The Guardian escrita por poseydn


Capítulo 5
Capitulo 5


Notas iniciais do capítulo

I'M BACK, BITCHES!!!
Bem, eu só queria dizer a vocês que eu estou de volta, como vocês já devem ter percebido. Anyway, o capitulo está aqui para quem quiser ler e eu, provavelmente, vou postar o capitulo 6 amanhã se tudo ocorrer bem e a minha mãe não fizer ceninha por eu estar no computador em pleno dia dos pais.
Espero que vocês gostem, beijos e mais beijos.



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Exatas 2 horas vagando na chuva e eu consegui encontrar o caminho para o meu refúgio.

A casa de Arnold e Sophie, meus avós paternos e os únicos que eu conheci. Ela ficava perto de um lago de águas escuras em Brighton e era bem parecida com a casa da qual eu fugira a tão pouco tempo.

– Minha princesinha! – Arnold declarou afetuosamente e preocupado enquanto adentrada o quarto que eles fizeram para mim, em sua casa.

Ele não estava em casa na hora em que eu cheguei, o que me fez dar graças, porque meu avô era um tanto exagerado quando se tratava de algum ente querido que não estava passando por um bom momento. Se ele estivesse em casa na hora em que eu cheguei, teria me feito contar em mínimos detalhes como eu havia chego em Brighton e porque estava num estado deplorável daqueles. Sophie por sua vez, era mais compreensiva. Bastava olhar para ela com uma carinha suplicante e ela já entendia que o assunto ainda estava muito recente e que talvez eu não quisesse falar disso agora. Mas, infelizmente, ela era persuasiva demais e sempre acabava me fazendo contar, repassando a informação para minha mãe, Gerard –– quando ele se importava, obviamente. –– e meu avô Arnold.

– O que houve com você, querida? – ele se ajoelhou na minha frente, envolvendo meu rosto entre suas mãos.

Eu apenas encarei os seus olhos castanhos e neguei com a cabeça.

Arnold Grier era imensamente parecido com Gerard. Os olhos castanhos e os cabelos loiros, a estatura um pouco –– talvez muito –– acima da media e a pele um pouco bronzeada que era bastante costumeira na família. Para falar a verdade, meu pai era a versão mais nova de Arnold alguns anos, não muitos. Porque assim como Gerard, Arnold teve filhos cedo.

Sophie não era muito parecida com os outros da família, não era loira muito menos alta e bronzeada, e os seus olhos castanhos. Ela era tão pálida quanto eu e Anael, seus cabelos castanhos mel, os olhos azuis esverdeados e acho que na minha família ela era a mais baixinha, tendo um porte um pouco mais arredondado por conta da idade.

– Ela apareceu aqui ainda pouco e não quis me dizer nada. – Sophie lhe informou enquanto secava meus cabelos em uma toalha.

– Como você chegou aqui minha querida? – meu avô tentou mais uma vez.

Eu neguei com a cabeça e me levantei da cadeira que ficava na frente de uma mesinha onde a minha avó colocava todas as minhas coisas, como perfumes, colares, pulseiras, etc. Caminhei arrastada até a minha cama e me encolhi em posição fetal virada para a parede. Meus avós ficaram me observando por alguns minutos antes de sair do quarto, deixando-me sozinha com os meus aterrorizantes pensamentos.

[...]

Na manhã de sábado do dia seguinte, eu acordei com uma enxaqueca depressiva de pedir piedade de joelhos.

Minha mãe havia vindo para Brighton na noite passada e nós meio que tivemos uma conversa sobre o que ela sabia sobre a garota da biblioteca. Ao que me parecia, logo depois da minha saída rápida com Richards, alguns policias foram na minha casa esclarecer os fatos que aconteceram na biblioteca publica, porque, para a o meu alivio minha mãe não sabia do fato “eu não sou humano” que o Richards havia me contado e para ela o que ele tinha ido me contar quando me levou para a casa dele, era que a garota que havia me atacado era nada mais nada menos que uma tal de Bianca Delacroix, uma garota que, segundo as próprias palavras de Anael, era obcecada por Anthony e por isso havia tentado me machucar. Por isso ela havia feito uma denuncia contra ela e por isso, para ela, Anthony havia me trazido para Brighton, para me explicar essa historia e me pedir desculpas. E ela ainda deixou claro que não entendia o fato de eu ter saído da casa dele desse jeito, ao invés de aceitar as desculpas do garoto que segundo ela, eu estava “apaixonada”.

Entretanto, no momento, eu estava meio que desolada no meu quarto na casa dos meus avós ouvindo as trocentas mensagens de voz que a Srt. Caitlin Morgan e os Jones haviam deixado desesperadamente na minha caixa postal, lendo as outras milhares de mensagens que ela mandou e apagando os registros de ligações perdidas que se restringiam aos nomes Caitlin, Mick, Elisabeth e um número restrito que eu tinha minhas especulações de quem fosse.

