Turquesa fantasiosa escrita por Dark Write


Capítulo 5
Garota do mar parte 2


Notas iniciais do capítulo

Josh será surpreendido com a visita de sua maior duvida, o que fazer? O que perguntar? Ela sabe quem é ele? E além disso, o que Ísis pensa sobre isso tudo? o que será que acontecerá com ela? O mundo de Affan fica cercado de mais interrogações.



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O tempo passou rápido, já estava de madrugada, o sono me caçou de um jeito voraz e astuto, queria muito dormir e acordar no dia seguinte me esquecendo de toda essa maluquice de garota do mar. Meus olhos se fecharam antes que chegasse a cama, meu corpo se arremessou no colchão fazendo a cama balançar abruptamente, e o dia seguinte já estava prometendo com Ísis.

O meu mundo amanheceu silenciosamente, estava numa relação muito grande com minha cama pra tentar sair dela. A porta estava fechada mais dava pra ouvir os passos de Ísis correndo pra se arrumar. Deslizo meu corpo pra fora da cama. De tanto me arrastar, consegui achar a maçaneta com dificuldade, abre, e desabei no chão novamente. Reúno todas as forças pra tentar sentir meus braços e tentar levantar, tudo estava lento e o clima estava frio. Ouço Ísis para lá e pra cá com passos rápidos em direção a mim.

– Você sabe que horas são? Já esta tarde, não ouviu Lúcia lhe chamar? – Diz Ísis apreensiva. – Vamos, eu te ajudo a levantar. – Diz enquanto guia minhas mãos as dela.

Ísis já estava com metade da farda – saia e sapatos obrigatórios de Aranths - Observo ainda mais o quanto é bonita, aqueles belos cabelos castanhos não muito longos mais que caiam perfeitamente sobre seus ombros, corpo avantajado e coxas grossas, tinha olhos lindos. Minha cara de garoto de quatorze anos veio a tona, parecia um daqueles adolescentes que não podem ver mulher, ela notou e deu um sorriso sarcástico.

– Lúcia esta te chamando há um tempo já Josh! – Diz enquanto corre pro quarto. – Não se surpreenda se ela estiver estressada com você.

– Que horas são? – Pergunto me apressando com as atividades do dia.

– Tarde o suficiente pra já ter começado as aulas. – Diz gritando do outro quarto.

Fui rápido em me arrumar, não tive nem tempo de comer ou tomar banho, estava tarde mesmo, sabia que se fosse colocar mais coisas no meu pequeno espaço de tempo não iria dar nem pra chegar ao segundo horário.

A buzina de Rudolf tinha acabado de tocar. Uma onda de desespero me tocou, sai mais Ísis da casa parecendo que tínhamos roubado um banco.

– Bom dia Rudolf. – Diz Ísis enquanto coleto o que falar.

– Bom dia gente, que desespero em? – Diz Rudolf dando risinhos.

– Hoje o dia amanheceu contra nós. – Digo olhando para Ísis querendo rir enquanto Rudolf arruma os retrovisores e da um sorriso de orelha a orelha.

Aranths não tinha ninguém, estava tudo vazio, todos os pátios, a entrada, o lugar onde ficava o refeitório, só haviam pessoas nas salas e na diretória, e alguns poucos coordenadores que andavam nos corredores. Comecei a me lembrar de que minhas salas são diferentes das de Ísis e me separei dela procurando elas.

O dia iria ser curto, estávamos na terceira aula e estava muito entediado pra ouvir o professor Will Walters falar sobre direitos civis. Odiava ter que ficar ali, no meio de várias pessoas interessadas, e eu o único intediado. Meus olhos ainda estavam muito pesados, estava sem forças nenhuma pra tentar mantê-los abertos, dormi nas ultimas três aulas. O dia todo fiquei sonolento. Me preparava pra sair da ultima aula, estava no quarto sono e não aguentava acorda por causa de um tombo ou por um susto. Nos últimos cinco minutos da aula, fiquei acordado com dor de cabeça tentando pensar em algo. Todos os meus diálogos mentais pararam em Ísis, estava muito estranha hoje de manhã, não reclamou, não fechou a cara nem nada, estava completamente normal como sempre. Fiquei confuso no porque ela não prosseguiu com a discursão de ontem. Costumava ficar dias sem falar comigo só porque defendia uma tese completamente diferente da dela, conseguia se estressar mais fácil que eu.

Os cinco minutos demoraram pra passar, mas foram embora. Sai da sala e fui direto para o portão principal de Aranths, encontrei Ísis distraída sentada num banco de madeira cercado por folhas secas e flores que ficava do lado de fora da faculdade.

