Faux Dieux escrita por Mandy


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas! Como estão? O prólogo foi completamente diferente do que eu tinha imaginado. Quando comecei a escrever, tinha uma ideia em mente e ela mudou completamente conforme ia escrevendo. O legal é que eu gostei do resultado. Então espero que se divertam lendo e que fiquem curiosos com o que virá!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/529078/chapter/1

As luzes do salão apagaram repentinamente. Não bastaram três segundos para gritos serem ouvidos enquanto a agitação tomava conta de todos os cantos do salão. Muitos entraram em pânico e correram em direção as portas, porém elas já estavam trancadas pelo lado de fora. Várias figuras encapuzadas foram vistas movendo-se rapidamente entre os presentes, aumentando a tensão. Após dois minutos de total descontrole, risadas ecoaram e um vulto aproximou-se do microfone que se encontrava em cima do palco.

– Eu queria muito ter visto a cara de vocês! Mas infelizmente estão usando máscaras... - Ecoou uma voz. - É sério! Deve ter sido encantador.

Então as luzes foram acesas por um grupo de garotos com sorrisos debochados nos rostos enquanto outros ainda destrancavam as portas. A partir daquele momento todos já sabiam de que se tratava de um trote da Faux Dieux. Uma sociedade não tão secreta da universidade que era especialista em pregar peças nos outros. Obviamente no Baile de Máscaras não seria diferente do resto do ano. Os meninos eram, na sua maioria, veteranos. Havia alguns calouros “privilegiados” e os mestres não aceitavam meninas alegando que elas não tinham senso de humor. A Faux Dieux era o pesadelo da Diretoria e a felicidade dos alunos. Algumas más línguas diziam que essa história toda de piadinhas e palhaçadas era apenas uma fachada para a verdadeira sociedade.

– Você deve saber de alguma coisa Alyssa! Seu irmão é um dos Mestres, pare de mentir para mim! - Exclamou uma garota alta de cabelos loiros em meio a multidão.

– Eu? - Riu-se. - É claro que sei! Peter nunca te contou, Grace? - Rebateu a outra ironicamente. O namorado de Grace Lambert era Peter Sterling, um Mestre da Faux Dieux juntamente com Anthony Vernon, irmão de Alyssa.

– Peter e eu estamos passando por um momento ruim do nosso relacionamento. - Suspirou a loira. - Não vamos passar nem as férias juntos!

– Oh, mas que horror! Felizmente não é da minha conta… - Falou Alyssa enquanto se distanciava. - E Grace? Por gentileza, não espalhe por aí como estou fantasiada. Não quero que me notem. - Acrescentou em um sussurro antes de dar às costas para a loira com a máscara de gatinha.

Alyssa era uma caloura do curso de História, porém já conhecia muitas pessoas por meio de seu irmão. Como Grace e Peter, por exemplo. Enquanto andava em direção a escadaria do salão, viu seu reflexo no espelho: os cabelos tinham cor de uísque, como Anthony costumava dizer. O rosto estava coberto pela máscara de renda preta, mas ela sabia que era bonita. Atrás de si, no reflexo, ela notou um garoto ruivo usando uma máscara de lobo. Já tinha o visto inúmeras vezes no Campus, porém nunca tinham conversado. Ele sempre fora muito quieto. Alyssa lembrava-se de um dia em que esbarrou nele entrando na Biblioteca. Apesar de pedir desculpas e tentar iniciar um assunto, ele a evitou completamente... Sua recordação foi interrompida por um cara que estava distribuindo panfletinhos no meio do Baile. Mesmo demonstrando irritação para com o homem, ela aceitou o papel. Subiu as escadas lentamente por estar observando o panfleto. Tinha um desenho abstrato muito estranho e perturbado, que lembrava o número cinco, e também uma mensagem no verso:

Um amigo para chamar seu e as melhores férias da sua vida
Não será único, será primeiro
Ninguém pensará que foi falso ou que foi brincadeira
Nem seu querido, amado Deus poderá ajudar agora
Assim como seu arcanjo, cairá.
Um nefilim foi chamado, esta esperando para acabar com vocês
Assim como Sol trai noite com as estrelas
Da mesma exata maneira como as estrelas traem o Sol com a Lua
Lua abusada, chamou para um eclipse o Sol
Sol aceitou, mas que artista!

