Cartas para Hope escrita por Skye Miller


Capítulo 25
Twenty Five.


Notas iniciais do capítulo

OLÁ AJINHOS.
Estou toda animada, ufa. Então, obrigada por quem comentou no capitulo passado, muito obrigada mesmo! E desculpem não ter postado semana passada, mas havia acontecido uns bagulhos e tals.
Então, dia 24 a fic faz um ano, que tal se até lá vocês não enviassem plaquinhas escrito "#1YearCPH" ???? eu ia amar, sério. Sério mesmo. Se quiserem mandar, tem a dm do meu twitter: @butsteele, tem o meu e-mail karol.santoos1@gmail.com e tem meu wpp: 099991135847

Bom, é isso, espero que gostem do cap.
Obs: Tem uma parte do cap que é... hm... então... é hot e não é hot, enfim, eu vou avisar com dois ** quando começar, pra quem não quiser ler e pular pq né, ninguém é obrigado a nada.



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Eu tenho três desejos. Eles são bem simples, não são nada demais. Eu juro.

A primeira é ser convocada para dançar balé em alguma grande agencia em Nova Iorque. Mesmo que por um dia, mesmo que por uma hora, mesmo que por míseros segundos. Tudo bem que odeio aquela cidade, mas ela é Los Angeles para mim, onde meus sonhos poderiam se realizar.

A segunda é que eu nunca, em hipótese alguma, deixe o meu lado Hope Stonem morrer. Ele pode ficar esquecido por um longo tempo, mas ainda continuará lá, bem no fundinho do meu ser. Nunca seria capaz de deixar minha identidade para trás.

E a terceira é que meu pai aprove o meu namorado. Certo, isso até poderia ser algo bem fácil visto que ele vem de uma família rica, é inteligente e muito charmoso. Mas tem um probleminha mínimo.

Ele é meu irmão.

Certo, não totalmente, não de sangue. Mas continua sendo meu irmão.

E isso me enlouquece.

– Você está pronta? – Acho graça da maneira despreocupada como Henry fala, como se nada nem ninguém no mundo pudesse nos separar. Eu nunca estarei pronta para enfrentar uma coisa tão grandiosa como essa. – Vai ficar tudo bem, eu prometo.

Isso é tão ridículo e engraçado ao mesmo tempo. Essa coisa de prometer algo que não poderá cumprir, ainda mais quando a situação tem circunstancias que ninguém consegue prever. Meu pai pode ficar uma fera, ou pode aceitar normalmente. Estou apostando na primeira opção.

– Eu estou com medo. – Confesso olhando o final da escada, controlando minhas mãos e pés para que parem de tremer. . Quando Henry coloca sua mão sobre a minha e aperta fortemente eu respiro fundo e acabo assentindo de uma maneira não muito convincente. – Certo, tudo bem, tudo bem, vamos lá.

– Essa é a minha garota.

Fico aliviada e apavorada quando encontro John e Cassie na cozinha. Meu pai lê um jornal tomando uma xícara típica de café e minha mãe põe mel sobre a panqueca. Eles parecem aqueles casais de família de comerciais de margarina, onde são todos lindos e felizes. Se encaixam perfeitamente no papel.

Henry continua segurando minha mão e eu a tento puxar, pois estou muito constrangida e nervosa, mas ele aperta ainda mais e me puxa para perto. Sou muito mais baixa que ele, pareço uma criança ao seu lado. Meu corpo inteiro entra em combustão quando minha cabeça se choca em seu peito.

Meu Deus. Eu vou morrer, sim, vou morrer. Isso vai me matar, isso vai acabar me matando, claro que vai.

– Sabia que café deixa os dentes escuros? – Henry pergunta e eu engulo em seco sentindo sua respiração contra meu ouvido. Meu pai resmunga algo e continua a beber o café. – Sendo esposo de uma dentista você já deveria saber disso.

– Ah, querido, já falei tanto disso para o seu pai e ele simplesmente... – Minha mãe para de falar quando nos vê. Ela quase deixa o pote de mel cair no chão, pois olha fixamente para nossas mãos entrelaçadas e não percebe o mel derramar na toalha da mesa. – Mas que merda!

É engraçado ouvir Cassie falar palavrões. Não combina com suas feições angelicais e os olhos cinzas, e ela quase nunca diz alguma ofensa ou algo do gênero. Não combina com sua idade e muito menos com seu status social.

– Temos um comunicado a fazer. – Ergo a voz até que John olha para nós. Ao contrario de Cassie, que continua a limpar a mesa, ele apenas fica nos olhando fixamente esperando que eu continue. – É algo importante e espero que vocês compreendam toda a situação.

– Na verdade, temos dois. – Henry me interrompe e eu automaticamente giro a cabeça em um ângulo sinistro para olhar para ele. – Eu acho que você vai gostar, mãe.

– Temos três. – Ergo a voz novamente, dessa vez muito irritada. Como Henry ousa fazer uma coisa dessas e nem ao menos me avisar? E o que ele tem a dizer que é tão mais importante que nosso relacionamento? – Quais vocês querem ouvir primeiro?

– A do Henry. – John dobra o jornal calmamente, bebe um gole da café e aponta a xícara para Henry. – Fala logo moleque.

Henry não se deixa abater pela maneira como John se dirige a ele, na verdade, exibe um sorriso radiante e me aperta conta ele quando começa a falar.

