Novatos na Academia Woodhand escrita por GuiHeitor


Capítulo 8
Dois Excepcionais na Família


Notas iniciais do capítulo

Frost (Jackson) contenha-se kkkk vou fazer greve de fanfic até ler A Ameaça OMNI, depois eu continuo :v



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–GUILHERME

Ao sair do Covil do Queixo (Apelido carinhosamente dado à casa da Lais. [Risos]), Renan e eu passamos por Bia, voltando para casa. Nós nos cumprimentamos e continuamos a andar.

–Acho que você tem que falar com a sua mãe sobre reconsiderar a proposta da escola... –Falei como quem não quer nada. Eu não acredito que o Renan negou o convite, e que não voltaria atrás. Ele tem que ir à Woodhand, nunca mais haverá outra chance igual a essa (!).

–Sei não Gui, será que só eu desconfio disso tudo? –Retorquiu ele. De certa forma eu entendia o receio, mas eu prefiro arriscar.

–Se liga mané! –Falei acertando um tapa leve na nuca do meu amigo. -Você não viu a Lais falando de lá? Sem dúvida ela conhece a escola, talvez já soubesse que estudaria em Woodhand antes do Detector convocá-la. Quem sabe até já esteve lá.

–Não pensei nisso. Vou ver essa história direito, amanhã vou ligar pra ela e perguntar. –Ele estava cedendo, eu tenho que aproveitar e encorajá-lo para que não volte atrás.

–É disso que eu to falando! Vamos ser os melhores de lá. –Falei sorrindo com a possibilidade e já elaborando planos e esquemas para isso.

–Só tu mesmo. –Disse Renan rindo junto comigo. –Bom até mais irmão, quando chegar em casa a gente continua a conversa pela internet. –Despediu-se ele apertando minha mão.

–Até mais. –Me despedi, e depois virei para uma casa pequena e azul claro antiga, que ficava do outro lado da rua. –Tchau tio Darci! –Gritei acenando para a casa vazia enquanto dava gargalhadas.

–Você é doente garoto. –Renan falou morrendo de rir.

Era um velho costume meu fazer isso. Desde quando Renan me disse que um tio dele chamado Darci morava na casa. Era mentira, mas eu acabei acreditando. Quando ele me falou que não era verdade, resolvi fazê-lo passar vergonha gritando para a casa abandonada toda vez que passássemos por ela. [Risos].

Andei o resto do caminho até minha casa. Acho que eram mais ou menos 19:20 quando cheguei. Assim que entrei em casa fui jogar meu jogo preferido: God Of War. Não durou muito. Depois de dez minutos de jogo, Letícia começou a gritar meu nome lá da casa dela que ficava atrás da minha, nos fundos do quintal. Pausei o jogo e andei até a varanda. Tive que parar no meio de uma decapitação de górgona (são meus monstros favoritos de matar, pois elas gritam e se debatem quando estão morrendo).

–O que foi Lê? –Falei alto lá para cima, em direção à casa dela. Ninguém respondeu e eu fiquei irritado. Rosnei baixo enquanto me virava para voltar para dentro e continuar com a matança. Então ouvi Letícia me chamando de novo. Virei-me roxo de raiva.

–O QUE FOI!? –Gritei irado. Coisas que me tiram a paz: Acordar cedo, gente frouxa e chorona e, principalmente, quando me atrapalham a jogar ou ler. Ah, também odeio banho com água fria!

Comecei a escutar risos mal contidos vindos da casa da minha prima. Uma das risadas ela dela, mas havia outras que eu não reconheci. Resolvi ignorar, voltar e continuar o jogo (de novo), e mais uma vez gritaram meu nome, dessa vez todos juntos, agora eu reconheci mais algumas vozes. Eram Letícia, minha mãe e minha tia, além de uma quarta que eu ainda não decifrei.

Cuspindo fogo, comecei a subir as escadas. Lá em cima não encontrei ninguém, todos estavam escondidos obviamente.

–Palhaços! –Falei saindo da cozinha da “casa das vozes”, mas alguma coisa me fez perder o equilíbrio e eu caí no chão. Como se esticassem a perna enquanto eu passava.

Uma explosão de risadas começou. Eu me levantei agora completamente fora de controle e mandei um murro na direção da risada mais próxima (a de quem ou do que havia me derrubado, mas não havia nada lá, só a parede). Contudo meu punho não atingiu a parede, ele ficou retido alguns centímetros antes dela. Acertei um rosto invisível, que com o golpe tremeluziu e tornou-se visível novamente. Eu havia acabado de dar um soco na Letícia.