“Me retorne, ou sua vida estará em risco.” , era como Cait havia intitulado uma das mensagens e ela se seguia assim.

“ Querida, Laurel.

Fiquei sabendo do seu ‘pequeno’ acidente na biblioteca, bem, o que tenho a dizer sobre você ser alvo de uma garota psicótica que recebeu um não do Anthony Gostosão Richards? Garota, ele chegou tem menos de uma semana e você já está sendo fichada de ‘a namorada do Richards’ , porque ele te salvou! Estou um tanto indignada, mas não é nada que uma boa dose de fofocas com você não faça passar. É mais que obvio que eu quero ter a sua vida agora, não? Sim, isso é obvio, mas não só por estes motivos. De qualquer forma, ligue-me logo. Isso é uma ordem.

Meus níveis de curiosidade estão elevados demais e os níveis do meu estoque de fofoca estão desnutridos, e você sabe o que acontece com as minhas belíssimas unhas bem-pintadinhas quando eu estou curiosa. Então, para o bem das minhas unhas e o seu também.

Me retorne, ou sua vida estará em risco.”

Era basicamente impossível não rir lendo essas mensagens. Caitlin era um tanto exagerada quando me mandava mensagens, principalmente quando se tratava do seu baixo estoque de fofocas. E, bem, se fosse outra garota eu iria mandar uma bela de um indireta, mas como era Caitlin e conhecendo ela como eu conheço, era bem provável que ela estivesse tendo um ataque agora.

O que me faz ter até certa peninha do Mcmurray, porque convenhamos, namorar Caitlin Morgan em um momento histérico dela, se torna uma coisa ruim.

Mas, peninha do Mcmurray a parte. Eu decidi responder Caitlin do modo mais vago possível, só para ver como ela reagiria.

“ Fico feliz em saber que ainda lembra de mim, Dona Caitlin.

Eu estou bem, mas não vou voltar tão cedo. Espero que se cuide.

Com amor, L.”

Então lhe enviei a mensagem, sabendo que não demoraria muito para responder. Como sempre, eu estava certa com relação a minha doce naniquinha, mas ao invés de responder em mensagens, Caitlin passou a me ligar.

– Olá, minha ruiva predileta. – eu aleguei, já esperando pelos sonoros gritos que ela direcionaria a mim a partir daquele momento.

Sua Ruiva predileta!? Eu não sou sua Ruiva predileta! Se eu fosse sua ruiva predileta, você não demoraria tanto a me responder.– Cait gritou a plenos pulmões pelo telefone.

Eu conseguia até imaginar a cena, Caitlin com o rosto completamente vermelho –– que assim como o meu, ficava vermelho quando ela se alterava –– enquanto tentava falhamente concertar o estrago já feito em suas unhas.

E foi esse pensamento que deu início ao meu tormento.

Eu simplesmente não aguentei e comecei a gargalhar compulsivamente, rolando de um lado à outro na minha cama. Enquanto eu ria, acabei apertando sem querer o botão do vivo a voz e...

– Laurel Sucenne Redmerski, você está rindo da minha cara? - Caitlin gritou, obviamente embasbacada.

Mas o seu tom de voz era tão altamente histérico que tudo que eu consegui foram mais e mais gargalhadas.

– Você está gargalhando enquanto eu estou em um momento estritamente preocupante? - mais gargalhadas. - Sua vaca! Você estragou as minhas unhas, eu estou com ódio de você agora, Sucenne! Isso definitivamente não se faz!

Patience , patience. - eu cantarolei parando de rir.

Uma gargalhada seca ecoou do outro lado da linha.

– Paciência? Eu não estou com um pingo de paciência hoje, e isso graças a você. - Caitlin reclamou, parando de gritar e eu pude até vê-la, mentalmente, fazendo bico.

Uma sequência assustadora de gargalhadas ficou presa na minha garganta.

– Onde você está? - Cait me perguntou, parecendo ter se acalmado um pouco.

Eu hesitei, me perguntando se queria ser metralhada com as milhares de perguntas que Caitlin faria se viesse ao meu encontro. E eu definitivamente não queria, mas havia outro ponto em questão. Eu queria vê-la, queria vê-la pelo fato de ela ser normal. Por ela me fazer sentir normal, e não como a garota que tem problemas psicológicos porque o pai decidiu que não era mais tão feliz quanto antes.

Ainda mais agora que eu havia descoberto que eu tinha uma normalidade que era facilmente colocada à prova. Eu respirei fundo, e então respondi.

