Maldição do Fogo escrita por Mary


Capítulo 2
Axel - Até no título do capítulo tem que falar da tal Liza - e do cabelo eletrizado.


Notas iniciais do capítulo

Postei esse capítulo rápido demais para o MEU gosto, mas meus amigos insistiram tanto e a inspiração estava presente, então foi logo.
Música do capítulo:
https://www.youtube.com/watch?v=vnBYWI8pxmU (Everybody's Fool - Evanescence)



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Axel tinha mais coisas em que pensar. Parecia que o outros queriam que ele se importasse com a tal Elizabeth Green. Mas, assim que os dois trocaram um olhar, perceberam que nunca conseguiriam ser amigos.

O acampamento era muito grande. Ele até conseguiria evitá-la numa boa, mas o que fazia com que eles se cruzassem o tempo todo era o fato de que Virginia não queria largá-la. Como se ela resolvesse passar cola nas duas para que não se separassem.

Já tinha ouvido a história da novata milhares de vezes. Desde o abandono, até a revelação do anel e encontrar Randy perto do pinheiro da Thalia. E se afastava toda vez que alguém mencionava o nome dela.

Claro que ele estava curioso. Afinal, como ela conseguira queimar – não gostava nem de pensar nessa palavra – a cara de uma Benevolente? Qual era o mistério daquele anel? Por que a mãe tinha agido diferente, se é que isso realmente aconteceu? Mas não tinha que ficar pensando naquela garota nem falando dela como os outros faziam.

Depois do café-da-manhã, ao ver Nia com a tal garota, se afastou. Andou às margens do riacho que saía do lago. Viu as náiades que escondiam-se lá dentro, sorrindo e acenando para ele, como se o chamasse para mergulhar com elas. Mas conhecia seus truques, então apenas as ignorou.

Passou perto dos chalés. Olhou para eles e encontrou Seika sentada na porta do chalé 5 enfiando a espada no chão e tirando de novo. Ela ergueu a cabeça em sua direção e o encontrou. Prendeu a arma ao cinto e correu para ele.

Axel tentou não abrir a boca. A filha de Ares corria de um jeito incrível, autoritária e confiante, com os fios de cabelo tão louros voando para trás da cabeça, enroscando nas orelhas. Seus olhos estavam duros e frios, mas, quem a conhecesse bem, conseguia encontrar um leve quê de meiguice – que ela sempre conseguia esconder.

Não sabia quando começou a gostar dela. Talvez tivesse sido desde que cruzou o pinheiro com um sátiro e mais duas crianças, e ela olhou para ele sabendo que seria encrenca. Mas pode ter sido depois, quando começaram a lutar juntos na arena e faziam parte da mesma equipe ao jogarem caça à bandeira. Contudo, não queria saber. O importante era que sentia aquilo e ponto final.

Ela chegou, dando-lhe uma cotovelada na cintura. E ele não ficou mal; sempre faziam coisas assim.

– E aí? - perguntou a garota.

– E aí o quê?

– Aconteceu alguma coisa?

– Não.

– Você tem estado diferente. Desde que a Liza chegou.

Axel suspirou e começou a andar mais rápido.

– Será que é impossível ter uma conversa sem mencionarem o nome dela nesse lugar?

Ouviu a risada de Seika atrás dele. Mas não se virou para olhá-la; acelerou o passo ainda mais.

Sem ter uma resposta, olhou para o riacho. Pôde ver seus reflexos nas águas claras.

Com a água tremeluzindo, sentia-se ainda mais esquisito. Como tinha acordado atrasado – não tinha irmãos para acordá-lo – não teve tempo para pentear o cabelo, e ali estava o resultado: uns fios para cima, outros para baixo, alguns perdidos para os lados e talvez até conseguisse ver alguns que tinham sido eletrizados durante o sono.

Os dois continuaram andando em silêncio. E ele se perguntava se Seika olhava para ele da mesma maneira.

