Scape escrita por Burn


Capítulo 4
Neon Lights


Notas iniciais do capítulo

Como prometido aqui estou eu :3
Boa leitura!



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– Uau – foi a única palavra que consegui dizer. A boate era muito maior do que parecia e a pista de dança estava tão lotada que prometi a mim mesma não pisar lá, a não ser que eu quisesse pagar o maior mico de minha vida.

O lugar era bonito muito bonito. Tinha um mezanino que seguia o contorno das paredes. De onde estávamos era possível ver que na parte de cima só haviam mesas, diferente de baixo que era livre com uma pista de dança central e bares em volta.

–Vamos começar bebendo!- animou-se Chels arrastando todo mundo para o bar.

Me concentrei em andar decentemente o curto espaço que nos separava do bar. Tinha que admitir que estava ansiosa para beber pela primeira vez. Tudo bem que não queria vir aqui, mas já que estava no inferno não custava abraçar o diabo.

Rá-rá. Outro trocadilho.

Que merda.

Deixei que a batida continua da musica me envolvesse. Chegava a ser prazeroso sentir a vibração passar por meu corpo no mesmo rítimo que as luzes piscavam. Não cheguei a prestar atenção no que exatamente Chels pediu para que bebêssemos. Ela levantou meu pulso mostrando a pulseira para o bramam de olhos castanhos que logo sorriu e me desejou feliz aniversário.

Sorri de volta. Eu havia gostado desse sorriso.

Ele postou um total de cinco copos pequenos em cima do balcão, derramou o líquido cor de caramelo de uma garrava seguindo por todos pequenos vidirinhos sem se importar em derramar um pouco no balcão.

Peguei o meu antes de todas e brindei na garrafa do barman.

Certo. Minha ousadia só foi até ai.

Travei minha mão assim que o copinho estava a centímetros de minha boca.

O que eu estava fazendo?

– Anda Liv! - encorajou Chels entornando seu copinho inteiro de uma vez. Ela bateu o mesmo no balcão inquerindo uma segunda dose.

Por que eu não o estava fazendo?

Engoli em um único gole toda a bebida que apenas rasgou minha garganta. Sequer gosto bom ela tinha. Minha careta diminuiu um pouco ao sentir meu corpo esquentar de forma gostosa. Bati meu copo da mesma forma que Chels tinha batido o dela no balcão.

Acho foram cinco copos até tudo ficar muito mais divertido do que era para ser.

Chels e suas amigas já estavam na pista de dança, mas eu havia engrenado em um papo divertido com o barman que só agora percebia o quanto era bonitinho.

Meu medo era que a bebida estivesse fazendo-o ficar bonitinho..

– Não se preocupe – falou passando pano no balcão que nos separava. - É, muito provavelmente, a primeira vez de todos que estão aqui.

Concordei pensando em como morar em uma cidade pacata era chato.

Ao redor estava provavelmente toda a população não-velha de Lexington. Com certeza minha escola em peso. Havia também algumas pessoas desconhecidas... Na verdade o número de pessoas desconhecidas era até grande, cheguei a conclusão de que deveria ser as pessoas das cidades ao redor. Pessoas tão entendiadas quanto nós.

– Você não é daqui, é? - apoiei meus cotovelos no balcão já limpo.

– Como você sabe? - seu tom surpreso o fez parar de fazer o que estava fazendo.

– Seu sotaque – dei de ombros. - Você fala rápido como minha mãe.

Ele se animou.

– De onde venho garotas bonitas como você dançam – voltou a nossa discussão de quinze minutos atrás.

Indiquei meu copinho e ele prontamente o encheu, dessa vez, com um líquido verde que tinha bem no fundo um gosto de menta, mas era completamente azedo e nada refrescante.

– Eu tenho mais um segredo – fingi sussurrar mas falei alto o suficiente para que ele ouvisse por cima da música alta. - Eu não sei andar de salto, imagina dançar com eles. Por que acha que estou sentada aqui?

Ele visivelmente fingiu desapontamento.

– Pensei que estivesse aqui porque sou bom de papo – suas sobrancelhas se juntaram, mas o sorriso mínimo que se formava no cantinho da boca mostrava sua brincadeira.

– Se você fosse bom de papo mesmo não perderia todo esse tempo comigo – retruquei apontando com o meu copo ao redor para todas as mulheres bonitas.

Precisei ignorar como apontar para as coisas com um copo na mão era uma característica irrevogável de bêbados.

–Está valendo cada segundo.

Fingi não ouvir, mas não pude deixar de sorrir. Eu não flertava assim com tanta frequência, mas quando acontecia achava divertido mesmo que no final não desse em nada.

Esperei enquanto ele atendia outras pessoas. Era inevitável, acontecia ora ou outra. Quando ele voltou me dei conta de que sequer sabia seu nome. Estava prestes a perguntar quando o vi tirar duas cápsulas do bolso.

– Mais dois minutos e estou liberado – sorriu me estendendo uma. - Quem sabe eu possa te ensinar a dançar.

Peguei a cápsula. Eu sabia que se tratava de uma droga qualquer e sabia que se estivesse sã não a consumiria.

– Pensei que barmans não tivessem turnos – comentei enquanto o observava tirar o avental preto.

– Só estava prestando o favor ao dono – respondeu dobrando o tecido.

– Você não trabalha aqui? - indaguei surpresa.

Ele negou com a cabeça.