E foi então que ela paralisou. O melhor naquele momento seria aquilo ser apenas mais uma brincadeira da sociedade idiota do seu irmão. Porém ela preferiu não ter dúvidas. Olhou ao seu redor e viu que todos ainda agiam normalmente, por isso resolveu terminar de subir o lance de escadas com calma, ainda que fosse difícil. Depois disso, ela correu. Correu até a Sala de Artes do prédio. A porta deveria estar trancada, mas já se encontrava aberta. Entrou com receio, mesmo com as luzes acesas. A Sala de Artes era muito bonita e bem arquitetada. Continha vários quadros, esculturas e fotografias dos alunos e ex-alunos. As paredes foram pintadas em tons de bege enquanto o chão era coberto por um carpete bordô.

– Eu não estou acreditando que vocês fizeram isso sem a minha permissão. Vocês não podem sair por aí assustando as pessoas dessa maneira! Não se contentaram com a brincadeira das luzes no salão?

– Estou te dizendo que isso não foi brincadeira nossa!

Ao escutar a conversa, Alyssa correu até a sacada da sala, onde acabou encontrando Peter Sterling, Martin Falkner, Jonas Clearwater, Dahlia Barton e o garoto ruivo.
Peter, Martin e Jonas eram amigos íntimos e colegas de sociedade de Anthony. Dahlia Barton, a garota mais inteligente da Universidade. E o garoto ruivo uma incógnita.

– Alyssa! - Peter sorriu ao vê-la. A menina não queria ser reconhecida, mas não conseguiu enganá-lo. - Me diz que isso foi piada sua e que seu irmão está escondido para nos dar um susto. Por favor…

E foi aí que ela se deu conta de que deveria se preocupar. Estava até agora conformando-se de que era mais uma pegadinha da Faux Dieux enquanto um dos Mestres da própria Faux Dieux também não sabia o que estava se passando.

– Pare de chorar, Sterling! É óbvio que Tony está nos fazendo de idiotas. Aliás, Tony está nos fazendo de idiotas enquanto transa com duas garotas ao mesmo tempo!- Interrompeu Martin, divertido.

– Meu Deus! - Gritou Dahlia, assustando todos. - Vocês são tão infantis! E ainda acham que é uma brincadeira! Eu estou aqui há dez minutos e Anthony ainda não se denunciou. Ele não pode ser tão boçal quanto vocês. - Vociferou. - Erich… Você é inteligente, me ajude! - Suplicou para o ruivo enquanto os outros três ainda discutiam.

– Com certeza foi alguma outra sociedade, Peter. Tentando nos derrubar…

– Sim! Jonas está completamente certo. Só pode ter sido isso. Esses calouros idio...

– PAREM! PAREM AGORA COM ISSO! - Todos olharam para Alyssa, sem reação. - Eu não sei o que está escrito nos panfletos de vocês, mas no meu diz claramente que alguém quer matar o meu irmão. - A garota não teve como disfarçar a preocupação e o medo que sentia. - Quero muito que seja uma brincadeira, só acho que alguém poderia descer, pegar o celular e chamar a polícia de uma vez!

Dito isso, todos caíram na realidade. Estavam apenas discutindo ao invés de chamar ajuda. Jonas não falou nada, apenas saiu da sala correndo o mais rápido possível até a chapelaria do Baile. Peter, que já estava preocupado, começou a roer as unhas desesperadamente. Martin ainda não admitia que alguém poderia ser capaz de tal atitude, então sentou-se no chão com um meio sorriso nos lábios. Dahlia estava relendo o panfleto tão rápido que parecia ser de outro mundo, enquanto Erich andava nervoso pela sala. Alyssa se encostou no parapeito da sacada, observando o grupo de pessoas que estava ali:
Conhecia Peter Sterling desde os seus quinze anos. Quando seu irmão entrou para a faculdade, os dois logo se tornaram amigos e por consequência disso, Peter passava mais tempo das férias com ela do que com a namorada, Grace. Sterling era um aluno do curso de Marketing e filho de um empresário do ramo de construções na Inglaterra. Era alto, magro e muito bonito. Seus cabelos pretos contrastando com a pele alva e os olhos azuis. Típico inglês.
Martin Falkner fez a dupla virar o trio um ano depois, porém era o que mais se destacava. Além de ser o capitão do time de futebol, era muito conhecido por seu comportamento brincalhão. Enquanto observava o garoto passar a mão nos cabelos castanhos, Alyssa percebeu que nunca tinha visto Martin de mau humor. E também não entendia como ele conseguia se concentrar nas suas aulas de Biotecnologia.
Dahlia Barton era colega de Martin no curso de Biotecnologia. Alyssa a conhecia antes mesmo de ir para a universidade, pois a garota sempre vencia os concursos regionais de matemática. Era séria e muito concentrada. Ao contrário do que as pessoas podiam imaginar, Dahlia era bonita, com seus cabelos curtos e sardas pelo rosto.
O último era o garoto ruivo, que Alyssa acabara de descobrir que se chamava Erich.
Perdida em seus pensamentos, assustou-se quando ouviu as sirenes da polícia. Todos se sobressaltaram e foram para o lado dela na sacada. Ao olharem para baixo, puderam ver que Jonas estava no jardim com algumas pessoas inconvenientes a sua volta. Não demorou para que os seis descessem rapidamente ao encontro de Jonas e dos policiais. Os outros alunos que estavam sem entender, permaneceram com seus olhares curiosos e suas conversas sem noção.

