Novatos na Academia Woodhand escrita por GuiHeitor


Capítulo 9
Mentiras


Notas iniciais do capítulo

Último capítulo antes de A Ameaça OMNI. Tenho que descobrir mais sobre a minha Classe u.u



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–RENAN

No fim das contas quando cheguei na minha casa, o Gui não estava online. O que não é normal, já que ele vive com a cara colada no monitor.

Toda essa conversa de nova escola, em outro país, e o mais importante, os poderes que foram falados, tudo isso me despertou muita curiosidade. Como deve ser ter habilidades a mais? Incrível sem dúvida. O perigo está em deixar isso subir à cabeça, e se tornar alguém cujo único objetivo na vida é acumular poder. Eu estou cansado de tanto estardalhaço sobre esse assunto, farto de nutrir esses pensamentos mesquinhos, de não apoiar meus amigos. Enfim, de não estar feliz pela felicidade deles.

É melhor eu distrair a cabeça e aproveitar o tempo que me resta com o pessoal. Decidi marcar um dia para eles virem até aqui e fazer a despedida definitiva. Aquela na casa da Lais passou longe disso. E eu mais uma vez tive pensamentos ruins sobre esta situação (e sobre meus amigos). Não é intencional, eu juro. Mas é tão ruim ser excluído desse novo mundo, e acima disso... É muito, muito ruim o afastamento forçado o qual estamos submetidos. O qual eu estou submetido.

Sai do quarto que divido com minha irmã, andei em direção à sala e chamei minha mãe.

–Mãe, lembra do que te contei? A galera vai mudar de escola. E eu estava pensando em convidar todo mundo e fazer uma despedida antes que eles partam. O que acha?

–Chama todo mundo e passa o dia com eles. Vocês são muito colados e vão ficar bastante tempo longe uns dos outros. Merecem um tempo juntos. –Falou minha mãe sorrindo, mas deixando transparecer pena no olhar. Ela tem olhos lindos, apesar de negra, tem olhos verdes muito brilhantes. Uma pena eu não ter herdado.

–Obrigado mãe! Valeu mesmo. –Disse abraçando-a. Uma curiosidade: Minha mãe e a mãe do Gui têm o mesmo nome, ambas se chamam Sandra. As duas são meio estressadas e eu costumo dizer que é “mal de Sandra” [Risos].

–É melhor marcar para um sábado, todo mundo tem o dia livre. No domingo eles devem viajar. Minha mãe sugeriu.

–Tudo bem. Amanhã eu ligo e chamo o pessoal.

Não aconteceu nada interessante no resto da noite de sexta, e muito menos nas últimas semanas. Passei o dia depois da escola jogando videogame e assistindo TV.

Como combinado, no último sábado antes da viagem do pessoal, eu telefonei para cada um dos meus amigos e convidei-os para passar o dia aqui. Antes que eles partissem.

Ficou resolvido que jogaríamos algumas partidas de Mortal Kombat e depois iríamos tomar sorvete ou açaí em uma sorveteria aqui perto. Convidei outros dois amigos que não estudam comigo, mas também fazem parte do bando.

Alguém chamou no portão e eu fui até lá recebê-lo.

–Falae Renan! –Gui e Kevin disseram ao mesmo tempo quando chegaram juntos. Eles são amigos há bastante tempo e, mesmo não estudando no mesmo colégio desde o sétimo ano, continuam muito próximos.

Kevin é o comediante do grupo, junto com Guilherme (implicante) e comigo (palhaço) já era! A gargalhada é infinita.

–Tudo beleza pessoal. Vocês são os primeiros, Lais como de costume, só deve aparecer na hora do amém.

–Coitada, é difícil carregar o Grande Queixo Mestre! –Disse Gui rindo. –Vamos começar enquanto eles não aparecem.

–BORA! –Falou Kevin engrossando a voz. Ninguém sabe o motivo dele fazer isso, acaba sendo engraçado, principalmente se tratando de nós, que rimos de qualquer coisa.

Kevin é um pouco (quase nada) menor que eu, tem a pele clara e o cabelo louro escuro, e olhos castanhos. Ele veio de Minas Gerais, e aqui no Rio nós (Guilherme principalmente) zoamos seu sotaque (que depois de quase seis anos é praticamente inexistente).

–A partida de abertura tem quer ser a Batalha Titânica! Renan, deixa eu e Kevin começarmos. Frost VS Taven!

