O Pai do Meu Inimigo não é Meu Inimigo escrita por Yasu


Capítulo 1
Capítulo 1




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Harry estava espiando o pai de seu maior inimigo, não que isso fosse incomum, Harry costumava espionar Lucius Malfoy quando ele vinha a Hogwarts porque sempre achava que o homem estava aprontando algo. Desta vez Harry o espionava por um motivo muito diferente. Quando vira Lucius atravessando o corredor, Harry se sentira compelido a segui-lo, era quase como se tivesse sido enfeitiçado.

Voldemort estava morto, Harry e os outros faziam o sétimo ano, incluindo Draco. Hogwarts fora reconstruída com relativa rapidez, e todos tiveram que repetir o ano, mesmo os alunos que estavam em Hogwarts quando Voldemort tomou o poder. Mesmo com todos os repetentes, as turmas estavam muito vazias. Muitos alunos haviam sido perdidos na guerra, e as cadeiras desocupadas nas salas de aula não deixavam que ninguém esquecesse. Mas Lucius não sabia disso. Ele não imaginava como os alunos se sentiam e não chegava nem perto de imaginar como Harry se sentia.

Lucius havia perdido muitas coisas... prestígio, poder, dinheiro, mas ele também havia mantido as duas coisas mais importantes: Draco e Narcisa. Harry havia perdido sua família há muito tempo, agora ele tinha que assistir a família que o aceitara seguir em frente como um quebra-cabeça com peças faltando. Mas Lucius não sabia disso, e não ligava.

—O que quer Potter? – ele se virou e andou até o pilar onde Harry havia se escondido – Eu não sou mais um Comensal da Morte e você não tem nenhum motivo para me vigiar.

Harry corou. Ele não pretendia ser descoberto tão facilmente, Lucius lhe fez parecer ridículo.

—Eu não estava te seguindo – Harry disse sério, embora fosse exatamente o que estava fazendo – Eu... eu apenas vim oferecer ajuda. – era uma desculpa de última hora, uma desculpa improvisada, e foi exatamente assim que soou.

Quando Harry havia começado a falar, meio gaguejando, ele achou que Lucius responderia com algo que o faria se sentir ainda mais estúpido, mas não foi assim. Diante da resposta ridícula, Lucius riu, uma risada delicada, suave, gostosa de ouvir. Os olhos de Harry dobraram de tamanho e ele sorriu enquanto olhava para Lucius.

—Então... – Harry se aproximou – Será que... que eu posso ajudar?

Lucius franziu o cenho. Ele se perguntava o que Harry Potter queria com ele, ainda mais sendo gentil. Curioso, Lucius tirou a bolsa que carregava e estendeu-a para Harry.

—Acho que você tem alguma utilidade no fim das contas – ele disse fingindo desdém, mas suas bochechas se avermelharam e tom de voz perdeu todo o efeito.

O coração de Harry acelerou.

Então Lucius não era tão frio assim, han?

Harry andou ao lado de Malfoy, ele via Lucius virar a cabeça para olhá-lo, provavelmente se perguntando o que Harry Potter fazia carregando sua bolsa. Harry se perguntava mesma coisa, ele não sabia por que havia seguido Lucius, ou por que havia sido gentil, não entendia o que estava fazendo ali, pacificamente ao lado de um homem que odiara, que ainda deveria odiar.

Mas ele definitivamente gostava do que via. Lucius todo empertigado, tentando se fazer de superior enquanto estava obviamente envergonhado e sem jeito por Harry ter aceitado carregar sua bolsa.

—Não vai dizer nada, Potter? – Lucius murmurou, ele queria algo para afastar o desconforto.

—Bem... – Harry procurou algo para dizer – O que... O que veio fazer aqui?

—Vim ver a Professora McGonagall – Lucius riu – Era isso que queria saber desde o começo? Como pode ver, menino, eu não vim fazer nada obscuro.

—Eu não disse que veio – Harry murmurou contrariado. Então ele encarou Lucius, Harry estava tão alto quanto ele agora, e olhar Lucius Malfoy nos olhos era muito mais fácil agora – E eu não sou um menino. – Harry afirmou, não sabendo por que a ideia de Lucius vê-lo como criança o irritou tanto.

Não. Harry não era um menino. Lucius não era cego, ele podia perceber que Harry havia se tornado um homem, um dos bonitos. Ele se xingou mentalmente por estar pensando dessa maneira em Harry Potter. Por Merlin! Ele queria se enfiar no primeiro buraco que encontrasse, a proximidade com Potter o estava deixando nervoso.

—O que foi? – Harry interrompeu os pensamentos de Lucius, fazendo-o corar.

