Everything Has Changed escrita por Anne Atten


Capítulo 50
Capítulo 50


Notas iniciais do capítulo

Socorro, já tem 50 capítulos :o
Hoje de manhã eu estava relendo os primeiros capítulos e fiquei muito feliz ao perceber que minha escrita melhorou de lá pra cá.
Quero agradecer a Babi por uma coisa que acontece no final do capitulo, foi ela que deu a ideia. Muito obrigada!!!
Boa leitura :)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/528071/chapter/50

Meu fim de semana foi bem normal, tirando o sábado, que foi quando teve a gritaria e o barraco. Ainda não dei de cara com o Thomas, o que é um recorde. Parece que toda vez que eu piso pra fora do apartamento eu dou de cara com ele.
Hoje já é dia oito, faltam só doze pro teatro e eu já comecei até a roer as unhas. Quando eu acordei nessa segunda feira com o céu acinzentado eu só me espreguicei. Isso foi antes de eu lembrar que hoje é a competição entre as escolas. Levantei-me com um pulo, pois quando eu estou ansiosa ou nervosa eu simplesmente não consigo ficar parada. Fiz tudo com uma rapidez anormal. Tomei banho, me vesti, prendi cabelo, comi e escovei os dentes como se fosse um piscar de olhos. Minha mãe até achou estranho, mas acho que ela estava tão cansada que nem falou nada a respeito.
E agora estou aqui na sala de aula, tamborilando os dedos na mesa. Os meus colegas estão fazendo umas decorações e coisas pra torcer na competição. Hoje nem vai ter aula.
–Calma, Lydia. – fala a Katherin depois de encher um balão. –Assim vai acabar morrendo de estresse e me matando junto!
Solto uma risada.
–Desculpa, eu to nervosa.
–Jura? Nem percebi! – diz ela rindo com deboche.
Nós duas começamos a conversar e de repente ela para de falar. A cara que a Katherin faz é de tanto nojo que eu até acho que tem uma barata aqui. Viro-me na direção do olhar dela e vejo uma ruiva de cabelos lisos e longos.
Ela sorri e se aproxima de nós duas. Não faço nem ideia de quem seja.
–Oi, Kath. Quanto tempo!
Katherin força um sorriso.
–Pois é.
–Parece que a escola continua a mesma. E você também né!
A minha amiga só continua com um sorrisinho falso. A garota se vira pra mim.
–E você é a...?
–Lydia.
Nem pergunto o nome, porque não to afim de saber, mas mesmo assim ela fala.
–Sou a Ashley.
Legal hein fera.
–Você sabia que a Katherin já foi mais atiradinha? – conta a ruiva rindo. –Pois é, ela já chegou até a beber acredita! Dizem que as quietinhas são as piores, pelo visto é verdade!
Olho pra Katherin sem entender e vejo que ela está vermelha.
–Eu não bebia! – protesta ela.
–E aquele escândalo que você deu na festa da Marina no nono ano? Não foi efeito de bebida? – ela solta uma risada. –Desculpe se me enganei.
Olho pras duas sem entender nada e a Katherin parece que vai voar no pescoço da garota.
–Escuta aqui, volta pro seu bueiro tá legal? Eu não sou a mesma de antes!
A ruiva ainda ri e olha pra mim.
–Você é amiga dela? Cuidado, ela pode ser perigosa. Ficou sabendo que ela teve uma briga feia com aquele gato de olhos azuis? – acho que ela tá falando do Peter. –Essa aí desperdiça o que tem!
A Katherin se levanta com tudo e a tal da Ashley dá um passo pra trás. Seguro o pulso da minha amiga.
–Calma. – peço. Odiei essa ruiva. –Eu não faço ideia do que você está falando e nem me interesso.
Ashley ri.
–Olha que coisa legal, finalmente você conseguiu uma amiga! Parabéns, K!
Se eu não arrancar a Katherin daqui agora, ela esfaqueia essa garota.
–E ah, já ia me esquecendo do mais importante! Onde está o Thomas?
