Everything Has Changed escrita por Anne Atten


Capítulo 43
Capítulo 43


Notas iniciais do capítulo

Oiiiiiii, demorei um pouco pra postar por causa da escola, como já tinha falado pra vocês. Mas aqui está um capítulo novinho e fofinho :3
Bom, eu quero agradecer à minha amiga Babi por ter me ajudado a escrever uma coisa desse capítulo e também a Karol por ter me falado uma coisa e eu achei que ficou legal e coloquei.
E eu quero dizer que quando eu vi que essa fic estava com 400 comentários eu fiquei super feliz!!! Obrigada a todos vocês ♥♥♥♥♥
Boa leitura :)



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Segunda feira de tarde eu e o Thomas costumamos estudar matemática na cafeteria, mas hoje vai ser diferente. Hoje vão começar os treinos pra ele poder participar da competição como jogador de basquete. Não sei se vou poder fazer muita coisa, mas darei o meu máximo. O teste pra quem vai fazer parte do time do basquete pra competição é amanhã. Sim, amanhã.
Hoje de manhã eu fiz o teste pra pingue pong, falhei. Fiz pra natação, falhei. Isso me deixou chateada, mesmo que eu não quisesse participar tanto da competição. Nem fiz o teste de corrida, não tava afim de receber um “não precisamos de você”.
O telefone de casa começa a tocar e vou até lá.
–Alô?
Lydia, minha filha!
É o meu pai!
–Pai! – eu solto um berro que acho que a velha da frente deve ter escutado e não gostado nada. –Caramba, pai, quantos dias que a gente não se fala!
Eu sei, eu sei, mas tenho trabalhado umas coisas a mais pra não acumular muito quando eu voltar de viagem.
Viagem, faltam só três dias pra ele vir pra cá!
–Pai, eu to muito animada! – falo só faltando dar pulinhos de felicidade. -Tá chegando, faz tanto tempo que a gente não se vê! Acho que vou desidratar de tanto chorar quando eu te ver de novo!
Ele ri.
Eu também, docinho.
Dessa vez eu dou risada.
–Docinho? Você não me chama disso desde os nove anos.
É. – diz ele rindo. –É que agora não sei muito bem como te tratar, já é uma moça! Liguei pra avisar o horário que vamos chegar, sua mãe disse que iria nos buscar no aeroporto.
E vamos! – confirmo.
Vou chegar no aeroporto às sete e meia da noite.
Por que tinha que ser da noite? Mas tudo bem, o importante é que ele vem.
–Certo, a gente vai estar lá, acho que vamos chegar até de manhã porque não vou aguentar ficar esperando não!
Meu pai solta uma risada.
–Então até dia quatro, hein? Vou te levar vários presentes!
–Não precisa, só sua presença já tá bom. – falo com sinceridade.
Imagina, faz tempo que a gente não se vê, minha filha. Falando nisso, teremos muito papo pra colocar em dia.
–Temos mesmo.
Nesse instante a campainha toca e meu coração acelera, já que eu sei bem quem é.
–Pai, tenho que desligar, eu vou sair.
–Vai sair com quem? Seu namorado?
Meu rosto esquenta.
–Pai! – reprovo-o. -É só um amigo meu, tenho que ir, beijos. – e desligo.
Respiro fundo e grito um “Já vai”. Volto pro banheiro e checo se meu rabo de cavalo está bom. Não é o melhor do mundo, mas é o que temos pra hoje.
Thomas está encostado no batente e abre um sorrisinho. Ele me joga uma bola de basquete e eu a pego me meus braços.
–Achei que tinha morrido, não abria a porta nunca.
Saio e tranco minha casa.
–Tava falando com o meu pai. – explico já sorrindo. –Ele vem daqui três dias!!!
Thomas ri da minha empolgação.
–Onde a gente vai treinar?
–Escola, fiquei sabendo que a turma da tarde não tem aula de educação física hoje. – falo e entramos no elevador. –Daí a gente treina até a hora do intervalo, porque depois vai lotar.
Estou usando uma calça legging, tênis e um moletom, como se eu que fosse jogar.
–Então, como a minha treinadora está? – pergunta ele levantando uma sobrancelha.
Solto uma risada.
–Eu estou ótima e você?
