Julgamento escrita por Luc


Capítulo 10
Gratidão


Notas iniciais do capítulo

Mais sobre o passado do sombrio Markus!



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Lexi expeliu um líquido vermelho. Sangue.
Markus ajudou-a a virar-se, retirando seus cabelos de seu rosto.
Lexi tossia e vomitava, encharcando as tábuas de madeira no chão. Isso continuou durante vários minutos, até que ela ficou apoiada sobre suas mãos, respirando com dificuldade.
–Mabruke, vá buscar algo para limpar isso. - Markus disse, calmo.
Mabruke assentiu e levantou-se em silêncio e caminhou para fora do escritório. Markus colocou a mão no ombro de Lexi.
– Lexi? Você precisa de água? - ela ainda estava com a cabeça baixa, respirando pesadamente.
– Preciso... - ela sentou-se vagarosamente - Deitar-me. - ela fechou os olhos, cansada.
Markus pegou seu braço e ajudou-a a levantar-se. Fabian foi até ela para ajudá-la também, mas ao tocar no braço dela, ela esquivou-se, quase caindo novamente. A unica coisa que a impediu de cair foi o apoio de Markus.
Ela limpou o canto da boca com as costas da mão.
– Eu mandei não me tocar. - ela levantou a mão e fez menção de desferir um tapa em Fabian, que não se moveu. Mas parou sua mão e abaixou-a - Você... Poderia ter estregado tudo. - ela inspirou e expirou, demonstrando exaustão.
Fabian estava impacivel. Mas por dentro, sentia-se arrependido, culpado, com raiva.
– Me perdoe. - ele disse simplesmente.
Ele foi até a porta, encontrando-se com Mabruke e desviando-se do mordomo com pressa.
Lexi observou Fabian partir, sentindo culpa e arrependimento por tê-lo culpado por algo que ele não havia feito. Queria fazer com que ele ficasse, mas não tinha forças.
–Markus - ela olhou para ele - Não deixe que ele se vá. - ela tinha um olhar suplicante - Não foi realmente culpa dele.
Markus analisou o estado de Lexi. Decidiu que seria melhor ficar ao seu lado.
– Agora não. Venha, você precisa se deitar. - ele tentou fazer com que ela o acompanhasse, mas ela parou.
– Não, espere. Olhe - ela apontou com o queixo - A poça de sangue. Não há só sangue. - ela observou enquando ele a sentava em uma cadeira e se ajoelhava para observar o sangue.
E de fato não havia somente sangue. Havia um líquido semitransparente, amarelado. Marcus observou mais de perto. Não era nada que conhecia. Tampouco era bile.
– Isso não é nenhum ácido estomacal. - ele virou-se para Mabruke - Não limpe ainda. Coloque parte do líquido em um frasco e entregue-me mais tarde. Vou até o Dr. Farrell descobrir o que infernos é isso.
Markus voltou-se para Mabruke.
– Sim, Sr. Cooper. - Mabruke retirou-se novamente.
Markus foi até Lexi e ajudou-a a levantar-se. Ela ficou de pé e cambaleou, franzindo a testa.
– Você não vai conseguir andar até seu quarto. - ele balançou a cabeça.
– Claro que consigo. - ela começou a andar, teimosa.
Antes que ela desse um passo em falso novamente, Markus levatou-a e começou a carregá-la.
– Markus, o que...? - ela segurou em seu ombro, com medo de cair.
– Você mal consegue andar, Lexi. - ele começou a caminhar, ela não protestou.
O quarto dela era no mesmo andar. Ele atravessou a passagem de um lado para o outro da casa. Ele virou-se para passar pela porta e entrou no quarto.
Levou Lexi até cama e deitou-a devagar.
– Obrigada. - ela sussurrou.
Ele ficou de pé ao lado da cama e coçou a parte de trás de sua cabeça.
– Tudo bem... - um silêncio desconfortável se seguiu.
–Markus. - ela olhava intensamente em seus olhos.
– Sim? - ele respondeu, levantando uma sombrancelha.
– Você pode pegar uma manta no armário? - ela pediu.
Ele não respondeu, mas foi até o armário apontado e pegou uma manta azul, e voltou para a cama e estendeu a manta sobre Lexi.
– Obrigada. - ela virou-se e fechou os olhos.
Ele permaneceu alguns segundos observando Lexi, até que decidiu-se por pegar uma das cadeiras perto da janela mais próxima e arrastou-a até a lateral da cama. Com o barulho, Lexi abriu os olhos.
– O que você está fazendo? - ela perguntou, a voz baixa e fraca.
Ele sentou-se, pegando o cantil de prata em seu bolso interno e tirando a tampa.
– Eu vou ficar aqui até achar que devo. - ele bebeu um longo gole de sua bebida.
–Você não precisa fazer isso. - ela ainda olhava fixamente para seu rosto.
Ele não respondeu e bebeu mais um gole.
