Koi no Yokan escrita por Angélica Chibis


Capítulo 5
Parte 05


Notas iniciais do capítulo

Me desculpe, eu não sei como funciona a lei japonesa para pagamentos de fiança, processos na justiça e etc. Estou só assumindo que deve ser algo assim, ok? E quanto a situação da Kaoru, mulheres podem entrar nessa guerra hormonal, sim. Principalmente passando por momentos de stress, e coitada da Kaoru foi o que mais aconteceu com ela nesse fanfic kkK.

Me desculpem os erros, eu sei que fico ansiosa pra postar e escapa algumas palavras, mas vou revisar tudinho assim que possível! Se eu não posto logo fico mudando e nunca vou atualizar o capitulo assim.



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"Koi no Yokan"

Parte 5

Por: Chibis

^^X

Kenshin nunca foi de se gabar do tamanho de seu apartamento, de 720 metros quadrados, mas naquela madrugada agradeceu pela luxuosa separação de ambientes. Conseguiu sair escondido sem acordar Kaoru, pisando na ponta dos pés no mármore absoluto negro do hall de entrada.

Ele rezou para que Kaoru não acordasse e saísse do apartamento, por medida de segurança, temendo que Enishi de algum jeito de intimidasse o porteiro e os seguranças com seu distintivo, e entrasse em seu apartamento, solicitou a devolução do cartão extra que ficava com o setor de segurança do prédio. Ele iria entrega-lo à Kaoru na manhã seguinte, juntamente com a nova senha de acesso que abria todas portas pelo lado de fora, mas ainda não tinha tido a oportunidade. Se Kaoru saísse do apartamento, não teria como entrar, teria que aguardá-lo do lado de fora. E os seguranças do prédio cismariam com ela. Kaoru estava vivendo clandestinamente no apartamento, ela não tinha sido apresentada oficialmente como nova moradora do prédio de luxo.

Kenshin praticamente levantou voo com a sua Mercedez preta. Chegou na delegacia em apenas quinze minutos. Louco para resolver tudo e voltar logo pra casa. O delegado estava dificultando um poucos as coisas, insistiu por toda lei que Sanosuke tinha que passar a noite na delegacia. Sem pestanejar, Kenshin efetuou logo o pagamento da fiança com um cheque bem gordo, Sano poderia assim responder em liberdade. Mas só o liberaram efetivamente às 02:30 da madrugada, após o delegado receber uma ligação do diretor da corregedoria, Saitou Hajime.

Mas a menos que Enishi retirasse a queixa, Sanosuke responderia sim pelo processo na justiça. "Dependendo da decisão do juiz, você vai ter que fazer um curso e acompanhamento psicológico para administração de raiva! Isso se não ficar preso por algum tempo!" Kenshin tentaria ajudar o amigo, mas algumas coisas nem todo dinheiro do mundo resolvia. Não com a justiça certeira de Tóquio.

"Ótimo! O cara é um filho da mãe manipulador e eu tenho que controlar minha raiva?" Sanosuke já estava querendo voltar e socar Enishi mais um pouco.

"Cabeça de Galo! MENOS!" Megumi estava perdendo a paciência com o namorado.

"Concordo com a senhorita Megumi, Sanosuke. Agir assim não vai resolver nada e ainda dá mais munição para o canalha. Eu sei que Enishi merece cada soco, mas temos que agir com inteligência." Kenshin finalmente atravessou a rua na direção da sua Mercedez. Sanosuke e Megumi o seguiam , o jipe amarelo de Sano estava estacionado na frente do carro preto de Kenshin. Quando recebeu a ligação de que seu namorado havia sido preso, Megumi providenciou uma camiseta limpa para Sano, que trocou no meio da rua mesmo, e pegou o primeiro taxi até a delegacia para encontra-lo lá.

