Maldição do Fogo escrita por Mary


Capítulo 5
Axel - Sou obrigado a partir em uma missão com aquela ruiva


Notas iniciais do capítulo

Infelizmente, esse capítulo não tem música. Mas o próximo tem :3



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– Eles? Ah, eles estão prestes a ruir. Seu fim está próximo, não há como negar. Mas, comigo, você se libertará.

Não devia ter gritado. Mesmo com a sua fobia, foi idiotice gritar daquele jeito. E ainda por cima, jogar uma faca em chamas para o alto. Aí mesmo que Seika pararia de olhar para ele.

Nia estava ao seu lado até mesmo quando se sentaram ao redor da mesa de pingue-pongue para a reunião. Só que daquela vez, nada de nachos.

Randy e Seika também estavam lá. E todos os outros conselheiros-chefes, além de Quíron e alguns espíritos da natureza. Mas aquela não era uma reunião normal. Era mais urgente, e totalmente necessária. Porque, naquela noite, todos ouviram uma profecia. E Axel sentia como se a maldição referida fosse a sua.

Mas tinha a certeza de que deveria participar daquela missão. Lembrava do que a voz tinha dito na sua mente, mas não queria ficar repetindo-a mentalmente. Respirou fundo e percebeu que Nia também estava pálida, olhando para um ponto fixo. Imaginava o que ela estaria olhando e porque estava assustada.

– O que nós ouvimos na fogueira – começou Randy – foi uma profecia. Mas sobre o quê? Com quais semideuses? Qual será sua missão?

– Essa, Randy – falou Quíron – é uma coisa que precisamos descobrir. Temos que saber quem andou tendo sonhos sobre isso e...

– Eu ouvi uma voz – interrompeu Axel – Depois da Rachel ditar a profecia, ouvi alguém dizer algo na minha cabeça.

Todos ao redor da mesa olharam para ele de modo estranho, até mesmo Seika, que também parecia preocupada.

Ele a ouviu novamente, e sentiu que não iria esquecê-la tão cedo.

– Fui o único? - ele questionou.

Nia, ao seu lado suspirou. Ela tinha sido a única que não estava olhando para ele como os outros faziam.

– Eu também ouvi – ela disse – Não foi uma voz qualquer. Ela era...

– Fria e aguda – complementou o filho de Zeus – O que te disse?

Abriu a boca para responder, até repentinamente arregalar os olhos e fechá-la novamente, sem dizer uma única palavra. Balançou a cabeça, e baixou o olhar.

– Bem – continuou Axel – Ela me disse que nosso... nosso fim estava próximo e... não poderíamos evitá-lo.

Repentinamente, a porta abriu-se. O sr.D. estava parado lá, com os polegares apertando a orelha de uma menina ruiva com sardas, cuja cabeça estava ficando vermelha.

– Você por acaso é conselheira-chefe do seu chalé? - ele rosnou.

– Não, mas... - ela tentou falar.

– Sabe que não pode espiar as reuniões do conselho. Por que estava aqui?

– Eu precisava...

– Quer ser transformada em um golfinho, garota?

Quíron ergueu a mão, pedindo que os dois se silenciassem.

– Meu caro sr. D. – falou – não pode sair transformando campistas em golfinhos apenas por tentarem ouvir as reuniões dos conselheiros-chefes.

Elizabeth abriu aquele seu sorriso, olhando para o diretor.

– Contudo, srta. Green – continuou – você não pode fazê-lo. Por isso, receberá uma punição. Lavará os pratos do jantar por dois dias, okay?

Ela fez uma cara de ofendida, suspirando. Algo dentro de Axel se remexeu.

– Agora – disse Quíron – estamos tentando ter um debate. Com licença, Elizabeth.

Quando o sr. D. fez questão de fechar a porta na frente dela, a ruiva gritou:

– Eu também ouvi uma voz! Fria e aguda, como disseram.

Aquilo fez todos se calaram. Até mesmo o diretor interrompeu o cessar da porta.

– Ela me disse – continuou – Quer dizer, pediu, para que eu não os escutasse.

O ar estava começando a ficar tenso. Axel mais uma vez desejou não ser o único filho de Zeus no acampamento, assim ele não teria que estar ali, ouvindo aquelas coisas.

– Vocês três parecem ter sido os únicos, não? - falou Gabe.

– Sim – concordou Elizabeth.

– Acho que isso pede uma missão – sugeriu sr. D.

Também não teria sido escolhido para realizar uma missão com a tal Elizabeth.

– Mas qual seria a finalidade? - perguntou Nia.

– Esse é o problema – falou Quíron – Infelizmente, devemos aguardar um pouco mais até mais coisas serem reveladas.

– O que foi que a Virginia escutou? - Matt intrometeu-se.

– Por que você quer saber?

– Pode ajudar. Talvez tenha alguma pista...

Axel a viu enfiar as unhas na madeira da mesa, como se estivesse tentando quebrá-la.

– Ela disse – respondeu – que está com o meu irmão, James.

Exclamações foram ouvidas em toda a sala. Ela apoiou os cotovelos na mesa, colocando todo o seu peso sobre eles.

– Algo a mais? - quis saber Quíron.

– Não. Mas eu sei quem é.

Seika bateu na mesa.

– Aí está – falou – O objetivo da missão é encontrar essa mulher e James.