– Estou na casa de Arnold e Sophie.

– Estou aí em, no máximo, 40 minutos.

E ela desligou, me deixando sozinha com os meus pensamentos pela quinta vez no dia.

Naturalmente eu não reclamava em ficar sozinha, mas a partir do momento em que eu passei a duvidar da minha sanidade, esta manhã, ficar sozinha significaria o mesmo que ser sujeita a ele e a pequena possibilidade de eu ter imaginado tudo aquilo, porque bati minha cabeça forte demais em algum lugar da biblioteca.

Para ser sincera, eu até queria acreditar que eu estava ficando louca. Eu queria acreditar que Bianca Delacroix era uma garota que recebeu um fora de Anthony –– talvez ela até fosse, não se sabe –– e que por isso ela havia ido atras de mim, eu queria acreditar que não a havia visto se desfazer ao pó bem na minha frente depois de ter sido atingida por uma espadinha mágica vinda de Sabe-Se-Deus-Onde. Eu até queria acreditar na história de Anael, que havia alegado que eu estava desmaiada quando Anthony me salvou e que a Delacroix tinha quebrado uma janela nos fundos da biblioteca e fugido porque havia visto Anthony entrar lá. Ah, e por Deus, eu queria acreditar que não havia visto os encantadores olhinhos demoníacos de Anthony.

Mas isso seria um ataque muito pessoal a mim mesma, até porque eu não havia chego em um nível tão alto de loucura, ao menos eu creio que não.

O que só faz aumentar um pouco mais a minha lista mental de coisas essenciais a se fazer. A primeira dessa lista era me manter longe do Richards –– feito –– , sendo seguida piamente por me manter longe da Delacroix –– feito –– , checar se minha família sabe de algo –– feito. E a mais recente aquisição, testar a minha sanidade –– bem, esse eu não tenho certeza do resultado.

Mas eu tenho quase certeza de que não sou psicologicamente perturbada, até porque qual seria o mais diabólico motivo para eu imaginar algo que poderia me trazer pesadelos e problemas. Eu já havia demorado o últimos 3 meses do anos letivo passado e o verão inteiro para conseguir me conformar ao fato de que Gerard não iria votar e deixar de ter pesadelos com ele, então porque eu iria querer ter pesadelos novamente? Não faz nenhum sentido.

E foi então que eu simplesmente desisti de pensar naquilo e saí do meu quarto, com o objetivo de achar Anael. Mas o lado de fora do meu quarto parecia mais inabilitado que a própria floresta que cercava a casa dos meus avós.

Não havia nada do segundo andar assim como no andar térreo, o que me fazia crer que meus avós haviam compelido minha mãe a tomar café da manhã na adorável estufa da minha avó. Uma mania que a minha família cultivava desde o berço, bem, pelo menos quando estávamos na companhia dos monarcas.

Eu circulei pelas vigas que sustentavam o teto da sala de estar me encaminhando para a porta que ficava no final do corredor, entre a escadaria que levava ao segundo piso e as portas duplas de correr da cozinha. Ultrapassando essa porta, tudo que havia ali era mais uma escadaria, só que essa levava estritamente à estufa de Sophie.

– Bom dia, flor do dia! - Sophie exclamou quando me viu entrar na sua estufa.

Ela estava na frente de alguns de seus pequenos lírios fora de época, borrifando água nos brotinhos.

Aquele lugar era simplesmente magnífico, amplo e claro para os vários espécimes de planta que Sophie fazia questão de cultivar sem nenhum tipo de fertilizante.

Era incrível o jeito que ela levava com as plantas. Mágica sem Fertilizantes era a frase correta, sem exageros, minha avó levava jeito com aquilo de uma forma que poucos conseguiam. E eu falo sério quanto à Mágica sem Fertilizantes, porque eu mesma já havia tentado cultivar uma flor sem fertilizantes e era quase impossível por conta das pragas. Era necessário de pelo menos um daqueles negocinhos para evitar as pragas, mas nem isso ela usava.

– Onde o vovô e a minha mãe estão? - questionei enquanto me aproximava da mesa cheia dos brotos de lírios.

Ela sorriu para mim, deixando o borrifador na mesa e retirando as luvas sujas de terra.

– Eles foram no centro da cidade comprar as coisas que estavam faltando para o almoço. Mas deixamos a mesa posta para você tomar café. - me disse, indicando a área aberta da estufa com a cabeça.

Eu apenas assenti e caminhei até a mesa posta em silêncio sendo seguida por Sophie. Eu me servi de um copo de néctar de pêssego e ela pôs duas panquecas no meu prato.

– Mel ou calda de chocolate? - Sophie perguntou acenando para os dois recipientes no centro da mesa.