– De jeito nenhum – suas mãos se apoiaram no balcão e em um salto o ex-barman estava ao meu lado. - Estou passando uns tempos na casa do meu tio, dono desse lugar, e seu melhor funcionário falou que atrasaria então me ofereci para ajudar.

–Hmmm – assenti. Tentei ignorar o pequeno desespero que se instalava no fundo de minha barriga por não ter mais um balcão nos separando.

Não que eu não estivesse gostando de tê-lo ali. Na verdade sem o balcão para atrapalhar a visão era possível perceber o quanto eu estava perdendo. O ex-barman era realmente bonito. Tinha olhos castanhos, cabelos acobreados, um sorriso bonito e um corpo muito atraente. Seria boba de não querê-lo por perto.

O pânico era mais pelas cápsulas.

https://www.youtube.com/watch?v=fLrWHSWP6Ws

O cara que ele estava substituindo colocou dois copos cheios para nós. Ele pegou o seu e entregou-me o meu.

Não tomaria aquelas cápsulas enquanto estivesse sã.

O único problema era que a minha sanidade mental havia se esvaído há muito tempo. Ainda que aquela vozinha tentasse me impedir de colocar a cápsula em minha língua e engolir com o líquido do copo, ela não conseguiu. Tanto eu quanto o ex-barman o fizemos.

Só tive tempo de perguntar seu nome antes que a euforia me atingisse.

Drew – era o que eu havia entendido pelo movimento de seus lábios.

Sua mão me arrastava para o centro da pista. A música havia acabado de começar e eu não dava a mínima para o que estava fazendo. Chegamos ao ponto que ele queria exatamente quando as batidas ficaram mais fortes. Meu corpo vibrava e aos poucos me permiti deixá-lo ser levado pelas mãos de Drew.

Era possível sentir o chão vibrar sob os saltos finos.

O olhei nos olhos enquanto suas mãos desciam até minha cintura forçando-me e da rebolar conforme o rítmo. Nossos corpos colados aceleravam meus batimentos, eu não tinha certeza do que estava fazendo, ou se estava fazendo certo, mas o sorriso de Draw era suficiente para me transmitir um entusiamos inimaginável.

De repente cada movimento meu ficava excitante. Observei enquanto a luz tomava conta do rosto dele em flashes e quanto sua pupila estava dilatada. Tomei o controle passando os braços em volta de seu pescoço. A droga começava a fazer o efeito e Drew estava entrando no jogo. Era tanta exaltação que em certo momento perdi o controle de meus atos. Era como se meus instintos mais primitivos tomassem conta do meu corpo e eu virasse apenas uma mera espectadora em alguma parte distante de minha mente.

Assisti enquanto Drew iniciava um beijo quente o suficiente para chegarmos as partes mais vazias da boate. Não podia culpá-lo completamente já eu que não oferecia resistência alguma. Meu vestido acabou sendo rasgado enquanto nos enroscávamos em alguma cabine vazia no banheiro do andar de cima. As coisas começaram a ficar desagradáveis quando meu inconsciente se deu conta de que não queria estar fazendo aquilo.

Não queria desabotoar a calça de Drew, embora eu o tenha feito.

Não queria que ele afastasse minha calcinha, embora eu tivesse permitido.

Eu com certeza não queria consumar o ato.

Não daquela forma suja e alheia.

Me forcei de todo jeito a tomar conta da situação. Queria voltar a ter o controle do meu corpo, mas a única coisa que consegui foi perder completamente minha consciência.

Eu buscava foco enquanto a escuridão tomava todo ao meu redor. Não estava desmaiada. Pude sentir minhas pernas andarem, embora não ouvisse ou visse nada.

Quando finalmente recobrei meus sentidos estava algemada em uma cela quente e solitária.

Não sabia quanto tempo havia passado ou o que havia acontecido.

O sentimento de estar presa não era notável. Talvez fosse um pouco mais preocupante se o efeito da droga ainda não estivesse em minhas veias.

Meu corpo permanecia com o os restos do mesmo vestido preto. O som de uma porta se fez ser ouvido. Procurei sua origem ao meu redor e logo pude ver a ultima pessoa que imaginaria ver diante das circunstancias.

Minha pele se arrepiou cada centímetro lentamente. Era como um abismo se aproximando de mim.

Muito mais alto do que eu lembrava, ele entrou no corredor de celas vazias com uma elegância tão arrogante quanto mal intencionada. Seria irreconhecível se não permanecesse com os mesmos traços de antes: pele alva, cabelos negros e olhos castanhos.

Quando ele mesmo abriu a porta da cela que em momento algum estivera trancada percebi o quanto estava ferrada.

Preferia mil vezes nosso pai ou nossa mãe viessem me buscar na cadeia. Preferia ouvir o sermão infinito de nossos pais a lidar com aquele olhar frio.

Meu estomago embrulhou e pude sentir a bile em minha garganta antes de expulsá-la a centímetros dos pés de meu irmão. Meu corpo dava espasmos numa tentativa impossível de me contrair ainda mais.

Só olhei para cima em busca de ajuda quando a náusea pareceu ser pior do que...

Oliver.

O que foi o maior engano da minha vida.

O resto do efeito da droga passou e finalmente cai na realidade.

Eu estava completamente fodida.




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Notas finais do capítulo

Mereço comentários? Sim? Não?
Hoje estou inspirada e se comentarem talvez o próximo cap com o Oliver não demore para sair u.u Vocês é que sabem..
Até breve - dependendo dos comentários :)
~ah, vou mudar o nome da fic porque reescrevi o roteiro e esse nome não tá com nada u.u