Parados ao lado dos carros, Megumi pegou na mão de Kenshin. "Ken-san, eu não sei nem como agradecer. Esse cabeça oca aqui simplesmente não para pra de raciocinar. A fiança estipulada... foi alta demais. Nós não teríamos como arrumar a quantia de uma hora pra outra!" Megumi estava exausta, e o pior é que ela que tinha um turno no hospital que começaria as seis da manhã. Era duro admitir, mas essa era a verdade de um casal que estava montando o primeiro apartamento. "Estamos cheios de prestações por causa da mobília e dos eletrodomésticos..."

"Valeu Kenshin!" Sanosuke bateu levemente duas vezes no braço do amigo. "A gente tá meio sem grana por causa da quitação do apartamento... Mas cara, eu vou te pagar assim que for possível!" Sanosuke olhou para a namorada que fez cara feia e cruzou os braços.

"Não se preocupe com o dinheiro Sanosuke, senhorita Megumi..." Kenshin balançou a cabeça negativamente. Para ele o valor da fiança não era nada.

...É melhor contar antes que a situação fique pior. Eu não imaginei que Sanosuke fosse voar no pescoço do Enishi assim ...

"Ken-san, o idiota aqui primeiro faz besteira, depois que pensa nas consequências! Você sabia que ele foi ao necrotério sozinho?! Katsu ficou sabendo de uma moça encontrada, morta, com as mesmas características da Kaoru! Graças a Deus não era a Tanuki, mas mesmo assim... Ele caçou e partiu pra cima do Enishi!" Megumi estava cansada, frustrada, preocupada. "Enishi, investigador da policia de Tóquio! Seu idiota."

Os olhos de Kenshin arregalaram. ...Necrotério?...

...Eu não sabia que o Sano estava procurando até no serviço médico legal... Como eu fui tão displicente?! Tão encantado com a Kaoru na minha casa que ignorei os sentimentos dos seus amigos. O próximo soco do Sanosuke vai ser na minha cara...

"Hei, eu não queria jogar isso na cara Raposa, mas meu tio é da corregedoria, tudo vai ficar bem... Eu acho...! Saitou tá de olho no Yukushiro não é de hoje. Então me desculpa se eu tenho sangue quente nas veias, e soquei um crápula corrupto envolvido com drogas e provavelmente envolvido no sumiço da Jou-chan!" Sanosuke disse entre os dentes, apontando o dedo para Megumi, que apontou seu próprio dedo de volta. "Cala a boca Sanosuke!"

Megumi tapou a boca do namorado. Ele estava louco de falar essas coisas na frente da delegacia de policia? "Francamente Cabeça de galo! Ou você começa a pensar, ou eu vou ter que providenciar um transplante de cérebro."

"Necrotério?" Kenshin ainda estava atordoado com essa noticia.

...Foi longe demais...

"Sanosuke, Senhorita Megumi. Preciso que vocês me acompanhem, por favor."

...Levei cinco dias para acalmar a Kaoru, quando ela souber dessa briga entre Sano e Enishi ela vai pirar de novo...

"Hã? Pra onde?" Sano estava surpreso. Onde Kenshin queria ir no meio da madrugada?

"Para a minha casa!" Kenshin apertou um botão destravando o carro, o alarme fez "plim plim".

"Ken-san, eu adoraria visitar sua casa. Ouvi historias maravilhosas sobre seu apartamento e suas peças, mas eu tenho plantão em poucas horas. Alguém tem que pagar uma certa fiança... O Sano pode ir com você, eu fico com o jipe!" Megumi começou a enrolar o cabelo comprido no alto da cabeça, para prende-lo em um coque.

"Kenshin, não pode ficar pra amanhã? Eu não quero a Megumi dirigindo sozinha no meio da madrugada." ...O filho da puta do Enishi citou o nome dela...

"Acho melhor a gente resolver logo isso. É importante. Eu não vou falar o que é, prefiro que vocês vejam... E concordo com o Sanosuke, melhor a senhorita não dirigir sozinha de madrugada. Siga-me com seu carro Sano. Será tudo muito rápido, eu prometo!" Aquilo soou como uma ordem, e era. Megumi e Sano entraram no jipe amarelo e seguiram a Mercedez preta até o prédio em Omotesando, que a essa altura estava completamente deserta.