– Calda de chocolate com toda certeza.

Minha avó apenas sorriu e se esticou para despejar um pouco de calda nas minhas panquecas, que por sinal estavam deslubrantes. Essa era outra coisa na qual Sophie era muito boa, além do cultivo dos seus lírios, é claro.

Os dotes culinários da minha avó eram tão simples e fáceis de aprender que chegavam a dar invejinha. Porque a minha mãe, bem, a minha mãe era a negação das negações na cozinha, no estilo que seria pouco dizer que foi um bom negócio –– ótimo para ser sincera –– ela ter deixado Praga para ficar com meu pai, porque se não ela teria que ajudar na cozinha do restaurante dos pais e... Eu até imagino quantas vezes a cozinha daquele pobre restaurante teria pego fogo se ela tivesse ficado.

– Então... - Sophie começou a falar, capturando minha atenção. - Quando vamos conhecer o seu namorado, o tal Anthony?

Oh , não. Tudo bem que eu desconfiava que minha mãe fosse contar sobre a existência de Anthony a alguém em algum momento, mas custava demorar um pouquinho mais.

Eu apenas coloquei o sorriso forçado mais natural que eu conseguia fazer, no rosto e tomei um gole do néctar de pêssego, que ainda estava intacto à minha frente.

– Eu não tenho namorado, vovó. - aleguei tentando parecer o mais calma possível.

Entretanto, por dentro, eu queria fazer o Ser que inventou o termo "namorado" pagar caro. E fazer o Richards pagar também, por ser o garoto que toda mãe sonha que suas filhas namorem. Mal sabem elas no que estam metendo suas pobres crias.

Uma máscara de confusão parou sobre o rosto da minha avó.

– Mas sua mãe dis... - não a deixei terminar.

– Foi um equívoco, - eu me apressei para explicar. - nada mais que um equívoco. - completei sorrindo para lhe passar confiança.

Sophie me observou por uns segundos, tentando encontrar vestígios de uma possível mentira. Felizmente não era mentira, então ela deu de ombros e se inclinou sobre a mesa, servindo- se de um copo do mesmo néctar que eu estava tomando.

– Então ele é somente um colega seu, nem ao menos é bonito? – minha avó perguntou casualmente.

– Hã, eu não disse isso. – admiti sem dizer muito. – Tem olhos verdes e tudo mais, ainda é educado, mas...

Ela me interrompeu.

– Mas não faz seu tipo. – Sophie constatou, estalando a língua e dando um sorriso divertido. – Com o pouco de experiência que eu tenho, ou você não gosta dele porque ele é doce de mais ou não gosta porque é agressivo de mais. Diga-me qual é o seu caso. – ela disse de uma maneira tão amável –– e persuasiva –– que foi quase impossível não sorrir.

– Nem um, nem outro, para ser sincera. - confessei. - Anthony é bonito, educado e um doce de pessoa. Mas nós somos somente colegas de classe.

Esqueceu do perigoso, demoníaco e, provavelmente, do assassino. , eu completei mentalmente.

– Tudo bem então, mas quando quiser me contar o que realmente está acontecendo, eu estarei aqui. - minha avó declarou em uma mágoa fingida.

Eu apenas escorreguei minha mão esquerda até a sua e a apertei levemente.

– Quando eu tiver algo a contar, tenha certeza que será a primeira a saber. - disse e tomei mais um gole do meu néctar. - Mas agora, definitivamente, não há nada a ser dito.

Terminei meu café da manhã em silêncio, me encaminhando diretamente ao banho depois disso.

[...]

Vinte minutos mais tarde, eu desci as escadarias escorregando pelo corrimão, uma coisa que eu só podia fazer quando estava na casa de Arnold e Sophie, em Brighton.

– Eu achava que você não fazia mais isso. - uma voz risonha soou em alto e bom som atrás de mim.

Arnold com certeza.

Me virei para ele bem devagar, exibindo o sorriso mais envergonhado da minha vida, eu conseguia até imaginar o quão vermelho meu rosto devia estar.

– Velhos costumes. - expliquei, fitando os meus pés descalços sobre o piso de linóleo.

– Entendo. - meu avô murmurou. - Sua amiga Caitlin e uns dois garotos que eu não faço a menor ideia de quem sejam, estão esperando por você no meu escritório e a sua amiguinha me pareceu um pouco irritada com um dos garotos, um loiro. - me informou.

– Ok.

Eu murmurei de volta e me encaminhei para o escritório de Arnold, que ficava no mesmo corredor que levava à estufa de Sophie, na segunda porta do lado direito do corredor.

Quando eu entrei no cômodo Caitlin estava meio que discutindo com a pessoa que eu menos esperava ver ali –– e essa pessoa não era o Anthony –– enquanto Kona só observava calmamente, sentado no sofá de canto.

