Dezesseis Anos e Meio escrita por Lady Padackles


Capítulo 15
Capítulo 15




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Mais uma calça que não passava pelo gesso. Dean resmungou baixinho... Pelo jeito ia mesmo ter que ir de moletom para o show da Clara Kentucky. Que droga... Enquanto isso Ruby devia estar se maquiando toda e colocando seu vestido mais bonito. Será que Sam olharia mesmo a garota com outros olhos? Dean suspirou. Talvez sair aquela noite fosse a pior decisão que já tomara na vida... Ou talvez não... Afinal Mackenzie estava indo para lá naquele exato momento para ter uma conversa séria com seus pais...

Roger e Sarah ficaram horrorizados quando souberam a verdade sobre o acidente de Dean. Agradeceram muito a Brian por contar-lhes tudo, após o professor habilmente ter conseguido que o menino lhe revelasse toda a história. Entenderam que Dean ficara chocado e traumatizado demais, e por isso preferira guardar a verdade para si. Não o culparam por isso... Já Mackenzie, fora fria e cruel. Merecia uma punição severa... E Roger ainda queria ver Saul na cadeia.

– Dean! A mãe da sua namorada está na porta!

O menino desceu a escada o mais depressa que pode. Despediu-se dos pais e saiu aliviado por sua irmã ainda não ter chegado.

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– Tchau, meninos. Divirtam-se! - despediu-se a mãe de Jo. Ela tinha buscado não apenas Dean, mas também Misha, Justin e Ruby. Largou os cinco adolescentes na porta da casa de Adeline, a aniversariante.

Assim que o carro se afastou, Dean, Jo e Ruby se despediram dos amigos, e ligaram para um táxi.

– Tem certeza que vocês vão se embrenhar mesmo em uma boate no fim do mundo para perseguir o professor Winchester? - perguntou Misha um tanto incrédulo. Ele sinceramente achara que os amigos desistiriam daquela aventura sem pé nem cabeça.

– Certeza absoluta! - Respondeu Ruby prontamente. Ela havia inclusive comprado um vestido só para aquela ocasião. Justo e vermelho. Estava pronta para atacar. Sam Winchester estava no papo...

– Tem certeza, Dean? - dessa vez foi Justin quem perguntou.

Dean envolveu Jo em seus braços. Era por ela que ele estava aceitando fazer aquela loucura... Bem... Pelo menos era isso que queria que os outros acreditassem...

– Não vou deixar a Jo ir sem mim! - respondeu sem hesitar.

– E eu não vou deixar a Ruby ir sozinha... - completou Jo.

Fim de papo. O táxi encostou e os três adolescente entraram no carro.

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O trajeto que o carro fez da casa de Adeline até a Smokey Gray pareceu demorar uma eternidade. Aquela boate pelo jeito ficava mesmo no fim do mundo... A estradinha que levava ao local era estreita e de terra. A medida que o tempo passava, Dean ia ficando mais nervoso. Estava se afastando de casa e desobedecendo seus pais... Além de tudo estava prestes a ver Sam Winchester fora do ambiente escolar... Seu coração disparava como um tambor desgovernado.

– Pronto. Chegamos. - anunciou o taxista, parando onde parecia ser um estacionamento improvisado. Aquele era o local mais próximo que o carro podia chegar. - Desculpa, mas não tem como deixar vocês mais perto... Vão ter que andar alguns metros... - completou o homem.

Ruby pagou o motorista e os três saltaram. Foram andando devagar. O chão de terra deixava não apenas Dean mas também Ruby desequilibrada. Ele por causa das muletas, ela por causa do sapato alto. Estava escuro e o vento soprava com força. Para completar o cenário, o clarão de um relâmpago e o estrondar de um trovão anunciavam que uma tempestade estava por vir.

– Parece que estamos no meio de um filme de terror... - reclamou Jo. Dean concordou com ela... Os dois estavam assustados.

– Deixem de ser poltrões! - esbravejou Ruby. Apesar do salto, que afundava na terra, era ela quem andava na frente. Estava decidida a fazer o que fosse necessário para conquistar o coração de seu professor de teatro. Se o plano A não desse certo, colocaria em ação o plano B, ou até mesmo o C. Sam Winchester ficaria com ela por bem ou por mal.

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Sam e Clark haviam passado um bom tempo colocando a conversa em dia. Agora o Winchester estava sozinho, bebericando uma cerveja sem álcool e assistindo o seu amigo, que agora travestido, dançava e cantava arrancando suspiros de um grupo grande de homens. Clara estava deslumbrante. Usava um vestido dourado e glamouroso, uma peruca ruiva de cachos abundantes, e um sapato de salto agulha que provavelmente deixava a diva beirar os dois metros de altura. Sam estava positivamente surpreso. Clark era bom! Um excelente artista... Não só dançando como cantando.

Tudo ia muito bem até que... Sam avistou Dean. Dean!? Como podia ser? Apesar da pouca luz do ambiente, o moreno reconheceria o seu bebê em qualquer circunstância... Antes que tivesse alguma reação, o louro, Jo e Ruby se aproximaram.

