dean só pensava em beijar e abraçar seu amor. Sam ensaiava a melhor forma de contar ao namorado sobre sua paixão de adolescente. O louro haveria de entender, se ele conseguisse escolher as palavras certas...

– Sam? Dean? Onde vocês estão indo?

Os dois se viraram e deram de cara com ninguém mais ninguém menos que Brian.

– Comprar material... - suspirou Winchester.

– Ahhh que bom! - exclamou o homem. - Pablo!!! - chamou ele. Em poucos minutos "Navalhada" estava diante deles com uma listinha de material pra comprar.

Dean e Sam se entreolharam desapontados, enquanto Brian agradecia a gentileza, e Pablo se preparava para entrar no carro - escolhendo logo o banco da frente, ao lado do motorista.

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Sentado no banco de trás do carro, Dean só faltava chorar de decepção. Era azar demais ter Pablo sentado no seu lugar, vigiando, e impedindo que ele e Sam pudessem sequer se encostar.

Brian já havia se afastado, e Sam agora ligava o motor do carro. Já ia acelerar quando notou um menino observando com os olhos compridos, e acenando para Pablo de longe. Era Christian... O homem então lembrou-se da história contada por Dean. Pobres garotos... Pelo jeito estavam apaixonados, e Brian devia atrapalhá-los ainda mais do que fazia com ele e seu bebê.

– Christian! - Sam chamou. - Você quer vir também? Temos muita coisa pra comprar, e um a mais para ajudar seria muito bem vindo...

O menino sorriu de uma orelha a outra e se aproximou. Pelo menos, pensava Dean, Christian era menos desagradável que Pablo... Na verdade, era um garoto até simpático.

Ao ver que o colega aceitara o convite, Pablo saltou do carro, e insistiu para que Christian sentasse ao lado do motorista. Cavalheirismo? Dean e Sam não entenderam, principalmente quando notaram que na verdade Navalhada não parecia nada feliz com a presença do outro ali.

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– Você vai voltar pro time? - perguntou Pablo com cara de poucos amigos.
Dean não pretendia voltar, mas não daria o braço a torcer. Não pro Navalhada...

– Não sei. Talvez... O professor Scott quer que eu volte.

– Você podia descansar mais um pouco... O time vai indo muito bem... - comentou o moreno, antipático. Ficou nas entrelinhas que o time ia muito bem sem Dean, e não precisava dele.

– Pablo... - interveio Christian. - Não fala assim... Se ele quer voltar pro time, deixa ele!

– Eu não sei se eu quero voltar... - respondeu Dean entre dentes. "Principalmente tendo um capitão tão desagradável quanto esse...", pensou em dizer. Dean não sabia porque Sam ainda tentava ajudá-lo. Christan nem mesmo merecia namorar um garoto tão feio e chato quanto Pablo...

– O treinador Scott vive falando no seu irmão. Que ele era isso, e aquilo. Um dos melhores jogadores que tinha na época... Acho que ele ainda não percebeu que você não é ele... - completou Pablo.

Talvez Navalhada tivesse razão. Dean sabia que era medíocre. Era irritante que Brian visse nele a promessa de um excelente jogador, provavelmente por causa de seu irmão que morreu. De qualquer forma, o capitão não tinha nada a ver com isso! Dean estava era com vontade de socá-lo agora. Mas um para se lembrar quando precisasse ter raiva!

– Não sei. - o louro se restringiu a dizer, secamente.

Sam ouvia tudo, também sentindo-se enraivecido. Queria defender seu neném com unhas e dentes, mas achou por bem se calar. Aumentou o volume do rádio, como forma de protesto.

– Pablo, o que deu em você? Deixa ele em paz! - retrucou Christian.

Pablo então se calou, assim como todo mundo no carro. O clima não era dos melhores quando finalmente chegaram à loja. Sam sugeriu que se separassem. Ele e Dean para um lado, e Pablo e Christian para o outro. Infelizmente, ali, na vista de todo mundo, não podiam fazer nada. Para ele e seu bebê era arriscado demais... Mas Sam estava torcendo para que o outro casal pudesse ao menos dar uns beijinhos.

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– Viu como o Pablo é chato? A gente devia era atrapalhar... - retrucou Dean.

– Deixa disso, Dean... Ele deve ter ciúmes do Brian com você. Aliás, eu também tenho, porque Brian não sai do seu pé, né?

O louro concordou. Culpa da amizade que o treinador Scott tivera com seu irmão, pelo jeito...

Dean e Sam compraram a bola de isopor sem demora. Dean queria ao menos ter um tempinho a sós pra conversar com o namorado... Quanto à Sam, este temia o momento mais do que nunca. Sua pernas estavam bambas quando viu Dean sair correndo, disparando na frente.

– Vem, Sammy! - chamava ele.

– Não corre! A sua perna... - advertiu Winchester.

Tarde demais... Dean sentiu uma fisgada na perna, que ainda não estava 100%. Desacelerou. Sam correu até ele, preocupado, mas felizmente não parecia ser nada grave. A dor diminuiu em seguida. Sentaram-se então em frente ao carro, no local marcado para encontrar os outros meninos.

Sam então olhou Dean nos olhos. Estavam os dois a sós e tranquilos. Engoliu em seco. Aquele era o momento certo...


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