–Seu imbecil! –Gritou ela me empurrando com tanta fúria que eu caí no chão de novo. Depois massageou o canto da boca, local onde a atingi, supus.

Eu estava sem reação, ela ficava invisível? Será que os outros também estavam invisíveis? Alguns dias atrás eu acharia que estava enlouquecendo, mas depois de lembrar a conversa na casa da Lais sobre Woodhand, acho que tenho uma suspeita... Mesmo assim, resolvi me fazer de bobo para não dar com a língua nos dentes.

–Vo-você! Estava invisível? Que raios ta acontecendo aqui?! –Perguntei fingindo choque. Em parte o choque era real, pois se ela fosse uma aluna excepcional teria que ter aulas antes de usar tão bem os poderes. Eu até agora não sei nem o que eu sou com certeza (a infeliz da minha Detectora estagiária e "achava" que eu era um Herói), e a minha prima já fica invisível?

–É claro que estava! –Gritou ela em resposta. -Sou uma Metamorfa. –Falou dessa vez cochichando. –Minha mãe e a sua sabem. Mas minha avó não pode saber, então cuidado com o que grita, ela está logo ali na casa em frente. E eu já sei que você é um Herói, e pode desfazer essa cara de bobo que não está enganando ninguém com essa sua atuação ridícula.

–Tudo bem e como você sabe ficar invisível? Teve aulas secretamente? E como sabe também que eu sou Herói? –Mantive a conversa em sussurros. A vovó morava na casa acima da minha e caso passasse pela varanda conseguiria ouvir a conversa se falássemos um pouco que seja acima do normal. Para garantir, continuei sussurrando.

–Eu te conto depois, pode deixar. -Falou ela indicando com a cabeça que nossas mães estavam saindo dos esconderijos. E também um rapaz que agora estava sentado no sofá que um segundo atrás estava vazio. Provavelmente o dono da voz que não identifiquei.

–O que aconteceu? –Minha mãe perguntou para Letícia parando ao meu lado.

–Ele me deu um soco, mas está tudo bem foi só reflexo. –Acobertou-me ela. Não foi bem reflexo, na verdade foi vingança mesmo.

–Quem é aquele cara? –Fui direto ao assunto apontando para o rapaz do sofá.

–Gui! –Minha mãe repreendeu-me pela falta de modos.

–Ah... Eu sou Leonardo Medeiros, vim detectar a Letícia, já estou de saída. Quero esclarecer o que a Alice havia dito, você é sim um Herói.

–Vocês vão para uma escola especial, que orgulho! –Disse minha tia abraçando a filha e depois me abraçando. –Ela parecia mais alta, era baixinha da minha altura, e nesse momento estava um palmo mais alta do que eu. Talvez fossem os efeitos da felicidade, sei lá.

Nós cinco descemos as escadas e acompanhamos o Detector até o portão, ele se despediu e foi embora. Antes de ir juntou as duas mãos, uma aberta e outra cerrada rapidamente, enquanto olhava pra mim e disse algo não audível, que eu traduzi como "bom soco".

–Agora que todos já foram, me explica direito como consegue usar os poderes. –Eu pedi inquieto quando nossas mães voltaram cada uma para sua casa. A expectativa de aprender qualquer coisa que seja mesmo antes de chegar à Academia Woodhand me intoxicava, eu quero saber tudo, não admito chegar lá como um peixe fora d'água.

–Ainda não percebeu o principal... –Falou a menina quando nos sentamos na mesa do quintal, nela havia um tabuleiro embutido para Damas ou Xadrez.

–Que “principal”? –Perguntei.

Quantos anos você tem? –Letícia perguntou enquanto brincava de mudar a cor das unhas.

–Treze. –Respondi coçando a nuca, sem entender a conotação da pergunta.

–E quantos anos eu tenho?

–Doze... –Comecei a entender. –Espera aí, porque você foi chamada antes da hora? Ta rindo do que? Fala!

–Sou da Classe dos Metamorfos. Eu sempre usei a metamorfose, vocês que nunca perceberam. Leonardo disse que é raríssimo nascer sabendo usá-la. Eu sou um perigo para o sigilo da Classe, então pra me manterem de boca fechada, resolveram antecipar minha convocação. -Letícia respondeu com tanto orgulho e de forma tão metida e esnobe que me dava nojo.

–Para de ser nojenta garota. –Devia ter dado o soco com mais força [Risos]. –Porque você não contou a ninguém sobre ser Metamorfa?