Lucius parou de andar encarando Potter. Por que ele estava pensando em um caso? Harry não havia falado nada sobre qualquer coisa assim, e só porque Lucius achava que ele parecia interessado não significava que ele realmente estava interessado, e se estivesse, não significava que Potter pretendia fazer algo sobre isso. E Lucius? Ele pretendia fazer algo? Por que estava se perguntando esse tipo de coisa? Por que Potter estava seguindo-o por aí com sua bolsa a tiracolo? Devia ser muito estúpido!

—Tudo bem? – Harry perguntou preocupado, pousando a mão no ombro de Lucius, o homem havia parado de andar de repente e tinha aquele olhar perdido no rosto. Harry apertou o seu ombro – Lucius?

Como se o toque o tivesse queimado Lucius pulou para trás, o rosto vermelho. Por Merlin! Estava agindo como um imbecil na frente de Potter! Lucius era velho o suficiente para saber o que tinha de fazer, velho o suficiente para não agir feito um adolescente cheio de hormônios, e com toda a certeza, velho suficiente para ser pai de Harry Potter.

Harry murmurou um pedido de desculpas que deixou Malfoy bastante surpreso. O que será que Potter queria? Lucius não conseguia parar de se perguntar, Potter lhe oferecer ajuda já beirava o impossível, mas um pedido de desculpas? Um pedido de desculpas extrapolava os limites do non-sense.

—Você não vai mesmo me dizer oque quer, não é? – Lucius suspirou – Eu não estou entendendo nada, Potter! – ele passou as mãos sobre o rosto.

—Eu... – Harry se aproximou outra vez, mas manteve certa distância – Eu... – ele não sabia, não sabia o que queria, não sabia o que dizer. Não sabia de nada. – Eu só...

—Por Merlin, Potter! – Lucius se virou e continuou a andar. Tinha alguma ideia do que ele queria, mas definitivamente não estava disposto a deixar Potter chegar mais perto.

—Será que você não pode... – Harry segurou a mão de Lucius – Eu não sei o que é – Harry admitiu – Eu só quis olhar pra você um pouco mais.

Lucius tremeu.

—Não faça isso.

—Mas eu quero fazer – Harry puxou Lucius para mais perto – Eu me sinto atraído por você...E eu sou da grifinória, sou impulsivo, lembra?

Lucius se afastou rapidamente. – Por Merlin, Potter! Estamos no meio do corredor!

—Harry deu de ombros – Não precisamos ficar no meio do corredor – ele disse estendendo a mão para Lucius.

Lucius olhou a mão de Harry por um longo tempo, ele simplesmente não sabia o que fazer. Bom, ele sabia o que queria fazer, ele queria segurar a mão de Harry e descobrir o que iria acontecer. Mas ele não podia.

—Eu... — Lucius murmurou, as mãos fechadas para que evitasse agarrar as de Harry de impulso. – Eu tenho mais o que fazer... não tenho tempo para você.

Harry até teria acreditado se a voz de Lucius não fosse tão baixa, e ele não estivesse tremendo. — Você não está com medo de mim, está?

Lucius escancarou a boca, indignado — É claro que não! Quem você pensa que é, Potter? — e apesar de estar apavorado, não estava mentindo, não estava com medo do que Potter poderia fazer, e sim de como reagiria se Potter fizesse algo.

—Desculpa... — Harry pediu levantando as mãos em uma oferta de paz — Apenas achei que você parecia assustado!

— Pois não estou! — Lucius exclamou amarrando a cara.

—Que bom, porque eu só quero conversar. — e dessa vez Harry arrastou Lucius pela mão.

— Conversar?

Harry riu — É impressão minha ou você parece desapontado?

Lucius fechou a cara e empinou o nariz, depois desse comentário ele não falou com Harry durante o caminho inteiro – caminho para sei lá onde – Lucius pensou, pois ele não fazia a menor ideia de onde estavam ou para onde estavam indo.

Quando finalmente chegaram ao seu destino, e Harry fechou a porta atrás deles, Lucius começou a tremer outra vez.

—Se é só conversar por que não fazemos isso no corredor mesmo?

Harry suspirou — Porque eu não acho que você gostaria que alguém me ouvisse enquanto tento te convencer a sair comigo... e sim — ele falou antes que Lucius pudesse perguntar — Eu quero dizer em um encontro.

—Eu não vou sair com você... será que podemos ir agora?

—Bem... Eu disse convencer, não disse? — Harry se aproximou sorrindo confiante — E eu ainda nem comecei...

Harry continuou se aproximando, e a respiração de Lucius começou a acelerar. Harry o estava deixando nervoso, ele não queria beijar, o que faria se Harry o beijasse? Quando Harry estava a menos de um passo dele, Lucius cobriu o rosto com as mãos, tanto para evitar que Harry pudesse alcançar seus lábios, quanto para impedir que garoto visse seus olhos marejados.

