Everything Has Changed escrita por Anne Atten


Capítulo 24
Capítulo 24


Notas iniciais do capítulo

Oi, faz menos de uma semana que postei mas como o capítulo tá pronto e já tem os 6 comentários, resolvi postar :) Teve uma mudança de planos. Eu planejava que nesse capitulo tivesse o show de talentos, mas dai me empolguei e escrevi demais, então ia ficar muito curto o show, por isso ele vai pro próximo capítulo! Tem uma coisa nesse capítulo que eu vou explicar nas notas finais caso não entendam. Boa leitura!



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Durante o teatro eu tratei de afastar Thomas de mim e ele também, felizmente, se afastou de mim. Por enquanto estamos batendo texto, mas o professor fez questão de me colocar do lado do Thomas e isso me irritou profundamente. Já ficava irritada com ele, porque ele é extremamente irritante, mas hoje ele se superou. “Cala a boca e me beija, garota”. Arg, o que esse garoto tem na cabeça? Até parece que eu ia beijar ele, até parece! O que ele acha que eu sou? Que isso. E ainda falando isso em público. Eu conheço ele não faz nem um mês e ele já vem me caçoando. O chute parece ter doído, bom pra ele aprender que eu não sou dessas garotas atiradas que depois de usar um pouco, se chuta. E outra, ele e aquela menina, qual o nome dela mesmo? Ah é, Laura. Ela beijou ele. Por que ele não sossega o facho? Tenho certeza que ele ia ter beijado ela de verdade se a gente não tivesse lá.
Estamos eu, ele e Katherin esperando a mãe do Thomas nos buscar. Era pra minha mãe vir, mas a mãe dele disse que estaria passando por aqui perto. Esperamos embaixo do toldo do edifício. Ela vai nos buscar e daí nós duas vamos no apartamento do Thomas fazer os doces, e eu não estou muito feliz com isso. Tenho vergonha só de olhar pra cara dele.
–Lydia, você tá tão quieta. – fala a Katherin vindo pro meu lado.
–Só to cansada. – falo dando de ombros.
–Bom, mas você também tá distante. – fala ela.
–Não to não. – eu só to numa ponta e eles na direção oposta, uma distante grandinha nos separando. –Tá, eu to, mas o que você esperava? Que eu ficasse agarrada no Thomas? – falo irritada.
Thomas olha de relance pra gente, mas depois desvia o olhar. Bom mesmo.
–Claro que não, Lydia. – fala a Katherin. –Só que não precisa ficar assim com ele pro resto da sua vida.
–Tem razão. – falo. –Tenho que ficar pelo resto da minha morte também!
–Ai, Lydia, credo! – fala ela com a testa franzida.
Solto uma risada da expressão dela.
–Katherin, não vamos mais falar sobre isso, ok?
Ela faz que sim com a cabeça.
–Tudo bem, Lydia. Mas o Thomas, acho que ele não teve a intenção de te chatear.
–Ah, mas chateou sim! Foi como se ele estivesse escrevendo na minha testa “aprendiz de Amanda”. – falo e solto uma risada por causa do que eu disse.
Katherin ri também.
–Tenho certeza que isso foi só um mal entendido.
Faço uma careta.
–Não foi mal entendido, ele que quis zoar da minha cara sem mais nem menos. – falo.
Ela ia responder, mas a mãe do Thomas chega e buzina. O fato é: eu só vi a mãe dele na igreja, eu to com uma raiva do filho dela e vou ter que sustentar uma conversa. Que divertido!
Ele entra na frente e senta-se no banco. Eu e Katherin sentamos no banco de trás. A mãe dele vira-se para nós.
–Oi meninas. – diz ela com um sorriso.
–Oi, tia. – diz Katherin.
Eu apenas sorrio, porque não sei o que dizer.
–A Katherin eu já conheço, você deve ser a Lydia. – diz ela.
–Eu mesma.
–A gente se viu na igreja, não?
Faço que sim com a cabeça.
–Infelizmente não deu pra conversarmos.
É porque eu praticamente saí da igreja correndo pra não ter que falar com o Thomas.
–Verdade. – respondo simplesmente.
Ela sorri mais uma vez e vira-se para frente. Thomas não fala muito no caminho.
–O seu ombro tá melhor? – pergunta a Katherin pro Thomas.
