Lábios de Sangue escrita por Yuki Snow


Capítulo 2
Capitulo 1 - Eles matam.


Notas iniciais do capítulo

Hey hey!
Agradeço a Bia pelo primeiro review! Obrigado, linda. Esse capitulo vai para você!



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Scarlett

Acordo assustada e suando. Mais um pesadelo. Não sei quanto tempo isso iria durar, mas eu não aguentava mais.

– Yumi! – chamei. Logo entra no quarto minha fiel amiga, sempre trajada com roupas no tom mais escuro que havia em seu guarda-roupa.

Yumi era o tipo de mulher que encantava qualquer um, pela sutileza que seus olhos puxados e delineados por um fino traço preto, transpareciam a força de uma mulher independente. Seu rosto arredondado, liso e sem qualquer imperfeição. Conhecida mundo a fora pela sua rapidez com facas, técnica domada quando participava da máfia mais temida, Yakuza. Como ela veio parar do meu lado? Simples, seu pai vendeu sua irmã mais velha para a máfia italiana Cosa Nostra e faria o mesmo com ela, para ter a segurança dos “negócios” e transporte na Europa Ocidental. Ela não queria correr o mesmo risco de ser violentada fisicamente e moralmente.

Depois de sua fuga da Yakuza, ela veio parar no meu bairro, na minha cidade. Encontraram-na aos redores do nosso ponto mais favorecido do comércio, ao ver um dos meus capangas pediu para falar com o superior dele, ou seja, eu. Conversamos e tenho-a ao meu lado a sete anos. Confio nela muito mais que na minha sombra.

– O que houve? – pergunta ela assustada, ao ver minha aparência.

– Pesadelo.

– Fica tranquila, nada pode te machucar. – sentou-se ao meu lado e pousou uma de suas mãos no meu ombro encharcado.

Alguém bate três vezes na minha porta. – Veja quem é. – pedi para Yumi.

Ela caminha calmamente, mas por segurança puxa um canivete do cós da calça.

– O que você quer, Bartolomeu? – ela sussurra alto o suficiente para eu escutar. Bartolomeu fala algo e ela assente. – Ela vai tomar um banho rápido e já saímos. Volte a seu posto!

Nisso levanto e vou para o banheiro. Estava tão frio quanto a noite anterior, mas isso não me abala, muito menos a vida que tirei. Ele devia e eu cumpri meus mandamentos, quão errado isso soa? Nossa facção, ou melhor, máfia estava decaindo. Nossos antigos clientes não estão mais comprando nossa mercadoria e o ponto nas ruas é muito perigoso, além do suborno semanal que temos que dar pros policiais fajutos do estado.

– Temos problemas no ponto II, você precisa dar um jeito. – Yumi entra no banheiro, tirando-me dos pensamentos. – Joseph ta querendo cancelar o contrato.

– Porra! Joseph é nosso melhor cliente. – exclamo virando-me para ela.

– Toma um banho e conversamos sobre isso... – fala ela ligando o chuveiro.

Não demoro muito no banho e já começou a me vestir. Pego o mesmo sobretudo da noite anterior e completo com meu chapéu. Saio do meu quarto e encaro meus capangas na sala jogando poker e bebendo o que parecia ser whisky, outros estavam vendo corrida de carros na TV e minhas capangas favoritas Verônica, Sasha e Elise, estavam limpando nossas armas. Ao me verem, todos ficaram de pé.

– Alguém pode me dizer o que ta havendo? – pergunto despreocupada. Dou umas voltas pela sala e paro de fronte a TV. – Porque meu melhor cliente está cancelando o contrato?

Yakuza – zombou PJ para Bartolomeu que estava do seu lado.

– Como é? Repita o que você disse? – falei para PJ.

Ele se arrumou na cadeira e me olhou com medo. – Yakuza poderia ter feito isso... – balbuciou.

Yakuza não sairia do seu continente para vender cocaína num bairro como esse. Não no MEU bairro.

Yakuza não vende drogas, besta. – fala Yumi do outro lado da sala. Ela se aproxima dele, parando em sua frente, abaixa o suficiente ficando cara a cara com ele. Pega o canivete e coloca no pescoço de PJ. – Eles matam.

Todos começam a rir, mas param rapidamente ao ver minha cara de descontentamento. Vou até a mesa das meninas e pego meu revolver, estava brilhando como nunca, vejo se tem munição e miro na cabeça de PJ. Yumi ao perceber que estava mirando para ele, dá alguns passos pro lado chamando a atenção de PJ que logo se vira para mim.

– Se você falar mais uma vez o nome daquela máfia, eu estouro seus miolos aqui mesmo. – exclamo com raiva.

Ouvir o nome da máfia que tirou a vida do meu pai é repugnante. Ainda mais vindo de um sujeito qualquer. PJ toda via me tirava do sério. Esse sujeito vai morrer antes mesmo de perceber.

Aponto para Bartolomeu, Sasha, Verônica e Yumi. – Vocês vêm comigo. – jogo a chave para Boris que estava sentado na mesa do Poker. – E você dirige. Vamos resolver este empecilho.