Olho pra ela na mesma hora.
–Você conhece o Thomas?
Ashley sorri.
–Queridinha, ele corria atrás de mim toda hora, acha que eu não o conheço?
Engulo em seco. Corria atrás dela? Como assim?
O dono do nome chega na mesma hora com seu sorriso de sempre e na hora que enxerga a ruiva, seu sorriso se fecha.
–O que você tá fazendo aqui? – pergunta ele.
Ela, que estava sentada na beirada de uma mesa, se levanta e se aproxima dele. Se olhar fosse tiro, ela já estaria baleada nesse exato momento.
–Uau, você tá mais bonito. – diz ela com um sorrisinho.
Atirada.
Ele continua sério.
–O que você tá fazendo aqui? – repete ele.
Ashley revira os olhos.
–Vim ver a competição, bobinho!
–Não, você não entendeu. O que você está fazendo aqui? Na minha frente?
Nossa essa doeu até em mim.
Vejo o sorriso da garota vacilar um pouco.
–Vai dizer que guarda rancor porque não te dei chances? Qual é, achei que já tivesse me superado apesar de eu não ter tido interesse em você.
Ok, eu quero uma explicação pra isso e já!
–Lembra daquele poema que me escreveu? – ela ri. –Muito clichê pro meu gosto.
Ele fica vermelho.
–Agora que você cresceu, talvez você tenha uma chance comigo.
Thomas olha irritado pra ela.
–Qual é a sua? Sai daqui, garota.
–Nossa, é assim que você trata a garota que você era completamente apaixonado?
Agora a coisa ficou séria. Solto o pulso da Katherin.
–Apaixonado? – pergunto com uma voz meio seca e me condeno por isso. Eu não ligo. Não ligo. Não ligo!
–Eu nunca fui apaixonado por você! – esbraveja o Thomas com ela. –Larga de ser iludida!
Ashley ri.
–Iludida? Tá bom. – ela balança a cabeça. –Quem foi mesmo que pediu pra me beijar porque não conseguia me tirar da cabeça?
–As coisas mudaram, sabia? Eu era idiota!
–E pelo visto ainda é, já que continua esnobando quem tá aí pra você! Lembra naquela festa que um monte de garota se jogou em você e você não quis ficar com nenhuma delas por causa de mim? – ela ri. –Foi fofo da sua parte.
–Eu nunca fiz nada por você! – diz o Thomas, mas não parece muito convincente.
–Também me lembro que quando se tocou que eu não queria nada com você, começou a seguir exemplo do Pet.
Pet? Ela ousa mesmo chamar o Peter de Pet? A Katherin olha pra ruiva como se ela fosse um porco prestes a ser abatido.
–Como assim seguir exemplo do Peter?
Ashley olha pra mim como se eu fosse burra.
–Você não sabe? O Peter é o maior galinha da face da terra!
Solto uma risada.
–Acho que não estamos falando do mesmo Peter, porque o Peter que eu conheço não é galinha.
Ela olha pra Katherin.
–Então ele assumiu que gosta de você? Já era tempo, né! – então ela se volta pra mim de novo. –Enfim, o Tommy tentou me superar ficando com várias garotas. Mas acho que ele não conseguiu. Ninguém consegue ser tão boa como eu. – ela olha pra ele. Este tem o rosto vermelho de raiva. –Não há amor mais forte que o primeiro, não é Thomas?
Nesse momento meu rosto esquenta de raiva. Ele já foi apaixonado por uma garota, ficou com várias depois pra tentar superar. Tudo bem, eu o conheço desde esse ano, sei que ele tinha uma vida. Só não precisava saber das garotas envolvidas!
–Ashley, você me dá nojo. – fala a Katherin.
–Ai querida, sei tanto podre sobre você que ficaria calada se tivesse no seu lugar.
A minha amiga fica vermelha de raiva de novo. Saio da sala sem querer ouvir mais nada. Eles que se resolvam. O Thomas que se resolva com ela...
