Acordei a noite, deitada numa cama que parecia minha. Era um apartamento em Fortaleza, mas eu nunca tinha estado lá. Sabia que era Fortaleza, pois era uma noite quente e ventava bastante. O quarto ao lado era dos meus pais. Olhei em volta e percebi que minha cabeça doía.

De repente, tudo veio à tona de uma vez. Lembrei dos acontecimentos anteriores e corri pra pegar meu celular. As lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto enquanto eu lembrava que meu relacionamento de dois anos e meio havia terminado.

Comecei a sentir falta de ar. Não havia oxigênio suficiente no quarto, então corri para a varanda, a fim de sentir o vento no rosto.

Era de madrugada, a sacada tinha uma porta de vidro que dava acesso a rua. Minha cabeça doía de maneira constante. Parei no meio da rua vazia e sentei no asfalto. Conseguia sentir a brisa do mar no meu rosto, onde as lágrimas ainda incessantes deixavam um rastro gelado. Respirei fundo e voltei a olhar o celular.

Ele havia me bloqueado e me excluído de alguns grupos com amigos em comum. Comecei a receber várias mensagens desses amigos perguntando o que tinha acontecido, se eu estava bem. Minha dor de cabeça começou a se transformar numa enxaqueca das piores. Minha mandíbula parecia estar fora do lugar, meus ouvidos latejavam e eu comecei a ficar tonta.

Entrei no apartamento e fechei a porta. Fui até o quarto dos meus pais pedir ajuda, mas o som parecia não sair da minha boca.

Tentei dizer que a dor era insuportável, que eu precisava ir ao hospital. Quando finalmente fui capaz de falar, recebi alguns resmungos como resposta.

"Está muito tarde pra isso. Volte a dormir que já vai passar".

Não sabia mais como fazer para ser levada a sério e numa última tentativa usei minhas forças restantes para chorar e gritar que não estava aguentando mais. Senti meu corpo desfalecer, a dor tomando conta de mim.

As paredes começaram a rodar, o escuro abraçou meus olhos, onde as lágrimas ainda brotavam e pude sentir que finalmente eu teria paz.