–Eu vim saber hoje que sou Metamorfa, antes eu achava que só eu tinha poderes. –(Egocentrismo mandou abraços) - A invisibilidade eu não conseguia até agora há pouco, nem sabia que era possível. Foi o Leonardo que me ensinou, na verdade é bem simples. Antes eu só ficava da mesma cor que o ambiente, tipo camaleão. –Explicou ela, mudando o formato das unhas para parecerem garras. –Se eu contasse, as pessoas teriam mais cuidado comigo ou se afastariam. Não falei sobre os poderes com ninguém para trapacear livremente: ouvir conversas, crescer e intimidar os outros nas brigas e discussões, escapar da aula de educação física... Tantas vantagens que eu perderia se contasse. –Terminou ela rindo da própria malandragem.

Eu, no lugar dela, mostraria a todos que faço coisas que nenhum deles faz, só para me exibir e mostrar que sou o melhor. Ela preferiu ser sorrateira e obter benefícios mais sólidos. Achei meio covarde, contudo tenho que admitir, os resultados são bons.

–Beleza, então me explica uma coisa: Como nós somos primos e somos de Classes diferentes? Pensei que tivesse a ver com o sangue. –Quanto mais eu descobria, mais tinha coisas a descobrir.

–Sim e não. Metamorfose é hereditária. Mas como minha mãe é normal e eu não sei do meu pai desde pequena, acho que herdei dele. -Falou dando ombros. Quanto aos Heróis eu não sei. Gastei meu tempo tirando dúvidas sobre a minha Classe. –Porque logo eu tinha que ser detectado por alguém incompetente? A Detectora da Gaby deixou tudo explicado com a avó dela, que ficou encarregada de passar aos poucos os detalhes. Comigo nem isso. Foi necessário um Detector de outra pessoa para confirmar qual era o meu lugar na Academia Woodhand.

–Aaaarg! Mas que coisa! Vou ser o único novato que não sabe nem o básico da própria Classe. Patético! –Esbravejei chutando uma bola que ricocheteou na parede e espatifou a lâmpada do quintal.

–Boa, Herói! É assim que se faz! –Comemorou Lê dando socos no ar. Debochada.

–Ha ha...

–O que sua incrível Detectora falou sobre os Heróis? Alguma coisa ela deve ter dito que seja útil. –Letícia me encorajou a continuar tentando descobrir.

–Bem a única coisa relevante é que eu tenho uma bênção divina. –Fiz questão de pronunciar as últimas cinco palavras bem lentamente, e jogar na cara dela que isso, com certeza, é muito melhor do que as transformações dela. Com o fim da lâmpada, eu não conseguia ver com clareza a expressão do rosto da Metamorfa, mas pelos dez segundos de silêncio, acho que a derrubei do cavalo.

–Hmm legal, e isso serve para?... –Perguntou ela fingindo indiferença, mas era transparente pelo seu tom de voz que estava curiosa.

–Ah tirando o fato de que eu sou um semideus, não serve para mais nada... –Disse a imitando o tom de voz que ela usou quando vez a pergunta.

–Então você é metade mortal e metade deus? –Perguntou ela rindo bastante. –Está meio fora de forma hein.

–Inveja? –Perguntei erguendo a sobrancelha.

–Não mesmo. De que adianta ser um semideus se não sabe o que fazer com seus poderes? Você nunca vai conseguir me acompanhar. –Depois de dizer isso, Letícia foi ficando invisível gradualmente até sumir por inteiro.

–Hey! Cadê você camaleão? –Zombei. –Já está fugin- AI! –Antes de terminar levei um tapa na nuca. Eu estava coçando o olho e acabei o furando com o dedo, e isso doeu um bocado.

–Hahahahahaha

–Letícia, cadê você!? –Chamei. –Letícia! –A infeliz sumiu e me deixou falando sozinho. Eu comecei a rir. Ela não estava se aguentando de inveja!

Entrei em casa e fui direto para a cozinha, eu carregava um leão furioso na barriga. Depois de jantar (bem tarde, já passava das 23:00h) li um pouco e fui dormir. Quando acordei de manhã (nem tão manhã assim, fim de semana é dia de acordar naturalmente. Nada de despertador), peguei o celular e enviei uma mensagem para Gaby, a Lais tinha celular só de enfeite, nunca usava, por isso a deixei de fora.

O SMS dizia o seguinte: “Letícia também é uma aluna excepcional, ela vai para Woodhand com a gente. Ela foi aceita antes dos 13 anos, acho que estão desesperados para terem ela como aluna. Ela é Metamorfa.”


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Notas finais do capítulo

Leo termina logo o livro, eu to doido pra ler! :D



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