Dou um tapa na minha testa. Como eu fui burra! O Thomas com certeza já beijou outras garotas, claro que não seria só eu! Até parece! E essa Ashley é tão mais bonita que eu! E aquela história de festa, várias meninas? Quer dizer que ele era um galinha?
Sigo por essa linha de pensamento e me deparo com a coisa que tinha medo. E se ele me beijou só por beijar? E se não teve sentimento? E se ele só me usou?
Quando vejo meus punhos estão cerrados e eu acabo esbarrando em alguém na escada.
–Desculpa. – falo sem nem olhar pra pessoa, e sinto meu pulso ser puxado.
É o Peter.
–Lydia, tá tudo bem?
Forço um sorriso.
–Sim, tá tudo ótimo.
–Então que cara é essa? – pergunta ele soltando o meu pulso. –Não vem me falar que não é nada.
–Eu to bem, juro. – insisto. –É nervosismo por causa da corrida, só isso.
Ele não parece acreditar.
–Mas pra onde você tá indo?
Sinceramente, eu faço nem ideia pra onde estou indo. Só não queria ficar na sala de aula.
–Tava te procurando. – eu preciso ter aulas de como mentir.
Peter franze a testa.
–Sério?
–Aham.
–Pra falar sobre o que?
Pensa, Lydia. Pensa!
–O aniversário da Katherin tá chegando. – ao falar o nome dela o Peter sorri. –Queria ter certeza que você fosse fazer alguma coisa decente pra ela.
–Tipo o que?
Coloco a mão no queixo, agora pensando de verdade no assunto.
–Tipo, e se você levasse umas flores pra ela?
Ele ri.
–Só eu acho que negocio de flores clichê?
–Pode ser, mas é bonitinho, tá? – ele continua rindo. –E é uma coisa romântica.
–Nossa, não sabia que você era romântica.
–E não sou, só to falando que é legal.
–Sei... – implica ele.
–Vai beber água comigo? – falo querendo sair logo das escadas, já que ainda é perto da sala.
Peter assente e nós vamos pro pátio.
Eu poderia perguntar pra ele sobre aquela coisa da Ashley falar que ele é galinha. De repente foi como se eu não conhecesse ele, nem a Katherin e nem o Thomas.
Não sei se acredito na ruiva ou não, eu vou perguntar o que aconteceu de verdade. É meio difícil acreditar que a Katherin bebia.
–Lydia, que cara é essa? – pergunta o Peter e toma um gole de água.
Vou ser bem direta.
–Peter, como assim você é galinha? Como assim a Katherin bebia?
Ele cospe a água e começa a tossir.
–Como?
–Você ouviu, não se faz de burro.
–Quem te falou isso?
–Uma tal de Ashley. – torço o nariz ao falar o nome dela.
–Ela tá aqui? – faço que sim com a cabeça. –Eu achei que nunca mais ia ver essa peste!
–Você ainda não respondeu minha pergunta. – insisto.
O Peter respira fundo.
–Por que você quer saber isso?
–Porque sim!
Ele olha pro teto e depois pra mim.
–Lydia, não vou negar. Eu era meio galinha mesmo. Só não sei porque você ficou espantada com isso, eu não tenho cara de anjo.
–Não mesmo. – falo. –Mas é só que quando eu te conheci você parecia estar gostando tanto da Katherin e...
Ele me interrompe.
–Eu não parecia, eu estou gostando dela pra caramba.
–Tanto faz. Só que parece que você só quer estar com ela e com mais ninguém, por isso achei estranho você ter sido galinha.
Peter assente.
–Até que faz sentido. – fala ele. –Mas olha, é passado. Essa Ashley só quer ferrar com a nossa vida, quer ficar espalhando coisa.
Tem uma coisa entalada na minha garganta e isso eu não vou deixar quieto não.
–E Peter... Como assim o Thomas era apaixonado por essa menina? – pergunto tentando parecer o mais casual possível.
–Ele só gostava dela. Só isso. – assegura ele.
–E ele era galinha?
Peter faz uma expressão engraçada.
–Lydia, você tá com ciúmes?
Fico vermelha.
