Dezesseis Anos e Meio escrita por Lady Padackles


Capítulo 13
Capítulo 13


Notas iniciais do capítulo

Desculpa a demora, mais uma vez!



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Os minutos que passara sozinho e agoniado após a queda pareceram para Dean uma eternidade. Chorou até cansar. Depois imaginou como seria sua vida caso ficasse paraplégico, e conseguiu colocar mais algumas lágrimas para fora.
Quando seus pais, finalmente, chegaram em casa, levaram o maior susto. Enquanto Sarah discava o 911, Roger não sabia se gritava ou se tinha um ataque do coração. Nessa hora Dean teve a certeza que ele ficaria mesmo era tetraplégico...

O menino agora recapitulava tudo o que havia lhe acontecido. Estava finalmente medicado, com a perna direita engessada na altura do joelho, e voltava para casa... Não tinha sido nada grave afinal. Nada que um gesso não pudesse curar...

Era difícil, entretanto, se esquecer do olhar enraivecido de Mackenzie, e de quando a moça empurrou-o escada abaixo. E depois o descaso da irmã, ao largá-lo sozinho e machucado, só para evitar uma bronca. Ela o odiava... Dean deixou uma lágrima solitária rolar por sua face.

– Dean, agora você vai explicar para a gente direitinho o que aconteceu! - Disse Sarah, cortando os pensamentos do menino.

O louro titubeou. Não era por causa das ameaças que Mackenzie fizera... Ele não podia contar a verdade simplesmente porque colocar em palavras os acontecimentos daria ainda mais força a eles. O deixaria ainda mais terrivelmente envergonhado... Envergonhado por ter sido abordado por Saul. envergonhado por Mackenzie ter pensado mal a seu respeito e o tamanho do ódio que irmã agora nutria por ele...

– Eu já falei, mãe... Eu desci a escada correndo e escorreguei...

– Mas escorregou assim, sem mais nem menos?

– An-ham - respondeu o garoto acenando a cabeça afirmativamente.

– Você tem que ter mais cuidado, Dean! - reclamou a mulher.

Roger olhou para a esposa, aborrecido.

– Deixa o garoto em paz. A culpa foi nossa... Não devíamos ter saído e deixado ele sozinho em casa... Ele ainda é muito criança... - suspirou o homem, ainda visivelmente abalado pelo acontecido.

Dean surpreendeu-se. Não queria que voltassem a tratá-lo como um bebê.

– Pai... Eu já tenho 15 anos! - reclamou.

Roger suspirou e tanto ele quanto Sarah se calaram, deixando que os pensamentos de Dean divagassem mais uma vez.

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E agora? Como convencer seus pais que ele não só podia, como devia, ir ao Colégio na segunda-feira? Roger e Sarah pareciam determinados a manter o filho deitado o dia todo com a perna para cima. Há poucos meses atrás, o menino teria concordado sem pensar duas vezes. Sempre fora dengoso, faltando a escola pelos motivos mais bobos... Mas tudo agora era diferente... Para começar, não queria faltar a aula de teatro. Não gostava nem de imaginar seus colegas cara-a-cara com Sam Winchester, e ele em casa, a kilômetros de distância. E as reuniões da peça então? Nem pensar! Além disso, sabia que para ter ainda alguma chance de sair com as meninas no fim de semana seguinte precisaria ser firme.

Dean argumentou que seus colegas cansavam de ir ao colégio com gesso no braço, perna ou no corpo todo se fosse preciso.

– Mas você não é todo mundo... - suspirou Roger.

– Nem está doendo mais... - mentiu o garoto.

– Não, Dean. Você pode cair de novo, e se machucar... - a voz do pai saiu um tanto trêmula. Era perceptível que estava ficando nervoso.

– Mas pai... Eu não posso ficar faltando aula assim... Por favor, deixa eu ir ao colégio. Eu vou ter cuidado... - insistiu.

– Não!

– Mas por que?

– Por que eu não quero! - vociferou o homem.

– Por que? - insistiu o menino.

Antes que Roger pudesse dizer qualquer coisa, Sarah, que andava por ali, se entrometeu na conversa.

– Dean, para de insistir! Nós já perdemos um filho, sabia? Seu pai morre de medo que algo te aconteça! Morre de medo de perder você também! - disse com rispidez.

O garoto olhou arregalado para o pai, que tinha ficado tão surpreso quanto ele com as palavras da mulher. Seus olhos estavam agora visivelmente marejados.

– Vocês não vão me perder... - Dean então falou com a voz mansa.

Por sorte do menino, a conversa fluiu melhor a partir daí. A verdade, cuspida de forma brusca por Sarah, abriu os olhos de Roger e o levou à reflexão. É claro que o homem tinha medo de que qualquer coisa acontecesse ao filho, e por isso acabava exagerando ao superprotegê-lo. Conversaram então sobre a morte do irmão mais velho e do sofrimento que Roger e Sarah tiveram com a perda do menino. Conversaram sobre a alegria que veio com o nascimento de Dean Ross, e sobre como ele era precioso e importante para os dois.

Ao final de uma conversa calorosa, que deixou tanto Roger quanto Dean emocionados, veio o passaporte para a liberdade: Dean novamente conseguiu o consentimento que tanto queria: iria à escola na segunda-feira e também a festa no fim de semana.

Quando o pai finalmente se retirou, Dean não pôde deixar de se sentir culpado por não ter lhe contado a verdade sobre o acidente. Mas talvez fosse melhor assim... Se ele dissesse qualquer coisa Mackenzie era bem capaz de matá-lo de verdade. E era óbvio que o que Roger menos queria nessa vida vida era ver o filho morto...

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O que houve com você?

