Candidatos a Deuses escrita por Eycharistisi


Capítulo 75
Capítulo 75




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– Ai, as horas! – exclamou Circe, levantando-se de repente – Tenho de ir, vou ter aula a seguir e ainda não fui buscar as minhas coisas…

– Aula? – perguntou Snow, admirado – Ninguém tem aulas à tarde.

– Eu tenho. As aulas avançadas – lembrou-o Circe, pegando no tabuleiro – Vemo-nos depois, malta!

Circe entregou o tabuleiro na bancada e depois correu para fora do refeitório. E logo no momento seguinte uma rapariga de cabelos verdes aproximou-se, segurando um tabuleiro nas mãos, com duas outras raparigas atrás, uma ruiva e uma de longos cabelos castanhos avermelhados.

– Desculpem, mas podemos sentar-nos com vocês? – perguntou a rapariga de cabelos verdes, numa voz muito fininha mas suave, lançando um sorriso estonteante a Snow.

– C-claro! – aprontou-se o rapaz, fazendo um sorriso muito sedutor assim que recuperou da surpresa.

– Há muitas mesas vazias onde se podem sentar – disse Ónix, de repente, lançando um olhar algo ameaçador às três raparigas. Sem os outros verem, as Parcas retribuiram-lhe o olhar, mas vitorioso.

“Raios”, praguejou Ónix, na sua mente, ao dar-se conta do erro que cometera. Ao tentar afastar as Parcas, era óbvio que ele estava a tentar esconder algo. Se antes as Parcas tinham dúvidas quanto ao facto de quem seriam os deuses da profecia, agora essas dúvidas deveriam estar completamente anuladas.

– Ora, ora, Ónix, não sejas mal-educado – pediu Shark, lançando um sorriso muito sedutor à rapariga de cabelos castanhos avermelhados, em resposta ao sorrisinho que ela lhe estava a fazer – Não há problema nenhum em elas se sentarem junto de nós.

– Obrigada – agradeceu a rapariga de cabelos verdes, naquela voz que poderia pertencer a um anjo.

Ela e as duas amigas sentaram-se nos lugares vagos e começaram a preparar-se para comer.

– O meu nome é Erbma – apresentou-se a de cabelos verdes, com mais um sorriso de cortar a respiração.

– O meu é Ettolrahc – disse a de cabelos castanhos avermelhados, com um pequeno sorriso.

– Eu sou a Il – apresentou-se a ruiva, com um sorriso tímido.

– Eu sou o Snow – apresentou-se o Deus Adepto da Morte – E aquele é o Shark, o Ouro, o Ónix, o Dest, o Tech, o Lilás, e depois as meninas são a L, a Hisui, a Softhe, a Yngrid, a Saya e a Elpída – continuou ele, apontando as pessoas à medida que dizia os nomes.

– Olá, muito prazer – disse Erbma, sorrindo, logo seguida pelos “olás” de Ettolrahc e Il.

– Nunca vos tinha visto antes por aqui – comentou Shark – É estranho, porque não são muitas as pessoas a ter cabelo verde e as que têm saltam logo à vista.

– E não é só isso – acrescentou Snow, com um novo sorriso atrevido – É difícil raparigas tão bonitas passarem-nos despercebidas por tanto tempo.

Os outros rapazes concordaram, fazendo as três novas raparigas ficarem envergonhadas, enquanto as outras trocaram olhares desagradados. L e Hisui lançaram olhares muito carrancudos aos namorados e até Saya ergueu uma sobrancelha na direção de Lilás. Mas eles nem sequer estavam a olhar, estavam todos muito concentrados nas outras raparigas.

– Bem – murmurou Il, depois de pigarrear levemente, ainda muito corada – Este é o nosso primeiro ano cá e nós não temos andado muito pela escola.

– Costumamos almoçar depois de todos já terem almoçado – acrescentou Ettolrahc – Para ficarmos descansadas.

– Continua a ser estranho, nós ficamos sempre até tarde no refeitório, a conversar – disse Shark, pensativo.

Ónix escondeu um sorriso vitorioso.

“É isso mesmo, Shark… Continua a questioná-las e acabarás por as desmascarar”. Ou, pelo menos, assim esperava Ónix. Pelo modo como todos os rapazes estavam enlevados com a nova companhia feminina, talvez não chegassem lá. Por outro lado, as raparigas pareciam não estar muito contentes com as “infiltradas”, com certeza que estavam a tomar atenção à conversa para daí conseguir tirar algo que usar contra aquelas três. De certeza que elas notariam as respostas vagas e sem sentido das Parcas disfarçadas.