– Senhorita Vernon? - Chamou um policial.

Ele não obteve resposta.

– Senhorita Vernon? - O homem estava prestes a chamá-la novamente quando um grito ecoou por todo o pátio. Ao girar o corpo para ver do que se tratava, o policial viu uma garota loira ensanguentada na porta do Salão.

Era Grace Lambert.

– Grace? - Indagou Peter. Ao perceber que sua namorada estava machucada, o garoto correu para chegar perto dela, porém foi impedido por um policial. - Mas ela é minha namorada!

– Depois. - Foi a única coisa que o homem respondeu.

Prontamente, a menina teve ajuda de dois policias que a cobriram com uma toalha e a colocaram no banco de trás de uma das viaturas. Provavelmente para levá-la ao hospital antes de fazer qualquer pergunta.
A agitação e a preocupação só aumentavam. Foi possível ouvir os policiais chamando reforços pois não queriam toda aquela plateia caso algo pior acontecesse. Logo, Martin também foi chamado por um deles. Aparentemente, eles acharam Alyssa incapaz de responder qualquer coisa que eles precisassem no momento. Jonas que já havia falado o que sabia, juntou-se novamente ao grupo parando ao lado de Peter. E ao notar a preocupação do amigo, apenas disse:
– Calma cara, depois nós vamos visitar ela.

– Sim Peter. Ela vai ficar bem. - Murmurou suavemente Alyssa, inclinando-se para abraçar Sterling. O moreno não conseguiu retribuir o abraço, mas devolveu um olhar carinhoso para ela. Ficaram abraçados alguns segundos, até a garota sentir um par de olhos fixos nela. Ao perceber de quem eram, corou involuntariamente. Eram os olhos cinzentos de Erich.
O ruivo a observava clinicamente e aquilo gerou um desconforto entre os dois. Peter foi capaz de perceber os olhares, mas estava muito abalado para fazer piadinhas.
Eles permaneceram calados por alguns minutos, sem saber o que fazer ou o que dizer.
O Jardim do Campus era um lugar muito lúdico. Havia muitas flores coloridas e árvores com frutos espalhadas pelo terreno. O lugar também tinha bancos e fontes com esculturas de anjos. Algumas mesas de xadrez enfeitavam ainda mais o lugar. Nos dias normais, o Jardim estaria repleto de alunos estudando, conversando e namorando. Porém naquela noite, era um local muito frio, triste e sem vida.

– Oh meu Deus!

Outro grito.

– Quem é aquele?

– O que ele está fazendo lá em cima?

– É o Anthony!

– Alyssa! É o Tony!

– Anthony, o que está fazendo aí?

E então o garoto chamado Anthony Vernon, irmão de Alyssa; melhor amigo de Peter, Martin e Jonas; estudante do curso de Arquitetura e Mestre da Faux Dieux se jogou da sacada da Sala de Artes. Os policiais tentaram, mas não conseguiram chegar na Sala a tempo de impedir o suicídio.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Então? O que acharam? Eu não quis revelar muitas coisas sobre os personagens, mas ao mesmo tempo não quis deixá-los "cegos" na leitura. Gosto quando as situações vão se desenvolvendo e levam os personagens junto. Provavelmente os capítulos serão focados em determinados personagens. Vou adiantar uma pista: "Faux Dieux" não será apenas relacionado à Sociedade, ele terá outros significados também. Espero que tenham gostado e boa noite (nesse momento são 00:43)! :)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Faux Dieux" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.