Eles não estavam falando alto, mas o rosto de Caitlin estava começando a ficar mais vermelho que o próprio cabelo dela, então...

Coisas como “ Ela é a minha melhor amiga! e outras como“ Eu não me importo. corriam soltas pelo cômodo, o que me fez pensar na possibilidade deles estarem brigando por minha causa, novamente.

– O que ele está fazendo aqui? - foi tudo que saiu da minha garganta.

Foi então que os dois pararam de brigar e passaram a prestar atenção em mim.

– Me desculpe, Laurie, mas ele insistiu. - Caitlin declarou de forma indiferente com relação a Stephen.

E então veio em minha direção, apertando-me contra si em um abraço. Eu simplesmente me apertei ainda mais contra Caitlin, me permitindo sentir segura por um momento.

– Para ser sincero, eu só não queria que a minha Cait viesse te ver. - ouvi a voz do Mcmurray dizer de modo quase que leviano.

O corpo de Caitlin ficou rígido de imediato e eu tive que me esforçar muito para não simplesmente me soltar dela e partir para cima da ratazana albina que ela chama do namorado.

– O que você disse? - questionei logo que Caitlin me soltou, mantendo uma das mãos segurando meu pulso firmemente, só por precaução.

Naturalmente eu costumava simplesmente ignorar quando Stephen declarava publicamente seu ódio por mim, mas como ultimamente nada está saindo como o esperado...

– Oh, meu amor, não se faça de surda. - sua voz era doce e melodiosa, e... Irritante.

No mesmo instante em que o pônei oxigenado disse isso Caitlin passou a exercer mais força ao me segurar e Kona se levantou sobressaltado.

– Por favor, baby, você sabe que eu odeio dividir o que é meu com uma qualquer como você. - ele disse e somente fechei os olhos e sorri, transbordando desprezo com relação à ele.

Quando ele terminou sua frase, uma Laurel maligna se pôs a frente disso para lhe responder a altura. Eu olhei para Caitlin mantendo um sorriso calmo no rosto e acenei com a cabeça, lhe informando que eu não iria tentar assassinar o namorado dela ou algo do tipo, e me afastei um pouco dela, parando à uns 2 metros do Mcmurray.

– Eu também não. - afirmei e sorri para o rosto confuso de Stephen. - Eu não gosto de dividir o meu puro oxigênio, na minha casa com você. Também não gosto da ideia de viver na mesma cidade que você, ou no mesmo país ou planeta. Mas eu, infelizmente, não posso fazer nada com relação a isso, então... Conforme-se.

E mais um sorrisinho maligno surgiu no meu rosto. Eu acho que nunca me senti tão bem por não ter ignorado uma das declarações públicas de ódio do Mcmurray.

Stephen faltava me matar só com o olhar enquanto Caitlin e Kona se esforçavam ao máximo para não rirem, bem atrás de mim.

– Depois dessa eu ia para casa e não saía de lá por um bom tempo. - a vozinha rouca de Kona soou desafiadora logo atrás de Caitlin.

– Cala a boca, seu bastardo!

– Stephen, ele é meu irmão! - Cait o repreendeu, mas abaixou a guarda logo em seguida. - Por que você não espera no carro? Esfria a cabeça e depois nós conversamos, ok? - ela indagou enquanto passava por mim na direção do pônei oxigenado, ops!... Namorado dela.

Stephen torceu o nariz, mas acabou cedendo. Esbarrando no meu ombro ao sair.

– Eu sou o único que não suporta seu namorado, Cait? - Kona questionou fazendo careta, logo depois que o Mcmurray saiu do cômodo.

– Não. - eu respondi de imediato.

Caitlin ficou em silêncio, mas eu sabia que ela estava com um sonoro “não soando na sua mente. Ela ficou meio que atônita pelo tempo suficiente para absorver que o namorado era um idiota e então voltou ao normal, pulando em cima de mim e me sacudindo pelos ombros. Devo confessar, eu estava com saudades das vezes que Caitlin me sacudia pelos ombros e olha que era muitas vezes.

– Fala, fala, fala. Eu quero saber de tudo. - Cait declarou enquanto me sacudia e soltou um mais que estranho gritinho no final.

Um sorriso involuntário se abriu no meu rosto assim que essas curtas frases saíram da boca de Caitlin. Para ser sincera eu ja estava começando a sentir falta dos gritinhos que Caitlin soltava toda vez que queria tirar alguma informação de mim.

– O que você quer saber? - eu perguntei me afastando dela só o suficiente para puxá-la para sentar no sofá onde Kona estivera a alguns minutos.

