Candidatos a Deuses escrita por Eycharistisi


Capítulo 74
Capítulo 74




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A primeira coisa que Bella fez ao sentar-se ao lado de Dest para almoçar, foi tentar pronunciar o seu nome verdadeiro, baixinho, a jeito de só ele ouvir. Mas de cada vez que ela inspirava fundo para tentar pronunciar a palavra, sentia um aperto na garganta estrangulá-la, fazendo o ar morrer-se-lhe nos pulmões e a boca secar-se-lhe. Quanto mais ela tentava dizer o seu primeiro nome, mais o seu corpo lutava para não o fazer, começando a tremer e a encher-se de suores frios.

Acabou por desistir, engolindo em seco. Olhou para os seus amigos, todos em redor da mesa, conversando animadamente. Exceto Ónix que, como ela, estava tenso e com uma expressão preocupada. Os seus olhos cor de âmbar estavam caídos para o prato, mas, de vez em quando, erguia-os para vigiar o ambiente em redor.

Bella soltou um suspiro quase impercetível e baixou o olhar para o seu prato.

– Estás bem, Bella? – perguntou Dest, reparando no seu estado.

– O q… Oh! Sim, sim, estou bem – disse ela, rápida e nervosamente.

– Não pareces bem – insistiu ele, com um pequeno sorriso, poisando uma mão sobre a mão com que Bella segurava a faca – O que se passa? Sabes que podes contar-me tudo.

“Não, não posso”, gemeu Bella no interior da sua mente.

Comprimiu os lábios, fechando os olhos por um segundo.

– Não é nada, Dest – disse Bella, tentando dirigir-lhe um pequeno sorriso tranquilizador.

Os seus olhos encontraram-se no momento em que ela olhou para ele, aqueles lindos olhos azuis brilhando para ela, acompanhando o sorriso quente dos seus lábios perfeitos. A coisa que ela mais queria era contar-lhe que as Parcas estavam ali naquele preciso momento, prontas para matá-lo e aos restantes deuses da profecia. Mas não conseguia… Não conseguia contar-lhe do mesmo modo que não conseguia imaginar a sua vida sem ele. Acreditava completamente quando ele dizia que era a sua alma gémea, porque ela sentia-se assim mesmo. Como se fosse a alma gémea dele.

Dest afastou ternamente uma madeixa de cabelo de Bella para trás da orelha dela.

– Falamos depois, okay? – murmurou ele, naquele tom brando e suave que sempre a derretia toda.

Bella acenou, dirigindo-lhe um pequeno sorriso antes de ambos voltarem a concentrar-se nos seus pratos.

Olharam todos para Softhe quando ela deixou cair a pequena colher de sobremesa na taça que antes estivera recheada com um delicioso doce de três camadas: bolacha esmagada, natas e doce de morango com pedaços. Soltou um suspiro satisfeito e recostou-se na cadeira, reparando depois que tinha os olhos de toda a gente em redor da mesa poisados em si.

– Esta coisa é boa! – disse ela, em sua defesa – Será que consigo ir lá roubar mais uma taça? – questionou-se ela, olhando na direção em que estava um pequeno amontoado de taças com doce.

– Nem penses – disse Shark de imediato – Levas logo com uma colher de pau na cabeça. As regras são claras: uma taça de doce por pessoa. Mais nada.

– Mas esta coisa é tão boa – disse Softhe, fazendo um beicinho amuado – E estão ali tantas taças! Aposto que ninguém vai comer aquilo e que vai tudo para o lix…

Calou-se de repente quando viu uma mão grande e forte poisar uma nova taça de doce no seu tabuleiro. Seguiu com o olhar o braço, até ao ombro e depois ao rosto, sem querer acreditar.

– Podes ficar com o meu – murmurou Burn, recolhendo a mão lentamente – Não me apetece mais.

– Quê?! – exclamaram Shark, Snow e Ónix ao mesmo tempo, sem querer acreditar.

Um silêncio desconfortável instalou-se na mesa, com toda a gente a olhar para um Burn silencioso que mantinha a cabeça baixa, os cabelos tapando-lhe o rosto.

– Ah! – exclamou Softhe, chamando todas as atenções para si – Obrigada, Burn.

– De nada – murmurou ele, antes de pegar no seu tabuleiro e o ir poisar na bancada própria para isso.

Depois saiu do refeitório, ainda com a cabeça baixa, talvez por sentir os olhos arregalados dos seus amigos ainda poisados em si.

– Aquilo… foi muito estranho – disse Snow.

– Podes crer – concordou Ónix.

– Onde está a Gina? – perguntou L, dando-se de repente conta de que a rapariga não aparecera para almoçar.

– Não faço ideia – admitiu Lilás, encolhendo os ombros.

– Niko? – insistiu L.

– Não sei – murmurou ele antes de se levantar, ainda com metade do comer no prato.

– Hey, hey! – exclamou Softhe, apontando-lhe uma colher suja de natas e doce de morango – Se não vais comer o doce, dás-mo, né?

– Querias – provocou Hisui, levantando-se de repente e roubando a taça de doce do tabuleiro de Niko – É a minha vez de comer dois.

Softhe fez cara feia e as duas começaram uma pequena e simpática briga por causa do doce.

Enquanto os outros assistiam e se riam das figurinhas daquelas duas, Bella e Ónix trocavam um olhar aterrado.

Poderia ser algo provocado pelo stress de saber que as Parcas estavam ali, mas tinham um péssimo pressentimento em relação ao desaparecimento súbito de Gina. Não era normal Niko não saber onde ela estava, uma vez que andavam sempre juntos. O ar abatido do rapaz ao ir-se embora sugeria uma discussão entre eles ou algo semelhante, mas… e se houvesse algo mais? Seria possível que as Parcas já a tivessem encontrado? Seria possível… que Gina estivesse já morta?

Começou a ofegar, o corpo enchendo-se de suores frios enquanto imaginava o corpo sem vida de Gina a flutuar algures no mar. A profecia perdida. E a culpa seria toda sua! A culpa seria sua por não ter avisado os seus amigos de que as Parcas estavam ali escondidas!

Sentiu um pé tocar no seu por baixo da mesa e ergueu o olhar para Ónix, que estava na sua frente. O rapaz negro estava mais pálido que o costume quando fez um pequeno gesto com a cabeça na direção da porta do refeitório.

Bella olhou e sentiu-se também ela empalidecer ao ver uma rapariga de cabelos verdes entrar, logo seguida por uma ruiva e uma morena.

O olhar das Parcas percorreu a divisão lentamente e Bella sentiu um arrepio frio percorrê-la quando os olhos delas se encontraram com os seus. Mas elas ignoraram-na. Logo os seus olhos se fixaram em Dest, ao seu lado. Em Tech logo de seguida. Depois em Hisui. E, finalmente, poisaram em L.

– E… eu tenho de ir – disse Bella, levantando-se de repente e pegando no seu tabuleiro.

– Onde? – admirou-se Dest.

– T-tenho um trabalho da guarda para fazer – murmurou vagamente, afastando-se logo de seguida.

Deixou o seu tabuleiro e saiu da divisão com passadas deliberadamente calmas, vigiando as Parcas pelo canto do olho, que estavam a recolher os seus próprio tabuleiros, preparando-se para almoçar.

Assim que fechou a porta do refeitório atrás de si, Bella desatou a correr pelos corredores.

Gina. Tinha de encontrar Gina!


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