Everything Has Changed escrita por Anne Atten


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura :)



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–Nós não podemos entrar. – fala Katherin me parando. –O filme só começa daqui uma hora e quarenta minutos!
Nossa, nem isso me ajuda. Fala sério.
–E outra coisa, pra que essa grosseria com o Thomas? – pergunta ela. –Se não fosse ele e Peter, talvez a gente não pudesse ver o filme.
–Katherin, eu não fui grossa. – ela revira os olhos. –Tá, tá bom eu fui, mas...
–Mas o que? Por que você é grossa com eles, hein? Especialmente com Thomas.
Abro a boca para falar, mas então fecho-a. Não sei, sinceramente eu não sei porque sou tão grossa com Thomas. Até agora ele foi bem gentil comigo e eu só dei patada.
–Tá bom, eu fui grossa. Admiti meu erro, feliz?
Ela abre um sorrisinho.
–Ficarei feliz se for mais gentil com ele.
–Qual é...
Ela me dá um tapa leve no braço.
–Ele não fez nada para você tratá-lo dessa maneira, Lydia. Se quer fazer novos amigos, tem que ser legal com as pessoas.
–Mas você já é minha amiga, não preciso de mais gente.
–Pelo menos tente ser legal, Thomas é uma boa pessoa.
Levanto uma sobrancelha.
–Você gosta de Thomas?
Katherin não parece irritada com a pergunta, bem ao contrário de como eu fico.
–Gosto, como amigo. – diz ela dando de ombros. –Agora vamos voltar lá onde eles estão e andar com eles.
Dou uma risadinha.
–Andar com eles? Fala sério, eles nem querem nossa companhia.
–Então por que estão acenando? – pergunta ela apontando para Peter que está com a mão erguida no ar, nos chamando. –Vai ser divertido.
Solto um “Aham” totalmente sem convicção e vamos para junto do enxerido e Peter. Nada contra Peter, mas eu sinto uma vontade de bater em alguém quando eu vejo Thomas... é meio inexplicável.
–Acalmou, Lydia? – pergunta Thomas segurando o riso. Ele olha para Katherin. –Nós estamos seguros agora?
Ela dá risada.
–Estão sim, Lydia só é um pouco...
–Esquentadinha? – completa Thomas e fuzilo-o com o olhar.
Peter olha o relógio.
–Temos uma hora e quarenta, o que querem fazer?
Não faço ideia, já que só vim uma vez nesse shopping e foi para comer em uma churrascaria. Não faço ideia das coisas que tem nesse lugar.
–A gente podia andar pelas lojas. – sugere Katherin.
–Claro, até porque todo mundo aqui é muito rico pra sair comprando o shopping inteiro. – fala Peter pensativo. –Que tal irmos jogar alguma coisa?
–Tipo o que? – pergunto pela primeira vez.
Thomas abre aquele sorrisinho que faz eu ter vontade de dar um tapa na cara dele. Menino debochado esse.
–Tem boliche, fliperama, aquele jogo que tem uma mesa e as pessoas ficam tacando uma ficha pra lá e pra cá.
Faço que sim com a cabeça. Sei que jogo é, mas não faço ideia do nome.
–Eu tenho que comprar um presente pra minha prima, to pensando em ir à loja de chocolates. – comenta Katherin se erguendo na ponta dos pés para ver ao longe.
–Boa ideia, daí a gente aproveita e compra uns também. – fala Peter concordando levemente com a cabeça.
–Então vamos.
Sigo Katherin, Thomas e Peter que parecem estarem andando em território conhecido e na verdade, eles estão mesmo. De certo vieram aqui diversas vezes. Peter e Katherin começam uma conversa sobre alguma coisa aleatória a qual nem presto atenção, só sigo eles e faço que sim com a cabeça. Fico observando o shopping e lembro-me da criança que estava se jogando no chão no dia que vem na churrascaria.
–É bonito, não é? – diz Thomas me dando uma cotovelada leve.
–O que? – pergunto já que não estava prestando atenção.
Thomas aponta para uma fonte com água no shopping, tem umas florezinhas vermelhas e cor de rosa em cima. É bem bonitinho mesmo.
–Dizem que se jogar uma moeda e fazer um pedido ele se realiza. – diz ele colocando a mão no queixo, como se estivesse pensando em alguma coisa.
Paro por um segundo para pensar no que eu pediria. Não é muita coisa. Eu pediria para meu pai vir me visitar, já que por mais que pareça que ele não se importe muito comigo, eu me importo. Pediria para que desse tudo certo no emprego da minha mãe e na minha escola e acho que só. Não tenho muito a pedir, minha vida está boa.