– E, já que esses três foram quem ouviu a tal voz – complementou Gabe – eles é que devem ir.

– Alguém se opõe? - perguntou Quíron.

Axel quis gritar: EU! EU NÃO VOU NUMA MISSÃO COM ESSA GAROTA!

Ah, pensou. Por que Randy não ouviu a voz? Ou Seika. Por que logo a tal Elizabeth?

Mas soube que precisava aceitar aquilo. Eles não tinham sido escolhidos juntos por coincidência. Sabia que precisava ajudar Nia no que ela estava prestes a enfrentar, e também precisava se libertar. Mesmo que soubesse que não iria conseguir fazer aquilo, só sabia que era uma necessidade.

– Todos de acordo – ele disse.

– Ótimo – falou o centauro – Amanhã, antes do café, vocês partem.

***

Estava tão escuro que parecia estar de olhos fechados. Não conseguia enxergar nada a sua frente, mas acreditava que seria melhor se permanecessem abertos.

Repentinamente, tudo se iluminou em uma rajada de fogo. Ele caiu no chão, tentando se segurar com o braço, e viu uma sombra mover-se atrás do fogo. O ar estava denso, não conseguia respirar direito. Tinha que inspirar profundamente, para soltar devagar depois.

A tal sombra foi se aproximando, deixando mais nítidas as formas do seu corpo. Até que ficou ainda mais perto do fogo, e ele notou que se tratava de uma mulher. Não pôde ver seus detalhes, mas percebeu que seus cabelos eram grandes e escuros, e usava uma capa preta como aqueles bruxos de Harry Potter. Ela ergueu sua mão, e outra chama acendeu-se ali.

– Ah, Axel – sua era idêntica à que tinha falado em sua mente na fogueira – Vocês não poderão me deter. Eu sou mais poderosa.

Riu alto, e sua voz ecoou por todo o espaço. Olhando para o lado, ele viu uma figura altíssima e grande, mas também perdida na escuridão.

– Vamos, meu caro semideus. Junte-se a mim. Você é valioso, e eu posso ajudar a vencê-lo seu pequeno problema. Mas, se não o fizer, eu o piorarei.

Axel bateu o bracelete na barriga e o viu se transformar na faca habitual. Percebeu que aquilo não seria o bastante, era preciso algo maior, e se arrependeu de ter escolhido aquela arma.

Seu reflexo na lâmina parecia diferente, e ele se sentia atraído, com muita vontade de não parar de se olhar. Então, ela ardeu em chamas novamente, porém eram maiores. Tentou largá-la, mas parecia estar presa à sua mão. Deixou-a o mais longe possível do seu corpo.

No entanto, parecia que o fogo estava aumentando, descendo pelo cabo, prestes a tocar sua mão. Ele sentia como se seus minutos estivessem contados.

– Axel! – ele ouviu Seika gritar em algum lugar, mas não pôde procurá-la – Axel, por que você está gritando?!

***

Ele estava de volta ao seu chalé, deitado em sua cama, suando e arfando. Seika estava com o rosto sobre o dele, vestida com sua blusa laranja do acampamento, um número maior do que o que deveria usar. Sua espada estava embainhada e o cabelo preso em um rabo de cavalo.

– Axel! Você acordou. Levante-se! Vamos lutar.

Ainda estava tentando processar. Olhou por baixo da coberta e exclamou:

– Seika! O que você tá fazendo aqui? Eu estou de pijama!

– Fala sério, cara! Você está prestes a sair em uma missão e se preocupa com seu pijama? Venha, vamos lutar.

Ele passou a mão pelo cabelo e sentiu o cheiro de queimado. Mais uma vez, percebeu que ele tinha sido eletrizado enquanto dormia. Se levantou, pegou uma jaqueta qualquer e bateu o seu bracelete na lateral da coluna. Ao ver a lâmina surgir, sentiu que nunca mais seria a mesma coisa.

Seika olhava para ele, mordendo o lábio inferior, resistindo a vontade de rir.

– Vamos logo com isso – ela disse.

No meio do chalé, eles se encararam enquanto estavam frente a frente. Até ela dar o primeiro movimento.

Como sempre, suas lâminas ficaram se chocando, deixando seus sons ecoarem pelo aposento. Aqueles minutos pareceram ainda mais longos, afinal, nenhum dos dois queria que aquilo acabasse logo.

Então, Axel fez um corte em Seika.

Ela caiu no chão, e seu sangue escorreu pelo chão. O ferimento em sua perna estava aberto, e não parecia muito longo, mas ela parecia fraca. Axel se ajoelhou ao lado dela, murmurando desculpas o tempo todo. Aquilo fazia com que ele se sentisse muito mal.

– Cara, não se preocupa comigo – ela disse – Daqui a pouco, vão ser seis e meia, e você vai precisar ir. Sou o menor dos seus problemas.

– Não, Seika, isso...

A filha de Ares fez algo que o surpreendeu.

Com a mão na nuca dele, puxou-o e o beijou, fazendo com que o coração dele se acelerasse. Ainda em estado de choque, Axel retribuiu, até ela se separar.

– Volte vivo, okay? - ela sussurrou em seu ouvido.

E aquilo o fez ter ainda mais vontade de que aquilo acabasse logo.

– Claro.

– Promete?

Suspirando, respondeu.

– Prometo.


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