Gostava do Boris dirigindo, ele nunca teve pudor para dirigir e sempre foi muito rápido. Além de ter sido o homem que meu pai mais confiou, Boris era como um segundo pai pra mim, mesmo não falando muito. Na sua ida com meu pai pro Japão, o padrinho de ambos, senhor Shinoda cortou a língua de Boris logo após de avisar meu pai que Shinoda planejava um ataque supremo na America e acabar com as máfias e comércio de drogas e bebidas.

Logo chegamos à boate do meu colega Joseph. Um italiano asqueroso que vendia drogas e prostitutas para seus clientes, muitos deles eram pessoas importantes e influentes do nosso país. Chamo Yumi, Sasha e Bartolomeu para ir conversar com Joseph. O resto ficaria de vigia, como usual.

Entramos naquele lugar escuro que me agoniava, com cheiro de sexo e cigarro. Algumas mulheres seminuas limpavam a pista de dança, dois bartender limpavam o balcão de bebidas, mas pararam ao me verem. Sigo em direção ao balcão e sento em um dos bancos.

– Onde está Joseph? – pergunto lançando um sorriso sensual. Eles se olham e dão de ombros. Sasha saca a arma e coloca no balcão. – Queridos, não quero perguntar de novo.

Eles começam a tremer e deixam cair os panos no chão. Pareciam irmãos de tão idênticos, só mudando o fato de que um deles era mais gordo que o outro e os olhos eram azuis, o que davam um contraste forte com seus cabelos negros. Justo o gordo aponta para a porta que havia diante aos banheiros.

Aceno para Yumi e Bartolomeu me seguirem. Abro a porta e vejo Joseph sentado atrás de uma mesa com duas mulheres no seu colo. Gosto de como intimido as pessoas, pois bastou um olhar e elas saíram da sala. Yumi vai até ele e o levanta da cadeira para com que eu sente. Sento-me no lugar dele e o encaro sentando nas cadeiras que tinha na frente da mesa.

– Que porra é essa de cancelar o contrato? – Perguntei pousando meu revolver na mesa, apontado para ele. – Eu não sei se você leu o artigo 8, mas lá falava que ao cancelar o contrato, haveria a pena de morte...

– Oh minha querida, Scarlett... - Diz ele sorridente se levantando, mas foi parado por Bartolomeu, fazendo-o sentar novamente. Ele engole a saliva e fica sério. – Os Italianos vieram me procurar... Iriam me vender por mais barato. E sabe como é, a inflação ta em cima, além da vigilância sanitária que já veio aqui três vezes esse mês, aumentando o valor do suborno para não nos fechar...

– Que se foda a vigilância! – gritei. A raiva começava a subir minha cabeça e tudo começava a esquentar. – Você vai cancelar o contrato? Tudo bem. – Aceno para Yumi e ela já tinha entendido o recado.

Saiu da sala e alguns segundos depois tinham em suas mãos um dos bartender’s, com o canivete no pescoço. O botou de joelhos do lado de Joseph.

– Você acha que eu me preocupo com um pivete de merda? – perguntou ele, cruzando os braços no peito.

– Eu sei que você se preocupa, afinal sei que ele é seu filho. – falei encostando na cadeira e cruzando as pernas. Ele descruzou os braços e me olhou incrédulo. – Ora ora Joseph, conheço você e sua família a mais tempo que imaginas... E ai, como vai ser?

Ele olhou para o homem a sua frente. Um belo homem por sinal. Com o porte físico médio e o rosto bem marcado com suas feições, obviamente não puxou o pai e sim a mãe. O homem começa a soluçar não crendo que seu pai iria matá-lo por vaidade.

– O que você quer? – perguntou Joseph, inquieto em sua poltrona. – Eu não cancelo o contrato, tudo bem... Mas não mate ninguém.

Levanto-me da cadeira, pego meu revolver e começo a analisá-la. Abro o cartucho e vejo que está incompleta, mas com quatro balas dá para fazer um estrago bem interessante. Aponto para a cabeça do filho e depois para o pai.

– Eu poderia não te matar, mas você me traiu ao aceitar uma máfia sem ser a minha a entrar na sua casa. – Aceno a cabeça para Yumi e ela corta a garganta do filho sem pensar duas vezes. – Eu não gosto de traidores.

Atiro em Joseph e deixo-o cair para debaixo da mesa. Outros tiros vinham do salão, sabia que era Sasha acabando com os vermes que tinham lá. Saímos e paramos quando Sasha entra no bar e não atira.

– Que houve? – perguntei.

– Esse aqui quer entrar pra máfia. – falou ela.

Vou até o balcão e vejo o outro bartender – o gordo – se espremendo de medo na estante atrás de si.

– É filho do Joseph, pode matar. – murmurei.

E assim foi. Um tiro. Uma vida a menos para se preocupar.


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Notas finais do capítulo

E então? Reviews são importantes para nós continuarmos. Até a próxima!
Beijos



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