Na hora em que viu a reação de Lucius, Harry estacou. Ele não esperava que o homem estivesse tão assustado.

—Me desculpa — Harry pediu tocando o braço de Lucius de leve, ele se encolheu ainda mais — Vamos... tá tudo bem...

—Não — Lucius choramingou —Você disse conversar — ele soluçou. Não podia acreditar! Tinha lutado tanto para manter a pose, e agora desmoronava na frente de Potter. Aquele grifinório maldito devia estar adorando!

—Eu sei — Merlin! Harry podia ouvir o choro de Lucius, e isso era tão longe do resultado que esperava. Ele queria deixar o homem excitado, não fazê-lo chorar! Ele não entendia... sabia que Lucius tinha ficado interessado nele. — Eu sinto muito — ele acariciou o cabelo de Lucius de leve — Não precisa chorar...

—Eu não quero... — ele murmurou se afastando de Harry.

—Não se preocupe, não vou fazer nada — Harry murmurou abraçando Lucius — Pode se acalmar agora.

—Não é isso... — Lucius murmurou deixando que seus braços pendessem ao lado do corpo enquanto se apoiava em Harry. Lucius não queria falar sobre isso, ele tinha vergonha só de pensar nisso, mas pela primeira vez ele sentia que não seria julgado. — O problema... — ele começou a contar desajeitadamente — ... Eu não queria me sentir assim, Potter.

Harry piscou — Por “assim” você quer dizer que não gostaria de se sentir atraído por outros homens, é isso? — Quando Lucius assentiu Harry ficou realmente surpreso, ele não esperava que o homem fosse se abrir com ele dessa forma. Harry tinha certeza, isso era um sinal do quanto Lucius estava confuso, e Harry estava disposto a ajudar no que pudesse. — Tudo bem se nós conversarmos sobre isso?

Lucius assentiu, surpreendendo Harry mais uma vez.

Harry puxou duas cadeiras e coloco-as frente a frente, próximas o suficiente para que seus joelhos se tocassem. — Agora olhe para mim e escute bem, ok? — ele esperou pacientemente até que Lucius o encarasse — Não há nada de errado em sentir atração por alguém do mesmo sexo.

—Eu não acho que seja errado, feio ou qualquer coisa assim — Lucius olhou para o lado, as vezes ele se perguntava se teria sido mais feliz se tivesse se casado com alguém que amava. — O problema é que há pessoas que pensam assim.

—E tudo é reputação para você, não é mesmo? —Harry perguntou amargo.

Lucius voltou a encará-lo e respirou fundo — Eu falei o que falei porque pensei que não fosse me julgar, já vi que estava enganado — ele se levantou, irritado por ter aceitado a conversa. Como pode esquecer que todos estão sempre prontos a apontar o dedo para os outros? — Eu agradeceria se ao menos você pudesse manter essa conversa em segredo.

—Espera — Harry foi atrás de Lucius, segurando-o antes que pudesse sair porta a fora — Me desculpe pelo que eu disse... a verdade é que eu quero uma chance com você... e essa importância que você dá ao que as outras pessoas podem pensar... faz com que seja quase impossível eu te convencer a ficar comigo.

Lucius arregalou os olhos, ele não podia acreditar que Potter realmente tinha lhe dito algo assim. — Eu não vou ficar com você, Potter! — disse indignado — Como pode pensar em algo assim?

—Não precisa falar assim — Harry respondeu amuado — Eu só estava sendo sincero.

Lucius bufou — Desculpe — murmurou a contragosto, afinal Harry Potter estava apenas tentando ser gentil com ele — Eu não quis te ofender... na verdade acho que você é muito atraente — ele murmurou envergonhado.

Harry sorriu, era um começo, afinal.

— Lucius... você já saiu com homens?

Lucius negou — Eu nunca falei sobre isso com alguém, não até agora.

Harry segurou as mãos dele, para acalmá-lo e para evitar que fugisse — Quer me beijar?

Mais uma vez, Lucius negou, ele não conseguiria viver se gostasse do beijo, não sobreviveria se descobrisse que havia algo real, algo diferente de seu casamento.

— Você sente atração pela sua esposa? — Harry perguntou corando, ele não sabia se tinha corado porque a pergunta era muito pessoal, ou se era porque estava torcendo desesperadamente para que a resposta fosse não.

A resposta foi não, um não bem choroso.

—Eu imaginava... — Lucius corou — Acho que você sabe o que eu imaginava. É horrível, não é?

—Nem tanto — Harry murmurou — Mas você poderia ter aquilo que imaginava... Poderia ter um relacionamento de verdade. Você não quer isso?

Quando Lucius admitiu que queria, Harry foi aos céus. Ele só esperava que o relacionamento pudesse ser com ele.

— Quer sair comigo?

—Potter!