–Melhor impossível, tirando o fato que meus pais estão agindo estranho comigo. Parecem que eles sabem alguma coisa que eu não sei. – diz ele meio encabulado.
Eu sei bem o que estão escondendo dele e na minha opinião, isso é errado. Ele tem o direito de saber que o pai dele vai operar, mas a mãe dele me falou pra não dizer e vou respeitar isso. Saímos do elevador.
–Como foi nos testes? – pergunta ele.
Não to nada afim de falar que não passei em nada.
–Nem fiz. – falo dando de ombros. -A gente vai de bicicleta? – pergunto tentando mudar de assunto.
Ele faz que sim com a cabeça e eu faço cara de espanto.
–Que foi? – pergunta ele.
–Quase todas as vezes que eu ando de bicicleta com você, a gente quase morre atropelado. – explico e ele ri. –Não tem graça, é sério. – mas acabo rindo também.
–Relaxa, não vai acontecer nada.
Vamos até a garagem e ele se senta, me sento atrás e seguro a bola com uma mão, com a outra tenho que abraçar a cintura dele pra não cair.
Saímos do prédio e logo sinto o vento no rosto, bagunçando meus cabelos. Todo o meu trabalho pra nada, ótimo isso.
Dessa vez ele para no sinal e vira-se para mim.
–Viu, não sou tão irresponsável assim.
Reviro os olhos e ele volta a pedalar. Em pouco tempo chegamos na escola e ele estaciona. Desço primeiro que ele e entramos na escola.
Quando eu chego na quadra jogo a bola de volta pra ele e vou até a frente do negócio da cesta.
–Vem aqui. – falo e ele vem. –Acerta a bola daqui.
Ele me olha rindo.
–Aqui é muito perto, todo mundo acerta.
Reviro os olhos.
–Eu sei, mas é daqui que vamos começar.
Ele continua rindo e acerta a bola na cesta.
–Mais uma vez. – ele joga. –De novo. – ele solta uma risada de jogo. -Continua.
Thomas não arremessa dessa vez.
–Sério isso?
–Não, não, to brincando. Claro que é sério!
Ele me olha sem entender o porquê de eu estar fazendo isso, afinal é muito fácil acertar de onde ele está. Depois dele acertar trinta vezes, sim, trinta vezes, eu finalmente coloco uma distância maior, fazendo-o repetir mais trinta vezes.
–Assim eu vou morrer de cansaço. – diz ele ofegante.
Vejo o estado do coitado e percebo que foi um pouco demais.
–Ok, exagerei um pouco.
Ele solta uma risada fraca.
–Um pouco?
Faço uma careta.
–Descansa um pouco e retomaremos daqui.
Thomas vai beber água e continuo sentada no mesmo lugar. Ele volta e depois de cinco minutos, mando ele começar de novo, de uma distância maior.
Ele simplesmente acerta todas, mesmo estando longe.
–Você é muito bom. – falo. –Não acredito que parou de jogar.
Thomas sorri e tenho vontade de sorrir também.
–Acertar cestas é uma coisa, outra é competir, jogar com outras pessoas.
–Joga comigo então. – falo me levantando.
Ele ri.
–Desde quando joga basquete?
–Desde nunca, mas é melhor do que nada. Vamos lá.
Ele balança a cabeça em negativa enquanto ri, mas começa a jogar. Não consigo acertar nada e quando estou prestes a pegar pela primeira vez a bola de basquete, ela cai bate bem forte do lado da minha cabeça fazendo o meu óculos cair e eu cair junto por causa do impacto. Minha cabeça começa a doer.
Thomas vem correndo até mim.
–Me desculpa, Lydia. –percebo que ele está desesperado. –Vou pegar gelo pra você, calma aí.
Mesmo com essa dor lancinante, eu consigo responder.
–Não precisa, eu to legal...
Ele solta uma risadinha.
–Mas você é mesmo muito teimosa. Leva uma bolada na cara e fala que tá bem?
Consigo sorrir, mas dói mais ainda.
–Sério, vou lá pegar o gelo.
Com os olhos entreabertos percebo que ele está agachado ao meu lado, e quando ele vai se levantar, seguro a mão dele, sentindo-a formigar em seguida.
Thomas me olha surpreso.