Fui pra casa sem dizer uma palavra, ela resolveu voltar pra casinha da faculdade, provavelmente pra pensar um pouco e ficar sozinha. O sol ainda estava forte, mais as nuvens estavam carregadas e tentava tapar a luz. De tanto persistir, um branco sombrio tomou conta do antigo céu iluminado. A ventania começou a tomar conta do espaço, as paginas do meu livro de francês que estava num banco do quarto estavam rasgando e passando pelo quarto como um mini furacão de papel. Minha janela ficou escancarada e eu ainda pensava na resposta que dei a Ísis, Um eco sombrio do lado obscuro do mar me chama atenção, parecia ser perto, muito perto, a chuva começa a cair como granizo, um barulhão de enxurrada chegando. Minha tentativa de fechar a janela sempre dava errado, ela era parcialmente grande e a tranca se dividia em duas partes, uma no topo, e a outra em baixo. Avisto de minha janela uma garota muito machucada e desmaiada perante as rochas do mar ao lado. Saí, procurando alguém, gritava, mas ninguém vinha. Parecia que estava num dos meus sonhos, preso só naquele lugar sem ter mais ninguém comigo. Meu pai estava em uma grande reunião, não tinha como chamá-lo, Lúcia nem tive a chance de ver hoje, ela não ia durar muito tempo ali, as ondas iam e voltavam, quebravam nas rochas, se tornava uma grande espuma densa e depois voltava a saltar para as rochas, o vento estava implorando por morte. Não sabia direito o que fazer, olhava atentamente atordoado, confundindo meus pensamentos ligados a Ísis e começando a tentar identificar seu rosto. Como não tive resposta, o jeito foi ir para cozinha procurar uma lanterna antiga que trouxera e guardara. Já ofegante, sai em sua direção, saltei pela janela, do mesmo jeito que saltei no meu sonho. O chão estava muito escorregadio e a tempestade só estava piorando. Raios e tremores roíam meu coração de medo, estava sufocado de adrenalina. Meu coração disparava, não via a hora de sair pela boca, sua pele parecia estar bastante fria, como se já estivesse morta. Há coloquei sobre meus braços com dificuldade, e com a pouca coragem que ganhava a cada estante, delicadamente a trouxe para o quarto, a carreguei e coloquei sobre minha cama que ficou ensopada de água, estava quase desmaiando pelo carpete, olhando fixamente, estava me perguntado, quem era ela?

Ainda em meus braços, estava a colocar seu tronco e sua cabeça na cama, seus olhos abriram como se tivesse acabado de sair do profundo mar, lembro-me de ter visto aquele globo ocular cor de céu em algum lugar, era esplendido, era ela, a garota do mar. Seus fios de cabelos que eram da cor azul turquesa se espalhavam sobre seu rosto macio e gelado, fazendo com que ficasse cada vez mais perfeita, e assim tornando-se apaixonante a cada olhar. Ainda em meus braços, ela fecha os olhos e respira lentamente com a tranquilidade de um anjo. Meu coração estava agoniado, batia sem ritmo. Olhei para todos os cantos perfeitos de seu rosto. Não sabia direito o que fazer, o quarto inteiro se expandiu em seu rosto.

Tirei meus braços de seu pescoço e a coloquei na melhor posição possível, sai do quarto e pensei no que fazer. Foi naquele curto corredor de portas que minha respiração começou a se acalmar mais minha alma ainda estava em desespero. Saí dali ofegando com a garganta completamente seca. Desce as escadas correndo procurando água. Dei vários goles até sentir vultos misteriosos, intrigado, voltei rapidamente pensando em quem séria o dono do vulto. Suava tensamente; o calor estava inundado meu corpo, era muito calor de dia, e muito frio à noite. Olhei novamente, era no andar de cima, possivelmente era ela. Andei devagar, com uma vassoura na mão empunhando-a como se fosse à espada do Star Wars, o silêncio me fazia ficar muito tenso, tentei ajeitar a gola da roupa pra suar menos, sentia meus dedos tremerem junto a minha espada jedai, que na verdade nem sabia o que fazer com ela. Fui obrigado a esperar no corredor que liga o meu quarto e o outro, tentando esperar por um som, alguma coisa que aguçasse meus sentidos. Ouço passos no meu quarto, bastante disfarçados mais audíveis. Pulei para ver se ela levantou da cama, abro a porta loucamente e a vejo em posição de ataque em cima da janela, com cara de confusa.

Estava com um tipo de objeto que parecia com uma corrente futurística e ao mesmo tempo com uma das pinturas maias ou incas, parecia indígena. Coberta por dois panos que cobriam grande parte de seu corpo, estava cercado por desenhos esplêndidos seguidos por uma alta costura parecida com a nossa, Tinha muitos rasgos e estava fedendo a maré.

– Quem.. é.. você? – Digo coberto de puro suspense.

– O que faço aqui? - Diz tremula e fria.

– A..é..é..– Noto que ela está tão assustada quanto eu. - Eu não sei. – Sinto uma grande tensão entre nós.

– Onde eu estou? Porque amanheci aqui? Este é o meu desígnio? – Ela começa a fazer perguntas totalmente fora do normal com palavras esquisitas e linguagens diferentes. Noto que as feridas já haviam sido curadas. Estava sangrando muito há dois minutos.

– É incrível! Já cicatrizaram. – Falo surpreso. Num deslize me aproximo para tentar ver melhor sua pele que antes estava machucada.

– Não sei do que está falando! – Fala desesperada e assustada. Num rápido suspiro ela pula da grande janela rústica do quarto.

Será que realmente, noites sem dormir, e pensamentos que vão além do desejado, seja pra isso, uma rápida despedida? Não consegui entender, eu pensei, será que um dia irei ver ela novamente? Ela irá ir embora e nunca mais voltará? Dúvidas me intrigavam novamente, achava que tínhamos algum tipo de ligamento, talvez tudo isso tenha uma finalidade. Pensei muito e fiz o que achava correto.

Após suas pernas se moverem a ponto de quase soltarem das rochas, decide sair. Olhei diretamente para suas lindas voltas, e a puxei. Seu corpo colou ao meu, num momento curto pude sentir sua respiração sobre a minha. Fixo o olhar nos grandes luzeiros azuis claros que se encontram em seu rosto.

– Você sabe quem eu sou? – Percebo que ela analisa todo o meu rosto enquanto tenta achar a resposta para minha pergunta.

– Não. - Responde friamente sumindo na imensidão azul.


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