Candidatos a Deuses escrita por Eycharistisi


Capítulo 1
I


Notas iniciais do capítulo

Esta é uma história que postei no AD já há MUITO tempo, mas da qual gosto tanto que decidi postar aqui também :3 Como já está terminada, vou programar os capítulos todos, para que seja postado um por dia, okay?

Alguns avisos já estão feitos nas notas da história, mas há ainda mais algumas coisas que devem saber, nomeadamente o conceito dos três nomes, os estatutos dos deuses e as regras de Atlantis.
Vamos começar já com estas últimas e as restantes irão para as notas finais, 'tá? :3
De qualquer modo, espero que gostem! :D

Regras de Atlantis
Nunca, em situação alguma, revelar o seu primeiro nome
Nunca, em situação alguma, revelar o seu poder
Nunca, em situação alguma, usar o seu poder
Nunca, em situação alguma, quebrar as regras



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Eram seis e meia da manhã e o sol estava a nascer. O céu coloria-se de dourado e laranja enquanto aquele disco de um dourado desmaiado espreitava por detrás da floresta densa, revelando os primeiros traços de azul-claro no azul-escuro da noite. Uma brisa suave de final de verão corria por ali, fresca e húmida, agitando os ramos das árvores e as folhas dos pequenos arbustos.

“Um belo dia para me despedir da Terra”, pensou Helena, inspirando profundamente o ar puro da madrugada.

Era chegado o dia. O dia por que Helena esperara toda a sua vida. Dentro de poucas horas, estaria na END, a Embaixada Nacional Divina, fazendo os testes que lhe abriram (ou não) as portas de Atlantis, a escola que a ensinaria a tornar-se uma deusa.

Desde que se lembrava de ser gente que ela desejava tornar-se uma deusa. Tal como tantos outros milhões de pessoas. Todos o desejam e, numa primeira análise, parecia ser um sonho ao alcance de qualquer um. Parecia simples quando se dizia que bastava fazer os Testes para entrar em Atlantis. Mas Helena sabia que não era assim tão fácil. Sempre se mantivera atualizada no que dizia respeito a Atlantis e aos Testes e sabia que sempre se inscreviam milhões de jovens, de todos os cantos do globo. Mas só um número muito reduzido entrava.

Ainda assim, Helena estava confiante. Depois de tudo o que ela e Sofia, a sua melhor amiga, tinham estudado, era impossível que não passassem nos Testes.

Helena verificou rapidamente o relógio de pulso, constatando que eram já seis e quarenta e cinco. Estava na altura de se meter a caminho. Portanto, levantou-se do capô do carro, onde estivera sentada, e entrou no pequeno veículo de dois lugares. Ligou a ignição e logo estava a serpentear pelo meio da floresta, descendo a serra e regressando à cidade. Parou na frente da casa de Sofia e apitou, fazendo uma rapariga saltar logo porta fora e correr para si.

— Olá, minha querida amiga – cumprimentou Sofia, com um grande sorriso, enquanto prendia o cinto de segurança.

— Oi – respondeu Helena, com um pequeno sorriso, enquanto arrancava de novo.

Sofia ajeitou-se no banco, sacudiu a franja e respirou fundo, concentrando-se e acalmando-se. Era uma rapariga de estatura mediana, um corpo elegante, longos cabelos castanhos lisos e olhos da mesma cor. Enfim, tinha um aspeto em tudo banal, ao contrário da sua melhor amiga.

Helena tinha curtos cabelos vermelhos e olhos roxos, duas cores muito invulgares. Havia quem dissesse que isso era um sinal de que ela descendia dos deuses, mas a rapariga tinha as suas dúvidas. Era certo que não sabia quem eram os seus pais, abandonada por eles à nascença, mas, até aos seus dezasseis anos, altura em que fora emancipada, vivera com a irmã da sua mãe. E a sua tia era do mais humano que poderia existir e garantia que também a mãe de Helena o era. Quanto ao pai, a sua tia preferia não falar nele. Das poucas vezes que o fizera, rogara-lhe tantas pragas que Helena não tinha quaisquer dúvidas quanto à má opinião que a tia tinha dele. Chamara-lhe vagabundo, inútil, um canalha, e esses eram somente os nomes mais simpáticos. Esses eram também nomes que a sua tia gostava de aplicar a Helena sempre que a oportunidade surgia, para além de algumas pancadas com a pesada colher de alumínio com que a tia servia a sopa.