A minha ruivinha coçou o queixo por um momento, fazendo-se de pensativa e então exclamou o óbvio.

– Tudo, não é, minha querida! - ela então fez uma pequena pausa para se acomodar, cruzando as pernas, ajeitando a postura e segurando os joelhos com as mãos. - Mas, por enquanto, eu me conformaria em saber como é estar nos braços do Mister Perfeição mais conhecido como Anthony Richards?

Mister Perfeição? , me questionei mentalmente. Tudo bem de vez em quando Caitlin exagerava. Provavelmente mais vezes do que eu acho que ela fez, mas...

Eu ouvi uma voz rouca bufar no extremo oeste do cômodo. Kona.

– Esse é o momento em que eu acho a companhia do Mcmurray bem conveniente? - o meu ruivinho predileto perguntou sarcasticamente enquanto examinava alguns livros na estante.

Admito, eu achei engraçado a carinha que ele fez quando ouviu Caitlin se referir desta maneira a Anthony, mas também fiquei envergonhada por agora eu ter quase certeza que ele achava que só falávamos de garotos quando estávamos sozinhas.

Mas eu me aliviei instantaneamente, assim que o adorável Kona sorriu, sinalizando que ele estava brincando. Ele então veio até nós duas e se inclinou para dar um beijinho na testa de Cait.

– Apenas tente não corromper a nossa pequena Laurie, ok? - Kona pediu se voltando para mim e tocando a ponta do meu nariz com o indicador.

E então saiu do cômodo.

Kona era o garoto mais agradável que já conheci. Educado, tímido e gentil, ele ao contrário de Caitlin parecia ter prestado atenção em algo que a mãe deles havia tentado lhes ensinar com o seu jeito rigoroso.

E mesmo tendo uma irmã mais velha com uns parafusos soltos ele não se deixou influenciar, um legítimo britânico. Bem, mas as suas diferenças de Caitlin se restringiam as atitudes e modos de agir, porque a aparência era a mesma.

Ruivos, olhos em tom de hazel, pele um pouco corada nas bochechas, sem contar com as sardas em torno do nariz e as crateras que eles chamam de covinhas. Caitlin com os seus cabelos lisos e ruivos batendo acima dos ombros, os olhos em tom de hazel e a sua baixa –– para não dizer mínima –– estatura. E Kona com os seus também lisos cabelos ruivos em um estilo meio emo jogado para o lado, os olhos hazel e –– ao contrário de Caitlin –– uma estatura mais para o estilo Família Grier, exibindo seus quase dois metros de altura.

A voz melodiosa de Caitlin me tirou do meu devaneio.

– Você ainda não me respondeu. - ela cantarolou, lançando-me um olhar malicioso e um meio sorriso que já dizia tudo o que ela havia imaginado.

– Hã, hm... - gaguejei por um momento e depois fiz uma pausa para pensar em um jeito de dizer que nada havia acontecido sem ferir os “sentimentos dela.

O que, decididamente, era quase impossível.

– Eu não sei. - declarei dando meu melhor sorriso de desculpas.

– Não, espera aí, você não sabe explicar como é estar nos braços dele, certo?

– Não. - mais uma pausa e sorriso de desculpas. - Eu estava desmaiada quando ele me carregou para fora da biblioteca. - despejei as informações rápido demais e cerrei os olhos, já esperando pelo pequeno surto que Caitlin daria.

– O que? - ela gritou.

– Calma, se te serve de consolo eu ainda tenho a camisa que ele estava usando quando me salvou. Só que ela está um pouquinho suja com o meu sangue então talvez você queira esperar até segunda para eu...

– Não! - me interrompeu.

Arqueei uma sobrancelha esperando que ela continuasse. Mas eu já sabia o porque dela ter negado, ela mais que qualquer pessoa se sentia enjoada em ver sangue ou de saber que algo teve contato com sangue, seja o que for ou de quem for. Era até engraçado.

– Eu não quero a camisa, mas eu quero saber se você viu ele sem a camisa. - ela disse de uma maneira tão maliciosa que me fez ter vergonha de não saber mentir e ter que responder que sim.

Caitlin abriu um sorriso assim que me viu corar.

– Eu sabia! - exclamou vitoriosa se levantando em um impulso. - Como ele é? Fala, fala, fala.

– Forte. - foi o que eu consegui dizer.

– Forte? É tudo que tem a me dizer? Eu quero detalhes, muitos detalhes. Eu quero saber se ele tem alguma marca de nascença, se o tanquinho é bem definido, se o bíceps e o tríceps são como os do Stephen.

Okay. , pensei comigo mesma. Essa última parte foi nojenta, tratando-se de quem se trata.

– Esse tipo de coisa. - completou.