– Eu ganhei uma bolsa na universidade federal. – Solto um suspiro audível e minha mãe deixa o pote de mel realmente cair no chão. Meu pai continua impassível com uma mão sobre o queixo. – Bem, Ethan, Charlie e eu. Vocês sabem que nós somos os melhores jogadores de basquete da Walter, então era meio obvio que isso aconteceria. Por isso não me matriculei na universidade central de Minneapolis. – Ele para de falar e olha para mim. Estou sorrindo feito uma boba, radiante por essa noticia. Sei o quanto ele queria isso, o quanto ele preferia ir para uma universidade federal e não particular. Mas estou um pouquinho furiosa por ele não ter me contado isso antes, já iria me prevenir para não ficar tão embasbacada. – Eu quero ser escritor. Vou fazer inglês; língua e literatura.

Quero abraça-lo bem aqui. Quero beija-lo bem aqui. Loucamente, bem aqui. Mas não posso fazer isso, não quando John está olhando-o tão ameaçadoramente, como se a qualquer segundo fosse pular em seu pescoço e o torcer ao meio.

– Mais uma decepção, Henry. – John diz tão friamente que meus poros se arrepiam e eu aperto o casaco de Henry com força. – Eu já deveria esperar por essa. Deveria esperar por essa conversinha de baitola. Ora essa, um filho meu, escritor. Não seja ridículo. Seu lugar não é mofando atrás de um computador ou uma maquina velha escrevendo histórias sem sentindo que ninguém nunca irá ler; seu lugar é ao meu lado administrando a Adams Advocacia.

– EU NÃO QUERO ADMINISTRAR AQUELA DROGRA DE EMPRESA! – Henry grita furioso e eu me aperto ainda mais contra ele. Meu pai se levanta e aponta um dedo em sua direção, mas antes que possa falar algo Henry o interrompe sussurrando. – Você nunca menos perguntou se eu queria isso para mim, nunca parou para pensar que eu não sirvo para isso. Que eu odeio trabalhar com você, pois você é abusivo, e eu me pergunto se você é mesmo a droga do meu pai.

– Escuta aqui moleque...

Antes que John possa atravessar a cozinha e encostar um dedo em Henry eu começo a falar.

– Agora é a minha vez, não é? Agora é a minha vez de dar uma noticia. – Falo apressada bloqueando o caminho do meu pai. Não quero que ele faça mal algum contra Henry, quero que ele nunca mais toque um dedo sequer nele. – Sabe quem vai administrar a droga da sua empresa? Essa estúpida empresa, que é como um inferno para Henry? Eu. Isso mesmo, a patética aqui. Seu machista idiota! Eu te amo muito, pai, muito mesmo, mas às vezes você é uma pessoa tão repugnante que não olha nada ao redor. Não percebe as coisas que passam diante dos seus olhos. Não quero fazer música, nem balé, nem educação física, nem medicina ou qualquer outra coisa. Eu quero fazer direito. Sempre foi algo que eu quis. Sempre quis ser justa. Sempre quis ser do tipo defensora. E você nunca, nunca percebeu isso. Na verdade, acho que ninguém nunca percebeu. Pois ficou dentro de mim, e agora está me sufocando tanto, tanto, tanto, tanto. Estou libertando essa louca vontade, estou libertando a Hope Elizabeth Stonem. – Todos olham para mim pasmos. Henry pisca os olhos repentinamente, meu pai continua com um dedo erguido no ar, como se tivesse esquecido qual o próximo passo a fazer e minha mão está encostada na bancada tentando se manter estável. – Você sempre me viu como uma criatura tão pequena, tão imatura, que nem sequer pensou em me colocar no lugar de Henry. É só por que sou mulher? Ou por que não pareço inteligente o suficiente? Ou será que é por que não sou sangue do seu sangue? Não sou uma legitima Turner Adams? – Disparo a falar, sentindo meu rosto esquentar e minhas entranhas se apertarem. – Me inscrevi no curso de direito, pai, e só para você saber, eu passei na prova. Eu passei na droga da prova, pai. Eu sou capaz. Eu sou estupidamente capaz. Espero que você nunca mais trate Henry assim, ouviu bem? Nunca mais, ser escritor é uma dadiva, é um dom. Você deveria se orgulhar do filho que tem e se envergonhar do seu comportamento ridículo.

Há um longo intervalo de tempo em que o silêncio reina. Aquele silêncio sinistro, em que tudo o que você pode ouvir é o som da sua respiração e do seu coração. Aquele silêncio em que todos ficam esperando alguém interromper. Aquele silêncio de partir o coração, de fazer seu corpo inteiro tremer e o seu rosto pegar fogo pelo medo de ter falado algo errado ou exagerado. Aquele silêncio de matar qualquer um.

– Quem quer uma xícara de chá? – Eu admiro muito a capacidade que a minha mãe tem em amenizar as coisas, mesmo que sejam mínima. Suas mãos tremem, e ela fica olhando de Henry para mim todo segundo, sem conseguir disfarçar a sua alegria, constrangimento e preocupação. – Eu fiz panquecas, com mel e...

– Cassie. – Meu pai sussurra seu nome em meio a um suspiro. Ele voltou a sentar, e agora está com ambas as mãos nas laterais da cabeça olhando para baixo. Olhar para ele dessa maneira faz meu estomago afundar. Deus, eu o amo tanto, tanto, tanto. Ele tem a capacidade de ser o melhor pai do mundo, então por que ele não faz isso? Por que ele é tão bipolar? É tão autoritário? – Será que dá pra calar a boca? – Cassie funga e se senta em uma cadeira de uma maneira desastrosa, que faz um som estrondoso ecoar por toda a cozinha. – Eu não sei o que falar. Estou irritado, muito irritado com a idiotice de Henry. E estou feliz por pelo menos Hope tomar uma decisão certa. Estou me sentindo impotente, fracassado e insultado. Não é possível que isso ainda vai piorar, não é?