—Espera — Harry colocou a mão sobre os lábios de Lucius antes que ele pudesse lhe rejeitar. Eram lábios macios, suaves ao toque — Escute a minha proposta: Começamos a sair, apenas sair e nos conhecer, podemos trocar alguns beijos, isso quando e se você quiser. Você leva a nossa relação até onde quiser, e se decidir que não é isso, você volta para o seu casamento. O que acha?

Lucius ponderou — Tudo em segredo?

—Tudo em segredo.

—Feito! — Lucius sorriu, e para selar o acordo, colou brevemente os lábios nos de Harry — Agora vamos, já deixei a Prof° McGonagall esperando por tempo o suficiente.

...

Harry nem podia acreditar, não só tinha marcado seu primeiro encontro com Lucius Malfoy, como tinha ganhado um beijo. Conforme os dias para seu encontro passavam ele ficava mais e mais nervoso. Queria que a coisas dessem certo para ele e Lucius. Antes, tinha falado com ele sem nem pensar nas consequências, sem sequer imaginar que Lucius poderia retribuir a atração que sentia, mas ele não só retribuía, como mostrou confiar em Harry o suficiente para se abrir com ele. Harry suspirou, esperava poder fazer alguma diferença na vida Lucius.

O primeiro encontro foi em Hogsmeade, durante um dos fins de semana em que os alunos tinham permissão para ir até o povoado, com Harry tendo que despistar Rony e Hermione; Lucius temendo ser visto por Draco, e com muito pouco tempo para passarem juntos. Os próximos encontros também foram assim, e Lucius não via a hora de Harry se formar e eles terem um encontro de verdade. Ele queria mais tempo com Harry, Harry era... Harry era bom... ele era gentil, e inteligente, e divertido, carinhoso... e toda vez que ele sorria Lucius tinha que sorrir também, só porque Harry havia sorrido. Ele sabia que estava completamente apaixonado, por Merlin! Só de ver Potter seu coração acelerava.

Infelizmente seu primeiro encontro “de verdade” não foi tão de verdade assim. Harry o levou a um bar trouxa, e embora tivessem mais tempo juntos, aquele não era um bom lugar para namorar. Bem, pelo menos eles andaram de mãos dadas até o apartamento de Harry, e Harry o convidou para subir... Lucius sorria só de lembrar, embora tenha recusado o convite.

—Eu prometo não fazer nada que você não queira. — Harry ainda tentou convencê-lo.

Lucius hesitou — Esse é o problema. Você sabe muito bem que... eu quero. — ele admitiu envergonhado — Você provavelmente vai achar graça, mas eu quero mais do que uma transa as pressas que acaba comigo voltando para casa com medo de que Draco e Narcisa descubram. Eu queria...eu queria...

—Romantismo? — Harry achou uma graça quando Lucius corou ainda mais — Eu não acho graça, eu gosto de romance. Então porque você não sobe, eu abro um vinho, ligo a TV, igual a do bar...

— A caixa com os homens pequenos? — Lucius interrompeu.

Harry riu — Essa mesma, aí eu te ensino a usar o controle remoto enquanto você senta bem pertinho de mim no sofá e me dá uns beijos. O que acha?

—Eu não sei porque você acha que eu estou interessado nessas coisas trouxas — ele respondeu já entrando no prédio.

Harry riu — Por que será?

—Harry...?

—O quê? — ele perguntou ainda rindo

—O que é controle remoto?

—Você já vai descobrir.

Lucius não pode ficar muito tempo, ele tinha que voltar para casa logo. E, mais uma vez, eles caíram em um padrão.

Harry levava Lucius a restaurantes trouxas; ao cinema, que Lucius adorava; a shoppings trouxas, bares trouxas, e eles também passavam um bom tempo no apartamento de Harry, não podiam ir a nenhum lugar bruxo, porque alguém poderia vê-los. O novo padrão de certa forma era melhor do que o antigo, pelo menos agora eles tinham um lugar em que podiam namorar. Mas Lucius estava cansado desse padrão, ele queria andar de mãos dadas com Harry sem que tivesse que se esconder, queria voltar para casa e encontrar Harry lá, queria beijar Harry antes de dormir, queria que Harry fosse a primeira pessoa que visse ao acordar, queria ficar com Harry. Lucius corou quando percebeu o rumo de seus pensamentos, era muito cedo para pensar em uma vida com Harry, mesmo assim, Lucius não podia evitar, ele já sabia o que queria.