–Que? Claro que não! Ciúmes do Thomas? Fala sério, Peter!
Ele ri.
–Olha como você fala da Ashley.
–Só não gostei dela, caramba! Não tenho esse direito?
–E isso não tem nada relacionado com o fato dele ter gostado dela?
–Não!
Ele começa a rir e eu olho séria pra ele.
–Qual seu problema, Peter?
Ele se recompõe.
–Nenhum não. – diz ele. –Só uma última pergunta. – faço sinal pra ele perguntar. –Você gosta do Thomas?
Meu rosto volta a esquentar, mil vezes pior. Fico roxa de vergonha.
Eu fico sem saber o que responder e o Peter fica me encarando com seus olhos azuis.
Quase suspiro em alívio quando a Amanda chega do lado dele. Essa é a primeira e última vez que fico feliz em ver a rata.
Ela olha pra mim com desgosto e depois olha pro primo.
–Peter, preciso da sua ajuda. – diz ela e sai puxando ele.
Peter olha pra trás.
–Ainda não respondeu, Lydia! – diz ele rindo e dou um tapa na minha testa. Só me faltava essa.
Volto pra sala, a ruiva aguada não tá mais aqui.
Sento-me na frente da Katherin e olho pra ela.
–Quem é essa garota?
–Ela estudou com a gente por um tempo. – diz a Katherin parecendo envergonhada. –Olha, não liga muito pro que ela fala.
–Katherin, eu não ligo se o que ela falou é verdade ou não. Vou continuar sendo sua amiga independente das coisas que ela falou.
–Obrigada. – diz ela. –Eu não quero que você pense mal de mim...
–Não vou. Eu quero saber o que aconteceu, mas só se quiser falar.
Ela abre um sorrisinho.
–Pode deixar que eu falo.
Thomas aparece parecendo sem fôlego. Fecho a cara na hora.
Isso é ciúmes, fala uma voz na minha mente. Não é ciúmes nada! Com que eu posso ter ciúmes de uma coisa que nem é minha?
Bufo internamente. Não to nem aí se ele não é meu, eu estou com ciúmes sim. Pronto, admiti. Estou morrendo de ciúmes dele. E parece que eu to brava com ele por ele ter a capacidade de me deixar com esse sentimento. Estou brava porque ele já beijou outras antes de mim.
–Tava te procurando. – diz ele.
–Já achou. – respondo secamente e me levanto pra ajudar a levar as coisas pras arquibancadas.
Quando chego na quadra a professora de educação física me chame e vou até ela.
–Preparada? – pergunta ela.
Abro um sorriso nervoso.
–Acho que sim. Que horas vai começar?
Olho pra quadra, os outros alunos vindo.
–Daqui a pouco. A corrida vai ser depois do basquete.
Faço que sim levemente com a cabeça e vou pra perto da Katherin de novo. As escolas vão ficar divididas na arquibancada. Quem vai participar dos jogos não vai ficar sentado aqui, pode até ver os jogos, mas tem que estar junto com os outros competidores.
Quando me viro pra subir, dou de cara com um garoto que tenho certeza que já vi antes. Forço minha memória e me lembro dele. É o que eu esbarrei quando cheguei na escola, quando o Thomas tava fora.
–Oi. – diz o garoto com um sorrisinho. –Bom te ver de novo.
Só dou um aceno.
–Cadê o seu namorado?
A situação que se segue seria até engraçada, mas no momento não é não.
O Peter brotou do meu lado não sei quando, o Thomas está atrás do menino e a Katherin do meu outro lado.
–Namorado? – perguntam os três ao mesmo tempo e o garoto até se assusta.
Ele ri.
–Sim, namorado. – ele olha pra mim. –Você disse que não queria sair comigo, porque tinha namorado.
Eu tenho que aprender a não mentir, nem mesmo pra estranhos, porque eles podem surgir do nada.
Thomas ri da cara do menino e este vira-se pra ele.
–Tá rindo do que palhaço?
–É claro que ela ficou com pena de te dispensar e aí inventou que tinha um namorado. – fala o Thomas rindo. –Ela é educada.