– Temos a terceira noticia ainda. – Henry diz sarcástico e por um segundo quero dar um soco em seu ombro por ele ser tão insensível. Mas sei que ele está amando essa situação, sei que ele está amando ver John cabisbaixo. Ele segura minha mão com força e beija minha cabeça de uma maneira tão profunda, tão amável, tão cheia de significados que eu quase derreto. – Estamos namorando.

– Sério? – Me surpreendo com uma porcentagem de entusiasmo na voz do meu pai. – Com quem?

– Nós dois, pai. Nós dois estamos namorando.

– Isso eu entendi, só estou perguntando com quem vocês estão namorando.

– Pai. – Minha voz falha quando eu olho diretamente para ele. Ai meu Deus, eu vou morrer, claro que vou. – Eu estou namorando com o Henry, e o Henry está namorando comigo. Estamos namorando, pai. Entendeu agora?

Eu esperava qualquer coisa. Qualquer coisa mesmo. Esperava que John fosse ficar um bom tempo em silêncio. Esperava um escândalo daqueles que todos os vizinhos da rua escutam. Esperava xingamentos. Esperava tudo. Menos o que ele acabou de fazer.

John fica olhando-nos por apenas três segundos e em uma rapidez jamais vista pega o pote de mel e arremessa com tudo em nossa direção. Eu corro para o lado, mas Henry não está prestando atenção nos movimentos do meu pai e acaba sendo atingido pelo pote, na lateral do rosto.

Eu fico em choque e minha mãe solta um guincho. Corremos ambas na direção do seu corpo caído no chão. Eu acho que ele desmaiou, mas quando me agacho Henry tem um sorriso cínico nos lábios, como se esperasse por isso, como se soubesse que isso iria acontecer, como se aceitasse isso.

A sombra de John nos engole e eu sou empurrada para o lado. Tento tirar Henry das suas garras de todas as maneiras possíveis, mas seu aperto é firme na gola de sua camisa. Minha mãe chora muito, dizendo coisas inaudíveis e fica apertando o braço do meu pai com força. Estou me sentindo uma inútil, uma fracassada por não conseguir fazer nada para ajudar.

– Por favor, pare. – Estou soluçando tanto que não consigo falar coerentemente. John fecha o punho e acerta o olho de Henry. O olho, porra. Eu grito e me agarro com força nele. – Pare, por favor. Por favor. Não faça isso. Eu o amo. Nós nos amamos. Pare.

– Vocês são irmãos! – Ele está gritando. A aparência de Henry é deprimente: Olhos inchados, sobrancelha cortada e um hematoma enorme na bochecha. Ele não chora. Ele não reage. Ele continua com aquele sorriso idiota. Por que Henry está sorrindo? Por que ele não está fazendo absolutamente nada para defender? Eu não o entendo. – Vocês são irmãos, porra! I-r-m-ã-o-s. – Fala cada letra pausadamente e me empurra para o lado. Meu quadril bate na quina do armário e meus olhos enchem-se de lagrimas. Ele me empurrou. Ele me machucou. Meu pai, meu herói, ele me machucou. Começo a chorar, não por que ele está gritando comigo, não por conta da situação. Mas porque está doendo. Dói muito. Dói toda a extensão do meu quadril e dói dentro de mim, no meu coração. Ele me machucou. – Foi você, não foi, Henry? Que encheu a cabeça dela de baboseiras? Seu doente! Você é mesmo a porcaria do meu filho?

– E você é mesmo a porcaria do meu pai? – John fica furioso e Henry solta uma risada. Isso mexe tanto com ele que o braço para no ar, acho que ele deve está pensando: Esse garoto é tão louco quanto eu. – Escuta só: Você pode passar as ultimas sete horas me batendo até eu virar pó, até ser quebrado, destroçado. Até não restar nada de mim, mas eu não ligo. Não me importo nem um pouquinho. Não sinto mais, não sinto mais nada quando você me acerta. N-a-d-a. – Meu pai tenta acertar o rosto de Henry mais uma vez, mas quando sua mão vai na direção de seu rosto ele a agarra pelo pulso. – Só pra você saber: Nunca mais vai fazer isso.

Com muito facilidade Henry consegue se desvencilhar das mãos de John. Eles ficam se encarando duramente, como se estivessem em um ring de UFC. Minha respiração continua descompensada, pois ainda dói, e eu acho que vai doer para sempre.

– Vá embora da minha casa.

– John! – Cassie repreende e balança a cabeça de um lado para o outro. Sei que ele se sente ainda mais inútil que eu, minha mãe nunca teria coragem de enfrenta-lo. – Você está louco.

– Vá embora.

– Se ele for, eu vou junto. – Digo e aí John olha para mim. Então olha para onde estou apoiando a minha mão e parece que realmente sente muito por ter me machucado. Mas sei que ele não sente, ele é incapaz de sentir algo. – Estou falando sério.

– Você não vai a lugar nenhum. – A maneira como ele pronuncia essa frase é tão autoritária que eu sou incapaz de abrir a boca mais uma vez. – Eu quero você longe daqui, Henry. Bem longe. Chega de problemas. Chega de ter um filho louco como você.

– Eu só tenho uma parcela do seu DNA. Só isso. E isso não faz de você o meu pai. DNA é algo que todo mundo tem. E eu agradeço todos os dias a Deus por não ser parecido em nada com você, por ser a versão feminina da minha mãe. A única coisa que temos em comum são os olhos, por isso eu os odeio tanto. Por isso eu odeio tanto você, por compartilharmos o mesmo sangue. Por compartilharmos a mesma droga de DNA. – Henry diz tudo tão rapidamente que parece ser um discurso que está grudado em sua cabeça, daqueles que você treina por dias para que tudo saia coerente e perfeito. – Você acha que me expulsando de casa vai me impedir de ser feliz? Me impedir de seguir meu próprio caminho? Você é mesmo um idiota completo. Sinceramente, acha que me afastar da Hope vai diminuir o que sentimos um pelo outro? Você não sabe nada sobre sentimentos. Sobre amor. Pergunto-me se algum dia você foi capaz de amar alguém, se foi sequer capaz de gostar da minha mãe. Você é tão louco quando eu. Tão problemático quanto eu. – Faz uma pausa. Não consigo parar de olhar para John, que parece ter sido esbofetado na cara pelas suas expressões. – Só pra você saber: Eu iria embora de qualquer jeito. Tenho um dormitório para mim na faculdade. Eu já tive um emprego, então posso ter outro. Não preciso da merda do seu dinheiro. Estava pronto para partir a qualquer segundo, estava apenas esperando a oportunidade certa. Obrigado por tornar as coisas bem mais fáceis.