– Olá Sam! Que coincidência você por aqui também! - Exclamou a morena na maior cara de pau. - Podemos nos sentar? - perguntou, já se aboletando um uma das cadeiras.

A garota parecia nem perceber que aquela era uma boate gay. Nem ela nem Dean, que, nervoso, fazia um enorme esforço para manter-se de pé apesar da tremedeira que sentia nos joelhos. Jo, ao contrário, olhava para todos os lados boquiaberta. Homens beijavam homens. Mulheres beijavam mulheres. E Clara, cantando em sonoro falsete, rebolava de maneira sensual...

– O que vocês estão fazendo aqui? - perguntou Sam horrorizado. Aquela casa de shows era para adultos! Rolava coisas pesadas e impróprias para menores, como pornografia e nudez.

Jo e Dean acabaram por sentar-se também, e Ruby aproximou-se de Sam para conversar. Fez questão de mostrar seu decote. Era uma mulher afinal... Praticamente adulta! E queria ser tratada como tal...

– Eu vim lhe fazer companhia, Sam Winchester... Não gosto de te ver aqui assim, tão só...

Jo cutucou Dean. Estavam em uma boate gay... E Clara era homem! O menino arregalou os olhos. O que Sam estava fazendo ali? Seria ele gay também?

Sam balançou a cabeça em desaprovação. Pelo jeito a louca da Ruby descobrira de alguma forma que ele estaria ali e resolveu ir até lá lhe passar uma cantada barata. O pior de tudo é que arrastou Jo e Dean junto. Aquele não era ambiente apropriado para o seu neném! Ainda mais com a perna quebrada... Deveria estar de repouso em casa.

– Posso te pagar um drinque? - perguntou então a morena. Caso não conseguisse o que queria, partiria para o plano B: embebedar o professor Winchester.

– Eu estou bebendo cerveja sem álcool. Estou dirigindo! E como vocês entraram aqui? São menores de idade! - esbravejou Sam, sem nem mesmo dar aos meninos tempo de responder. - Vou levar vocês pra casa! - concluiu sem esconder sua indignação.

– Não, Sam! Deixa a gente ficar, por favor... Você não quer companhia, e... - Mas Ruby não conseguiu completar a frase, pois Sam não lhe deu ouvidos.

– Fiquem os três aqui, sentadinhos, ouviram bem? Eu já volto!

Dean nunca havia visto Sam assim tão bravo... E gostou do que viu. Ele estava perigoso... Másculo... Sensual... E o melhor de tudo é que estava mais que provado que Ruby não tinha mesmo a menor chance com o professor.

– Droga! - esbravejou a menina. - Vou ter que pular direto pro plano C...

– Não, Ruby! Deixa isso pra lá! Esse lugar me dá arrepios! - implorou Jo.

Dean apenas olhou assustado. Que plano C?

– Deixa de ser medrosa, Jo... Eu não vim para esse fim de mundo a toa! - e dizendo isso Ruby pegou um frasquinho que carregava no bolso e entornou todo o conteúdo na bebida de Sam.

– O que é isso? - Dean perguntou aflito.

– É só um remedinho pra ele ficar grogue... Só assim pelo jeito pra eu conseguir ficar com esse homem...

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Sam seguiu apressado até o palco. Por sorte Clark havia acabado de cantar a última música antes do bis, e estava agora fazendo uma pequena pausa.

– Você é ótimo Clark, adorei o show! - parabenizou Sam, apressado. Em seguida desculpou-se, pois teria que sair antes do bis.

Clark, é claro, não ficou nada satisfeito com o amigo. Sam explicou brevemente que tinha que resolver um problema urgente, relacionado aos seus alunos. Em seguida voltou para a mesa onde os jovens estavam sentados. Hora de levá-los para casa.

– Vem, vamos! - ordenou Sam.

Antes que Ruby sugerisse a Sam que terminasse sua bebida, e antes que Dean o alertasse para não fazê-lo, em um movimento brusco, o homem tomou o restante de sua cerveja sem álcool. Estava com a garganta seca.

– Vamos! - insistiu, com a voz firme.

Ruby, Dean e Jo não tiveram escolha. Foram escoltados pelo homem até a porta da boate. O moreno tinha o semblante fechado, em nada parecendo com o professor brincalhão e descontraído com quem estavam acostumados.

– Droga! Olha que temporal... - lamentou-se Sam. Os garotos viram horrorizados que a chuva que caía era mesmo torrencial, formando um grande lamaçal em frente à Smokey Gray. Dean engoliu em seco. Seu gesso estava com os minutos contados...

– Meu carro está parado no estacionamento coberto, logo ali - apontou Sam. - É um jipe vermelho... Meninas, vocês podem correr na frente e esperar perto do carro? Eu levo você, Dean.