^^x

"Wow" Megumi teve a reação que todo mundo tinha quando entrava no duplex. O mármore preto do hall brilhou refletindo com a luz acesa. Alias tudo brilhava, provavelmente por causa dos espelhos, lustres e cristais refletindo no piso de mármore do corredor. "Ken-san, como é lindo seu apartamento!" Megumi estava impressionada, o lugar parecia uma coisa de cinema. E pensar que Kenshin era uma pessoa tão simples.

Kenshin sorriu "Arigato! Sinto muito senhorita Megumi. Eu deveria ter feito um convite oficial para que vocês conhecessem meu apartamento há muito tempo atrás." Ele retirou os sapatos, assim como Megumi e Sanosuke e entrou no apartamento silencioso. "Acompanhem-me em silêncio, por favor!"

Megumi e Sano o seguiram através de um corredor de piso de madeira onde ficam os dormitórios. "HEI Meg,olha isso? Parece você!" Sano apontou para uma escultura em bronze, no estilo Rodin, de uma mulher nua com seios voluptuosos e longos cabelos, que se apoiava em uma posição desconfortável, porém erótica.

"Bakero!" Esquecendo que era uma dama, Megumi chutou a canela do namorado. "Isso é coisa de se falar na frente do Ken-san?" Ela ficou vermelha, e Sano riu.

"Shh" Kenshin disse para os dois. E eles seguiram pelo corredor, cheio de quadros que valiam fortunas. Podia-se contar seis portas enormes, pivotantes, que davam acesso a suítes tão amplas que poderiam abrigar uma família inteira em cada uma delas.

Ao chegar ao último quarto do corredor, Kenshin colocou o dedo na frente da boca pedindo silêncio. Ele não queria acorda-la.

O ruivo abriu uma fresta na porta e apontou para dentro. O quarto escuro e silencioso. Sanosuke entendeu o recado e colocou a cabeça na fresta visualizando finalmente quem estava lá dentro. Ele piscou algumas vezes sem acreditar em que estava deitada na cama. "Jou...Jou chan...?" Sano murmurou."Kami-Sama..."

"Que? Tanuki?" Megumi estava tão surpresa quanto. Ela olhou para Kenshin com olhos estatelados. "Ken-san? Por que?"

"Ora seu! Filho da mãe!" Sanosuke agarrou a gola da camisa polo de Kenshin, chacoalhando o ruivo que tentava se desvencilhar.

"PSSSSTTT!" Kenshin ainda estava sendo chacoalhado para lá e para cá.

"Para a cobertura agora!" O ruivo sussurrou, apontando para cima, para o outro andar do apartamento. Ele fechou a porta do quarto de Kaoru, e depois a porta do corredor que dava acesso aos dormitórios, rezando para que ela não acordasse.

Sano e Megumi subiram as escadas em um tiro. Quando Kenshin chegou lá em cima Sanosuke acertou um soco bem no meio do nariz de Kenshin. O ruivo sentiu até mesmo os olhos lacrimejando de tanta dor, mas engoliu o choro, e a ardência no nariz. Tudo no maior silencio para não acordar Kaoru."Ororororo!"

Depois Sanosuke começou a andar pelo terraço de um lado para outro. "Parem com isso idiotas! Você vai acordar a Kaoru!" Megumi disse bem baixinho, para ambos.

Pensando pela perspectiva de Sano, que a procurou até mesmo no necrotério, Kenshin merecia sim algumas pancadas. Só uma pancada no nariz tinha sido lucro.

Sano parou de repente e apontou um dedo para Kenshin, falando o mais baixo possível. "Não acredito que você fez isso com a gente! Tem noção do que eu, Megumi e Misao passamos essa semana toda?!"

"Eu não acredito... A Tanuki estava com você esse tempo todo?" Megumi sentou-se em uma das espreguiçadeiras do enorme terraço. "Mas como?"