– Hã... Não, ele não tem marcas de nascença. Sim, é bem definido, mas sem excessos. Não, porque eu nunca vi nem pretendo ver o bíceps e tríceps do Mcmurray. E ele tem uma tatuagem, no lado direito do baixo ventre, que é bem bonita por sinal.

– Você viu a tatuagem dele? - ela simplesmente começou a gaguejar.

– É.

Eu confirmei e Caitlin começou a arfar com a mão do lado esquerdo do peito, fazendo sua encenação barata de que estava passando mal. Os seus olhos estavam arregalados e ela hiperventilava, a cena era tão engraçada que chagava a dar pena.

– Eu não estou bem. - Cait declarou fazendo bico. - Por que eu não consigo um desse para mim mesmo? - questionou sarcasticamente.

– Se quiser pode ficar com ele para você. - aleguei dando de ombros.

Caitlin começou a rir da minha cara no exato momento em que tomou consciência do que eu havia dito. Não era mentira, para falar a verdade, eu não gostava dele desta forma, mas essa frase poderia significar que eu teria que cedê-lo também a garotas não tão amigáveis como Caitlin.

– Você pode até dizer que não, mas eu sei que você se importa. E, por favor, admita que você acha ele gostoso. - ela me instigou, voltando a pôr aquele sorriso malicioso no rosto.

– Gostoso?

– É, gostoso, lindo, deus grego, pegável, seja lá o jeito como você o caracterize. Ele é de fato muito bonito, admita. - Caitlin argumentou enquanto se sentava novamente ao meu lado.

– Gostoso é uma palavra muito pesada, você não acha? - indaguei meio constrangida com o modo como Cait falou e ela simplesmente bufou, revirando os olhos. - Tudo bem, eu admito, mas me recuso a usar esse termo.

– Então como a princesinha Redmerski chamaria o Anthony? - o sarcasmo escorrendo de cada palavra que saía da boca dela.

– Anthony é bonito, sim, ele é bonito. Mas tem uma ex psicótica, então...

– Nunca vi desculpa mais besta. - a minha ruivinha declarou fazendo cara feia.

– Não diria isso se fosse você ao invés de mim sendo atacada por uma ruiva psicopata que recebeu um não do Richards. - aleguei em pura desdém.

– Quê? Ela era ruiva? Como eu? Não creio!

– Pois é.

Eu ia continuar, mas o toc toc contínuo na porta do escritório me interrompeu e começou a me irritar.

– Entra. - exclamei já irritada com aquela batida.

– Com licença, mas tem outras pessoas que se importam com a Laurel além de você, Cait. - ele brincou, colocando só a cabeça para dentro da sala e exibindo um sorriso de lado que deixava amostra as suas covinhas.

– Quem, por exemplo? - Caitlin perguntou só para provocar e Kona revirou os olhos e adentrou no cômodo por completo.

– Ela já poluiu a sua mente? - o meu ruivinho questionou agora se voltando para mim.

Apenas neguei com a cabeça.

– Eu não sou tão maleável assim.

Kona torceu o nariz e se sentou no chão, a minha frente, segurando seus joelhos perto do seu torço magro.

– Então sobre o que falavam?

Caitlin com o seu forte hábito de me interromper, respondeu antes mesmo que eu começasse a falar.

– A garota que atacou a Laurel era ruiva como eu e... - foi minha vez de interromper.

– E ela disse que acha o Anthony gostoso e pegável, mas eu acho que você já sabe disso.

– Você precisa ver os comentários que ela faz toda vez que vai ver um dos treinos do time de Lacrosse ou da equipe de natação. - Kona me revelou fazendo careta.

– Ah é? E o que ela diz? - perguntei.

Mas para ser honesta, eu sabia exatamente o que ela falava porque uma vez eu havia cometido o erro de perguntar como tinha sido o treino e tive que ouvir cada coisa, uma mais pervertida que a outra por cerca de uma hora e meia sem pausas. E é por isso que eu evito o máximo a Caitlin quando sei que ela vai assistir algum treino, porque eu sei que vai sobrar para mim no fim das contas ter que ouvi-la detalhar tudo que viu.

Kona franziu o cenho por um momento, pensando em um dos comentários pervertidos da irmã enquanto brincava com o anel em seu dedo médio.

“Eu quero aquele homem na minha cama. ou “Que homem gostoso, Senhor! ou até mesmo “Se eu te pegar, você vai ser meu brinquedinho. . Mas esses são os mais leves que eu já ouvi sair da boca deste ser. - ele me informou sem me olhar nos olhos.

Caitlin bufou.

– Não se pode acreditar em tudo que irmãos mais novos dizem e isso é algo que você vai aprender logo. - ela alegou desdenhosa, mas tomada pela existência daquele sorriso brincalhão no rosto dela eu sabia que nada do que Kona havia dito era mentira.