Eventualmente, ela fechou os olhos.
– Obrigada, Markus.
Denada, ele pensou.
Ele devia isso à ela. Ele devia sua vida à ela.
Depois de sair do exército, cheio de culpa e raiva, participou de combates corpo a corpo ilegais no submundo de Londres. Lugares onde homens com dinheiro suficiente apostavam em homens que não tinham dinheiro suficiente para a própria comida, para que esses homens sem dinheiro enfrentassem-se em um ringue improvisado.
Lugares desse tipo eram sujos, apertados, abafados, mal cheirosos... O cheiro de suor no ar parecia instigar os homens a gritarem mais alto e o dinheiro a sair das carteiras. E Markus a aplicar mais força nos golpes que desferia.
Todas as noites, ele era jogado na lama, no chão frio. Toda noite ele deixava seu lado selvagem tomar conta, sem se preocupar se estava machucando alguém e sentir-se mal por isso. Ele lutava pra comer. Ou era isso que ele gostava de se convencer que fazia. Mas ele gostava da dor que provocava em seus oponentes. Muito.
Mas uma noite tudo mudou.
A noite que ele conheceu Lexi.
Ele estava se preparando para sua terceira luta, depois de ter terminado com dois homens da marinha. Ele pegou sua camisa que estava pendurada na borda do ringue improvisado e limpou o suor de sua nuca. Não que adiantasse, em minutos estaria encharcado novamente.
Quando colocou sua camisa de volta na tábua de madeira, notou ao fundo da multidão abarrotada uma mulher que se destacava do resto. Ela tinha cabelos ruivos. Ela se vestia e hagia de maneira diferente da multidão. Ela não gritava, não sacudia apostas nervosamente nas mãos, tampouco se mechia. Ela estava parada, observando Markus.
Quando ele fixou seu olhar nela, ela sorriu.
Ele ignorou e voltou-se para o ringue. Ele não notou, mas a luta havia começado. Seu oponente desferiu um golpe em sua direção que atingiu seu maxilar, fazendo com que ele fosse de encontro a parede de táduas atrás de si.
Rapidamente, ele levantou-se e foi de encontro ao abdômen do homem alto e levou-o ao chão. Quando o homem caiu, ele prensou seu joelho em sua garganta, prendendo-o ao chão, e puxou seus cabelos, obrigando o homem a olhar para seu punho enquanto ele socava seu olho. O homem tentou levar as mãos até sua garganta, desesperado por ar, mas Markus pegou uma de suas mãos enquanto elas iam até seu pescoço e com força levou a mão do homem ao chão, até ouvir um estralo alto. O homem gritou. Markus sentiu pelo menos um dedo quebrando sob sua mão. Ele socou seu oponente descontroladamente até que alguém pulasse dentro do ringue e puxase-o pelos ombros.
Markus foi declarado vencedor da luta, e as pessoas gritaram em vitória ou frustração, ele não sabia dizer. Mas ele viu a ruiva novamente, que o chamou para acompanhala para fora do estabelecimento.
Ele ignorou os potestos dos apostadores e saiu do ringue.
– Algum de vocês vai me impedir?! - ele gritou em resposta às vaias.
Todos abriram caminho.
Ele saiu a procura dela. Ela estava ao lado da porta, fumando.
–Aceita um cigarro? - ela não olhou para ele ao oferecer, mas entendeu uma caixa prateada de cigarros.
Ele pegou a caixa e acendeu um cigarro.
– Quem é você? - ele levantou o queixo para ela.
Ela enfim virou seus olhos castanhos para ele, estendendo a mão. Ela respondeu:
– Lexi Smartchild.


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Notas finais do capítulo

Apêndice de personagens:
Lexi Smartchild (Luiza Sampaio)- Habilidades reveladas: Empatia, capacidade de ler ou sentir sentimentos e emoções.
Markus Cooper (Marco Costa)- Habilidades reveladas: Indução a Necrose, capacidade de matar células de seres vivos.
Alicia Alexander (Ana Araújo)- Habilidades reveladas: Precognição artística, capacidade de recriar artisticamente qualquer evento futuro.
Fabian Montgomery (Filipe Muliterno)- Habilidades reveladas: Persuasão Sobrenatural, Habilidade de convencer ou obrigar as pessoas a fazer o que se pede usando a voz.
Genevieve Finley (Giovanna Franchini)- Habilidades reveladas: nenhuma.
Mabruke (Original)- Habilidades reveladas: não tem habilidades sobrenaturais.
Martha Moreton (?)- Habilidades reveladas: nenhuma.
O Doutor (?)- Habilidades reveladas: nenhuma.
Genesis Pettigrew (?) - Habilidades reveladas: nenhuma.
Dr. Farrell (?) - Habilidades reveladas: nenhuma.



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