Claro que não, pensou. Uma garota como ela nunca olharia para um garoto como eu. Olhe para mim! Nem consigo dormir sem acordar com o cabelo eletrocutado, e sem falar no fato de ter perdido um braço durante um incêndio...

Seguiu em frente, chutando a pedra que estava em seu caminho. Seika correu até ela e a chutou também, esperançosa de que Axel iria chutá-la novamente. Mas ele não fez isso. Ignorou-a e não parou de andar.

– O que foi, Axel?

– Nada.

– Você deveria ter chutado a pedra.

– Mas não chutei.

Ela segurou no braço dele, perto do bracelete, tentando pará-lo. Mas, em vez disso, ele se soltou e começou a correr.

– Eu o desafio! – ela gritou – Agora! Na arena!

Aquilo o parou. Gostava de lutar contra ela – mesmo que, sendo filha de Ares, vencesse quase sempre. Não sabia porque o fazia sentir bem, mas fazia. Ele se virou e os dois se encararam.

– Quem perder, leva uma aranha para o chalé 6 – disse ela.

– Só uma?

– Não sejamos tão maus.

E abriu aquele sorriso que geralmente era visto apenas nos rostos dos filhos de Hermes, com a boca mais inclinada para um lado do que para o outro.

Correram juntos até chegarem no local. Sra. O'Leary estava deitada em um canto, respirando pesadamente, ainda dormindo.

Andaram até o centro do círculo. Seika sacou sua espada e Axel bateu no bracelete. Ele foi em espiral até sua mão para enfim tomar a forma de uma faca prateada. Eles ergueram suas armas e ficaram frente a frente, com os olhos fixos nos do outro, esperando o movimento do primeiro.

A garota andou para a frente e esticou o braço, baixando a guarda. Ele tentou atacá-la, mas foi rápida para defender-se. Suas lâminas se tocaram, e os dois começaram a travar uma luta.

Levaram apenas alguns minutos até ela conseguir encontrar um buraco na defesa dele e desarmá-lo, apontando a ponta da espada para o peito dele.

– Trinta segundos – sussurrou.

Axel entendia o que significava aquela expressão. Fora fácil demais e ele ainda tinha tempo para uma revanche. E foi o que pediu.

Ela pegou a faca dele e entregou na sua mão. Ficaram um de frente para o outro novamente, esperando um conseguir ser o primeiro.

Dessa vez, ele quem deu o primeiro passo.

Foram rápidos de uma maneira igual. Cada movimento como se tivessem sincronizado antes, até ela bater com o punho da espada na mão dele e derrubar novamente sua faca.

– Pode escolher a espécie da aranha – disse, com um sorriso.

– Fala sério, Seika!

Ela olhou para ele, rindo. Pegou a faca novamente e jogou para ele.

– Da próxima vez – ela falou – tente me ganhar. Estava fácil demais.

– Você é a filha do deus da guerra aqui.

– E você é o filho de Zeus. Poderia ter jogado um raio na minha cabeça a qualquer instante. Ou sair voando por aí.

– Eu não faria isso...

O cão infernal remexeu-se e ergueu a cabeça.

– Ops – ele disse.

Sra. O’Leary levantou-se e correu até eles. Nada puderam fazer, exceto ficarem parados, esperando a colisão. Derrubou-os no chão e os babou.

– Garota – falou Seika – Pode sair. Já ficou conosco tempo demais, não?

Alguns resmungos depois, ela finalmente saiu de cima deles, deixando-os se levantarem novamente.

– Agora – disse a garota – Vamos arranjar umas aranhas, não?

– Claro – concordou Axel.

Mas, antes de saírem, ouviram vozes na porta da arena.

A garota ruiva surgiu, abrindo um sorriso como o que Seika fazia, mas sem conseguir imitá-la de verdade – não que ela estivesse tentando imitar Seika. Colocou um cabelo para trás e olhou para eles.

– Bem – disse Liza – eu ainda não tinha entrado na arena.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado.
Reviews, please :)