Assim, Helena preferia pensar que o seu passado não existia. Nem sequer sentia curiosidade em saber quem eram os seus pais que, tanto quanto se sabia, não tinham qualquer tipo de razões para a abandonar. A não ser que não a quisessem e ponto final.

— Nem os teus pais te quiseram, vê lá tu! – gritava muitas vezes a sua tia, enquanto ralhava com Helena. E a rapariga não a podia desmentir...

— Nervosa? – perguntou Sofia a Helena, quando estavam prestes a entrar na autoestrada.

— Nem por isso – negou Helena – Estudámos imenso. Não há razões para não passarmos.

— É, deves ter razão – murmurou Sofia – E quanto ao teu terceiro nome? Já pensaste no que será?

Helena acenou.

— L.

— L? – repetiu Sofia – Mas viraste o detetive do Death Note ou quê? Porquê L e não Lena, como sempre te temos chamado?

Helena riu-se suavemente enquanto engatava a quinta mudança e acelerava pela autoestrada.

— Não, não virei detetive – negou ela – Mas pensei que era altura de mudar. E se sempre aproveitaram a última parte do meu nome para me dar uma alcunha, decidi usar a primeira parte. Que daria Hele. Mas para quê quatro letras quando posso resumir tudo a uma, quase com a mesma pronúncia? L está bem para mim.

— Tu lá sabes – resmungou Sofia – Sabes como será o meu?

— Como?

— Softhe – disse Sofia, fazendo um gesto com a mão como se estivesse já a ver o nome escrito na primeira página das revistas.

— Tenho pena de ti – disse Helena, desviando os olhos da estrada por um segundo para lançar um sorriso malandro à amiga – Esse nome não fica no ouvido. Não vai fazer furor em Atlantis. L é muito mais fácil de fixar e tem muito mais impacto.

— Vai sonhando – disse Sofia, com ares de superior, agitando a sua franja.

Helena riu-se maldosamente e depois continuaram a conversar, mais propriamente a provocar-se, durante toda a viagem. Chegaram a Lisboa por volta das dez e meia e depois andaram um pouquinho às voltas até dar com o edifício da END.

— Uau – murmurou Sofia, quando se deparam com uma fila que se estendia desde a grande porta dupla do edifício até meio quilómetro (ou mais!) para lá dele.

— Vai ser difícil arranjar estacionamento – constatou Helena com um pequeno resmungo, virando o volante – Eu disse que era melhor virmos de comboio!

— E fazer aquele caminho todo a pé, desde a estação até aqui? – admirou-se Sofia – Não me parece.

— Era mais fácil, mais barato e fazia-te bem – defendeu a amiga.

— Olha, vê o lado positivo – pediu Sofia – Aquela fila vai demorar imenso tempo a desaparecer e acho que não vale a pena nós irmos já para lá. Portanto, podíamos aproveitar para lanchar, já que não paramos durante a viagem, e dar uma voltinha por aquele centro comercial ali – disse ela, apontando para o enorme centro comercial que havia mais à frente.

Helena soltou um suspiro.

— Okay, feito – cedeu – Mas depois deixamos lá o carro e vamos a pé até à END.

— Okay – cedeu Sofia, com um sorriso satisfeito.


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Notas finais do capítulo

Regra dos três nomes:
1.º Nome: Nome real da pessoa, nome que a pessoa já tem ao nascer, que lhe está escrito no sangue e define quem a pessoa verdadeiramente é. Revelá-lo a outrem é um ato de extrema confiança, uma vez que dá total controlo sobre a pessoa.
2.º Nome: Nome dado pelos pais ao nascer. Quando revelado a seres paranormais, eles poderão usá-lo para influênciar, deter algum controlo sobre a pessoa. Este nome perde as suas propriedades quando é escolhido o terceiro nome.
3.º Nome: Nome que a pessoa adota para si mesma, para proteger o seu segundo nome.

Os deuses encontram-se divididos em três estatutos:
1.º Deuses Supremos: deuses que já nascem com os seus poderes despertos e que detêm total controlo sobre aquilo que os seus poderes englobam.
2.º Deuses Adeptos: deuses que nascem com pequenas parcelas de um qualquer poder, que desperta ao entrar em contacto com os Deuses Supremos que detém os mesmos poderes que eles. A sua missão é ajudar os Deuses Supremos.
3.º Deuses Dadivados: humanos a quem são dados poderes para poderem ajudar os Deuses Adeptos e/ou Supremos



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