Eu quase tenho um ataque. Começo a suar frio. Não. A gente escondeu tão bem o que aconteceu ontem, e a Katherin vem perguntar do ombro dele?
–O que tem seu ombro? – pergunta a mãe dele pra ele.
Ai não.
–Ahn, mãe...
–Os dois caíram da bicicleta. – fala a Katherin dando de ombros. Mesmo sem querer ela nos salvou. Sinceramente eu nem lembrava dessa história que o Thomas inventou. –Daí ele machucou o ombro.
A mãe dele o olha meio brava.
–E eu te perguntei se tinha acontecido alguma coisa e você disse que não! – fala ela. –O que mais aconteceu? Ele estava muito pálido ontem.
Tá, tenho que bolar uma história, e rápido.
–O Thomas comeu um monte de porcaria na cafeteria. – falo por fim. –Deve ter sido isso.
–É, deve ser. – fala ele.
Katherin faz uma cara de “aham, sei...”, totalmente descrente da nossa história e eu conto até dez pra não bufar. Nós chegamos no prédio e tenho uma vontade imensa de ir correndo pra minha casa, tomar um banho e me jogar na cama. Mas não dá.
Nós três descemos do carro enquanto a mãe dele vai guardar o carro na garagem. Thomas clica no botão do elevador. Minha mochila parece pesar mil vezes mais, eu estou morta.
–Vejo vocês lá em cima. – fala a Katherin já subindo as escadas. –Você vem, Lydia?
Por mais que eu odeie o fato de ter que ficar a sós com o Thomas, não tem condições de eu subir as escadas até o quinto andar.
–Passo. – falo e ela volta a subir as escadas.
Entro no elevador e o Thomas aperta o botão do elevador. Quinto andar. A porta do elevador se fecha e ajeito a bolsa no ombro.
–Quer que eu segura pra você? – pergunta ele meio hesitante.
Reviro os olhos.
–Não, muito obrigada. – falo com tom de deboche.
A porta se abre e damos de cara com uma Katherin descabelada e ofegante.
–Eu...corri...pra...chegar antes de vocês. – fala ela arfando.
Nós dois rimos. Thomas aperta a campainha e o pai dele abre a porta com um sorriso. O pai dele tem olhos castanhos, assim como os do enxerido babaca e imbecil. Já a mãe dele tem olhos azuis, assim como os olhos de Matthew. Entramos no apartamento e ele fecha a porta quando passamos.
–Como vai, Katherin?
–Bem e o senhor?
Ele faz que sim com a cabeça e então vira-se para mim. Eu não tinha notado até agora, mas eu estou meio nervosa. Mas por que? São só os pais dele, não vai mudar nada na minha vida conhecê-los. Deve ser o trauma por ter conhecido a mãe de Katherin que deixa até uma porta sem graça.
–Oi, senhor.
O pai de Thomas ri.
–Não precisa me chamar de senhor. – diz ele. –Você é a...?
–Lydia. – falo.
O pai dele faz que sim com a cabeça então vai até o Thomas, dá um tapinha em seu ombro, o ombro do tiro.
–Fiquem a vontade. – então ele sai.
Thomas fecha os olhos, a mão no ombro.
–Eu preciso ir no banheiro. – fala a Katherin. –Vão adiantando aí. – diz ela. –Thomas onde é o banheiro?
–Segue reto o corredor, última porta.
Ela faz que sim com a cabeça e se retira. Sigo Thomas até a cozinha e vemos que tem umas latas de leite condensado.
–Preciso de um abridor. – falo sem olhar diretamente pra ele.
Ele abre uma gaveta e me dá o abridor.
–Toma cuidado. – alerta ele. –Pode cortar sua mão.
Olho pra ele.
–Sabe o que eu posso cortar com isso? A sua garganta.
Lavo uma latinha e começo a abri-la. Estou em uma ponta da pia, ele na outra. Fico encostada na parede, atrás de mim tem uma janela. Thomas se aproxima de mim e ficamos frente a frente. Ergo o abridor e ele se afasta.
–Dê mais um passo e eu juro que eu vou fazer você chorar!
Ele revira os olhos.
–Lydia, eu ia abrir a droga da janela. – diz ele.
Sinto as bochechas esquentarem.
–Ah, certo... – falo envergonhada e saio de onde estou, deixando ele passar.
Então ele começa a rir.
–O que foi? – pergunto sem tirar os olhos das latinhas.
–É só que você. Ah, eu não sei.
–Eu o que? – falo parando por um momento e encarando-o.
