Questões do coração escrita por Mayni Gonçalves


Capítulo 2
Lar doce lar




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Em 18 anos eu nunca me senti mais feliz. Era como se toda minha vida anterior tivesse sumido e não fosse retornar....Megan vinha de uma família rica e herdou a herança inteira de seu avô quando ele morreu, os pais nunca deram muita importância para nada relacionado a Megan, só queriam saber de seus negócios....ela cresceu assim, então não tem como afirmar se ela se importa, como eu ela é muito fechada quando o assunto é família, então eu não tocava no assunto. Mas hoje eu estava tão feliz que não conseguia nem me controlar...estávamos na Califórnia, mais especificamente na recepção da Universidade de Berkeley. Achei que um ano antes quando Megan praticamente me obrigou a fazer a prova para universidade dizendo que nosso futuro nos aguardava, era bobagem, mas antes de virmos pra cá e ela dizer que ia investir sua herança em nossa faculdade e todas e quaisquer outras necessidades, vi que ela falava sério e depois de horas e horas eu finalmente desisti de tentar convence-la a não gastar seu dinheiro comigo e deixei, porque ela me lembrou do pacto que fizemos de cuidar uma da outra não importa as circunstâncias e contra isso eu não podia argumentar. Mas isso? Ficar em uma universidade maravilhosa e traçar um futuro para si?Era sem comparação.

– Vocês podem assinar aqui, enquanto eu pego os papéis com os horários e tudo o mais que vocês vão precisar. -disse a recepcionista com cara de poucos amigos.

–Tem certeza de que vamos ficar juntas no dormitório,não é?

A recepcionista olha feio para Meg assim que a pergunta sai de sua boca.-Sim,tenho certeza.Agora se me da licença.....

– Grossa -Megan sussurra quando ela vira as costas. Eu rio em silêncio. Megan é super elétrica e engraçada, e com cabelos loiros escuros e ondulados ela tem um certo charme. Já eu, sou morena, com cabelos castanhos e lisos. Diziam no lugar que morávamos antes que o que gostavam em mim era minha língua afiada e meu temperamento explosivo que me faziam bonitinha, quer dizer, os garotos falavam, mas eu nunca dei atenção.

– Aqui está. -a recepcionista entrega nossos papéis e dá um sorriso falso. -Feliz querida? -ela diz ironicamente para Megan. Eu balanço a cabeça.

–Vamos Megs. - e saímos em direção aos dormitórios.

– Dá pra acreditar naquela vaca? -ela diz quando já pegamos distância. Eu suspiro.

– Da pra acreditar nesse lugar? -suspiramos juntas enquanto observamos o campus e Megan entrelaça seu braço com o meu.

– Sim -ela sorri- Lar doce lar.

...

– Dá licença, estamos passando,...hey pode dar passagem?- dizia Megan desenfreada enquanto carregávamos caixas através dos corredores do dormitório enquanto passávamos por entre várias garotas, mas nenhuma delas, tão animadas quanto nós. Ao abrirmos a porta da nossa futura casa e deixarmos as caixas com nossas malas e outras coisas suspiramos de alívio.

– Mas um pouco e eu me daria por vencida- escuto Meg dizer, mas minha atenção esta focada no nosso dormitório. Paredes de cor azul bebê colorem as paredes, uma beliche em um canto do quarto, um tapete colorido no chão, um balcãozinho com microondas e alguns utensílios, uma mesinha com duas cadeiras pia em outra parte, uma mini geladeira e um guarda roupa de tamanho médio preenchem tudo. Tudo já comprado e organizado perfeitamente em ordem graças a minha melhor amiga.

– Ted é perfeito- ela suspira -Uma ligação pra um amigo faz maravilhas a você.Ele foi fofo em organizar tudo não acha Hayley?

Eu sorrio e tento impedir as malditas lágrimas que querem sair mas é inútil.Megan percebe e me olha em choque.

