Pov – Piper

Acordo pela manha e escovo meus dentes. Fiquei pensando nas imagens que Katoptris tem revelado para mim: Dois vultos morrendo – a qual eu acho que seja dois dos doze – o furacão engolindo um barquinho e uma espécie de sacrifício. Afasto esses pensamentos e resolvo ir tomar café. Todos estão de pé menos Nico, claro.

Pego uma maça e um suquinho de caixa e sento-me a mesa. Vejo Frank comer um prato de bacon e não resisto de perguntar a ele:

– Você não tem dó não? – Ele me olha franzindo as sobrancelhas. – Digo, você pode se transformar em um porco...

– Ah, não. Gosto de imaginar que estou comendo uma pizza no lugar do bacon, sabe, se eu fosse deixar de comer toda carne de um animal que posso me transformar, adeus Mc Donalds!

Leo que esta do lado de Frank começa a rir.

– Claro Zhang, clássico.

– Uh, ta bom então...

Nesse momento Annabeth entra correndo no convés ofegante e fala:

– Davina... Ela ta viva.

Levo um choque e vou correndo chamar Nico.

Pov - Nico

Cindo dias. Cinco dias desde que Davina se foi. Fico folheando o caderno de anotações dela e começo a sorrir. Ela realmente escrevia bem. O que me assusta é que ela é tão igual a mim. A maioria dos poemas dos poetas são pedaços vindos da alma que descrevem quem o autor é. Já Davina é indescritível, seus poemas são pedaços da vida dela, não da alma. Alguns de seus textos são como diário do que aconteceu com ela, me impressiono mais ainda quando encontro o tal amigo que ela falava no texto que fez de mim. Há uma foto grudada na página. O menino é loiro de olhos claros por volta dos treze anos, ele esta ao lado dela rindo e ela parecia assustada com alguma coisa. Há uma descrição do lado da foto: “Meus dias ficaram mais vazios quando você se foi, não posso suportar a ideia de que eu fiz isso com você. Mas você foi avisado, não é? Com certeza isso não justifica que não foi minha culpa.

Querido amigo otário eu sinto sua falta.”

– Nico! – Piper grita batendo na porta.

Suspiro fundo e ignoro.

– Não me ignora! É Davina!

Pulo da cama me perguntando o que está acontecendo. Abro a porta e falo:

– Que foi?

– Davina esta viva. – Piper responde movendo as mãos.

Passo correndo por ela que vem logo atrás de mim. Subo as escadas e dou de cara com Davina sendo esmagada por Lira.

Seus olhos se iluminam quando me vê. Ignoro o que os outros irão pensar de mim. Corro até ela empurrando Josh que protesta. Davina vem correndo em minha direção e se joga nos meus braços. Nosso abraço está em sintonia e ela sussurra em meu ouvido:

– Senti sua falta.

Meus pelos se eriçam. Aperto ela trazendo-a para mais perto de mim.

– Eu sei que os pombinhos estão com saudades um do outro, mas eu também estou com saudades! – Heitor grita a última palavra.

Davina começa a rir me soltando o que me deixa triste. Ela abraça Heitor.

– Davina, você tem que nos contar o que aconteceu. – Percy fala. – Frank disse que você estava morta.

Frank que esta do outro lado do navio respira fundo envergonhado.

Não posso deixar de reparar em como Davina mudou. Sua face esta mais madura, uma pequena trança cai em um dos ombros fazendo-a parecer mais velha. Ela esta usando um vestidinho marrom. Suas mãos delicadas parecem cansadas, o brilho em seus olhos castanhos claros está em um tom diferente. Ela não parece nem um pouco morta, pelo contrário, parece extremamente viva, mais do que já fora.

– E morri. Eu vou contar para vocês depois. Agora tenho que resolver uma coisa. – Ela se vira pra mim. – Nico Di Ângelo, se eu encontrar um amassado no meu livro te mato!

Toda a tripulação do Argo II começa a rir, e eu envergonhado pergunto.

– Como você sabe?

– Ham, Lâmia me disse que você estava lendo o mágico de Oz. Explico depois.

Davina segura minha mão o que me deixa constrangido, pois todos parecem reparar. No final eu não ligo, aperto sua mão mais ajeitada na minha e dou um longo sorriso de lado. Vou até o convés com ela segurando a sua mão.

Pov – Davina

– Você já pode voltar hoje, querida.

Acordo em um sobressalto escutando a voz de Lâmia.

– Posso?

– Pode.

Corro em direção da mulher que cuidou de mim e forjou minha morte e dou um abraço.

– Vou sentir sua falta! – Falo animada.

– Pois eu não. Agora vá, eles devem ter muita perguntas.

Antes que eu possa protestar apareço no Argo II ao lado de Annabeth que grita ordens á Jason. Cutuco-a que dá um salto e me olha pasma. Vejo sua face passar por diversão expressões: Susto, raiva, alívio, raiva, indignação, pergunta e entendimento. Ela joga os braços em minha volta e começa a gritar meu nome. Jason parece ouvir e vem pulando em cima de mim. Calypso corre em minha direção e começa dar beijos no meu rosto o que me deixa meio sem jeito.

Annabeth dispara para o convés e volta com Frank, Hazel, Leo, Percy, Josh e Lira. Lira corre em minha direção se jogando em mim, me perguntando como e por que. Explico que contarei depois quando o vejo e ele está incrível. Seu cabelo rebelde pareceu crescer mais, sua blusa cinza forte e calça preta realçam seus olhos negros. Sua pele parece estar mais clara, quase cinza o que me faz ficar preocupada. Seus olhos brilham quando me vê e reparo que eles estão inchados. Nico sai de perto de Piper correndo em minha direção trompando em Josh que reclama. Nesse momento solto Lira e pulo nos braços dele. O meu ponto de conforto em dias. Seu pescoço tem cheiro de baunilha. Não resisto á vontade e sussurro.

– Senti sua falta.

Percebo que ele se arrepiou. Ele me aperta mais ainda e eu quero apenas ficar ali, mas logo ouço a voz de Heitor.

– Eu sei que os pombinhos estão com saudades um do outro, mas eu também estou com saudades!

Coro um pouco rindo soltando Nico e abraçando Heitor.

– Davina, você tem que nos contar o que aconteceu. – Diz Percy. – Frank disse que você estava morta.

Olho para Frank que parece envergonhado.

– E morri. Eu vou contar para vocês depois. Agora tenho que resolver uma coisa. – Viro-me para Nico. – Nico Di Ângelo, se eu encontrar um amassado no meu livro te mato!

Ele parece assustado e eu dou um sorriso junto com o pessoal.

– Como você sabe?

– Ham, Lâmia me disse que você estava lendo o mágico de Oz. Explico depois.

Aperto a mão dele não ligando pros olhares percorrendo nossos dedos entrelaçados. Dou um sorriso e me dirijo até o convés.

Sento na cadeira que eu costumava sentar, agora com Nico ao meu lado. Começo a contar a eles tudo que aconteceu e paro ás vezes para responder as perguntas de cada um. Não me sinto a vontade com todos me encarando, contudo É aperta minha mão me encorajando a continuar.