Annabeth e Piper foram comprar o almoço e nós ficamos esperando na mesa.

– Já ligou pra Rachel? – perguntei a Leo

– Desde quando Semideuses podem ter celular? – ele respondeu

– Desde quando ‘’eu sou maior de idade e faço o que eu quero’’.

– Não liguei.

– Por que?

– Toma Percy. – Annabeth estava colocando a comida na minha frente.

– Obrigada. – eu disse e ela deu um sorriso

– Comam rápido. – disse Hazel.

– Psiu. – disse Jason

– Quem você acha que é pra me mandar calar a boca? – ela se enfureceu com Jason

– Alguém que está com fome e que não tem pressa pra morrer. – ele disse e Leo conseguiu dar uma risada.

Leo foi o primeiro a terminar e foi esperar lá fora.

– Já volto. – disse Annabeth

Annabeth foi ao encontro de Leo. Eu não ouvi mas ela falou algo com ele e ele a abraçou forte.

– O que você disse a ele? – eu perguntei quando ela se sentou

– Ele sabe que suas escolhas podem ser perigosas, vocês são parecidos. Você daria a vida pra salvar alguém que ama, e ele também.

Eu refleti. E era verdade, eu preferia morrer a deixar Annabeth ou qualquer um dos meus amigos. Talvez esse fosse meu defeito mortal. A amizade.

– Então esse é meu...

– Sim. Seu defeito mortal. – ela concordou rapidamente

– Quem você acha que é o próximo a ser torturado?

– Não sei. Mas depende da ligação da pessoa. Eu não sei como Jason não viu o monstro que Piper via. Eles estão interligados. Tem um amor muito forte entre eles. Jason era pra ter visto o monstro mas não conseguir lutar contra ele. Como eu disse é na mente.

– Quer dizer que se uma pessoa amar muito outra, pode participar da tortura? Tipo camarote?

– Sim.

– Como você sabe?

– Jason me contou.

– Jason?

– Ele não é filho de Atena mas é tão inteligente quanto, nem eu sabia.

– Ah. Por isso Leo tem mais perigo de morrer, ninguém o ama tanto quanto Rachel eu acho.

– A profecia dizia que alguém ia morrer pela escolha errada. Ou pode morrer durante a tortura. Isso não temos certeza ainda.

– Porque não sabemos a profecia toda?

– Porque o destino da profecia nós que fazemos. O final ninguém sabe.

– Vão demorar? – perguntou Hazel da porta

– Estamos indo. – Annabeth falou e nós nos levantamos.

Ficamos andando por uns 20 minutos quando de repente Jason parou.

– Jason? – Perguntou Piper nervosa – o que foi?

Jason colocava as mãos nos ouvidos como se a vida dependesse daquilo (E dependia) ele não gritava, mas rolava no chão do lado pro outro e não tirava as mãos dos ouvidos.

– Percy! – exclamou Piper – o que está acontecendo? Faz parar.

– Afastem – se. – disse Hazel – Jason! Controle, pense em uma única coisa. Mire naquilo e não pense no barulho.

– Barulho? – perguntou Clarisse

– A tortura mais comum que existe. – falou Annabeth

– A pedra. – sussurrei

– O que? – perguntou Leo

– A pedra.

Jason continuava no chão. Ele tampava os ouvidos com força. E nós não ouvíamos nada, claro. Piper também não podia ouvir. Então talvez a teoria de Annabeth estivesse errada.

– Se ele não conseguir, é capaz de enlouquecer. – afirmou Clarisse – como Chris.

– Como? – Piper agora gritou – Enlouquecer? Como assim?

– PAREM! POR FAVOR! PAREM. – gritou Jason – EU NÃO AGUENTO MAIS.

Dava pena de ver isso. Foi certamente pior do que Piper. Jason chorava. Não tinha cortes pelo corpo. Piper chorava mais do que ele. O que me fez pensar o que ia ser na hora de Annabeth, o que será que ia ser?

– Parem... por favor... – Jason falava mais baixo agora. – por favor.

Ele apagou.