Misha era provavelmente a décima pessoa a lhe fazer a mesma pergunta. E olha que Dean mal havia chegado ao colégio... Além da perna engessada, o menino tinha hematomas por todo corpo, causadas pelas pancadas que levara na queda. Usava muletas pois não podia apoiar o pé no chão. Dean então explicou mais uma vez sobre o acidente. Simplesmente escorregara na escada...

– Esse meu namorado é um grande desastrado... - brincou Jo. - Mas ele vai melhorar logo. Eu estou cuidando dele... - falou, tascando um beijo na boca do pobre garoto.

Dean se livrou do beijo o mais depressa que pôde. Não aguentava mais as manifestações de carinho da namorada... Sorte que estava na hora da aula começar. A tão esperada aula de teatro...

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– Bom dia, turma! - exclamou o professor Winchester ao entrar na sala. Estava de bom humor, sorridente, exibindo as covinhas bem marcadas.
Seus olhos percorreram então o aposento a procura de Dean, como lhe era de costume.

Mas como? Aquele garoto todo roxo e com o pé engessado era o seu bebezinho? Sam sentiu um calafrio percorrer seu corpo todo. Sem que ao menos percebesse já estava ao lado do aluno, trêmulo e com os olhos arregalados.

– O... O que aconteceu com você?

Dean estremeceu. Não esperava que Sam viesse direto ao seu encontro, se mostrando tão preocupado...

– Eu... Eu... - Dean completou a frase em pensamento antes de falar. "Caí da escada". Que vergonha... Como alguém simplesmente cai da escada e se arrebenta todo? Sam iria com certeza achá-lo patético... Mas ele não tinha outra alternativa... - caí da escada - completou.

– Caiu da escada!? Como? Por que?

Dean queria cavar um buraco para se enfiar.

– Escorreguei...

Sam olhou para ele incrédulo, tentando examinar cada hematoma e cada arranhão. Depois sacudiu a cabeça e limpou a garganta. Precisava se recompor... Dean estava quebrado mas parecia bem... E ele precisava começar a aula.

Foi difícil para o professor se concentrar, entretanto. E se estivesse doendo? A vontade de Sam era cancelar a aula, carregar Dean para um sofá macio e enchê-lo de biscoitos e beijinhos.

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– Dean, o que aconteceu com você?

Dessa vez quem perguntou foi o treinador Brian Scott, sem esconder o desapontamento de obviamente perder um jogador de seu time.

– Eu escorreguei e caí da escada...

– Escorregou mesmo? - Brian pareceu não acreditar.

– Foi... Vou ter que ficar com o gesso por 30 ou 40 dias...

Brian olhou para o garoto desconfiado. Não era possível que Dean simplesmente tivesse escorregado, caído da escada, e se machucando daquele jeito... Ele era um garoto ágil e com boa coordenação motora. Brian, como professor de educação física, entendia bem dessas coisas. Escorregar? Sim... Isso era possível. Podia acontecer com qualquer um... Mas Dean haveria de ter se segurado e de alguma forma e evitado que o acidente tomasse tamanhas proporções.

– Tem certeza que ninguém te empurrou?

O louro olhou para o professor arregalado. Por que ele perguntava aquilo? O menino confirmou sua versão dos fatos, mas foi perceptível o seu nervosismo.

Brian queria mais detalhes. Era óbvio que o garoto estava mentindo. Quem sabe não foi um dos pais que fizera isso com o menino? Não era incomum que pais e mães abusassem e violentassem seus filhos... Puxou mais conversa e logo descobriu que Dean estava sozinho no sábado a noite: quando ocorreu o acidente. Ou pelo menos isso era o que ele alegava... Bem, os pais tinha um álibi: Jantavam fora em um restaurante conhecido. Quem haveria de ser o culpado então?

– Dean, lembre-se, se quiser conversar comigo... Sobre qualquer coisa... Eu estou aqui pra isso. - disse em tom grave.

O garoto corou. Talvez no dia seguinte, no horário do treino... Ele estava mesmo precisando desabafar sobre seu grande amor por Sam Winchester.

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– Winchester!

Sam olhou para Brian Scott que vinha caminhando, visivelmente abalado, em sua direção. Pelo jeito vinha despejar seu mau humor em cima dele mais uma vez...

– Bom dia para você também... - suspirou Sam.

Brian ignorou o comentário do outro. Queria saber se ele estava envolvido no acidente de Dean, pois, segundo suas deduções, era ele o mais provável culpado...

– O que você fez sábado a noite?

– Sábado a noite? - perguntou Sam incrédulo.

Brian olhava para ele esperando uma resposta.

– Eu não fiz nada. Terminei de ler um livro... Fui dormir cedo...

– Estava sozinho?

– Estava... Posso saber o porquê do interrogatório?

Sozinho? Sábado a noite? Não... Muito provavelmente estava na casa do Dean, aproveitando que os pais do menino haviam saído. Era um absurdo que Sam tivesse corrompendo um garoto tão novo e, ainda por cima, o empurrado escada abaixo após uma briga qualquer. Será que eles haviam finalmente terminado esse relacionamento pecaminoso?

– Winchester... Não minta para mim! - Brian soltava fogo pelas ventas.

A fúria daquele homem parecia agora tão aleatória que Sam precisou se segurar para não rir.

– Tá, Brian... Eu estava namorando escondido. Satisfeito? Agora me deixa em paz... - E dizendo isso, Sam se retirou, deixando o treinador Scott abismado. Então ele estava mesmo namorando escondido... Confessou, na maior cara de pau... Brian estufou o peito decidido a tirar aquela história a limpo. Precisava arrancar a verdade de Dean a qualquer custo.


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