–Fica aqui comigo. – falo sem pensar direito.
–Mas...
–Não, não quero gelo. Me ajuda a me levantar, você tem que treinar mais um pouco.
Thomas balança a cabeça.
–Pensei melhor, vou te levar par enfermaria, você não tá falando coisa com coisa.
Sinto que sou erguida no ar, estou nos braços dele.
–Não precisa disso. – falo meio envergonhada. –Eu consigo andar.
Thomas só me ignora e eu resolvo ficar quieta. Chegamos na enfermaria e a moça dá um saquinho de pano cheio de gelos na mão do Thomas.
–Talvez doa. – alerta ele.
Respiro fundo e ele pressiona o saquinho levemente do lado da minha cabeça que machucou. Fico deitada numa maca que tem por uns dez minutos, até que a dor diminui um pouco e ele tira o gelo.
Obviamente fico gelada, mas ele me dá um beijo na testa em seguida e o frio se vai imediatamente. Thomas se afasta de mim um pouco.
–Cadê meu óculos? – pergunto pra ele depois de uns minutos de silêncio.
Ele coloca o óculos quebrado em cima da minha barriga. Quebrado é elogio. O óculos está destruído mesmo. Lentes trincadas, uma perna quebrada.
–Foi mal, de novo. Não queria te acertar.
Solto uma risada.
–Não quero nem imaginar se fosse sua intenção, iria arrancar meus olhos.
Nós dois rimos.
–Parece que vou ter que comprar um óculos novo. – falo me sentando, mas o Thomas vem até mim. –Que foi? – pergunto com a testa franzida.
–Vai devagar, acabou de se recuperar.
–Eu to bem, levei uma bolada, não to morta. – mesmo assim me apoio nele pra ficar de pé. –Vamos volta praquela quadra pra você treinar mais. O teste é amanhã lembra?
–Você não tem mesmo jeito, né? – pergunta sorrindo.
–É. – falo rindo.
Vamos pra quadra e eu me sento. Consigo enxergar mesmo sem os óculos, só que não é a mesma coisa.
–Trinta vezes. – falo e penso melhor. –Cinquenta, por ter quebrado meus óculos.
–Cinquenta? – repete ele e só assinto.
Ficamos um bom tempo na quadra, até que bate o sinal do intervalo. Eu e Thomas vamos pras arquibancadas. Me sento ao seu lado.
–Daqui a pouco continuamos. – digo.
Ele me olha.
–Mesmo estando quebrado, com os braços doendo, - rio disso. -, obrigado. Tá sendo legal, fazia tempo que eu não jogava.
–De nada. – digo dando de ombros e viro o rosto pra frente.
Ficamos sem falar nada e prefiro assim, eu estou com meu coração acelerado de estar do lado dele.
–Lydia, posso te fazer uma pergunta?
–Já tá fazendo. – respondo.
–Aconteceu alguma coisa? – olho pra ele sem entender. –Quer dizer, você tá diferente comigo.
Começo a ficar preocupada. E se ele descobriu que estou gostando dele?
–Diferente como?
–Sei lá... Menos grossa.
Forço uma risada.
–Só porque eu to legal, não significa que vá durar pra sempre.
Thomas ri e eu relaxo.
–Certo, vou fingir que você é normal e continuar a vida.
–Isso aí.
O intervalo acaba e descemos pra quadra.
–Ok, agora você vai arremessar daqui. – falo apontando pra mais do que o meio da quadra.
Dessa vez, Thomas me olha como se eu fosse louca.
–Nem que eu fosse o melhor cara do mundo eu conseguiria acertar.
–Quanto drama. – falo revirando os olhos. –Vamos lá.
Thomas começa a arremessar e erra várias vezes, mas eu continuo gritando pra ele continuar arremessando a bola até que ele para, colocando as mãos nos joelhos. A blusa dele está bem suada.
–Agora eu não consigo mais. – diz ele arfando. –Chega, por favor. To morto.
Faço uma cara de indignação.
–Eu to aqui ao mesmo tanto de tempo que você e to super bem, larga de ser folgado!
–Você tá sentada, eu que to ralando aqui! – protesta ele.
Bufo e me levanto.
–Tá bom, tá dispensado.