–O que você pediria? – pergunto a Thomas sem pensar. Isso não vai mudar minha vida em nada, mas tudo bem.
–Pediria para que uma certa garota parecesse de achar que eu sou uma pedra sem sentimentos que nem ela. – diz ele dando de ombros.
Faço que sim com a cabeça e é aí que eu percebo que ele está falando comigo. Cruzo os braços e encaro-o.
–Você escuta aqui...
–Lydia, é aqui. – Katherin me corta e dou mais uma olhada em Thomas. O que ele tá pensando? Ele quer morrer, é isso mesmo?
–Eu não sou uma pedra sem sentimentos. – falo. –E eu não firo seus sentimentos. – falo como se fosse óbvio.
–Não mesmo, mas gosto de te irritar. – diz ele dando de ombros.
Balanço a cabeça levemente na negativa e vou até Katherin. Peter já está dentro da loja, é no primeiro andar mesmo. A loja nem é muito grande, mas na prateleira vejo variedades. Por exemplo, tem bombons com embalagem vermelha, roxa, verde, amarelo. Tem barras de chocolate também e até umas cestas montadinhas com chocolate. Amo chocolate com todo meu coração.
–Chocolate ao leite ou branco? – pergunta Thomas com dois na mão, como se tivesse tentando se decidir.
–Ao leite. – falo e viro-me para a estante novamente.
Pego dois bombons para minha mãe e dois pra mim. Katherin compra uma cestinha para dar de aniversário, Peter compra três bombons para ele mesmo e Thomas dois. Saímos da lojinha e Thomas me para na porta. Ele abre a palma da minha mão e coloca um bombom nela. Isso que eu chamo de preguiça.
–Sério mesmo que você quer que eu leve isso pra você?
–Não é pra você levar pra mim, é pra você. – diz ele como se isso fosse óbvio.
Eu, lerda como sempre, não entendo de primeira. Fico encarando-o por uns cinco segundos sem entender até que ele sorri de lado.
–Eu quis dizer que eu comprei o bombom pra você. Entendeu agora?
–Ah... – é a única coisa que penso pra falar. –Ahn, obrigada.
Ele dá um tapinha no meu ombro e sai andando como se nada tivesse acontecido. E pra ser sincera, nada aconteceu mesmo. Aposto que só me deu chocolate pra depois se precisar de dinheiro pegar emprestado meu. Nessa vida nada é de graça, meu caro.
Katherin por sorte não estava olhando para nós, se não ela ia ficar me enchendo. O pior de tudo é que ela iria me zoar aqui mesmo e não depois, em outra ocasião, longe deles. Desembrulho o bombom e guardo o papel no bolso, pra jogar no lixo depois. Percebo que é o ao leite, que por sinal é muito bom. É doce, mas nem tanto e tem um recheio cremoso muito bom.
Apresso o passo para acompanhá-los.
–Quanto falta agora? – pergunta Thomas, mesmo que provavelmente tenha um celular e possa olhar as horas.
–Uma e vinte.
Caramba, já zanzamos vinte minutos nesse shopping? Nossa.
–Vamos jogar boliche? – sugiro um pouco insegura. Nunca fui a que tomava as decisões quando saia com as pessoas. Jane e Kriss eram uma coisa, agora as outras pessoas não. Deixava que eles decidissem.
–Pode ser. – diz Katherin animada. –Sou ótima em boliche.
–Saudades modéstia. – comenta Peter e nós três rimos.
O lugar de boliche é no segundo andar. Vamos pela escada rolante e Katherin comenta que seria ótimo se tivesse escada rolante nos prédios, já que ela não anda em hipótese alguma em um elevador.
–Mas por que você tem medo de andar em elevador? – pergunto quando chegamos ao segundo andar.
Ela respira fundo.
–Uma vez o elevador parou comigo e eu tinha sei lá, uns nove anos? Eu fiquei desesperada, achando que nunca ia sair daquela caixa. Acho que não passaram nem dez minutos e me tiraram de lá, mas mesmo assim. Traumatizou. – diz ela fazendo uma careta. –A partir de então, só escadas.
Assinto e sigo-a até onde deve ser o boliche. Thomas e Peter andam perto de nós e isso não estava nos meus planos. Pra falar a verdade, nem encontrá-los no shopping estava. Mas cidade pequena é assim.