"Peço perdão pelo sofrimento que causei aos meus amigos!" Kenshin fez aquilo que um bom japonês faz quando precisa se desculpar. Ele se curvou, e permaneceu assim por alguns segundos. Quando se levantou começou a explicar.

"Eu não quero que a Kaoru descubra que vocês já sabem... Sim, ela está aqui comigo todos esses dias. Quando eu pedi para que cortassem a energia do prédio, ela estava escondida no estacionamento, entrou no meu carro para se esconder, só que depois de um tempo, no silêncio e no escuro acabou pegando no sono. Quando acordou, eu já estava longe da empresa. Ela estava tão desesperada que ameaçou até me sequestrar... Queria que eu a levasse para a estação de trem, e lhe desse o salario adiantado..." Kenshin caminhou até o frigobar que ficava na área gourmet ao lado da piscina, pegou uma garrafa de suco de uva e três copos e voltou para o lado de Megumi e Sanosuke. "Kaoru passou o começo da semana arredia e teimosa, como um gato maltratado... Quarta feira ela começou a amansar, conversar mais, mesmo assim ela não me contou detalhes da sua vida com Enishi... Só sei que não foi fácil..."

"Sequestrar? Jou chan?" Sanosuke ainda não conseguia acreditar, então era por isso que Kenshin estava todo feliz, finalmente tinha Kaoru bem onde queria, na sua casa, na cama do lado... "Jou-chan? Ela não é capaz de fazer mal pra uma mosca!"

Kenshin bebeu o suco, e sorriu de um jeito bobo. "Exatamente por isso que ela está dormindo naquele quarto e morando na minha casa!"

"Ken-san, nem sei o que falar...Eu entendo que você queira protege-la, mas e a nossa aflição essa semana toda?...Pobre Misao quase ficou louca!"Megumi também não estava contente com o ruivo. E olha que para isso acontecer era bem sério. Megumi era super fã de Kenshin Himura. Sanosuke sentou-se na espreguiçadeira ao lado da namorada.

"Cara...a Misao vai te matar, você tem noção disso neé?" Megumi, Sanosuke e Kenshin logo imaginaram um kunai voando bem no meio da testa do ruivo. Misao era descendente de ninjas, ela era simplesmente perita em acertar dardos nos alvos nas distancias mais bizarras. Misao fazia sucesso nos pubs ganhando apostas dos marmanjos nos jogos de dardos.

"Oro..."

Kenshin teve que fazer uma pausa, ele apertou o copo de suco. "Além de mostrar aquele vídeo propositalmente, Enishi bateu na Kaoru... Ainda não sei os detalhes, estou tirando as coisas aos poucos... Não é fácil. Ela construiu muros..."

"Desgraçado..." Sano sentiu a raiva ebulindo novamente, e o pior, ele pode ter sido o estopim de tudo. "Na noite que Kaoru colocou um ponto final no namoro, nós nos encontramos por acaso. Eu e a Meg saímos para jantar. Pra comemorar a assinatura do contrato do apartamento. Eu e a Raposa vimos a Jou-chan e fomos até ela. Estava linda, com um vestido florido, e o cabelo comprido, que chegava até a cintura preso, com uma presilha brilhante só pela metade. Eu nunca tinha visto a Jou-chan com o cabelo assim, e elogiei... Passei a mão nos fios, sei lá por que...Foi só uma brincadeira...Quando o Enishi me viu fazendo isso...A expressão dele mudou completamente. A aura ficou toda estranha...Era como se ele tivesse uma veia pulsando na testa....Eu juro cara, não foi na maldade, foi só um impulso de tocar o cabelo. A Meg tava do meu lado o tempo todo, né?"