Thomas abre um sorriso e vem até mim, me dando um beijo estalado na bochecha. Meu corpo todo esquenta e minhas pernas ficam bambas.
–Valeu, Lydia. – diz ele e se afasta de mim.
Dou de ombros, ainda com as bochecha formigando por conta do contado com os lábios dele
Quando vejo, o Thomas tirou a camisa e colocou-a sobre um ombro. Eu fico sem ar. Imagina se eu tivesse com óculos.
Devo ter ficado olhando, porque ele franze a testa.
–O que foi? – pergunta o Thomas.
Fico vermelha.
–Nada... – respondo sem graça. -Vamos? Eu tenho que estudar pra prova de amanhã ainda.
Na verdade eu já estudei pra prova de amanhã, mas ele não precisa saber disso.
–Por mim tudo bem. – diz ele dando de ombros e veste a camisa de novo.
Saímos da escola e voltamos para o prédio. Já são cinco horas, começamos a treinar umas duas e meia. Na verdade, ele começou a treinar, já que eu não fiz nada de importante. Falo isso pra ele quando chegamos na garagem e Thomas ri.
–Claro que fez uma coisa importante. Na verdade, fez várias. – diz ele dando um passo pra frente. Dou um pra trás e ele ri. –De novo, se afastando de mim.
–Nada haver, não me afastei não.
–Aham, claro... – diz ele com ironia. –Enfim, você acreditou em mim, isso já é uma coisa importante. Fora que se não fosse você, eu não teria treinado daquele jeito. Iria acertar umas quatro vezes na cesta e voltar pra casa. Então, sim, você foi bem importante.
Fico feliz com os elogios dele e abro um sorriso.
–Obrigada, então.
Thomas dá de ombros e saio andando, indo para o meu prédio.

Terça feira de noite estávamos no teatro ensaiando. Falta pouco pra estreia e eu estou começando a ficar nervosa. Pra minha sorte, o Thomas continua sendo o Peter Pan. Eu fiz questão de esfregar isso na cara do Bernardo. E o Thomas também passou no teste do basquete e veio correndo até mim depois, me dando um abraço na frente de todo mundo. Fiquei com vergonha, mas feliz, feliz por ele e pelo abraço.
Enfim estávamos no teatro e não sei o que deu na Katherin, mas ela só errava as falas. E não é só isso, às vezes era a hora dela falar, e ela esquecia. Podíamos até usar o texto e nem isso ajudava. Ela tava bem desatenta e isso interrompeu todo o desenvolvimento da cena. Se fosse uma vez, ok, mas foram várias. Até o professor disse pra ela prestar mais atenção.
E é quando ela errou pela milésima vez a fala dela que eu fiquei irritada.
–Katherin, pelo amor, desse jeito a peça não vai sair nunca! Você só atrapalha!
Minha intenção não era gritar, mas acabei fazendo isso. Todos ficaram quietos, alternando os olhares entre eu e ela. Eu não devia ter falado isso e agora sei disso. Uma coisa seria eu conversar com ela depois, outra gritar com ela com todo mundo ao redor e falar que ela só atrapalha.
Katherin me olhou com o rosto vermelho de raiva.
–Escuta aqui... – ela começou, mas o professor interrompeu.
–Meninas, não vamos brigar, temos pouco tempo. – disse ele e se virou pra Katherin. –E a Lydia tem razão, você está muito desatenta. – ela ia protestar, mas o professor falou de novo. –Sem discussões, não temos tempo pra isso. Preste mais atenção.
E hoje é quarta feira, estou no segundo intervalo e ela não tá falando comigo. Certo, eu sei que estava errada, mas eu já pedi desculpas pra ela umas mil vezes no mínimo. Tanto no whats app, quanto pessoalmente. Ela continuou fingindo que eu não existo. Sentei sozinha no intervalo, ela estava com a Mary Ann.
–Katherin! – grito antes dela sair da sala, mas ela não se vira. Corro atrás dela. –Me desculpa, eu não devia ter falado com você daquele jeito.
Katherin se vira pra mim, brava.
–Não devia mesmo! Você não sabe o que aconteceu pra eu estar daquele jeito, sabe? – pergunta ela com raiva. –Agora se me dá licença, eu vou comprar o meu lanche!
