Cartas escrita por Pouch


Capítulo 1
Amor




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O melhor amor é aquele que acorda a alma e nos faz querer mais, que coloca fogo em nossos corações e traz paz às nossas vidas. Foi isso que ela fez comigo e era isso que eu queria ter feito com ela, para sempre...

Talvez minhas escolhas não foram certas, mas foram tomados com a maior cautela possível. Nunca quis magoa-la, mas também nunca quis ser magoado. Dizem que quando se gosta de algo ou alguém, a gente cuida, protege, quer estar perto, fazer parte da vida. Mas as vezes, encontrar a luz, significa passar por uma grande escuridão. O meu pai me contava que pela primeira vez que uma pessoa se apaixona, sua vida muda para sempre e por mais que tente, o sentimento nunca desaparece, não importa o que você faça, esse sentimento vai ficar com você para sempre.

Os poetas muitas vezes descrevem o amor como uma emoção que não podemos controlar, uma emoção que abafa a lógica e o senso comum. Os poetas estão certos, na minha opinião. O amor é algo quente que nos controla, que nos da impulso para fazer coisas idiotas.

Stella é a resposta para todas as minha orações. Ela é uma canção, um sonho, um murmúrio, e não sei como consegui viver sem ela durante tanto tempo. Eu a amo, mais do que todos são capazes de imaginar. Sempre a amei e sempre vou ama-la. Sei que passei todas as vidas, antes desta, a procurando. Não alguém como ela, mas exatamente ela, porque aquela alma e a minha têm de estar sempre juntas.

A perdi, mas só digo isso: só resta a luta para se recuperar o que se perdeu... Não iria ter sentido se eu desistisse da pessoa que eu mais amei em toda minha vida.

Antes de ter a encontrado, atravessava a vida sem sentido, sem razão. Sei que de alguma maneira, todos os passos que dei, desde o momento em que comecei a andar, eram passos dirigidos ao encontro dela. Estávamos destinados a nos encontrarmos… Mas agora, sozinho na minha casa, comecei a perceber que o destino pode magoar uma pessoa tanto quanto a pode abençoar, e dou por mim a perguntar-me porque razão – de todas as pessoas do mundo inteiro que alguma vez poderia ter amado – tinha de me apaixonar por alguém que foi levada para longe.


A razão porque a despedida nos dói tanto é que nossas almas estão ligadas. Talvez nós tenhamos vivido mil vidas antes desta e em cada uma delas nós nos encontramos. E talvez, a cada vez, tenhamos sido forçados a nos separar pelos mesmos motivos. Isso significa que este adeus é ao mesmo tempo um adeus pelos últimos dez mil anos e um prelúdio do que virá. Adoraria dizer que tudo correrá bem para nós e prometer fazer tudo o que puder para garantir que assim será, mas se nunca voltarmos a nos encontrar outra vez – e isto for verdadeiramente um adeus – sei que nos veremos ainda noutra vida. Iremos nos encontrar de novo e talvez as estrelas tenham mudado, e nós não apenas nos amemos nesse tempo, mas por todos os tempos que tivemos antes.

Você já teve a sensação de se sentar e começar a imaginar qual o sentido que existe em tudo isso? Se a vida é sempre assim ou se há algo maior lá fora? Ou se você estava destinado a ter algo melhor? A vida é simplesmente uma coleção de pequenas vidas, cada uma vivida um dia de cada vez. Aprendi que devemos viver cada dia encontrando beleza nas flores e na poesia e conversando com os bichos. Que não há nada melhor do que um dia com sonhos, pores do sol e brisas refrescantes. Mas, acima de tudo, aprendi que a vida é me sentar em bancos junto a riachos antigos com a minha mão sobre o joelho dela, e, às vezes, nos dias bons, me apaixonar. A vida é bem parecida com uma música. No começo, há mistério, e no final, confirmação, mas é no meio que reside a emoção e faz com que a coisa toda valha a pena.

Romances de verão terminam por todos os tipos de razões. Mas quando tudo está resolvido, eles tem algo em comum: São como estrelas cadentes. Um momento espetacular de luz, um brilho de eternidade. E como um clique, eles se vão.

Não sei se já cheguei a me sentir tão feliz quanto naqueles dias em que ficávamos sorrindo um para o outro, mas, pensando bem, era sempre assim quando estávamos juntos. Eu não queria que acabasse nunca. Talvez apenas eu me lembre desses dias. Essas lembranças são minhas e só minhas, pois aprendi que é melhor manter algumas coisas em segredo. Assim, revivo as memórias da forma como vêm, aceitando todas elas, deixando que me guiem sempre que possível. Isso acontece com mais frequência do que as pessoas percebem.

Não sou nada especial; disso estou certo. Sou um homem comum, com pensamentos comuns e vivi uma vida comum. Não há monumentos dedicados a mim e o meu nome, em breve, será esquecido. Mas amei outra pessoa com toda a minha alma e coração e, para mim, isso sempre bastou. Acho que o que estou tentando dizer é que ela está lá, em tudo o que sou, em tudo que já fiz, e, olhando para trás, eu sei que eu deveria ter dito o quanto Stella sempre significou para mim. Ela havia se tornado parte de minha vida - e, de varias maneiras, era a melhor parte. O amor é como o vento: Não se vê, mas se sente.

O fato é que ela me deixou. Às vezes é preciso afastar das pessoas que mais gosta. Mas isso não quer dizer que as ama menos... às vezes as ama ainda mais. Será que ela me ama? Isso é tão confuso.

Rolei na cama por um bom tempo, sem conseguir dormir, imaginando se, talvez, apenas talvez, ela também estaria acordada, pensando em mim. Meus pensamentos, agora, são como um quebra-cabeça feito de peças que não se encaixam. Talvez as dúvidas e as certezas tenha me sufocado desde o dia em que ela se foi.

Há momentos em que desejo fazer o tempo voltar e apagar toda a tristeza, mas tenho a sensação de que, se o fizesse, também apagaria a alegria. A razão por não conseguir dormir sempre foi ela, ela é a razão da minha insônia e a musa da minha vida.


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