"Hai ! Sim..." Megumi balançou a cabeça positivamente. Ela sentiu uma pequena fisgada de ciúmes ao ver o namorado elogiando o cabelo de uma colega de trabalho, mas realmente não foi nada demais, mesmo porque logo em seguida Sano passou os braços ao seu redor. E começou a contar para Kaoru todo contente que finalmente estava realizando um sonho, morar com a mulher da sua vida. Que depois da quitação das dividas começariam a poupar e organizar o casamento. Megumi ficou vermelha, porque Sano começou a elogiar os atributos da namorada igual um bobo. Kaoru tinha um sorriso tão sincero no rosto, dizendo que desejava toda a felicidade ao casal.

"Oh Tanuki!" Megumi considerava Kaoru ingênua e irritante, como uma irmã caçula. Ela não sabia que a jovem tivesse caído em um redemoinho tão profundo assim. "Ele a machucou muito?"

"Eu vi só o rosto... O resto do corpo, eu não tenho ideia... Ela não contou... Kaoru usou muita maquiagem para disfarçar. Quando vi o rosto limpo, e lembrei do vídeo, de toda aquela humilhação... Tive que me segurar para não ter a mesma reação que Sanosuke teve. Mas me controlei, porque quero pegar Enishi de uma vez. No seu ponto mais fraco...Você sabe que Aoshi comanda a Oniwabanshu, não é? Uma empresa de detetives particulares...Ele colocou dois dos seus melhores detetives pra seguir Enishi, Hannya e Beshini. O primeiro passo em falso..." Kenshin terminou seu suco. Kaoru não sabia de nada disso.

"Ken-san...Você foi muito egoísta! Sabe disse não é?" Megumi também bebeu seu suco, ela nem tinha percebido quão sedenta estava.

"Sumimasen. Sessha pede perdão, de gozaru! Se eu soubesse que vocês estão procurando até em necrotério... teria dito, mas vocês entendem porque a presença dela aqui precisa ser mantida em segredo, nee? Finjam que não sabem de nada, Enishi precisa acreditar que nenhum de nós sabe da Kaoru!" Novamente Kenshin se curvou.

"Ehh...Dizem que amor e egoísmo andam juntos." Sanosuke se deu por vencido. Ele não estava mais furioso com o amigo. "Nem começa com esse papo de Sessha e gozaru..."

Kenshin mostrou seu sorriso mais bobo. "Oro! Eu sou só um pacifista, tentando encontrar a melhor solução para todos... Mas tudo tem uma consequência. Se eu protejo a senhorita Kaoru, engano meus amigos. Se eu abro o jogo corro o risco de Enishi encontrá-la... Eu escolhi que a segurança dela é a prioridade nesse momento... Perdoe-me pelo meu egoísmo!"

"Pacifista uma ova!... Você ama a Jou-chan isso sim, e está cada dia mais apaixonado... Só me pergunto se ela já está do mesmo jeito..."

Kenshin não respondeu, apenas fechou os olhos e sorriu. ... Ainda não, mas tenho esperanças...

"Bem... Depois dessa semana infernal posso respirar finalmente! Vou trabalhar só um pouquinho mais tranquila amanhã... Se não fosse um idiota aqui respondendo por um processo por agressão." Megumi teria finalmente algumas horas de sono antes do plantão frenético.

"O que a gente fala pra Misao?" Sanosuke ignorou a namorada, mesmo porque ele tinha certeza que esse assunto seria motivo de muita discussão entre os dois. Errado e precipitado foi sim, mas ele não se arrependia agora, ainda mais depois de saber que Enishi bateu em Kaoru. Sano fez o que precisava fazer, e faria novamente.

Kenshin os acompanhou até o elevador. "Pode deixar, amanhã eu resolvo isso. Novamente...me perdoem... Sano, Megumi-san...Onegai, peço que vocês continuem a procurar por Kaoru... Finjam que não sabem de nada... Só até conseguirmos mais provas das malandragens e falcatruas de Enishi. Ele será preso e expulso da policia. "

^^x

Já passava das 03:30 da manhã quando o ruivo apagou todas as luzes do hall de entrada. Kenshin tinha uma reunião importante no dia seguinte, mas agora se sentia mais aliviado. Não que Kaoru fosse um fardo, mas a responsabilidade da vida e bem estar dela estavam totalmente em suas mãos, era bom dividir um pouco com pessoas confiáveis como Sanosuke e Megumi.