Fico parada no mesmo lugar vendo ela se distanciar. O que eu fiz? Só faço burrada, só pode. Mary Ann passa.
–Oi. – falo ficando do lado dela. –Eu não sei se a Katherin te disse, mas...
Ela me interrompe com um sinal de mão.
–Já sei o quanto você foi grossa com ela. – fala ela me olhando com desgosto.
Solto uma risada descrente.
–Ok, eu fiz errado, mas isso não é da sua conta.
–Na verdade, é, já que ela é minha amiga agora.
Engulo em seco.
Sua amiga? Ela também é minha amiga!
Mary Ann ri em deboche.
–Tem certeza? Ela não quer nem falar com você, se toca. – e com isso ela sai andando, e logo dá meia volta parecendo se lembrar de algo. –E ah, acho que ela vai ficar bem melhor com a minha companhia.
Olho com raiva pra ela.
–E por que?
–Bom, eu era de Nova York, acho que sabemos o quanto ela ama aquele lugar. Tenho tanta coisa pra contar, tantas fotos. O tempo dela comigo valerá muito mais do que com você. Acho melhor achar outra trouxa pra te aturar.
Tenho vontade de dar um soco nela.
–Qual o seu problema? Esses dias você estava se dando bem comigo e agora parece que me odeia.
Ela revira os olhos.
–Só tem pessoas que podem me oferecer mais coisas do que você.
Se possível, fico mais brava ainda.
–Você tá usando a Katherin? Ela é uma pessoa muito legal, ela merece amigos de verdade, não interesseiros como você!
Ela não se abalada.
–E ela devia ter amigos tão ruins como você? – solta ela e me deixa sozinha.
Hoje de manhã eu acordei feliz, porque amanhã o meu pai chega. Mas agora a minha vontade é de chorar.

POV Thomas

Estou deitado no meu quarto quando ouço alguém tocar a campainha. Quem pode ser? Penso ser o Matthew, já que ele diz que tá afim de passar mais tempo com o nosso pai caso o pior aconteça. Ele até pode querer isso, mas acho que acima de tudo ele quer mesmo faltar na faculdade. Levanto da cama e na hora que abro a porta, meu coração acelera. É a Lydia. Abro um sorriso, mas então percebo que ela está chateada e logo fico preocupado.
–Entra. – falo dando espaço pra ela passar.
A Lydia entra em casa e eu fecho a porta.
–Aconteceu alguma coisa? – quase me bato depois dessa. É claro que aconteceu alguma coisa.
–Eu só quero conversar, não precisa falar nada se não quiser, só me ouvir. Mas se você não puder agora, não...
Interrompo-a.
–Lydia, eu estarei aqui a hora que você precisar, entendeu? – ela abre um sorrisinho com isso e sinto-me um pouco melhor. Eu odeio vê-la triste.
Vamos até o meu quarto e ela se senta na beirada da minha cama com a cabeça baixa. Sento-me ao lado dela.
–A Katherin... Eu, ontem... – ela respira fundo, sinto que a qualquer momento ela vai chorar. –Sabe quando você diz uma coisa sem a intenção de magoar uma pessoa e acaba fazendo isso? – faço que sim com a cabeça. –Ela é minha amiga, Thomas. Eu não quero ficar brigada com ela, sabe? Eu não sei por que eu disse aquilo pra ela, mas agora ela mal olha na minha cara.
Lydia não fala nada por alguns segundos e eu deixo esse silêncio pairar.
–Não sei mais o que fazer. Já tentei pedir desculpas, mas ela nem olha pra mim. Ela até mudou de lugar, acredita? – ela levanta o rosto e vejo que seus olhos estão marejados. Meu coração fica apertado. –Eu não quero que ela fique assim comigo, Thomas, ela é uma das minhas melhores amigas agora.
Percebo que ela está mesmo mal e só de vê-la assim, faz com que eu me sinta mal. Eu quero que ela fique bem, quero que ela esteja sorrindo e não chorando.
Nunca gostei tanto assim de uma garota. Quero protegê-la de tudo que for ruim, não quero que ela fique triste, não quero que ela se machuque. Só não sei o que dizer para ela no momento.