Ainda demorou alguns meses até que a situação ficasse insustentável. Lucius ficava cada vez mais desanimado, e Harry já não sabia o que fazer. Ele sabia que Lucius se sentia culpado por enganar Narcisa porque já ouvira a história de como, depois de muito culparem um ao outro pelo casamento arranjado, os dois se tornaram amigos muito próximos. E também sabia que Lucius achava que se não fizesse sexo com Harry logo ele iria larga-lo, não importava o quanto Harry dissesse o contrário, e Harry sabia disso porque Lucius havia dito que tinha percebido que romantismo era bobagem e que estava pronto, quando Harry perguntou se ele tinha certeza Lucius começou a chorar.

A ideia que teve era simples, e romântica, ele sabia que Lucius iria adorar. Harry comprou cortinas azuis bem escuras e pendurou uma em cada janela, nas cortinas ele colou estrelinhas que brilhavam no escuro, ele iluminou o quarto com velas e preparou a melhor comida que sabia fazer. A ideia era jantar com Lucius, mas a janta seria ao meio dia, depois ele poderia seduzir Lucius, daria tempo deles ficarem abraçados e conversarem depois de fazer amor. Isso era o mais próximo que chegariam da idealização de Lucius, pelo menos até que ele se separasse de Narcisa, e Harry nem sabia se isso iria acontecer. Mas não era hora de ficar deprimido, Lucius chegaria em uma hora e Harry ainda tinha que terminar de arrumar as coisas.

—Harry!

Por essa Harry não esperava. Lucius estava ali uma hora mais cedo, e estava chorando. Quando Harry viu Lucius ali, com os olhos cheios d’agua, tudo que pode fazer foi correr até ele e abraçá-lo.

—O que foi? — Harry perguntou quando Lucius o abraçou ainda mais apertado — Lucius... O que houve?

—Na... Narcisa...

—O que foi? Ela descobriu ? — e apesar de ver o desespero de Lucius, Harry não conseguia ficar triste com a ideia.

Lucius negou com aceno frenético de cabeça— Eu contei... — ele murmurou se perguntando se não deveria ter falado com Harry antes de ter tomado essa decisão, mas ele simplesmente não aguentava mais mentir e se esconder.

—Ela ficou muito chateada?

—Não, você sabe que nosso casamento foi arranjado... ela nunca foi apaixonada por mim... na verdade ela é apaixonada por outro...

—Sério?

—Aham — Lucius mordeu o lábio, um pequeno sorriso se formando — Um trouxa! Dá pra acreditar?! Quando ela me começou a falar dele... eu meio que falei sobre você... espero que não se importe.

Harry riu — Não, não me importo nem um pouco — ele beijou a testa de Lucius, definitivamente Harry não queria destruir aquele sorriso, mas ele tinha que saber por que ele entrara na casa aos prantos. — Se tudo está bem com Narcisa, então qual o problema?

O sorriso de Lucius se desfez e seu lábio começou a tremer — Draco... — ele murmurou voltando a se agarrar em Harry.

Harry deveria ter adivinhado, quase nada podia abalar Lucius dessa forma. Ele levou Lucius até o sofá e sentou com ele em seu colo. — Vocês contaram sobre a separação? — Lucius fez que sim com um movimento de cabeça — Foi muito ruim? — mais uma vez Lucius afirmou.

— Ele me odeia... — soluçou.

Harry sorriu antes de beijar os lábios de Lucius — Não é verdade, e você sabe disso...

—Você não entende... —Lucius murmurou —Ele ficou muito zangado... e eu nem contei sobre nós... — Lucius tomou ar antes de prosseguir — Eu quero ficar com você... mas se o Draco não aceitar...

Harry fez a única cosa que podia: deixou Lucius chorar em seu colo enquanto murmurava palavras de conforto. Para falar a verdade, ele não sabia bem o que fazer. Ele conhecia Draco suficientemente bem para saber que o garoto faria um escândalo quando descobrisse que Harry estava saindo com seu pai. E agora também conhecia Lucius o suficiente para saber que ele não conseguiria lidar com a rejeição de Draco.

Aos poucos o carinho de Harry levou Lucius à tranquila inconsciência de um sonho bom. Harry o observava, era difícil imaginar um futuro onde Draco o aceitasse, mas era muito fácil se enxergar dali a uns anos exatamente na mesma posição, com Lucius ressonando sobre seu peito enquanto Harry o olhava assim, tão apaixonado. E pensando em seu futuro, Harry adormeceu.

Quando Harry acordou, Lucius já havia levantado. Ele estava mexendo na cortina da sala, sorrindo para as estrelas que Harry havia colado ali.

—Eu não quis te acordar, então almocei sozinho — ele soltou a cortina com certa relutância e foi até Harry — Fiz mal?

—Não, é claro que não. — Harry bocejou — Eu que dormi demais.

—Harry... — Lucius se aproximou outra vez, ele estava tão envergonhado pelo o ataque de choro, mas quando reparou que Harry havia preparado um dia especial para eles, se sentiu ainda pior. — Me desculpa?