O ruivo abriu a porta do corredor que levava aos quartos do apartamento... Tudo quieto... Ele abriu a porta do quarto de Kaoru. Tudo silencioso. Somente o som da respiração dela.

O edredom tinha escorregado para o chão, e Kaoru estava encolhidinha no colchão com uma bola. Nem estava tão frio, o quarto estava climatizado na melhor temperatura, mas Kaoru estava encolhida do mesmo jeito. "Hmm hmmm!" Kaoru tinha uma feição de desconforto no rosto, ela apertou os lábios como se tivesse sentindo dor.

Kenshin não resistiu, entrou de vez no quarto, pegou a coberta do chão e colocou sobre Kaoru. "Ken...shin?" Sentindo o conforto e calor do cobertor, Kaoru suspirou, ainda sem abrir os olhos. Ela abraçou a coberta com força, mas seu rosto relaxou um pouco. Como alguém afrouxando o nó em uma corda.

Foi tão automático, Kenshin não deveria estar fazendo isso. Invadindo sua privacidade, debruçando-se sobre ela. Fechando os olhos e inalando a deliciosa fragrância, jasmim e lavanda. Escutando sua respiração.

Kenshin não deveria encarar a boca vermelha por tanto tempo, e nem imaginar a textura dos lábios quando ela os abriu, formando um pequeno "o". O ruivo começou a se aproximar, querendo lhe roubar um beijo, devagarzinho, centímetro por centímetro.

No escuro e no silencio, como um ladrão, ela não saberia...

"Hmm" Kaoru gemeu, apertando o cobertor novamente, franzindo a testa.

Kenshin não teve coragem. O ruivo se perguntou por que Kaoru estava com um sono tão agitado. "Shhh...dorme tranquila koishii..." Ele beijou sim, mas foi a testa de Kaoru. E Com o mesmo silêncio que entrou no quarto, ele saiu.

^.^x

O sábado amanheceu nublado e chuvoso. E apesar da madrugada agitada, Kenshin tinha que sair cedo naquela manhã, ele tinha uma reunião importante agenda para as nove da manhã, e já estava de pé para isso. Normalmente a empresa ficava fechada nos finais de semana. Mas nesse em especial, ele não podia ficar enrolando. Uma conta essencial estava em jogo, toda a campanha publicidade envolvendo o principal cantor de uma grande gravadora, Shogo Amakusa. Que tinha um show em Tóquio agendado para aquela noite.

Shogo e Kenshin estudaram kendo no mesmo dojo, no dojo em que Hiko era um dos mestres. A amizade continuou, e Shogo Amakusa acabou estudando música na mesma faculdade que Kenshin. O ruivo o considerava um de seus amigos mais próximos, apesar de Shogo não parar na mesma cidade por mais que uma semana.

Mas a amizade entre os dois não significava que a conta publicitária era menos importante. Pelo contrario, era importantíssima, Shogo era mundialmente conhecido, e tinha milhares e milhares de fãs. Ele lançaria um novo CD "Koi no Yokan" nos próximos meses, e o ruivo pretendia colocar o talento de Kaoru na jogada. A reunião serviria pra ficar por dentro das ideias básicas dos produtores.

Kenshin pretendia passar essa conta pra Kaoru, e já tinha pesquisado com um arquiteto como montar um estúdio e um escritório de artes dentro de seu próprio apartamento, tudo para ela. O ruivo não permitiria que Kaoru desperdiçasse seu talento e toda sua dedicação para se formar a toa. Ela trabalharia perfeitamente em casa. Ele estava programando trazer Shogo para um jantar, para conversar com Kaoru sobre suas ideias. Anos e anos lidando com papparazzis, fofocas ensinaram seu grande amigo a ser quase um nina. Extremamente religioso, Shogo sabia muito bem como ser discreto e guardar segredos e dar ótimos conselhos.