De repente começa a tocar uma música lenta no vizinho. Ele tem problema de audição e na maior parte do tempo ouve essas músicas no volume máximo. Confesso que várias vezes tive vontade de ir até a casa dele e quebrar o aparelho de som, ninguém é obrigado a ficar ouvindo música que não quer. Mas dessa vez, a música veio no momento certo.
–Say You Say Me – dá pra ouvir perfeitamente daqui.
Levanto-me e estendo a mão pra Lydia. Ela me olha meio com desânimo, mas se levanta. Puxo-a para mim e a abraço. Ela encosta sua cabeça em meu peito e abraça as minhas costas. Ficamos apenas nos movimentando lentamente sem sair do lugar. Meu coração está acelerado e sei que ela está ouvindo-o, porque eu mesmo estou ouvindo os batimentos dela. Eles estão acelerados também. Fecho os olhos e acaricio os seus cabelos calmamente. Apoio o meu queixo levemente na cabeça dela e sinto o perfume dos cabelos dela.
Continuamos indo pra lá e pra cá, sem nos soltarmos. Somos só nós dois e a música do vizinho. Ela se aconchega em meus braços e solta um suspiro. Não consigo evitar abrir um sorrisinho. Olho para baixo e vejo que ela está com os olhos fechadinhos e uma pequena lágrima escorre por seu rosto. Isso acaba comigo.
Dou um beijinho em sua testa e ela olha para mim com um pequeno sorriso nos lábios. A música acelera e eu desfaço o abraço segurando uma mão sua e fazendo-a girar. Ela ri quando cai de volta nos meus braços e meu coração acelera muito mesmo. Faço-a girar mais uma vez, seguro suas duas mãos e dançamos e logo volta pra parte calma, o que faz nos abraçarmos de novo. O abraço dela é o melhor de todos.
A música está acabando e eu sussurro no ouvido dela ao mesmo tempo que o cantor da música canta:
You are a shinning star.
Vejo que ela ficou um pouco arrepiada com isso e de novo, meu coração dispara e eu sorrio como um idiota.
Não nos soltamos do abraço, falta pouco pra música terminar, quando a porta se abre com tudo.
–Mas o que diabos vocês estão fazendo? – grita o Matthew.
A Lydia se afasta de mim rapidamente, corando como nunca e sai correndo. Vou atrás dela e dou um esbarrão de propósito no Matthew. Qual o problema dele?
Ela aperta o botão do elevador freneticamente e ele se abre na hora que estou na porta. A Lydia entra no elevador e quando ele está quase se fechando, paro-o com a mão e tiro ela lá de dentro.
–Hey, não fica com vergonha não, o Matthew é assim mesmo. – falo pra ela. Ela está muito vermelha. – E... e... – gaguejo, não sei mais o que dizer! Não sei se tem algo mais para se dizer...
Meus pensamentos são interrompidos quando sinto o calor das mãos dela tocar meu rosto.
–Está tudo bem... você não precisa se explicar- diz ela e tira rapidamente suas mãos do meu rosto, abaixando a cabeça.
Um pedaço do cabelo dela está no seu rosto e afasto-o, em seguida inclino meu rosto e olho nos seus olhos, os olhos dela são castanhos e profundos, e estão um pouco vermelhos, o que realça a cor, fazendo-os ficarem mais brilhantes. Eu não acho que um “tchau” seria sensato agora, então olho para os lábios vermelhos dela, e encosto os meus levemente, e logo afasto-os, nossos narizes ainda se tocando, e seguro suas mãos. Mais uma vez, meu coração fica alterado. Eu sempre fico assim. Eu amo a sensação de beijá-la. Afasto meu rosto do dela e ela pisca duas vezes, parecendo se perguntar se isso aconteceu mesmo.
A Lydia sobe na ponta dos pés e sussurra um “Obrigada” no meu ouvido, fazendo eu ficar meio arrepiado, e em seguida, entra no elevador. E eu fico ali parado olhando para o elevador onde a menina que faz meu coração disparar acabou de subir. Ela me dá um sorriso meio sem graça e logo a porta se fecha.


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Notas finais do capítulo

Eu reli a parte do POV do Thomas umas trezentas vezes kkkkkk O que vocês acharam? Quem gostava da Mary Ann? Quem não tá gostando mais tanto assim dela? O que será que ela quer? Sexta feira no globo repórter!
Continuo com 8 reviews!