– Henry... – Minha mãe soluça balançando a cabeça de um lado para o outro. – Por favor... Não...

– Mãe, está tudo bem. Eu estou bem. Vou ser um escritor, mãe, vou fazer algo que eu goste e vou estar longe do que me impede de ser eu mesmo. Não se preocupe.

Ele volta para a sala e eu começo a segui-lo. Subimos a escada lado a lado do jeito mais lento possível. Quando entramos em seu quarto, começamos a embalar todas as coisas que ele precisará levar. Meu coração está batendo fortemente contra meu peito. Ele vai embora. Eu não vou vê-lo mais todos os dias, nem vou dividir minha cama com ele. Isso vai ser minha ruina.

– A Bullwinkle fica apenas quinze minutos de trem daqui. – Henry fala enquanto pega três porta retratos e coloca em um canto da bolsa. É um com Henry, Ethan e Charlie. O outro tem a mamãe e eu. O ultimo é o que Sophia e Aria estão juntas. – Vamos nos ver todas as noites, Hope. Vamos conseguir conviver com isso. Vai ficar tudo bem. Eu tenho pausas a tarde, então poderemos conversar por telefone. Você nem vai perceber o dia passar.

Eu assinto calmamente. Não será tão fácil assim, não para mim.

Quando terminamos de fazer sua mala, o quarto ainda parece o mesmo. Ainda tem poster’s do OneRepublic na parede. Ainda tem a maquina de escrever no canto. Ainda tem algumas peças no guarda roupa e porta retratos na prateleira. Parece que ele ainda está aqui e continuará para sempre. Esse vai ser meu porto seguro quando estiver com saudades. Seu quarto vai ser minha ponte de conexão com ele.

– Vem aqui. – Estende uma mão para mim e eu a seguro com força. Sentamo-nos em uma sua cama e Henry suspira. Eu não consigo olhar muito para o seu rosto, pois os machucados fazem meu estomago embrulhar. Seu olho esquerdo lacrimeja constantemente e toda vez que percebo isso é como uma facada em meu peito. – Você precisa ser forte. Não importa o que o John diga, nem o que ele faça, você precisa se manter estável. Ele vai feri-la com piadinhas sarcásticas, vai ficar no seu pé até que você sofra uma lavagem cerebral. E você não pode deixar isso acontecer. Não pode deixar que ele vença. Que ele mude seus sentimentos por mim.

– Meus sentimentos por você nunca irão mudar, Henry. – Aperto sua mão com força e ele assente minimamente. Ele tem cheiro de lavanda. Um cheiro tão bom, tão aconchegante. – Eu amo você. Amo tanto que dói. Nunca serei capaz de amar outra pessoa. Nunca.

Henry me abraça e depois encosta seus lábios nos meus. Nós nos beijamos de uma maneira calma jamais vista, pois eu não quero machucar seu lábio cortado. Quero tocar cada ponta do seu rosto, mas tenho medo de que ele se retraia por conta da dor. Por isso continuo com as mãos sobre as suas, e quando paramos de nos beijar lhe dou o melhor sorriso que consigo.

– Vamos ficar bem. – É o que eu digo depois de nos abraçarmos e ele entrar no táxi. Minha mãe está com um braço ao redor do meu ombro e funga de cinco em cinco segundos.

– Vamos ficar bem. – Ele repete.

E eu acredito nele.

...

Uma vez Sophia disse que se Henry fosse embora, eu veria o quanto a felicidade da família Adams é falsa. Devo confessar que no momento que ouvir isso achei que ela talvez fosse louca ou estivesse falando da boca para fora. Agora percebo que ela nunca esteve tão certa.

Meus pais eram o tipo de casal apaixonado com mimos e conversinhas. Agora, eles mal se olham e quando ficam no mesmo ambiente acabam discutindo, papai tem dormido no sofá desde que expulsou Henry de casa. Mamãe não faz mais café da manhã e nem janta, ela parece ter entrado em um tipo de greve. Tenho comido coisas industrializadas e pão com ovo para compensar o que deixo de comer fora do almoço. Ninguém liga a televisão. Ninguém faz mais orações na mesa.

Ninguém mais sorri.

Minha casa entrou m uma espécie de silêncio infinito. Às vezes, a única coisa que consigo ouvir são as patinhas de Muffin se chocando contra o chão. Meu pai não fala comigo. Ele nem sequer olha para mim. Isso me machuca tanto, mais do quê um tapa ou um empurrão. Odeio ser ignorada. Odeio o silêncio.

Com Henry aqui, nós riamos da sua ironia, das suas piadas sem graça, das suas crises desnecessárias. Com Henry aqui o som estava sempre ligado, e a TV pausada em alguma fase importante de um jogo. Com Henry aqui mamãe enfeitava a mesa no café da manhã e às vezes fazia carinhas com o mel nas panquecas. Com Henry aqui minha mãe estava sempre sorrindo e meu pai despreocupado.

Agora, Cassie sequer exibe os dentes e John está em um estado vegetativo de dar medo.