–Tá certo, mas cuidado! Vocês sempre saem no braço depois de jogar. –Pedi lembrando-me da última vez que jogamos. Naquele dia Gui levava uma surra, por sorte jogou o lutador do Kevin no poço de lava e venceu. Depois ele ficou zombando do Kevin até levar um cascudo. E assim começou a briga [Risos].

–Lembra de semana retrasada quando eu fui jogar na sua casa Gui? –Perguntou Kevin rindo. –Você deu muita sorte jogando, mas na vida real apanhou hahahaha.

–Você é ridículo, não aceita perder. –Retrucou Gui rindo também. –Vamos seu frouxo, quero vencer de novo!

É muito engraçada e esquisita a amizade deles. Brigam como se quisessem se matar, e logo depois já estão rindo um da cara do outro.

–É agora, revanche! –Exclamou Kevin.

–Por que você tá animado? Vai perder de novo mesmo. –Provocou Gui debochando.

Kevin não respondeu. A luta havia começado, cada um escolheu seu melhor personagem. Gui selecionou a Frost e Kevin o Taven

Não vou narrar aqui tudo o que eles disseram. A maior parte são ofensas ou xingamentos [Risos]. Kevin começou perdendo, ele sempre é enganado, e cai na armadilha do gelo que deixa o chão escorregadio. Acabou perdendo o primeiro round porém começou muito bem o segundo, venceu em mais ou menos quinze segundos, arremessando a lutadora Frost no fosso de ácido.

Terceiro round. Agora é que são elas! A luta estava muito bem equilibrada. O jogo virou para o lado do Gui quando Kevin usou a magia errada (nela, Taven pula e desce com um soco de fogo no chão), Gui aproveitou e usou a magia de congelar o piso, e quando Taven tocou no gelo e perdeu o equilíbrio, Gui executou um ataque combinado, três socos e um chute no rosto encerrando a luta.

–HAHA! Perdeu passa o controle! –Gui gritava e implicava com o melhor amigo. -Agora vem o Falality! Hoje eu to bonzinho, só vou te congelar, beleza?

–Essa mulher tá possuída! Só pode. –Disse Kevin rindo. –Tem muito tempo que eu não jogo isso, cala a boca.

–Você é noob irmão, aceita. –Gui falou dando tapinhas no ombro do amigo como se tentasse consolá-lo, mas era só provocação mesmo.

–Foi mal Kevin, mas você perdeu. –Falei com a mão estendida para receber o controle. Kevin entregou sem problemas.

–A clássica? –Gui perguntou referindo-se à luta Kitana VS Mileena que sempre disputávamos.

–É lógico! –Respondi.

–Tem alguém no portão Renan. Vou abrir devem ser os outros. –Avisou Kevin.

–E aí galera! –Era a voz da Gaby.

–Oi Gaby! –Dissemos eu e Gui sem tirar os olhos da TV.

–Lais está a caminho. Falei com ela antes de sair de casa. –Disse Gaby sentando-se no sofá. –Então quem é quem aí no jogo?

–Renan é a lutadora de rosa, e Gui a de azul. –Ouvi Kevin explicar.

No fim daquela partida o Igor chegou. Ele é engraçado, está sempre com cara de maluco. É moreno de cabelos pretos e cacheados, bagunçados de qualquer jeito.

–Fala aí mestre Igor! –Kevin cumprimentou-o. –Pronto pra surra?

–Demorou! -Respondeu Igor.

O jogo continuou por mais uns quinze minutos aproximadamente antes da Lais chegar. (Sempre é a última a chegar).

–Finalmente hein Queixo! Já está todo mundo aqui, vamos logo eu quero um sorvete. –Falou Gui.

–Ah não! Eu quero jogar uma partida antes. Joga comigo Gaby? –Pediu Lais

–Claro! Primeiro me ensina o básico.

Elas jogaram três partidas e depois saímos para a sorveteria.

–E então cara, falou sobre aquele assunto com seus pais? –Gui perguntou a mim, referindo-se à Woodhand.

–Não Gui. Não quero ir.

–Porque não!? Gaby, Lais, falem com ele! –Pediu Gui.

–Do que vocês estão falando? –Perguntou Igor.

–Não é nada, deixa pra lá. –Respondeu Lais olhando feio na direção do Guilherme.