Chegamos ao boliche e para a nossa sorte, está até que vazio em comparação ao tanto de gente que tem no térreo. Katherin e os dois vão para o balcão.
–Uma ficha, por favor. – diz ela e os dois fazem o mesmo. Peço uma ficha também e pago. A ficha fala que podemos ficar meia hora jogando –Já jogou beliche?
Paro um momento pra pensar, até que chego à conclusão.
–Não.
–Vai ser divertido. – diz ela já tomando o meu braço e indo para a “pista”. –Tudo o que você tem que fazer é focar.
Logo estamos eu, Thomas na fileira ao lado, Katherin na outra, e por fim Peter.
–Quer fazer uma aposta? – pergunta o enxerido.
–Não. – digo prestando atenção nos meus alvos.
–Qual é, Lydia. Não aguenta um desafio? – provoca ele e encaro-o.
–Tá bom, qual a aposta?
Ele parece pensar por um segundo.
–Se eu fizer mais pontos que você, você vai ter que sair comigo semana que vem.
Como é que é?
–Sem chances. – falo balançando a cabeça. –Por que quer sair comigo? – pergunto um pouco irritada e ao mesmo tempo, envergonhada.
–Simplesmente porque sei que iria odiar sair comigo, ia ser engraçado ver você emburrada o dia inteiro. – diz ele rindo e não posso conter uma risada.
Eu definitivamente não posso tirar menos pontos que ele.
–Tudo bem, agora se eu fizer mais pontos que você, quero que pare de aparecer em tudo quanto é lugar que eu to. – que aposta idiota, eu sei, mas é o que temos por hoje.
–Feito. – diz ele estendo a mão, mas não faço o mesmo. Dou um sorrisinho, vitoriosa e viro-me para frente, focando ao máximo nos pinos. Eu não posso, não posso em hipótese alguma, tirar menos pontos do que ele.
Pego uma bola de boliche e a seguro, é pesada. Peter vem até mim.
–Aposta, é? – pergunta ele levantando uma sobrancelha e pegando uma bola de boliche também. –Thomas é muito bom em boliche, sério mesmo.
–Então terei que ser melhor. – falo com convicção.
Volto para a pista e Thomas está olhando para a frente como se fosse a coisa mais fácil do mundo acertar todos os pinos de uma vez só.
–Pronta para perder? – pergunta ele já se preparando.
–Vai sonhando.
O único problema é que não sei em que posição tenho que ficar. Fico-o observando e imito-o. Peter e Katherin estão nos olhando, provavelmente apostando em quem vai ganhar. Espero do fundo do meu coração que Katherin esteja torcendo por mim, se não baterei nela.
–Garotas primeiro. – diz Thomas fazendo menção para eu jogar. Abro um sorrisinho para tentar parecer confiante, mas a verdade é que eu acho que sou péssima em boliche. Obviamente, ele não precisa saber disso.
Jogo a bola e começo a comemorar, mas ela só vai para a canaleta. Respiro fundo e viro-me para Thomas, que está rindo da minha cara. Os outros dois tenta disfarçar, mas vejo que estão rindo também.
–Eu só estava aquecendo. – falo estalando os dedos. –Agora é pra valer.
Ele continua rindo enquanto eu pego outra bola de boliche. Eu tenho que fazer pelo menos algum ponto, derrubar pelo menos um pino. Encaro meus alvos, depois olho pra Thomas, e volto pro alvo. É agora ou nunca. Como se o rádio estivesse torcendo pra mim, começa a tocar Boss da Fifth Harmony. Deslizo a bola de boliche e felizmente ela continua em linha reta, nada de ir para canteiros. Fico obsevando quando ela derruba um, dois, três, quatro, cinco, seis pinos!
–Estou realmente impressionado. – fala Thomas me encarando, acho que por essa ele não esperava. –Mas eu sou melhor. – diz ele e vai até onde estão as bolas de boliche.
Por favor, que ele acerte menos do que eu, bem menos. Katherin faz um sinal de positivo pra mim.
Thomas desliza a bola na pista com naturalidade, enquanto eu deveria estar usando todas as minhas forças para somente segurá-la. Fecho os olhos esperançosa de que ele derrube menos pinos do que eu. Abro rapidamente e vejo que não sobrou nenhum pino em pé.
–Ai droga... – murmuro e ele vira-se sorrindo largamente.
–Eu disse que eu era melhor. – reviro os olhos. –E só joguei uma vez, pra você ver.
Katherin e Peter começam a jogar, mas tenho certeza que não fizeram aposta nenhuma. Eu não devia ter aceitado o desafio, simplesmente não devia.