–Nada, deixa pra lá.
–Agora você fala!
Ele ri mais um pouco, então se recompõe.
–Parece uma pessoa determinada a fazer alguma coisa, no caso abrir latinhas e isso é engraçado.
–Sabe meu objetivo aqui? Matar você.
Ele bufa.
–Parou, né? Chega de cena.
–Chega de cena? Fala sério,Thomas!
Ele se aproxima de mim e eu solto o abridor. Thomas fica de novo na minha frente.
–Escuta aqui! Eu não sou atirada e você não tinha o direito de ter feito o que fez comigo lá na escola. Não sou brinquedinho, sacas? Não sou. Toma a sua linha, encontra alguém da sua laia e me deixa em paz! Se quer uma vassoura faz um ritual e ressuscita o Jânio Quadros!
Ele ri disso então fica sério.
–Não quero uma vassoura, eu quero uma garota que preste. – diz ele. –Mas não é disso que eu quero falar, Lydia. Eu quero te pedir desculpas por hoje.
Dessa vez, eu rio.
–Engolindo o próprio orgulho?
Ele dá um passo pra frente.
–Ao contrário de você, eu não sou orgulhoso. – diz ele. O que ele quis dizer? –Em primeiro lugar, eu não te acho uma atirada. Em segundo lugar...
–Uou, nem vem com seu discurso! – falo levantando as mãos. –Thomas, tem uma garota linda lá fora. – falo. –Uma garota, aquela lá que te beijou. Por que não vai atrás dela e para de me zoar?
Ele se aproxima e segura meus dois pulsos, me puxando para ele.
–Porque eu não gosto dela mais do que como um amigo. – sussurra ele no meu ouvido. –Porque eu não quero beijá-la. – diz ele de novo.
–A-Ah é? Bom, isso é problema seu... – falo com a voz falha, zonza pela nossa aproximação. Ele pode ser um babaca, mas é bonito. Bonito demais pra me deixar sem graça.
–Na verdade, é um problema nosso. – diz ele.
–Não, é problema seu mesmo. Não tenho nada com isso. Quem você quer beijar é um problema seu. – rebato e me largo dele. –Agora você me deixa em paz, entendeu? Chega de se divertir as minhas custas.
Ele revira os olhos.
–Eu não quero me divertir as suas custas. Estou aqui me redimindo e te pedindo desculpas.
Dou de ombros.
–De verdade, desculpa.
A mãe dele entra na casa e Katherin chega do banheiro. Nós fazemos os doces até uma nove horas, e então a campainha toca.
–Venham jantar. – chama a mãe dele chegando na cozinha com uma pizza em mãos.
–Obrigada pelo convite, mas eu vou ter que recusar.
–Mas por que? Não gosta de pizza? – pergunta a mãe dele.
–Gosto, gosto sim... É que não quero incomodar. Já são nove horas.
A mãe dele sorri.
–Que nada! Não estará incomodando não. E Katherin, você fica?
–Fico sim, minha mãe vai me buscar daqui meia hora.
–Eu só vou ligar pra minha mãe. – falo. A mãe dele se retira e pego o celular.
–Alô?
–Mãe, a mãe do Thomas chamou eu e a Katherin pra jantar aqui. – falo. –Mas se quiser eu vou pra casa te fazer companhia.
Ela respira fundo.
–Lydia, não tem nada aqui pra comer. – diz ela sussurrando. –Nosso dinheiro tá quase esgotado, não tem nada aqui filha. Tem só frutas e essas coisas, bolachas.Mas comida mesmo não tem.
Engulo em seco.
–Mas...
–Amanhã a gente resolve isso, filha, mas fique por aí e se alimente bem.
–Certo... Até daqui a pouco então. – e desligo o celular.
Katherin já está ajudando a mãe dele a arrumar a mesa, Thomas se aproxima de mim com a testa franzida.
–Aconteceu alguma coisa?
–Não. – minto. Ele tomou tiro por minha causa, por causa do meu tio. Não vou ficar falando pra ele da nossa falta de dinheiro.
–Péssima mentirosa. – diz ele. –Abre o jogo.
–Thomas, não é nada.
–É sobre o dinheiro não é? Sua mãe deu parece que quase tudo que vocês tinham pro – ele olha pros lados e abaixa o tom de voz. –Arnaldo.
–Não é nada, eu já disse.
–Quando você fala que não é nada, é porque tem coisa. – diz ele.
Bufo em frustração e vou pra sala, ele me segue. O pai de Thomas chega e senta-se. Uma senhora está sentada também. Juro que não a vi chegar.
–Vó, não sabia que estava aqui. – fala ele surpreso.