Eu olhei para o Kevin e notei que ele estava desconfortável com isso igual a mim. Sem dúvida o Gui havia contado a ele toda a história (e ele com certeza gostaria de ir junto). Ergui as sobrancelhas e ele acenou positivamente com a cabeça confirmando. Kevin e Guilherme são inseparáveis, então era de se esperar que Gui contasse para o amigo.

–Não é nada!? –Perguntou Guilherme quase gritando. -É claro que AI! –Pela cara feia que ele lançou à Gaby, ela deve ter-lhe dado um chute por baixo da mesa para que se calasse.

–Não é nada importante Igor, é coisa da escola. –Cortou Lais.

Pedimos os sorvetes e os comemos. Aparentemente todos resolveram deixar Woodhand para discutir outra hora (o que me agradou muito).

Depois que pagamos a conta, Igor falou que não poderia voltar para jogar mais. “Hoje eu tenho aula de karatê” disse ele, com certeza era mentira. Quem tem aulas no domingo? Voltamos para minha casa e jogamos mais um pouco até Gui resolver cutucar a ferida novamente...

–O Igor já foi. Agora Podemos falar o Kevin já sabe, eu não podia ir sem contar a ele. –Falou Gui.

–Você sabe que está todo errado por falar de Woodhand para um não-excepcional não é? –Perguntou Gaby

–Sim eu sei, mas ele é meu melhor amigo, meu irmão. Não podia deixá-lo fora disso.

–Eu não vou dizer pra ninguém, fiquem tranquilos. –Assegurou Kevin. -Fico muito feliz por vocês, gostaria de ir junto, mas...

–Por que você não quer ir Renan? –Insistiu Guilherme.

–Deixa ele Gui, não vê que você está incomodando? –Lais disse tentando fazê-lo parar.

–Eu é que estou incomodado. Por que não posso saber nem o motivo?

–Você quer saber cara? Eu não falei com meus pais porque eu não fui convidado! –Gritei.

Pude ver todos processando a informação.

–Eu falei para você ficar quieto Gui! Olha que situação chata. –Falou Lais.

–Hã? Como assim? É claro que foi Detectado. Você disse o nome da escola naquele dia, na casa da Lais.

–Não disse. Eu só movi a boca de qualquer jeito e vocês acharam que eu havia dito Woodhand. Eu não fui convidado. –Expliquei olhando o espanto no rosto de todos, exceto no da Lais. Ela ligou os pontos e descobriu antes de todos e sem que eu contasse.

–Desculpa veio. Eu não sabia, achei que estava com medo de ir. Sinto muito. –Desculpou-se Gui.

–Eu estou chocada Renan, Woodhand não vai ser tão divertida sem você. –Disse Gaby com um sorriso apagado.

–Está tudo bem pessoal, vamos nos ver nas férias. Quero presentes de todos! –Falei sorrindo

–Pode deixar. Eu vou trazer alguma lembrancinha. Cobra do Dino porque ele é mão de vaca. –Lais disse fazendo com que todos rissem.

–Eu não sou mão de vaca, sou economista. –Brincou Gui rindo também.

–Já vou indo, tenho que me despedir da minha avó também. –Disse Gabrielly. -Você vem comigo Lais?

–Ah eu vou sim, é bom que faremos companhia uma para a outra. –Respondeu Lais.

Levamos elas até o portão e nos despedimos.

–É caras, vou sentir falta de vocês... –Guilherme falou meio triste.

–Nós também vamos sentir saudade. –Kevin falou dando um soco leve no ombro do amigo.

Trocamos de jogo. Agora era Billy e Mandy eu fazia dupla com o Kevin enquanto Gui fazia dupla com a máquina mesmo. Aviso: nunca os deixe jogar isso em times adversários, a disputa é feia.

Minha mãe trouxe uma bandeja com fatias de bolo (tinha chocolate e coco), biscoitos e refrigerante (suco para o Guilherme porque ele é fresco e não gosta de refri. [Risos]).

Enquanto comíamos tudo aquilo, meu celular tocou. Eu atendi, era Lais.

–Pois não, Queixo.

–Renan, avisa aí que meu pai vai levar todo mundo até o aeroporto amanhã e você pode ir, chama o Kevin também. –Comunicou Lais.

–Oba! Pode deixar, aviso sim! –Respondi.

–Ok, até amanhã, tchau.

–Tchau Lais. –Disse e depois desliguei.

–E aí? –Perguntou Kevin, com a boca cheia de bolo.

–O pai da Lais disse que vai levar todo mundo até o aeroporto e que eu e Kevin podemos ir também. Depois que vocês embarcarem Kevin e eu voltamos para casa, obviamente. –Respondi.