–Semana que vem nós vamos em algum lugar. – diz ele.
Então me lembro de uma coisa.
–Vamos, vamos sim. Estudar matemática em uma cafeteria, o que não é na escola, então já estaremos saindo. – ele me olha surpreso. –E é na outra semana. Pronto, não precisa combinar mais nada. Você não deu critérios mesmo.
Sorrio vitoriosa, não terei que ir a nenhum outro lugar com Thomas. Agradeço mentalmente o professor de Matemática por ter feito dele meu colega, pelo menos tem alguma coisa boa nisso. Não vou precisar sair com ele, aleluia.
–Dessa vez você ganhou. – fale ele rindo um pouco. –Mas só dessa vez.
–Aham, claro. – falo e sento-me para observar Katherin e Peter jogarem.
Ela derrubou todos os pinos, enquanto ele derrubou oito. Começo a rir dele e Peter vira-se para mim.
–Só lembrando que fiz mais pontos que você.
Calo a boca, não tenho resposta pra isso. Os dois se aproximam de nós.
–Então, aonde vão? – pergunta Katherin para mim e Thomas com expectativa. Ainda mato essa menina.
–Estudar na cafeteria perto da escola. – diz ele contrariado. –Acontece que a Lydia aqui usou esse compromisso para não precisar sair comigo.
–Exato. – falo batendo palma e já me levantando para jogar mais. Gostei desse jogo mesmo eu sendo, digamos, péssima.
Katherin vai comigo jogar e Thomas e Peter ficam conversando sobre alguma coisa. Olho no celular e vejo que faltam só uma hora e dez pro filme. O dia está passando rápido.
–Você bem que poderia sair com Thomas além de ser só pra estudar. – diz ela baixo, para que só eu possa ouvir e dou um tapa em seu braço.
–Não vou sair com Thomas em hipótese alguma!
Ela dá risada.
–Não vai na outra semana, porque vocês tem que estudar o negócio da dupla de estudo. Mas isso não quer dizer que vocês nunca irão sair juntos para um encontro.
Dou um tapa mais forte no braço dela.
–Repete que eu te mato!
Katherin passa a mão no braço e dá mais risada.
–Ai ai, Lydia, você é hilária.
Hilária? Como é que é? Ignoro seus comentários e começo a jogar. Faço um progresso, consigo derrubar sete pinos. Os dois meninos juntam-se a nós e é hora de sair do boliche.

No resto do tempo que nos sobrou nós andamos pelo shopping, tomamos sorvete e ficamos na fila de pipoca. Agora estamos na fila para assistir o filme.
–Identidade, por favor. – fala o moço que controla os ingressos. Tiro minha carteirinha da escola e mostro para ele. –Pode entrar.
Tomo o meu ingresso da mão dele e espero Katherin para entrarmos juntas. O cinema já está com muita gente e continuamos subindo as escadas até a penúltima fileira. Sento na ponta e a lerda da Katherin continua andando. Thomas sobe as escadinhas e senta do meu lado.
–Katherin vai sentar aí. – falo tentando tirar ele do lugar.
–Certeza? – pergunta ele apontando para ela, que está sentada do lado dele. Ela me paga, ah se me paga. Já vou me levantar para sentar em outro lugar na mesma fileira, só que Peter está do lado dela e os outros assentos já estão ocupados. Cerro os punhos.
O filme mal começa e já comi muita pipoca, tem metade só. Bebo um pouco de refrigerante e luto para não cuspi-lo por causa de uma cena engraçada. Termino de engolir e começo a rir muito. Thomas vira-se para mim.
–Que que foi? Nunca viu pessoas rindo? Eu hein. – falo e volto a rir que nem uma doida.

O filme acaba e saímos todos do shopping, vejo minha mãe acenando para mim e para Katherin.Eu tinha avisado mais ou menos o horário que ia acabar e aqui está ela. Nos despedimos dos dois e vamos até o carro. Entramos e minha mãe abaixa o rádio.
–Você bem que podia dizer que ia vir com eles. – diz minha mãe brava.
–Mãe, eu não sabia que eles iriam vir. – falo revirando os olhos.
–Verdade isso, Katherin?
Sério mesmo que ela acredita mais na menina que ela conheceu a dois dias do que na filha? Inadmissível isso.
–Sim, tia. – diz Katherin. –Eles viram o mesmo filme que a gente.
Dou uma cotovelada forte nela por ela ter deixado eu sentar do lado de Thomas e ela me olha como se eu fosse maluca.


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