O garoto fica vermelho e sai andando sem dizer mais nada.
Peter e a Katherin começam a rir.
–Nossa, eu fiquei assustada por um momento. – fala ela.
–Eu não to namorando. – asseguro pros dois e quando vejo que o Thomas vai vir falar comigo, dou uma desculpa que tenho que ir falar com a treinadora e saio apressada.

Faltam vinte minutos pra corrida e não aguento mais de ansiedade. Faltam só dois jogos pra minha escola ganhar no basquete, tudo vai a mil maravilhas. Vejo um garoto dar uma cotovelada forte no Thomas e ele desequilibra. Cruzo os braços, indignada. Ninguém viu isso? Não é possível que não tenham visto! Mesmo que eu esteja brava com o Thomas, não quero que fiquem batendo nele.
O Thomas logo se recompõe e continua jogando. Dez minutos pra prova, dez minutos pra acabar o jogo.
–Lydia, pode ir se preparando. – diz a professora de educação física.
Só assinto e continuo me alongando até que como se fosse em câmera lenta, vejo o Thomas se esborrachando no chão. Por um momento é só isso, parece que ele vai se levantar, mas então ouço-o urrar de dor e se encolher.
Meu coração bate forte em preocupação e eu esqueço a minha ideia de ficar evitando ele. Dou um passo pra ir até ele, mas sinto uma mão no meu pulso.
–Lydia, faltam dez minutos! Vá pro seu lugar. – diz a treinadora.
Bufo e me solto dela.
–Eu vou estar lá, não se preocupe. – e corro até o Thomas.
Os idiotas só fazem uma rodinha ao redor do garoto e ficam observando. Alguns adversários riem. Dou um esbarrão forte neles.
–Qual o problema de vocês? – pergunto estressada.
Thomas tem gotículas de suor na testa e cada hora solta um ganido de dor.
–Calma, vou te levar na enfermaria. – falo. –Consegue se levantar?
Lentamente, ele faz que sim com a cabeça e eu puxo-o, ouvindo outro grito de dor. Apoio uma mão dele no meu ombro e seguro sua cintura. Os garotos do basquete só ficam me olhando, inclusive o supervisor do jogo.
–Estão olhando o que? Posso ser garota, mas não sou fraca.
–Ui, que estressadinha. – fala um que nunca vi na vida e alguns riem. Time adversário.
–Se eu não tivesse com ele nos meus braços, você ia ver a estressadinha na sua cara. – eles continuam rindo e reviro os olhos. -Imbecis, não servem nem pra ajudar um cara ferido!
Saio estressada da quadra, arrastando o Thomas e ouvindo ele reclamar de dor.
–Calma, a gente tá quase lá. – falo tentando acalmá-lo, mas ele continua gritando de dor.
Vejo uma lágrima escorrer pelo rosto dele e continuo andando, mais desesperada ainda. Depois do que parece ser um século, chego na enfermaria.
A moça vem até mim na mesma hora.
–O que aconteceu? – pergunta ela já puxando o Thomas e andando.
–Ele torceu alguma coisa. – sigo a moça e ela o coloca em uma maca.
–Tornozelo. – diz ela na mesma hora. –Certeza que foi o tornozelo. Ele estava jogando? – assinto. –Então é isso mesmo. A dor é insuportável.
–E o que a gente pode fazer? – pergunto nervosa.
Ela dá uma risadinha.
–Calma, menina. Ele vai sobreviver, só vai ficar com dor. Vou pegar um saco cheio de gelo, o jeito é ele ficar de repouso.
Faço que sim com a cabeça e ela sai pra pegar o gelo. Enquanto ela não chega, fico passando a mão no cabelo dele. Ela volta com um remédio e o saco de gelo. O remédio ela o faz engolir.
–Pode voltar pra competição, ele vai ficar bom. Esse remédio vai fazer ele tirar um cochilo.
Vejo no relógio. Oito minutos pra corrida.
–Eu vou ficar um pouco aqui com ele.