Harry o olhou surpreso, não havia nada pelo qual Lucius precisasse se desculpar.

—Eu vi a decoração... quer dizer... é óbvio que você tinha planejado algo especial... e eu chorei.... —Lucius se atrapalhou com as palavras, ele estava se segurando para não chorar, e era muito difícil segurar o choro e ser coerente ao mesmo tempo.

Harry sorriu e entrelaçou suas mãos na de Lucius — Lucius você falou de mim para sua mulher...

—Ex-mulher —Lucius corrigiu

—É! Exatamente — Harry o sacudiu sorrindo — O que mais eu poderia querer?

Lucius finalmente sorriu. Harry era a melhor coisa que havia acontecido em sua vida. Ele olhava para Harry, enquanto comia ele tentava distrair Lucius com os mais variados assuntos, mas Lucius não estava pensando em como Draco reagiria, como Harry devia estar pensando. Lucius estava pensando em como... se oferecer para Harry. Ele corou, aquela palavra era totalmente inapropriada! Uma atitude dessas era inaceitável.

—Já estamos juntos há bastante tempo, não é?

Harry assentiu distraído, ele sabia que Lucius gostava de dar volta nos assuntos.

—É que... Eu... eu não acho que vá voltar pra casa — ele murmurou — Quer dizer, seria estranho ir pra lá já que eu falei com Narcisa...

—Acho que você deveria se mudar pra cá, permanentemente. — Harry levou seu prato até a pia e voltou até Lucius — O que você acha, eim?

—Não... — ele disse, tentando explicar que não estava se convidando para morar com Harry, afinal ele não queria invadir. Mas pela cara que Harry estava fazendo, tinha entendido algo bem diferente — Não... não é isso, quer dizer... não é não, não, é não.... — Lucius parou e respirou fundo, porque nem ele entendia mais o que estava dizendo — Eu quero morar com você, mas não era sobre isso que eu estava falando, eu não estava me convidando para morar aqui, imagina... eu jamais faria uma coisa dessas...

—Tudo bem — Harry interrompeu Lucius com um abraço apertado — Estou feliz que você tenha aceitado... Mas... o que você ia me dizer?

Lucius corou. Ele deveria ter ficado quieto, agora o que iria dizer? “Ah Harry, eu só estava pensando em como pedir para você transar comigo”? Ele corou ainda mais, não havia a menor chance de dizer algo assim — Deixa pra lá... — murmurou envergonhado, torcendo pra que Harry deixasse pra lá.

Harry riu, ele podia imaginar o que Lucius queria lhe dizer. Não havia muitos assuntos que o deixassem tão envergonhado, então embora não soubesse exatamente o que Lucius queria lhe dizer, ele sabia o assunto: sexo. Quando eles começaram a sair, Lucius não sabia nada sobre sexo entre homens, e toda vez que ele queria saber algo ficava desse jeito, envergonhado.

—Você sabe que pode me falar, não sabe? Eu não vou te julgar, Lucius.

Lucius respirou fundo e falou o que queria, falou baixo, tão baixo que Harry quase não escutou, e ele estava grudado em Lucius.

Harry o acariciou — Eu sei que você tem tudo idealizado para nossa primeira vez, e eu quero que seja do jeito que você sempre quis. Você não precisa se sentir pressionado.

—Eu não estou me sentindo pressionado — Lucius revirou os olhos — Eu realmente quero isso, eu vi o que você fez...

Harry interrompeu — E é por isso que eu disse para você não se sentir pressionado, o que eu planejei não deu certo, mas agora nós podemos ter milhares de jantares românticos, jantares de verdade...

—É... – Lucius puxou Harry até o quarto — ou nós podemos fechar a cortina — e foi o que ele fez, e por um momento as estrelas ali coladas foram a única coisa a emitir luz— E acender essas velas — ele puxou a varinha e acendeu todas de uma vez — E você poderia me beijar agora.

Harry olhou para Lucius por um momento, ele podia ver o medo da rejeição. Mas Harry não o rejeitaria. Harry nunca o rejeitaria.

Indo até ele, Harry começou um beijo lento. Lucius tentou apressar as coisas, querendo muito mais que beijar, e querendo provar que estava pronto.

—Calma... — Harry pediu parando Lucius, ele não queria fazer nada de que o outro se arrependesse depois — Você tem certeza de que é isso que quer?

Lucius assentiu e tentou beijar Harry outra vez, mas este continuou a mantê-lo afastado.

—Que bom, mas não há nenhum motivo para pressa, não é mesmo?

Lucius corou. Talvez tivesse sido um pouco afobado em sua ânsia em mostrar que sabia o que estava fazendo.

