Hateful Nicola escrita por Finny Kun


Capítulo 3
Capítulo 2 - Quando a morte é a coisa mais cobiçada




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Fico cego por um tempo, eu não vejo nada. A luz penetra em meus olhos e finca em minha alma de maneira tão maravilhosa que chega a doer, e me faz transbordar em prazer e agonia, eu não vejo nada além de luz.

Meus olhos começam a se adaptar a imensidão brilhante presente em minha frente, como se fosse uma pessoa que eu gostaria de tocar, de envolver. Estamos em uma sala totalmente branca, eu não consigo ver o fim dessa sala, há vários quadrados brancos (prováveis azulejos, mas nada que eu possa afirmar com devida exatidão) de cerca de 4 metros quadrados cada um, eles envolviam todo o chão e o teto. Não havia uma parede visível.

Uma figura negra, que parecia uma interrupção em forma de desespero em meio a toda aquela esperança, ele usava um blazer preto, uma calça social e sapatos negros, todas suas roupas eram pretos, seus cabelos eram envolvidos por um chapéu tão negro quantos seus olhos, sua pele não era visível, estava coberta da cabeça aos pés.

Ellen é a primeira a sair da caçamba, com toda aquela luz, pude perceber melhor seus atributos, ela usava um moletom cinza com um símbolo estranho no meio, parecia um quadrado com linhas grossas cortado por um retângulo de linhas sutis e esbeltas, delicadas, quebrando o padrão grosseiro importo pelo quadrado ao retângulo.

Ellen era delicada, tanto quanto eu imaginava, suas mãos estavam delicadamente em sua barriga. Seu rosto mostrava um casório entre desespero e confusão. Ela deveria saber o que estava acontecendo.

Logo atrás de Ellen, Tony aparece, ele era monstruosamente maior que ela, suas mãos estavam repousadas em sua cintura numa ação desesperada de fingir saber o que estava acontecendo, seu cabelo arrepiado permanecia estático, assim como seu rosto. Assim como todo seu corpo.

Misha veio atrás de Tony, ainda abalada, suas mãos posicionadas de maneira brusca em sua face, impossibilitando ver seu rosto minuciosamente.

–O que você quer de nós? - Pergunta Tony, tentando impor alguma autoridade inexistente naquele momento -

–Olá, é um prazer conhecer você também, Sr. Tony - Sussurra a figura negra - Meu nome é irrelevante para vocês, nem vou gastar fôlego, saliva e energia para contá-los a vocês... Afinal, pessoas mortas não se lembram de nomes.

–Ridículo! - Berra Misha, colocando para fora todo o ar presente em seus pulmões - Onde estamos?

–No inferno! Vocês fizeram algo muito, muito mau, e eu espero que vocês saibam o que aconteceu - Ele solta um sorriso sarcástico, ele sabia que havíamos esquecido tudo - Pessoas como vocês não merecem uma segunda chance, merecem morrer ou apodrecer na cadeia - Ele hesita - Mas sabíamos que apenas morrer seria pouco para vocês, e que, do lado certo, o que vocês fizeram seria incrível, portanto, demos uma chance de tentar viver na cadeia.

–Está dizendo que vamos viver aqui... Para sempre? - Ellen pergunta, aflita

–Vocês irão, caso não queiram ir para nosso lado... Mas isso é um detalhe, venham comigo, vou apresentar o quarto de vocês.

O quadrado em que nós cinco estávamos encima começou a subir, ele subia lentamente como se alguém precisasse empurrar ele para cima. Eu olho para baixo, talvez morrer agora não seja uma má ideia, talvez eu possa poupar eles e a mim mesmo desse sofrimento, agora.

Ellen me segura.

–Não faça isso! - Ellen exclama - Eles nos deram uma segunda chance, não vamos desperdiçar!

O elevador finalmente vem de encontro com o andar superior. Duas beliches, as paredes pintadas de um azul penetrante e o céu vazado, nos possibilitando ter uma linda vista do céu. Isso não parecia o inferno.

Eu me sento na cama, desolado.

–Eu vou dormir aqui... Ok? - Eu digo -

–Eu quero ficar com Tony... - Diz Misha -

–Ellen, quer dormir encima?

–Sabe... - Ela diz com uma voz doce - Eu prefiro ficar embaixo, a altura não é uma das minhas maiores paixões... Você se importaria?

–I-Imagina! - Eu falho -

Onde estaríamos? Quem são eles? O que eu fiz? Meu cérebro quase cai em minhas mãos com essa montanha de perguntas, eu queria proteger eles, eu quero me proteger, eu não quero que nada de ruim aconteça a ninguém.

Não importa o que estaria para acontecer, algo em minha cabeça diz que eu preferia ter morrido, em algum lugar, não importa onde, não importa como. Minha sanidade e a sanidade de meus parceiros pareciam as coisas mais importantes no momento, seríamos capazes de conter o controle de nossas faculdades mentais?

Eu coloco meus pés na cama, me deito, olho para o céu. Está de noite. Coloco minha mão na cabeça e a única coisa que desejo naquele momento é que a morte venha me buscar.


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Notas finais do capítulo

Como sempre, espero que tenham gostado, no próximo capítulo tentarei trazer uma melhor descrição dos personagens, tanto fisicamente quanto psicologicamente