–Hayley...o que?...-mas eu a interrompo.

– É perfeito- digo e vejo compreensão em seus olhos -É perfeito até demais...

–OH!Hayley... -ela diz e atravessa o quarto me dando um forte abraço.- É um recomeço amiga, deixe tudo pra trás, esqueça, volte a ser aquela garota de 5 anos atrás, você está longe de tudo agora...- ela me olha séria -Prometa que vai tentar, prometa que vai deixar as pessoas se aproximarem sem ser agressiva ou rude...

Eu engulo em seco.Isso não pode dar certo,eu não consigo confiar em alguém que não seja ela,não mais.respiro fundo,reúno coragem e sorrio fracamente.

– Vou tentar....- ela sorri, me da um beijo na bochecha e vai para suas malas, organizar suas coisas. Eu olho em volta e decido pegar o mapa- Ei, iria se importar se eu fosse dar um volta por aí ?- Meg me analisa e dá de ombros.

– Ok. Qualquer coisa me ligue e cuidado, não sabemos quantos malucos tem por aqui ou o que podem aprontar com os novatos. - eu rio e faço continência.

–Siiimm senhora.- ela ri junto e joga uma camisa em mim antes de eu sair e fechar a porta.

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Está um dia ensolarado e tem gente por todo lugar, não era pra menos já que as aulas começam amanhã. Eu suspiro enquanto olho por tudo.Tudo aqui é enorme e imponente e o campus é imenso....Berkeley é uma cidade localizada na costa leste da baía de São Francisco e tudo aqui me impressiona. Estava tão distraída que quando dou por mim quase caio de bunda no chão por causa que trombei em algo...não espera, oh deus, em alguém. Escuto risos masculinos ao meu redor e meu corpo fica tenso.

– Devia olhar melhor por onde anda amor.

O que? Olho pra cima e vejo três garotos, um loiro com alargador, outro com cabelo de emo e o que falou comigo, moreno e....todos tem tatuagens e o que falou comigo está me olhando intensamente enquanto suga a argola do lábio inferior. PARE DE REPARAR. Repreende meu subconsciente.

Eu limpo a garganta.

– Hum...desculpe, eu estava destraida , não queria trombar em você.

O loiro ri.

– Não estamos reclamando.

Eu os encaro por alguns segundos e com um aceno resolvo ir, mas congelo quando noto uma mão segurando meu pulso. Me viro e vejo o garoto em que trombei.

–O que esta fazendo? - eu pergunto de forma dura.

Ele sorri e dá de ombros.

– Gravando seu rosto pra te procurar mais tarde. -ele responde e eu o olho em choque enquanto seus colegas riem.Sério ? Digo,realmente?

–Já pode me soltar agora. -digo e tento controlar a tensão no meu corpo pra não bater nele e sair correndo depois. Eu tenho limites e eles não envolvem me tocar. Ninguém me toca. Somente Megan, porque eu só confio nela. Vejo que o garoto ainda não me soltou, ao invés disso inclina a cabeça e...me analisa, e eu vejo um brilho de...reconhecimento? Não,ele mal me conhece e não pode nem imaginar o porque da minha agressividade. O sorriso já sumiu de seus lábios carnudos.

– Me.Solta. - eu digo entre os dentes.

–Kyle,vamos.-diz o garoto emo.

"Kyle"então olha pra mim e me solta bruscamente, e tão rápido quanto se foi, seu sorriso volta.Mas esse é falso e forçado, eu percebo.

–Vejo você por aí linda.

E sai me jogando uma piscadela.

– O que deu em você? - escuto o loiro perguntar quando estão se afastando,"Kyle"resmunga alguma coisa, mas eu não entendo e só fico lá, paralisada tentando entender que diabos aconteceu aqui, mas quando não consigo decido que o melhor agora é voltar para o dormitório, tomar um banho quente e esquecer tudo.


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