Quando Harry o puxou de volta, Lucius tremeu, no fim das contas ele não sabia mesmo o que estava fazendo. Nervoso e excitado ele deixou que Harry fizesse o que bem entendesse com seu corpo, apenas gemendo e retribuindo da melhor maneira que podia. Quando Harry começou a despi-lo, Lucius congelou. É claro que ele sabia que teria que ficar sem roupa na frente de Harry uma hora ou outra, mas agora que o momento havia chegado, a ideia de Harry ver seu corpo bem mais velho e flácido do que o de um jovem o estava apavorando.

—Podemos parar se você quiser — Harry o lembrou.

Lucius chacoalhou a cabeça — Não! — disse e se mexeu desconfortável por um momento — Eu só estava pensando que eu não tenho que tirar roupa, eu posso ficar meio vestido...que dizer... não tem problema se eu não tirar tudo...

—Como assim? Não tem nenhum motivo para você ficar de roupa, Lucius.

Lucius corou — Tem sim, eu não quero que você veja... eu preciso de mais tempo para me acostumar com a ideia... eu já não sou jovem e...

Harry interrompeu — Que besteira! — ele disse zangado — Você é lindo, não tem como você não saber! — Harry puxou a camisa de Lucius, mas ele segurou-a no lugar. Segurando-o a força Harry tentou abrir a camisa mais uma vez, ele queria mostrar a Lucius o quanto o corpo dele o atraia.

Lucius se debateu tentando se soltar de Harry e manter a camisa fechada — Não! — ele gritou começando a se desesperar. Podia sentir seus olhos arderem, e isso não era um bom sinal. — Para! Eu não quero! — sua voz saindo bem menos segura do que pretendia, na verdade ela tremia tanto quanto seu corpo.

Harry o soltou como se tivesse levado um choque. — Me desculpa... — ele olhou para Lucius, o homem tremia abraçado a si mesmo — Lucius... eu sinto muito... achei que se fizesse com que você tirasse a camisa... bom... achei que podia mostrar o quanto eu te acho lindo...

— Desculpa... — Lucius choramingou envergonhado, ele não parecia ter escutado uma palavra do que Harry tinha dito — Eu sinto muito...

Alcançando Lucius em uma fração de segundo, Harry o abraçou. Não havia nenhum motivo para Lucius se desculpar, ele não havia feito nada de errado, Harry tinha, e foi exatamente o que Harry lhe disse, mas é claro que Lucius não aceitaria isso, murmurando como sua atitude tinha sido horrível, ao mesmo tempo em que tentava dar diversos motivos para Harry não vê-lo sem roupa.

Harry suspirou. Ele não apenas discordava de tudo o que Lucius estava dizendo, como achava absurdo. Quer dizer, em que lugar do mundo Lucius Malfoy poderia ser considerado feio?

— Vem aqui — Harry disse já puxando Lucius até a cama. Ele sentou e fez Lucius sentar ao seu lado, seus joelhos mal se encostando — Primeiro: Não tem a menor chance de eu fazer amor com você apenas com as calças baixas como se fosse uma transa rápida em um beco qualquer, entendeu?

Lucius olhou para baixo e assentiu, ele estava tão envergonhado. Ele teria que tirar a roupa uma hora... por que não agora? Ele podia fazer isso...

E enquanto Lucius tentava se convencer, Harry voltou a falar — E depois, eu não deveria ter te forçado daquele jeito... Me desculpa.

—Você não fez nada, Harry... — Lucius sussurrou — Eu não estava com medo de você, eu só estou com medo do que você vai achar quando... me vir, você sabe...

Harry assentiu — Eu quero tentar uma coisa... se for muito você me pede para parar, ok?

Lucius concordou, a curiosidade o excitando.

—Vamos apagar essas velas, então. — com um movimento da varinha Harry mergulhou o quarto em quase completa escuridão. Ele se aproximou e tocou os braços de Lucius devagar, parando quando Lucius estremeceu — Tudo bem?

Lucius soltou um “sim” com a voz fraca e trêmula, mas dessa vez não estava assustado, o escuro o deixava bem mais seguro.

Harry continuou a acariciar Lucius devagar. E quando começou a abrir sua camisa, ele tremeu. Harry tirou os sapatos de Lucius um a um, e deitando-o na cama, o deixou apenas de cueca.

Então Harry se despiu, deixando apenas a roupa íntima. Ele se recostou na cabeceira, puxou Lucius até o homem estar recostado em seu peito, cobriu a si e a ele e, surpreendentemente, acendeu a TV.

Lucius piscou surpreso e então olhou por sobre o ombro — O que está fazendo?

Harry sorriu — Não é óbvio? Estou assistindo TV com meu namorado.

—Mas... —Lucius estava tão confuso, quer dizer, ele achou que iriam...

—Você está muito nervoso, eu disse que não queria que você se forçasse a fazer algo que não quer, e falei sério — Harry respondeu a pergunta não dita.