Duas semanas. Já se passaram duas semanas que Henry se mudou para os dormitórios da sua nova universidade. Duas semanas que nos vemos por pouquíssimos minutos no refeitório da escola. Duas semanas que nos falamos apenas por trinta minutos pelo telefone, pois ele ainda não tem dinheiro suficiente para comprar um telefone fixo. Duas semanas que eu não sei o que é realmente estar com ele. Os trem estão de greve, então Henry só vem para a cidade pela manhã de carona com o treinador Alex e Ethan, para ir aos últimos dias de aula. Não tenho uma única aula sequer com ele, e nunca consigo encontra-lo no intervalo.

Está sendo tão difícil. Tão complicado. E ele diz que tudo ficará bem. Ele diz que as coisas irão se ajustar. Que iremos nos acostumar. Que vai ficar fácil com o tempo. E eu me esforço em acreditar nele, me esforço para ter fé e esperança.

Quando nos encontramos é uma euforia jamais vista. Eu o abraço com força, sem pouco me importa se as pessoas nos olham estranho. Então vamos para o corredor do ginásio e ficamos sentados na arquibancada enquanto nos beijamos, mas quando menos esperamos o sinal toca novamente. E toda vez que nos separamos é como uma lamina me rasgando no peito.

Isso é amor? Essa euforia toda? Essa dor? Ai meu Deus. Isso é amor. Algo tão paradoxo, tão complicado, tão fodidamente fodido.

Amanhã será minha formatura. Não acho que estou cem por cento animada. Meus pais têm conversado sobre divorcio, e isso está me matando aos pouquinhos. Eles fingem que está tudo bem, que eles vão conseguir segurar o último fio que ainda sustenta o casamento deles, mas não sei se minha mãe é forte o bastante, não sei se meu pai terá tanta paciência em se esforçar para ser uma pessoa melhor.

Tenho que comprar um vestido e sapatos novos para a formatura. Todas as minhas amigas estão ocupadas em algum salão de beleza, por isso estou sozinha andando pelo centro procurando alguma coisa que me agrade. Alguns vestidos são colados demais, ou folgados demais. Nada se ajusta. Nada me chama a atenção.

Estou quase desistindo quando vejo uma cabeleira ruiva caminhando em minha direção. Por alguns segundos acho que estou vendo uma miragem, pois Anna não anda de um jeito tão apressado assim. Mas é ela, eu sei que é ela pois ela exibe os dentes com aparelho quando se aproxima e acena de um jeito engraçado.

– Você não deveria estar cuidando do cabelo ou algo assim? – Provoco depois de abraça-la.

– Você não deveria estar comprando um sapato ou algo assim? – Ela rebate e olha para os vestidos que estou segurando com uma careta. – Credo, isso é renda e brilho em uma roupa só? Que coisa mais cafona. – Ela começa a rir e eu troco o peso de um pé para o outro enquanto eu coloco da maneira mais calma possível o vestido de volta da arara. – Ainda bem que vou com um vestido da Suzana e... – Ela interrompe a fala e me examina por alguns segundos. – Ei! Suzana tem um vestido branco que cairia perfeito em você! Sério! Ai meu deus, Hope, não perca seu tempo procurando outra roupa, vá com o vestido da Suzana. E eu tenho um escarpam lindo que nunca usei. Prontinho. Ficará perfeita.

Eu pisco os olhos diversas vezes seguidas. Quando foi que Anna começou a entender de moda? Espera, quando foi que Anna começou a dar opiniões sobre alguma coisa? Ela normalmente só sugere algo quando é solicitada. Estou até surpresa pelo seu comportamento. Será que está tudo bem?

Ao perceber que estou olhando-a de maneira estranha ela sorri e diz:

– Extraí dois sistos hoje. Estou meio drogada, né? Eu sei, eu sei. Por isso vou até o Ethan, porque não sei se eu teria coragem de ir lá em perfeito estado. Esses analgésicos estão me dando uma ousadia jamais vista.

– Espera, você vai visitar o Ethan? – Coloco minhas mãos em seus ombros e a balanço de um lado para o outro. Ela mexe com a cabeça repentinas vezes e seus olhos voam de um lado para o outro. – Na faculdade?

– É, bem, sim! Eu vou de táxi. Tudo bem que é mais caro, porém os trem estão em greve e toda essa babaquice... Vou fazer uma surpresa para ele. Estou com saúdes.

– Também estou com saudades do Henry.

Anna ergue uma sobrancelha e saca o celular do bolso. Ela digita uma série de números sem nem olhar para o visor e coloca no viva-voz. Quando Ethan atende, ela nem o deixa falar:

– Você está fazendo alguma coisa agora? Alguma coisa importante? Tipo, importante, importante, importante? Ai Ethan, diga que não, por favor.

Anna, meu amor, você está bem? – Quase coloco meu almoço para fora com a voz calma e sonora que Ethan faz se referindo a sua namorada. É fofo, mais muito meloso. – Estou ajudando o Henry com algumas coisas.

– Ah, o Henry está aí? – Agora ela olha para mim com um sorrisinho malicioso. Cara, essa não é a Anna tímida que eu conheço, não mesmo. – Quando ele vai embora?

Hm... Daqui a pouco... O que tá acontecendo?

– Ah, nada. Nada. Tchau.

– Anna...

– Te amo.

Ele suspira e meu coração derrete quando ele diz:

– Eu também, baixinha.

– AI MEU DEUS. – Exclamo e aperto as bochechas de Anna. Ela reclama e bate de leve contra a palma da minha mão. – Que coisinha mais fofinha e...

– Você vai comigo ou não?

– Como assim?

– Se você vai comigo até Bullwinkle .