–Tudo bem então. – diz ela. –Vou ao banheiro, daqui a pouco estou de volta.
Só assinto.
Então olho pro Thomas, a dor deve ser tão ruim e eu queria ser capaz de ajudar de alguma forma. Pressiono o gelo na região machucada e olho para o seu rosto pálido de dor. Ouço ele murmurar alguma coisa e não entendo. Deixo o gelo por um momento e vou até ele. Sento-me na beirada a maca.
–O que? – pergunto tentando entender.
–Lydia... – sussurra ele com os olhos fechados. –Isso dói. – ele solta uma risada afetada.
Passo uma mão no rosto dele, acariciando-o levemente.
–Não faço nem ideia do que você tá sentindo, mas deve estar doendo muito. – falo com a voz baixa.
Uma mão minha está apoiada na maca, ao lado do seu corpo e vejo a mão dele próxima. O dedinho dele encosta no meu e prendo a respiração. Percebo que ele quer que eu dê a mão pra ele e faço isso. O Thomas já parece bem sonolento.
Ele consegue entrelaçar nossas mãos e isso me deixaria com um sorriso bem idiota se ele não estivesse morrendo de dor. Eu gosto quando ele faz isso comigo. Ele aperta minha mão tão forte que chega a doer, mas eu não me importo.
Ficamos quietos e ele começa a sussurrar coisas que eu não consigo mesmo ouvir.
Aproximo o ouvido da boca nele.
–Me beija, Lydia. – sua voz está quase inaudível.
Meu rosto esquenta. Olho pra ele.
–Como é?
–Me beija. – sussurra ele de novo.
–Por que?
–Gosto do seu beijo... – diz ele.
Sinto que meu rosto fica cada vez mais vermelho. Afasto meu rosto do dele.
–Thomas, você não tá dizendo coisa com coisa. Você está com sono e com dor.
Os olhos dele ficam entreabertos e logo começam a fechar.
–Eu falo sério... Eu... Eu gosto muito... Muito de... – a voz dele fica mais fraca a cada palavra. –Eu...
–Shhh, descansa.
Acaricio os cabelos dele levemente.
–Lyd... – chama ele com voz sonolenta.
–Oi. – falo com um sorrisinho ao ouvir esse apelido.
–Você... Você gosta de mim? – pergunta ele tentando abrir os olhos, mas não consegue.
–Eu... – mas aí o aperto da minha mão afrouxa. Ele dormiu. Respiro fundo e continuo mexendo no cabelo dele.
Passo a mão mais uma vez por seu rosto e passo o polegar no contorno de seus lábios. Lábios tão bons, tão macios e suaves... Carregados com um gosto tão bom, é melhor até mesmo que chocolate. E eu amo chocolate. O beijo dele é a melhor coisa do mundo. Eu posso estar brava e com ciúmes, mas eu vou continuar me importando com ele de qualquer modo.
Solto um suspiro.
–Tom, eu gosto de você, só não sei como te dizer isso. – sussurro, não tem ninguém aqui. E é provável que eu nunca consiga falar na cara dele o que eu sinto.
Solto minha mão da dele e encaro o seu rosto sereno e lindo. Seu peito desce e sobe. Ele parece um anjo dormindo.
Faço uma coisa que eu também não teria coragem de fazer se ele estivesse acordado. Fecho os olhos e pressiono meus lábios levemente nos dele e me separo em seguida. Levanto-me e saio apressada, faltam só três minutos pra prova de corrida.
Dou de cara com o Peter quando estou na porta.
–Fica aí com ele, não deixa ele sozinho! Eu tenho que ir pra corrida. – falo e saio andando.
Chego bem em cima da hora no local que a gente aposta e a treinadora parece prestes a arrancar os cabelos.
–Onde você esteve? Falta um minuto! – diz ela com uma mistura de nervosismo e braveza.
–Eu estou aqui. – falo dando de ombros e fico na minha posição.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O que vocês acharam?
Próximo capítulo vai ter flashback da festa que a Ashley disse que a Katherin bebeu.