Acontece que Lucius também estava falando sério quando se ofereceu descaradamente para Harry, mas quando tentou explicar isso a ele, o homem simplesmente o ignorou, dizendo que ele não estava pronto e que ira acabar se arrependendo. Quando Lucius insistiu, Harry simplesmente perguntou se poderia acender as luzes, e isso encerrou a discussão.

Aos poucos Lucius relaxou e deixou que as mãos de Harry passeassem por seu corpo. Harry tinha razão, Lucius estava muito nervoso. O homem podia fazer qualquer um se curvar a sua vontade, podia transformar os mais corajosos em poços de lágrimas, mas quando o assunto era sexo ele era tão inseguro... Bem, ele nunca havia feito sexo com um homem antes, então Harry imaginava que o nervosismo era normal.

—Eu não sou tão jovem quanto você... — Lucius soltou de repente.

Harry riu — Eu sei, Lucius, eu sei a sua idade, lembra?

—Eu só sou estou te lembrando... que eu vou ficar mais velho... muito velho... — Lucius murmurou nervoso. Não que ele esperasse que Harry ficasse com ele por tanto tempo.

— Não se preocupe, quando eu tiver 80 e poucos e você 110, vou trocar as suas fraldas — Harry murmurou rindo.

Lucius se desencostou de Harry — Credo! Potter! Eu prefiro morrer!

— Ei! — Harry repreendeu — Não fale uma coisa dessas... Eu quero ficar com você pra sempre... com fraldas ou sem — completou em uma tentativa de fazer Lucius sorrir.

A voz de Harry era tão suave que Lucius queria acreditar, mas ele sabia que não era real. Tentando ser realista, ele pediu que Harry imaginasse um futuro onde Harry ainda tem 40 anos; enquanto ele é velho e senil. Lucius descreve como seria esse futuro... com ele tendo perdido cabelo, com aquela magreza esquelética e sem músculos, com a pele enrugada e flácida, sem nenhum atrativo para Harry... E, então, ele para, porque o choro já não o deixa falar mais nada.

— Lucius... — Harry disse gentilmente — mesmo se você ficar magro, flácido e todas essas outras coisas que você disse, eu ainda vou te achar o homem mais lindo do mundo, e eu vou te beijar, e fazer amor com você...

— Mentira! — Lucius interrompeu, a voz a mais alta que o choro permitia. — Você não vai aguentar isso! Você é jovem e bonito, e uma hora ou outra vai querer alguém da sua idade...

Irritado, Harry puxou o rosto de Lucius. O lábio tremulo e os olhos cheios de lágrimas fizeram com que Harry suavizasse o toque.

— Se eu ficasse... se eu tivesse alguma doença que me debilitasse, você me largaria, se tivesse que ficar no banheiro comigo enquanto eu vomito, me ajudar a tomar banho... a comer... você me largaria?

—Isso não vai acontecer — Lucius murmurou tentando tirar o rosto das mãos de Harry, mas ele apertou ainda mais.

— Não foge – ele pediu — Me diga a verdade, se você disser que me deixaria, ainda sim eu vou querer ficar com você.

O lábio de Lucius tremeu, e ele começou a soluçar — Seu... seu idiota — gaguejou — É obvio que eu iria ficar com você — ele se agarrou em Harry chorando descontroladamente — Eu nunca vou te deixar! Idiota!

—Shhh – Harry o apertou —Tudo bem, amor. Mas se você pensa assim... por que acha que eu seria diferente? Eu te amo Lucius, e quero que acredite nisso. Quero que acredite que eu vou estar do seu lado quando precisar, e que vamos enfrentar os problemas juntos... superar os problemas juntos, ok?

— Pra sempre?

— Pra sempre.

— Eu também vou estar do seu lado, enquanto você quiser — Lucius sorriu.

— Então você vai ficar do meu lado pra sempre.

Lucius mordeu o lábio e se levantou.

— Aonde você vai? — Harry riu segurando-lhe a mão, mas Lucius continuou se afastando. Ele parou perto da porta, fechou os olhos e apertou um botão na parede: o botão para acender a luz.

Harry se levantou sorrindo. Ele foi até Lucius, vendo o homem apetar os olhos com força para não abri-los, corado de vergonha. Harry acariciou seu rosto, e Lucius prendeu a respiração. Então, bem devagar, Harry alcançou o ouvido de Lucius e sussurrou o quão incrivelmente lindo Lucius era, o quão perfeito, e o quanto Harry o amava.

Lucius abriu os olhos sorrindo, só para fechar de novo um segundo depois, para poder beijar, e beijar, e beijar Harry.

— Eu também te amo — ele murmurou, tão próximo que Harry podia sentir o movimento de seus lábios. E então eles voltaram a se beijar, de novo, de novo, e de novo.


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