Percy

Bom, a novidade da semana estava em todos os corredores da escola: do nada, a diretora Gaia teve a ideia maluca de trocar o professor de filosofia, que era ótimo, só porque ele falou mal dela na sala de aula. E já tinham um novo professor. Um professor maluco. Todos ficaram assustados com a atitude de Gaia, inclusive eu, até lembrar que ela é toda ambientalista e vive plantando árvores, e vai saber que tipo de árvore ela planta.

"Ué, Percy, por que você fala tanto desse professor?" Bem... não o conhecemos, na verdade. Mas ele é casado com a mulher da cozinha, Deméter. Só sendo maluco para casar com essa mulher mesmo.

Eu, Annabeth e Luke andávamos até a sala de aula. E não, Annabeth não parou de sentir algo forte por Luke, na verdade, duvido que ela tenha percebido a presença de Luke ali. Estávamos andando e ele se juntou a nós sem uma palavra.

–Como acham que ele é? - Luke perguntou, nos fitando. Annabeth olhou para o lado com um pingo de nervosismo. É, ela já sabia que Luke estava ali.

–Não sei. Acho que vou me surpreender com ele. Vai que ele é bonito, charmoso... - Annie começou mas parou quando chegamos na frente da sala e lá estava o professor. Ele era moreno e tinha muitos cachos, tinha um nariz estranho, usava óculos retangulares e por trás deles, lentes de contato, uma vermelha e a outra amarela. Era magrelo e usava roupas verdes e bege. Bem longe do que Annabeth havia dito.

–Bom dia, flores do campo - Ele disse com a voz suave e nós nos entreolhamos, num olhar do tipo "Onde Gaia estava com a cabeça colocando esse maluco como professor?" (E sim, tem como dizer tudo isso por um olhar).

–B-bom dia - Annabeth sorriu, nervosa, entrando na sala de aula.

Vários alunos já estavam lá, sentei-me na primeira carteira livre que achei, que era a primeira carteira da segunda fileira da porta, e Annabeth se sentou atrás de mim, enquanto Luke fora sentar perto de Thalia.

–Olá, raios de sol - O professor sorriu quando todos já estavam na sala - Eu sou o professor Afonso Sunshine - Todos comprimiram risadinhas quando ele disse o nome, mas ele não percebeu - É ótimo trabalhar com crianças bonitas como vocês... vários tem uma aura limpíssima, outros, não... - Ele olhou para Nico com uma cara de pena que chegou a ser engraçado - Sem mais delongas, vamos a matéria... - Sua voz era extremamente calma e sonolenta, o que me deu vontade de dormir. E assim o fiz.

(...)

–Percy, acorda... Percy - Senti alguém me cutucar.

–Mais dois minutinhos, mamãe... - Resmunguei e voltei a enterrar minha cabeça entre os braços, pronto para voltar a dormir.

–ACORDA! - Uma voz masculina, mas esganiçada, soou em meus ouvidos me fazendo dar um pulo.

–Valdez! - Disse com a mão em um dos ouvidos.

–Jackson! - Ele sorriu e eu revirei os olhos.

–Vai, levanta dessa carteira logo, a aula de filosofia acabou e você aí dormindo, quase fui embora e te deixei aí - Annabeth disse brava

–O que ele disse? O professor? - Perguntei, arrumando o cabelo com as mãos.

–Ah, só ficou falando, tive vontade de dormir, sério. Agora precisamos sair da sala, tira essa bunda da cadeira - Ela ordenou e eu obedeci. Leo nos acompanhou até o refeitório e nos sentamos numa mesa com Lia, Luke, Nico, Hazel e uma garota que eu não reconheci. A maioria tinha faltado por causa da aula do professor novo e porque estava com um clima chuvoso, clima que por acaso Thalia adora. Ela e a garota que eu não conheço conversavam animadamente sobre morte, demônios, coisas assim. De leve.

–Gente, essa é a Bianca - Lia sorriu, apresentando-a.

–Oi, gente - A garota sorriu e fiquei a encarando - Eu sou irmã mais velha do Nico.

–Mas... ele é tão sombrio e você é tão... - Leo começou a procurar um adjetivo para descrevê-la, mas foi interrompido:

–Oi, eu sou a Annabeth, esse é o Percy, meu melhor amigo - Ela deu enfase no meu, o que me fez sorrir, finalmente desviando o olhar da aluna nova. Acho que eu fiquei a encarando por muito tempo... oops.

–Prazer em conhecer vocês - Bianca sorriu.

–É, é um prazer também... - Sorri e Annabeth me olhou com um sorriso, mas olhos assassinos - Que é? - Sussurrei

–Então, meu melhor amigo, poderia me dar o resto da sua maçã? - Perguntou-me. Estava começando a achar que algo estava realmente estranho com Annabeth.

–Claro... - Estendi a maçã para ela, que sorriu, acariciou brevemente meu ombro e saiu - O que ela tem?

Por algum motivo, não sei qual, todos reviraram os olhos e fizeram facepalms.

–As vezes você é muito lerdo! - Thalia me deu um tapa na cabeça.

–Ela está com ciúme, não é obvio? - Bianca perguntou. Até que ela se enturmou bem...

–O que eu fiz? - Olhei para as garotas com os olhos arregalados.

–Ela gosta de você, Perseu! - Leo disse, revirando os olhos - Te digo isso desde o seu primeiro dia aqui.

–Ela não gosta de mim, ela é minha melhor amiga e nunca daria bola para mim.

–Ah, eu vou atrás de Annabeth - Thalia empurrou a carteira e se levantou, sem antes sussurrar para mim: - Uma semana e cinco dias, e o tempo passa.

–O que ela quis dizer? - Luke, que foi o único que ouviu, perguntou-me depois que ela saiu.

–Longa história, Castellan... - Coloquei a cabeça entre as mãos e comecei a pensar no fato de Annabeth sentir alguma coisa por mim. O que é impossível. Mas mesmo assim, sorri com a ideia.

–Você está sorrindo que nem idiota, preciso me preocupar? - Luke me perguntou.

–Não, faço isso sempre - Dei de ombros e ele assentiu.

(...)

–Cara, você precisa sair mais com macho, você só anda com a Annabeth! Daqui a pouco surgem boatos que você é gay desse jeito, ou boatos que vocês namoram escondido de tudo e todos, mas não acredito nessa tese, se você estivesse comendo a Chase, já teria dito... - Luke dizia, gesticulando enquanto atravessávamos o portão da escola, Annabeth resolveu ir com Lia. Se eu estava preocupado, com medo de Thalia contar? Ah, não, imagina. (Sentiram a ironia, não é?)

–Luke, menos, bem menos... - Reclamei gesticulando com a mão algo como um "abaixa essa bola, cara"

–Tanto faz. Vamos lá para minha casa, jogar um video game, já que Annabeth vai passar a tarde com a minha namorada.

–Hum... 'tá, eu ligo para minha mãe quando chegarmos lá. Faz tempo que não vejo a May.

–Ainda não me recuperei da última vez que você foi lá - Ele riu alto.

–Ela ficou esmagando a minha cara perguntando se eu era você! É obvio que não se recuperou. Nem eu me recuperei, ri tanto quando cheguei em casa...

–Ela estava sem óculos.

–Ela só pode ser cega, então, porque nós dois somos muito diferentes.

–Bom... ela está de óculos hoje, então seu trauma não vai se repetir.

–Isso é ótimo - Eu ri, realmente havia pego um trauma daquele dia. Entrei em meu carro e passei a seguir Luke até sua casa.