–Show! Mais tempo! –Comemorou Gui.

–Ainda to encucado com uma coisa... É um colégio para pessoas com algum tipo de super-habilidades não é? –Perguntou Kevin.

–Sim, por quê? –Falou Gui.

–Então o que você faz?

–Eu sei lá! Ainda não fui informado. Algum de vocês notou alguma coisa legal ou impossível que eu faça? –Perguntou Guilherme incomodado.

–Perturbar tudo e todos com facilidade. Isso conta? –Perguntei.

–Boa, moleque! –Disse Kevin estendendo a mão para que eu apertasse.

–Ha ha, acho que não. -Falou Gui

–Quando souber conta. –Pediu Kevin. -Eu estou curioso.

–IRMÃO! Eu sei de uma coisa! –Gritou Guilherme sorrindo. –Eu sou um semideus.

–Eu sou a Fada Madrinha da Cinderela. –Brincou Kevin. –Isso não é possível veio!

–Olha Kevin, depois de tudo que ele e os outros estão falando... Eu acredito em qualquer coisa. -Falei

–É verdade. A Lais conhece o esquema e falou que não só é possível como existem outros iguais a mim. Chamam a gente de Heróis.

–Sabe como funciona? –Perguntou o mineiro.

–Eu sou abençoado por algum deus, mas não sei qual.

–Quem é o deus da preguiça? –Perguntei e todos riram.

–Só tenho preguiça de fazer o que não me convém. –Falou Gui dando risada.

–Bom, só sei que quero fotos e vídeos das lutas e das tuas armas Gui. –Anunciou Kevin

–E você acha que eu vou ficar escondendo? Assim que eu ganhar minha espada vou enviar uma foto pra vocês babarem. –Falou o orgulhoso Herói.

–Legal seria se você chegar lá e te derem só uma faquinha mal amolada. –Impliquei.

–Eu ia rir muito! –Falou Kevin já dando gargalhadas.

–Se não me derem uma espada eu dou um jeito de comprar uma.

–As armas devem ser todas iguais. Ou deve existir um sistema de níveis, sei lá.

–Como assim? –Perguntaram Kevin e Guilherme em uníssono.

–Vamos supor: novatos usam facas, os do segundo ano usam gládios ou cimitarras, depois espadas, lanças, e assim por diante. –Expliquei. Entenderam?

–Ah sim, faz sentido. Disse Kevin.

–Sabe o que seria legal também? –Perguntou o Herói.

–O que? –Perguntei.

–Um arco e flecha. Se eu tiver uma espada e um arco, fico feliz.

–Calma iniciante! Você já quer demais. –Brincou Kevin. –Kratos começou com uma lâmina velha e carcumida lá, e você já quer duas armas?

–Fato! –Concordei rindo. –Sonhar não custa nada.

–Não posso negar que sinto uma pequena inveja de você irmão. –Comentou Kevin rindo.

–Como sempre né veio? Eu sou demais. –Gui falou rindo.

–Não se pode dar asa à cobra, está vendo? –Alfinetei.

–Se puder, eu trago algumas bugigangas de lá nas férias. Armas pequenas, coisas simples. –Disse Gui.

–Se não puder trás escondido. –Falou Kevin com um sorriso malandro.

–E arriscar ser expulso? Nem doido!

–Verdade. –Concordei.

–É mestre Renan, o papo está bom, mas já deu minha hora. Já vou indo antes que minha mãe ligue. –Falou Kevin.

–Também já vou. –Falou Guilherme.

–Vamos, eu vou com vocês até a praça. –Falei.

Avisei meus pais, eles se despediram deles e depois saímos. Acompanhei-os até a praça, como combinado, e depois nos despedimos e eu voltei para casa.

No fim das contas eu percebi que estou feliz pela conquista dos meus amigos, não foi uma separação de fato. Nas férias nos veremos de novo. Só quero saber como Guilherme vai se virar por lá, Lais e Gaby falam inglês, ele não. Ele vem tentando memorizar frases mais úteis como, “Onde fica o banheiro”, por exemplo. Acho que isso não vai resolver muita coisa, mas já é um começo. Como ele vive repetindo a frase de algum desenho que assiste "A Jornada de mil quilômetros começa com um simples passo".


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Notas finais do capítulo

Aguardando A Ameaça OMNI! Vou tentar não morrer de ansiedade até lá :D



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