Kaoru estava estranhamente quieta naquela manhã. Geralmente quando o escutava acordar, vinha rapidinho até a cozinha para beber uma enorme caneca de café e ajudar no que podia. Na verdade, desde a noite passada, depois de todo o caso com Shura e a tentativa de golpe, ela estava mais quieta que o usual. Kenshin não contaria que entrou as escondidas no seu quarto e a viu com cara de dor... Que acontece com você?...

Talvez a jovem morena tivesse um pouco deprimida, sentindo falta dos seus amigos. E se ele revelasse que Sanosuke e Megumi já sabem? Ela ficaria mais feliz?

"Ohayo" E lá estava ela, com cara de mal humorada. Parada na entrada da cozinha, com um roupão felpudo enorme por cima do pijama, com pantufa nos pés. E o cabelo todo armado e bagunçado, os olhos um pouco inchados e o os lábios vermelhos, fazendo um bico.

"Bom dia!" Kenshin respondeu com uma risada, enquanto enchia duas canecas com café. "Anotou a placa do caminhão que te atropelou?" Ele ofereceu uma xicara para ela.

"Rrrrrr" Foi a resposta, entre os dentes, de Kaoru antes de se sentar a mesa. Ela colocou os cotovelos sobre o mármore, e deixou que suas mãos segurassem sua testa. "Itai!"

"Que foi?" Imediatamente Kenshin largou a caneca sobre a mesa e já estava ao seu lado, com uma mão esfregando as costas de Kaoru, enquanto a outra levantava o queixo dela, para que pudesse olhar nos olhos. "Desde o jantar de ontem você está estranha! Ainda é por causa da Shura"

"Rrrr... Não me lembra daquela Sardinha em lata!"

"Então?"

Kaoru abriu e fechou a boca várias vezes, sem saber dizer exatamente o que precisava dizer. "Hmm" Ela fez uma careta. Fechou os olhos com força com a pontada na barriga.

"Kaoru?" Preocupado, Kenshin estava pegando o telefone, e já pedindo para chamar a secretaria. Se Kaoru não estava bem, a reunião mudaria de horário, ou de dia... "Misao, vamos ter que mudar a reunião, estou com um problema em cas..."

Kenshin não teve tempo de terminar, Kaoru tirou o telefone das mãos dele. Balançando a cabeça freneticamente. Era só o que faltava, uma humilhação a mais. Fazer Kenshin perder uma conta importante por causa dos seus problemas femininos... "Nãooo"

Kenshin pegou o telefone de volta. "Misao, eu te ligo daqui a pouco ,ok!" Kaoru continuava a balançar a cabeça em negativa.

"Você ficou louco. Desmarcar essa reunião por causa... disso!" Kaoru estava de pé na frente de Kenshin. Brava, querendo jogar a xicara de café na cabeça dele.

Kenshin não estava entendendo nada. "Kamiya! Afinal, qual o problema?!"

"Vermelho! Tudo vermelho!" Kaoru fez cara de quem ia chorar.

"Oro?"

Piorou. Kenshin não estava entendendo nadinha de nada.

"Kaoru! Eu não sou adivinho. Só estamos nos dois nesse apartamento. Se você não me contar as coisas..." Era a primeira vez que ele via Kaoru com um humor tão... obscuro.

"Cólica. Ok? Eu estou com uma cólica terrível! Parece que vou abrir e quebrar no meio..." Kaoru usou os braços dramaticamente..."...E meu...período começou...Eu não tenho...as coisas...E aconteceu um vazamento no lençol de madrugada...sangue por tudo...e...eu...droga...!"Vermelha feito um pimentão, Kaoru queria enfiar a cabeça em um balde e ficar pelo resto dos seus dias. Ela nem precisava contar para Kenshin sobre a mancha de sangue no lençol, saiu sem querer.

"Oh..."

As palavras fugiram de Kenshin. Apesar das namoradas, ele nunca conviveu, ou melhor, morou com uma mulher tão intimamente dentro de sua casa até chegar nesse ponto. Ele pigarreou umas duas vezes, sem saber o que fazer.