Eu fiz careta e então voltei meu olhar para Kona que ainda não me olhava nos olhos.

– Eu acho que vou acreditar nele dessa vez. - admiti, chutando de leve os tênis dele para lhe chamar atenção.

Um sorrisinho de lado estava no rosto dele quando ele finalmente voltou sua atenção para mim. A timidez de Kona de vez em quando me tirava do sério, mas era facilmente perdoada quando ele me lançava esses sorrisinho tímido com os olhos parcialmente cobertos pelos cabelos ruivos dele em seu estilo emo de ser.

E como eu tenho um fraco por covinhas que parecem mais crateras, eu tenho que me segurar bastante toda vez que este menino sorri perto de mim, porque dá vontade de morder as bochechas dele de tão fofo que é.

– Ok, Kona, você já pode parar de babar pela minha melhor amiga, por favor?

Caitlin e seu jeitinho discreto de ser, fazendo pessoas corarem. E com isso eu não me refiro somente ao Sr. Crateras nas Bochechas, mas à mim.

– Cala a boca, Caitlin! - Kona rosnou para ela, o rosto em um tom de vermelho quase como o seu cabelo.

– Vai, admita! - ela o incentivou.

– Eu não estava babando pela Laurie. - Kona negou piamente.

– Viu? Agora você até chama ela pelo apelido. - Cait argumentou. - Admita, Kona, você estava babando pela minha melhor amiga.

Era agora. Se eu deixasse isso continuar, não ia ser hoje que eles saíam dali. Até porque, Caitlin quando quer ser irritante e persistente, ela consegue sem muitas dificuldades. E Kona também não é de desistir fácil então...

– Ele não estava babando por mim. - eu murmurei alto o suficiente para fazer os dois ouvirem e calarem a boca.

Sabe aquelas pessoas que são tão presentes que mesmo sem conversar com elas você não se sente constrangido? Pois é, os irmãos Morgan não são nem de perto esses tipos de pessoas, muito pelo contrário, eu ficava e estava com vontade de virar um avestruz e enfiar a minha cara no chão.

– Cait? - Kona chamou pela irmã, quebrando aquele silêncio sepulcral. - Stephen disse que está cansado de esperar e que se nós não nos apressarmos vamos ficar aqui, porque ele vai embora.

Caitlin bufou, revirando os olhos.

– Acho que essa é minha deixa. - ela disse tristemente enquanto se levantava. - Vejo você na segunda?

Eu apenas assenti.

– Vamos? - ela perguntou a Kona lhe esticando a mão para ajudar a levantar.

– Eu levo vocês até a porta. - disse me levantando também.

Caitlin e Kona lançaram-me seus sorrisos de lado muito fofos e seguiram juntos caminhando até sair do cômodo, pelo corredor até a porta de entrada.

– Até mais. - Cait me saldou com um abraço ainda na varanda da casa dos meu avós.

– Até mais. - sussurrei contra o seu cabelo.

Então ela me soltou dando a vez para Kona se despedir.

– Se cuida. - ele pediu também me abraçando, mas como ele era mais alto que eu seu queixo ficou apoiado no alto da minha cabeça.

Eu não era baixinha, pelo menos eu acho que 1,89 não é considerado pouco, mas eu me sinto baixinha perto de Kona, até porque, não é mesmo?

– Até segunda-feira, ok? - ele questionou e eu assenti.

Então para finalizar Kona me deu um beijinho na testa e saiu caminhando ao lado de Caitlin pelo jardim de grama recentemente cortada em direção a Ranger da ratazana albina.

[...]

– Laurel. - ouvi minha mãe chamar assim que bati a porta, entrando na casa dos meus avós novamente.

– Oi. - eu disse enquanto me fazia visível nas portas duplas da cozinha.

– Seus amigos já foram? - ela perguntou depois de um gole de café.

Assenti.

– Ok. - Anael murmurou enquanto assentia. - Quando mais ou menos você pretende vir, quer dizer, voltar para casa? Luna está com a Sra. Mitchell desde ontem e dependendo da sua resposta eu voltarei para Seaford hoje.

– Nós podemos voltar hoje se quiser. - eu lhe ofereci.

– Tudo bem para você voltar hoje? - minha mãe questionou meio incerta.

Assenti novamente.

– Ok, então nós ficamos para o almoço e vamos às 15:00, certo?

E mais uma vez eu assenti.

– Vá arrumar suas coisas.

– Ok.

E me retirei do cômodo para pegar nada mais que a mochila que eu havia usado ontem quando sai com Anthony e o meu celular, deixando tudo pronto para quando Anael e eu fôssemos para casa.


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