–Eu tava precisando de inspiração pra uma pintura, então fiquei ali na varanda, olhando a paisagem.
Sento-me e Katherin senta ao meu lado. Thomas vai até a avó e dá um beijo na bochecha dela.
–Essa é a Katherin. - fala ele pra vó e então aponta pra mim. –E essa é a Lydia.
A avó dele sorri.
–Ela é bonita mesmo. – diz ela. Acho que era pra ser um sussurro, mas saiu alto e eu ouvi. Meu rosto esquenta e o Thomas fica com as bochechas vermelhas também.
Pego um pedaço de pizza de calabresa e a mãe do Thomas coloca refrigerante no meu copo.
–E como estão os doces? – pergunta o pai dele depois de dar um gole de seu copo de água.
–Só falta enrolar. – fala o Thomas.
Eu concordo com a cabeça.
–Como está a escola? – pergunta a mãe dele.
–Normal.
A mãe dele olha pra minha amiga.
–Katherin, como vai a Melissa? – pergunta a mãe dele. –Faz tempo que não a vejo.
–Vai bem. – diz Katherin. –Ela tá gostando muito da Inglaterra.
–Você vai pra lá também? – pergunta o pai dele.
–Talvez. – diz ela com um sorriso.
Lembro que ela se acertou com os pais, que estavam fazendo pressão pra ela ir estudar medicina na Inglaterra.
–O que quer fazer de faculdade?
–Ainda não sei. – diz ela.
–E você, Lydia? – pergunta o pai dele.
Tá explicado o por que do Thomas fazer várias perguntas. Mas não fico estressada com o pai dele.
–Também não sei o que fazer. Tenho que decidir isso rápido, o vestibular é ano que vem.
–Nem me fale. – diz o Thomas.
Não falo muito durante o jantar. A avó do Thomas, a qual descobri que se chama Inês, é uma senhorinha muito simpática. Descobri que o cachorro que caiu na piscina, o Rex, é dela. Ela quase teve um surto quando eu comentei do acontecido com o cachorro. O Thomas só faltou se esconder embaixo da mesa, ela dando palmadas de leve nele. Katherin e eu rimos muito com isso. Os pais de Thomas também são muito gente boa, não sei como que eles aturam o Thomas.
–Minha mãe mandou mensagem falando que já tá lá embaixo. – fala a Katherin. –Obrigada pelo jantar.
–Imagina. – diz a mãe dele.
–Acho que já vou também. – falo. –A senhora quer que eu ajude a lavar a louça?
A mãe dele abre um sorriso.
–Não precisa, querida.
Dou tchau pra Inês e pro pai do Thomas e acompanho a Katherin até o andar de baixo. O Thomas vai junto.
–Tchau, Katherin. – falo dando um beijo na bochecha dela.
–Tchau. E Thomas, é melhor você enrolar aqueles brigadeiros direito se não eu te mato! – diz ela séria, mas logo começa a rir.
–Pode deixar. – diz ele.
De novo estamos eu e ele dentro do elevador. Descasco o esmalte da unha com a unha da outra mão. O elevador se abre e saio. É o meu andar. Thomas fica encostado na porta do elevador.
–Tchau. – falo.
–Tchau. – diz ele.
Mas ele continua encostado na porta do elevador, me olhando e eu começo a sentir minhas bochechas queimarem.
–Que foi agora?
–Ah, oi, nada. – diz ele parecendo estar distraído. –Eu vou indo. Tchau.
–Tchau.
–Tchau. – diz ele de novo. Viro-me para entrar em casa, mas ele me chama de novo. –Me desculpa.
–Tanto faz.
–É sério, me desculpa, mesmo. – diz ele ainda parado e me observando. –Não me arrependeria de ter beijado você. – meu rosto esquenta. –Mas eu não deveria ter falado aquilo lá.
–Que bom que sabe. – falo. –Agora tchau.
–Tchau. – diz ele com um sorriso.
Entro em casa. Minha mãe já está dormindo eu acho, então nem vou no quarto dela. Tomo um banho e coloco meu pijama. Deito-me na cama e fecho os olhos, pensando em quanto tempo nosso dinheiro vai se esgotar de vez.


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Notas finais do capítulo

Quando a Lydia fala "Se quer uma vassoura faz um ritual e ressuscita o Jânio Quadros!" pra quem não sabe o símbolo de um presidente do Brasil, o Jânio, era uma vassoura, por isso que ela disse isso ;)



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