Meu sorriso se desfaz e eu tombo a cabeça um pouco para o lado. Não havia pensado nisso antes. Essa ideia nem sequer havia rondado minha cabeça. Sei que eu deveria estar me preparando para a formatura, sei que tenho de estar em casa ás seis em ponto porque se não meu pai vai reclamar, sei que tenho mil e uma razões para não ir. Mas tenho mil e uma razões para ir. Para estar ao lado de Henry por mais de trinta minutos. Então, antes que eu perceba, estou balançando a cabeça debilmente de para cima e para baixo.

– Vou.

...

É um passeio solitário. São apenas quinze minutos, mas se contar a espera que Anna e eu tivemos esperando por algum taxi disponível e o transito, estamos rodando por quase uma hora. Não consigo acreditar que Henry está realmente disposto a fazer isso por mim, a encarar um trem e gastar quase duas horas da sua noite só para viajar e me ver quando os trem estiverem funcionando normalmente. Fazer tudo isso, só para me ver. Só para estar ao meu lado. Acho que sou uma garota de sorte.

O que vou dizer para Henry quando eu aparecer? Qual será a reação dele? Estou tão nervosa que fico remexendo os dedos. Os efeitos dos analgésicos estão ficando escassos, por isso Anna está começando a ficar tensa. Ela acha que não tem coragem suficiente para encarar Ethan a sós em um dormitório. Ela está começando a achar que isso é uma loucura.

Antes que possamos cogitar na ideia de desistir, o taxi para e nós soltamos para fora. O campus é enorme, e jovens transitam de um lado para o outro. É fácil para Anna e eu nos camuflar por aqui, e quando menos percebemos, estamos dentro dos dormitórios.

Ficamos andando de um lado para o outro, fazendo suposições de onde poderia vir a ser o dormitório de cada um dos meninos. Depois de quatro lances de escadas, damos de cara com Charlie. Ele fixa seus olhos em mim por tempo demais, me deixando constrangida. Sua pele morena fica destacada com a regata branca, e ele tem um smoking na mão.

– Mas que diabos vocês estão fazendo aqui?

– Bom, não sabemos. – Confesso e Charlie desce calmante os degraus em nossa direção. – É complicado. Vamos fazer uma surpresa para o namorado da Anna.

Ninguém sabe sobre Henry e eu, ninguém além de Anna, Ethan e nossos pais. Charlie nos olha desconfiado e depois dá de ombros. É engraçado vê-lo fazer isso, muito engraçado mesmo. Ele tem músculos demais.

– O quarto dele é na ala S.

– E o do meu irmão?

– Lá em cima. – Ele aponta para onde ele acabou de vir e nos dá um abraço rápido. – Preciso ir.

Anna e eu nos separamos. Ela vai para a ala S e eu subo mais alguns lances de escada. Não faço a mínima ideia de como iriei voltar para casa, mas não ligo. Minhas mãos tremem levemente, e a quase dois metros de distancia vejo o nome de Henry gravado em uma porta. Fico parada sem saber exatamente o que fazer.

Eu respiro profundamente. Depois engulo em seco e bato.

– Hope? – Henry me olha espantado quando abre a porta. – O que você está fazendo aqui?

– Oi. – Um único passo e já estou diante dele. Ergo as mãos e coloco ao redor do seu pescoço. Ele parece atônito por alguns segundos, mas acaba retribuindo o seu abraço. – Vim te ver.

Eu entro no seu quarto e minha boca se escancara um pouco. É repleto de desenhos. As paredes. Os tetos. Alguns lugares no chão. Tudo. É como estar dentro de uma revista de quadrinhos. São cenas aleatórias, e eu fico abismada com o talento que Henry tem.

Meus olhos saltam para cada canto. Para cada desenho, realmente maravilhada. Tem uma cama de casal ao lado da janela, um guarda-roupa pequeno, duas prateleiras, uma mesa e uma cadeira. Mais organizado do que eu jamais pudesse imaginar.

Sento-me em sua cama, ainda olhando para o teto coberto de retratos meus. Minhas bochechas estão coradas pelo tamanho do meu constrangimento. Lá estou eu em diversos ângulos, com diferentes penteados, em poses aleatórias. Solto uma exclamação baixinha ao encontrar-me deitada em um sofá, completamente nua, apenas coberta por um lençol com o queixo descansando na palma da mão.

– Uau. – Digo apontando para o desenho. – Sua imaginação supera tudo. Não tenho um corpo assim, Henry.

Quase caio na gargalhada ao olhar para ele. Seus olhos estão arregalados e as bochechas coradas. Nunca o vi tão constrangido antes. Ele limpa as palmas das mãos e senta-se ao meu lado antes de continuar.

– Er.. Bem.. Ahn... Então, vamos falar de outra coisa. – Ele me puxa para perto e esmaga seus lábios contra os meus em um selinho rápido. – Estou surpreso em ver você aqui.

– É legal fazer algumas surpresas às vezes.

– Como você está?

Normalmente, quando as pessoas me perguntam isso, automaticamente respondo “Bem”. Mas esse é Henry. Esse é o meu namorado, que me conhece como ninguém. Que sabe quantas sardas eu tenho. Quantos sinais e pintas estão espalhadas pelo meu corpo. Que sabe dos meus medos. Dos meus defeitos. Das minhas angustias. Que sabe tudo sobre mim. Ele sabe que vou gostar de um livro antes mesmo de eu tê-lo lido. Ele ri das minhas piadas antes mesmo que eu termine. Tem um lugar no peito dele, logo abaixo da garganta, que me faz ficar aninhada ali e nunca mais querer sair.

Não posso mentir para ele. Nunca serei capaz de fazer isso.