* * *

Quando Bella chegou ao jardim, não havia sinal de Gina. Estava prestes a entrar em desespero, não conseguia encontrar a rapariga em lado nenhum. Mas ainda havia um sítio em que ela não procurara: os quartos. Felizmente que, por ser uma guarda de Atlantis, não tinha de se preocupar com o facto de saber ou não a senha de um quarto. Quando entrou na cápsula que usaria para se transportar, bastou-lhe desejar ir para o quarto de Gina, concentrando-se com toda a força na imagem que tinha do rosto da rapariga.

No segundo seguinte, estava na frente da porta do quarto de Gina, batendo três vezes, de punhos cerrados.

– Gina? – chamou, ansiosa.

Esperou alguns segundos, os quais lhe pareceram uma eternidade, de respiração suspensa. Até que, para seu alívio, a porta se abriu e Gina lhe lançou um olhar muito zangado.

– Que me lembre, não te dei a senha do meu quarto – disse ela, estreitando os olhos ameaçadoramente.

– Desculpa – começou logo Bella por dizer – Mas estava à tua procura.

– Para? – perguntou Gina, erguendo uma sobrancelha.

– Hã… – fez Bella, dando-se conta pela primeira vez que não tinha nenhuma desculpa para estar tão aflita à procura de Gina. Gostaria de lhe dizer a verdade. Mas não conseguia – P-por nada, fiquei preocupada quando não foste almoçar e queria saber se estava tudo bem contigo.

Gina ergueu ainda mais a sua sobrancelha.

– Estou bem – disse ela – Agora, deixa-me em paz.

E fechou a porta com força.

Bella nem se importou, tão aliviada que estava por Gina estar bem. Estava já no Átrio quando ouviu o toque alegre do seu telemóvel a avisar de uma nova mensagem. Retirou-o rapidamente do bolso da saia do uniforme e abriu a mensagem de Softhe.

#Devias correr p’ro refeitório. Uma miúda de cabelo verde e as duas amiguinhas ‘tão a tentar roubar-nos os rapazes.

Bella sentiu-se empalidecer.

– Dest – murmurou, sem fôlego, começando de imediato a correr. Nem sequer se importou com os castigos que as gémeas lhe poderiam aplicar, por recorrer ao seu poder de Deusa Dadivada da Guerra para correr como um relâmpado até ao refeitório, chegando lá em tempo recorde.

Quando entrou, viu o seu pior pesadelo: as Parcas a conversar amigavelmente com os seus amigos, todos os rapazes completamente encantados por elas, exceto Ónix, que estava tão pálido que parecia ir desmaiar a qualquer instante.

Respirando fundo para se acalmar, Bella aproximou-se. Dest nem reparou, tão concentrado que estava nas malditas Parcas.

– Dest – chamou Bella, poisando uma mão no seu ombro.

– Oh… Bella – murmurou ele, reparando por fim que ela estava ali.

– Vamos dar uma volta? – convidou, resistindo à tentação de lançar um olhar ameaçador às Parcas.

Dest, por seu lado, olhou para elas, quase como se estivesse triste por ter de as deixar.

– Não tinhas um trabalho da guarda para fazer? – perguntou ele, voltando a fixá-la.

Desta vez, a pontinha de esperança patente na voz de Dest fê-la mesmo lançar um olhar ameaçador às Parcas.

“O que é que vocês fizeram à cabeça do meu namorado, suas cabras?!”, rosnou para si mesma.

– Uma outra rapariga ocupou-se disso – disse – Anda, vamos… Já há muito tempo que não temos um tempinho para nós – acrescentou ela, baixinho, só para Dest ouvir, tentando fazê-lo com uma voz sedutora.

O rapaz tornou a olhar para as Parcas, antes de soltar um suspiro e se levantar.

– Okay – murmurou ele, em tom levemente abatido.

Bella puxou-o atrás de si para fora do refeitório e depois entrou na primeira sala vazia que encontrou. Dest nem sequer se tentou agarrar a ela, ficou simplesmente a olhá-la. Franzindo o sobrolho, Bella pegou na t-shirt sobre o seu peito e empurrou-o com força, até ele embater com as costas contra a parede.

– Au! – queixou-se, revoltado.

Decidindo seguir o plano de não saber quem na realidade eram aquelas raparigas, Bella perguntou, de dentes cerrados:

– Quem são aquelas miúdas?!


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