Consola-la? Não consola-la? Correr? Não correr?

Ele esqueceu completamente que mulheres precisam de... coisas...mensalmente.

E pelo visto ela também esqueceu...

"Oh..."

Kaoru se sentou novamente, cruzando os dois braços na mesa de mármore e escondendo o rosto absurdamente vermelho. Kenshin, mesmo com medo de perder o braço, sim, as historias sobre TPM eram legendarias entre os homens, Kenshin colocou a mão devagarzinho no ombro dela. "Kaoru..."

Ela levantou o rosto envergonhadíssima.

"Olha...Escreve tudo que precisa em um papel, eu vou na farmácia buscar... Obviamente você não pode sair. A minha reunião só começa as nove, eu tenho tempo... Não se preocupe com o lençol, é o de menos..." Kenshin se curvou para ficar da altura dela, e com a maior paciência do mundo esperou a resposta de Kaoru.

Kenshin passava a mão no braço dela, como se fosse perder os dedos com uma mordida a qualquer segundo.

Kaoru rosnou feito um leão. "Masaka Kenshin...Menos"

"HAI! HAI!" Ele tirou a mão imediatamente.

"Só para constar, eu não fico raivosa quando estou menstruada, ok? Só fiquei realmente constrangida com a situação que me encontro... Não posso nem sair na rua para comprar minhas coisas... E fiquei apavorada de manchar um lençol caríssimo, de setecentos fios egípcios que não é meu... Minha droga de vida!" A voz de Kaoru agora não era de raiva, era de tristeza. "Minha vida está uma droga... O que eu vou fazer ? Como eu fui sair essa decepção para meu pai, uma decepção pra toda a família Kamiya? Eu sou tão imprestável e burra. Burra, burra!" Ela começou a chorar, e Kenshin não aguentava ver.

...Ok, bizarro... Irritada, deprimida...Daqui a pouco ela começa a rir...

"Pelo amor de Deus, Kaoru. Não fala uma coisa dessas... Essa casa é sua pelo tempo que você quiser... Sinta-se a vontade aqui e confie em mim. Lençol é o de menos. Eu tiro a mancha em um piscar de olhos. Eu estou do seu lado para o que você precisar...Mesmo que seja pra comprar...suas coisas..." A bochecha de Kenshin estava da cor de seu cabelo, vermelho fogo.

Kaoru sorriu, ainda fungando um pouco, ela riu. E os olhos de Kenshin ficaram tão espantados que pareciam girar. "Oro?"

Ela escreveu em um papel os itens que precisava, e o nome de um remédio para acalmar a maldita cólica e dor de cabeça.

Rapidamente Kenshin deixou o apartamento, prometendo que voltaria rápido. Ao ligar o carro, solicitou uma chamada por voz para pelo viva voz."Misao, por favor, me encontre em quinze minutos na farmácia Sumiré. Eu preciso da sua ajuda! É urgente!" Kenshin precisava de ajuda, e resolveria a questão de Misao saber sobre Kaoru também.

Kenshin prometeu que terminando a reunião, faria canja de galinha. Compraria bolsa de água quente, e um cobertor elétrico para que ela não tomasse friagem. E chocolate, ele leu em algum lugar que chocolate acalmava as mulheres nesse período de guerra hormonal.

Kaoru ficou no apartamento só imaginando a cena de Kenshin, parado na frente da prateleira do setor de higiene intima feminina, com vários pacotes de absorvente nas mãos sem saber exatamente qual e o que escolher. Dizendo "ORO!" com as bochechas em chamas. Kaoru nem imaginava que Misao acompanharia Kenshin nessa missão na seção de produtos femininos, senão ela teria uma crise de risos eternamente.

"BAKA!" Ainda com lágrimas nos olhos, Kaoru gargalhou sozinha dentro do apartamento, antes de ir para a lavanderia tentar resolver o problema da mancha no lençol.

^^x

Continua...


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