– Péssima. Estou morrendo de saudades. E as coisas estão complicadas lá em casa, entende? Cassie e John estão sempre discutindo, falando em divorcio e tudo está desmoronando. Estou tentando fazer as coisas ficaram bem, mas não consigo, Henry, não sou forte o suficiente.

Não percebo que estou chorando até que ele limpa as minhas lagrimas e beija a minha testa. Eu me aperto contra ele da maneira mais afobada possível.

– Ei. Está tudo bem. – Acaricia meus cabelos e sussurra: – Só acontece o que está predestinado a acontecer, Hope. Não podemos mudar isso. Vai ficar tudo bem. E, por favor, pare de colocar defeitos em cima de você, para de dizer que você não é capaz, pois você é. Só... pare.

E eu paro. Eu engulo em seco e prometo a mim mesma que isso não irá mais acontecer. Eu me retraio, limpo as lagrimas e fico com a coluna rígida. Não posso continuar assim, não posso continuar chorando. Há pessoas por aí com problemas de verdade. Há pessoas por aí sem uma família de verdade, há pessoas por aí passando fome, há pessoas por aí que não tem nem sequer onde dormir. Há pessoas que nunca souberam o que é amar. Há pessoas por aí que não sabem o que é felicidade. Há pessoas por aí em um estado pior do que o meu.

Preciso crescer, preciso parar de ser infantil.

Henry está me encarando de um jeito engraçado, não necessariamente encarando, ele está vendo através de mim. Sei que está. Está me vendo através das minhas camadas de pele e osso, está me vendo através das camadas de sentimentos. Ele está me enxergando.

Estou tão constrangida com minha súbita alteração de humor que levanto-me e fico andando pelo seu quarto. Tudo parece com ele. Tudo tem o cheiro dele. Tudo é ele. Tenho vontade de ficar aqui o dia inteiro e nunca mais sair, tenho vontade de desejar que sejamos as únicas pessoas do mundo. Que não haja mais nada.

Passo os dedos pela sua mesa e pego um caderninho de couro. Ele está cheio de palavras soltas. Diversas dela. E algumas chamam minha atenção: Sufocamento. Incendeia-me. Fios. Cacos. Amor. Esperança. Castanho. Tempestade. Teclas. Separação. Segredos.

– O que é isso?

Ele se levanta e fica ao meu lado enquanto explica.

– São trópicos. Às vezes estou conversando com alguém e aí escuto uma palavra que me prende e decido escrever em um papel. Depois, vejo se posso fazer uma frase ou um texto que tenha a ver com essa palavra.

Eu sorrio orgulhosa e dou um tapinha no seu ombro.

– Gostei do “Teclas”, já fez alguma coisa relacionado a isso?

Ele coça a nunca senta-se na cama de novo. Fica com os olhos fechados por um tempo, parecendo pensar, ou lembrar.

– A vida é como uma tecla de computador... – Ele começa e então para. Estala a língua algumas vezes e então continua. – A vida é como um piano. Existem as teclas brancas e as pretas. Todos gostam das brancas, porque tem um som melhor, porque são suaves, porque fazem toda a composição. E há as teclas pretas. Elas têm um tom grave que... – Olha diretamente para mim e pisca os olhos. Ele respira fundo. Ai meu Deus, não acredito que ele está criando isso agora. – poucas pessoas gostam. Mas elas são fundamentais. Na vida, as teclas brancas representam a felicidade. E as pretas, a dor, a angustia, a tristeza... Todo mundo prefere as brancas, mas, com o passar do tempo, percebemos que as teclas pretas também fazem música.

Eu bato palmas. Meu coração está a mil. Henry tem um talento. Henry tem um talento que um dia vai ser reconhecido. Henry tem um talento que poucas pessoas no mundo têm a capacidade de ter. Estou orgulhosa de quem ele escolheu ser. Estou orgulhosa por ele não ter desistido de si mesmo.

– Isso foi tão lindo. – Sussurro sentando ao seu lado. – Eu gosto tanto de você, Henry.

Beijo a sua bochecha. Depois os seus olhos. Depois a ponta do seu nariz. Percorro meus lábios pelo seu queixo.

– Deus, gosto tanto de você aqui, Henry. – Meus lábios ainda estão em seu queixo quando ele engole em seco e eu vejo o seu pomo de adão subir e descer. – E aqui também.

Beijo todo o seu pescoço. E então em meio aos sorrisos começo a beijar tudo o que se meche. Seus ombros. Seus lábios. Seus olhos. Sua orelha. Tudo, exatamente tudo.

– Aqui, aqui, aqui... – Henry está rindo e eu não ligo. Não ligo da cena caótica que estou fazendo. Eu cedo sobre suas mãos e subo em seu colo, pondo cada joelho ao redor do quadril dele. Henry ergue o rosto para olhar para mim e eu sorrio. – Nossa, Henry, vou enlouquecer. Gosto tanto de você, Henry. Amo tanto você.

Pego seus cabelos com as mãos. São tão lindos, tão claros, tão macios e perfeitos. Seus olhos, seus olhos são fodidamente perfeitos. Um âmbar tão centralizado que fazem borboletas voarem pelo meu estomago. Às vezes, sua pupila se destaca sobre o ouro puro, e até parece um inseto dentro de uma pedra de âmbar. Tão lindo. Tão perfeito.

– Eu também amo você, Hope. – Sua voz dispara cargas elétricas por todo o meu corpo. Ainda continuo em seu colo, com sua testa colada na minha. – Em todos os lugares. Amo sua bochecha, seus olhos, suas sardas, seu cabelo... amo você, Hope. Eu te desejo. Eu te desejo desde sempre. Eu te desejei muito e ainda desejo, desejo agora. Ah, Hope... Você me deixa louco.

Ele me aperta contra o seu peito e eu nem consigo respirar. E ele está me beijando.