E antes que o louro pudesse processar o que acabara de ouvir, Sam Winchester já o havia erguido nos braços e protegido o gesso com o paletó que tirara do próprio corpo. Seguiu com ele no colo em direção ao carro, andando o mais depressa que pode. Dean segurava as muletas nas mãos e nem conseguia respirar de tanto nervosismo. Ele estava molhado... Sam estava molhado... E seus corpos se encostavam soltando faíscas.

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Ruby parecia o ser mais miserável do mundo inteiro agora. Estava encharcada dos pés à cabeça, com o sapato cheio de lama, e frustrada ao extremo. Jo, apesar de assustada, estava aliviada em poder ir para casa... e Dean... Bem, este estava se sentindo nas nuvens. Sentado do lado de Sam no carro, não conseguia parar de pensar em duas coisas. A primeira delas era que seu amado podia ser gay; a segunda era que ele tinha acabado de ser carregado por ele no colo. Para Dean estava difícil evitar de sorrir como um bobo.

Sam ligou o carro e saiu devagar, afinal as condições da estradinha eram péssimas. Dirigiu por dois quilômetros apenas e parou o veículo.

– O que foi? - pergunto Dean nervoso, vendo que Sam parecia estranho.

– Eu estou me sentindo esquisito... Com sono... - respondeu Sam, pegando seu celular em seguida.

Foi só aí que Dean, Ruby e Jo se lembraram do sonífero. Os três congelaram por dentro. Estavam ferrados...

Definitivamente tinha algo errado com ele... Sam só conseguia pensar em dormir agora. Tendo três adolescente sob sua responsabilidade, sendo um deles o amor da sua vida, deixava o homem ainda mais preocupado. Resolveu ligar para Clark e pedir ajuda... O show já devia ter acabado, e sonolento como estava, não podia continuar dirigindo. Além disso, ninguém passaria por aquela estrada tao cedo. Quem estava na boate só iria embora tarde da noite.

O homem percebeu, entretanto, que seu celular não tinha sinal. Infelizmente o celular de nenhum dos garotos tinha também...

Sam sentia suas pálpebras pesarem.

– Vocês vão ter que voltar na Smokey Gray e pedir ajudar, meninas! Procurem por Clark Kent... - pediu Sam, em um último esforço para manter-se acordado. - Dean, você fica aqui comigo! Não vá molhar esse gesso! - advertiu, antes de virar para o lado e dormir pesadamente.

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Dean estava assustado. Pelo menos Ruby havia garantido que o único efeito do remédio que Sam tomara era o sono... O objetivo da menina era que o professor ficasse grogue, para que ela pudesse atacá-lo de beijos. Maldita! Mas a boboca tinha exagerado na dose, e Sam agora dormia pesadamente... Acordaria dali a algumas horas, e segundo Ruby, sentindo-se bem.

As meninas tinham acabado de sair, caminhando apressadas. Ruby fora descalça, largando os sapatos de salto para trás. Por sorte a chuva havia diminuído um pouco. Dean, atendendo os pedidos de Sam, havia ficado no carro.

O louro agora olhava o professor atentamente. Seus olhos já haviam se acostumado com a penumbra, e era possível perceber com precisão os contornos do homem que dormia. E como ele era lindo... Os cabelos caíam revoltos pela testa, chegando quase a tocar seus ombros. Pareciam tão macios... E ele era tão grande, e mesmo assim, parecia tão desprotegido... Dean teve vontade de colocá-lo no colo.

O garoto contemplou Sam Winchester por uns bons dez minutos, estudando cada detalhe de seu rosto. Não tinha ninguém por perto e ele dormia tão sereno... Não faria mal se Dean tocasse seus cabelos, só um pouquinho... Ele queria tanto... O louro então aproximou sua mão, trêmula, e acariciou os cabelos castanhos e macios de Sam. E o fez por um bom tempo... Depois passou para o rosto. Sentiu a barba por fazer e a pele delicada de seus lábios. Sentiu com a pontinha dos dedos sua respiração úmida e lenta.

O coração de Dean estava aos pulos, querendo sair pela boca. Mas talvez aquela fosse a única oportunidade que teria na vida... Apesar de apavorado e quase sem fôlego, o garoto aproximou seus lábios lentamente dos de seu amado. Fechou os olhos e encostou... Um beijo suave, doce, sereno... Repleto de emoção.

Dean foi na lua e voltou. Não queria parar de beijar Sam Winchester nunca mais... Suspirou. O que estava fazendo era errado... Não porque eram dois homens, mas sim porquê Sam não lhe havia dado permissão para agir daquela forma. Dean de repente sentiu-se envergonhado, percebendo que seu ato era tão terrível quanto os planos de Ruby.

Se ao menos não doesse tanto desencostar-se de Sam... Foi com grande esforço que Dean decidiu que era hora de parar. Já ia se afastar lentamente quando sentiu o professor se mexer. Sam abriu os olhos e Dean quase se jogou para fora do carro, tamanho desespero. Mas antes que o louro pudesse dizer ou fazer qualquer coisa, era o moreno quem procurava seus lábios e o trazia para perto de si.


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