Profundamente, desesperadamente. Suas mãos estão em volta da minha cintura e ele está com a respiração muito pesada, e ele me levanta um pouco até que estamos completamente em cima da cama, está beijando meu pescoço, minha garganta, meus ombros e me pressiona contra a cabeceira.

Quando Henry se afasta por poucos centímetros, eu forço meus pulmões a ficarem quietos e engulo todo o ar possível. Uma de suas mãos está em meu pescoço, e a outra por debaixo da blusa, subindo pelas minhas costas, causando-me arrepios. Coloco os braços para cima e ele puxa minha blusa, tira-a pela minha cabeça e a joga no chão. **

Amo o calor. Amo tanto o calor. Desde criança. Amo estar suada. Amo estar com o corpo pegando fogo. Amo o calor. Amo o calor que o verão me proporciona.

Agora, sei que amo o calor que o corpo de Henry me trás. Amo o calor que suas mãos, percorrendo meu colo nu causam. Amo o calor que seus dedos inquietos deixam sobre minhas costas. Amo o calor.

Oh, Deus.

– Deite-se agora. – Eu ofego com o tom de sua voz. Não está esganiçada, nem desesperada. Está controlada, autoritária e eu me surpreendo quando percebo que gostei disso. Gostei do seu jeito mandão. Faço o que ele diz e escorrego para baixo. Seu lençol tem o seu cheiro de lavanda, e meu peito sobe e desce constantemente conforme suas mãos descem pela minha coluna, por baixo das minhas nádegas. Ele desabotoa meu jeans e prende os dedos em volta da minha calça e da minha calcinha ao mesmo tempo. E eu ofego mais uma vez quando ele as puxa para baixo.

Estou deitada completamente nua na sua cama.

Suas mãos estão subindo pelas minhas coxas e seus lábios estão descendo pelo meu peito. Henry está fazendo com que eu enlouqueça, com que meu resto de sanidade vá para o espaço. Minhas mãos estão firmes em seus ombros , quentes, fortes, perfeitos. E eu não consigo pensar. Eu não consigo respirar. E o calor. E o fogo está me consumindo. Ele é tão delicado, por inteiro, e de um jeito também ansioso. E meu corpo inteiro treme a cada vez que seus lábios tocam minha pele. Ele sabe onde beijar, sabe exatamente como fazer. E ele não vai parar enquanto eu não me desintegrar por inteira.

Não consigo pensar de um jeito racional. Os segundos estão se chocando um contra os outros, o calor está nos envolvendo, os corações fundindo, as mãos estão se deslizando por cada centímetro de pele e as bocas estão se encaixando. Não quero pensar. Não quero, não quero. Quero apenas continuar aqui. E que nada disso seja um sonho, que nada disso seja uma miragem.

Eu estou aqui. Henry está aqui. Ele está em cima de mim, e ele tem um gosto tão doce e eu não consigo parar de envolver meus braços em seus ombros e puxar o seu cabelo, que são tão tão tão macios. Suas mãos descem pelo meu corpo só para subir novamente e eu reprimo um gemido quando seus dentes prendem o meu lábio inferior.

Sento-me e começo a desfazer os botões de sua camisa apressadamente. Minha respiração fica descompensada quando vejo seu abdômen, e minhas mãos tremem sob o cós de sua calça e eu a puxo para baixo. O calor. O calor está nos consumindo.

Henry prende minhas pernas ao redor do seu quadril e me deita até o colchão estar embaixo da minha cabeça e ele se inclina em minha direção, beijando-me da maneira mais terna possível, aninhando meu rosto em suas mãos, e sussurra:

– Você. É. Minha. – Deslizo as mãos pelos seus ombros até seus quadris e o puxo de encontro a mim. Nossas respirações aceleradas se chocam. Seus olhos estão repletos de luxuria e eu repito a mim mesma para não corar. – Eu acho que vou explodir. Acho que meu coração vai explodir. E eu não me importo. Eu sou tão fodido que não me importo. Eu amo você, Hope.

Henry leva minhas mãos acima da minha cabeça e entrelaça seus dedos nos meus, apertando minhas mãos a cada investida. Estou soando, estou com calor, e não me importo, pois essa sensação é maravilhosa. Seus movimentos se tornam um pouco brutos e eu enlaço minhas pernas em seus quadris.

– Estou machucando você?

– Não. – Consigo responder.

Ele me penetra novamente e eu gemo tão alto que Henry precisa colocar seus lábios sobre os meus para abafar o som. Depois de inspirar fundo algumas vezes, ele me olha e em seguida me cobre de beijos. Suas mãos aninham meu rosto e ele me beija de novo, devagar, com mais ternura. Encosta os lábios nos meus, depois em minha testa, em minhas bochechas, meu nariz, e por fim meus lábios novamente.

Quando ele investe pela última vez, tudo parece explodir em milhões de estrelas coloridas e meu corpo fica mole Henry me aninha em seus braços e beija minha testa.

– Eu não posso me imaginar em qualquer outro lugar senão aqui. – Sua voz está distante, mas sei que ele está ao meu lado. Estou tão tão tão exausta. – Se você quiser, eu posso te mostrar do que os meus sonhos são feitos. – Beija minha testa mais uma vez – Dizem que o amor é para sempre, Hope, e o seu para sempre é tudo o que eu preciso.

– Você tem o meu amor, Henry, você sempre teve.


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Notas finais do capítulo

Eu. Estou. Tremendo. SOCORRO EU TO TODA. É a primeira vez que escrevo algo assim. primeira. mereço até palmas, eu acho.
Alguém aqui já leu algum livro da Nora Roberts? TO AMANDO ESSA MULHER. Quarteto de noivas é fantástico, amo os quatro livros, mas o Álbum de Casamento é meu fav
Beijinhos de luz



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