Como sempre os dias foram passando, eu e Chris estávamos com quase 8 meses de namoro e tudo era como se eu fosse a mulher mais feliz do mundo, em um sábado, era aniversário de Liana, eu e Jeremy fomos a uma loja de eletrodomésticos para ver se íamos achar algo que ela possa gostar, mas como sempre, quando tudo está bem sempre aparece gente até do pequenos buracos do esgoto que quer impedir sua felicidade. Obviamente não foi diferente comigo, lá estava eu olhando alguns celulares e tablets, quando dou de cara com Helena dentro da loja. Eu até tentei fingir que não tinha visto, mas infelizmente não consegui, ela estava praticamente de cara comigo e para na minha frente esperando que eu falasse alguma coisa, mas não falei nada, passei por ela como se ela tivesse invisível e fui ver os notebooks.

– Pode ao menos entregar essa carta ao seu pai? – ela perguntou, com um envelope na mão e com o braço estendido para que eu pudesse pegar.

No momento pensei em não pegar nada e a mandar ir à merda, mas mesmo que eu quisesse fazer isso, eu não faria, independente de qualquer coisa que ela tenha feito. Eu então fiz um sinal com a cabeça concordando e peguei a carta da mão dela e a guardei na minha bolsa. Eu e Jeremy finalmente compramos o presente de Liana e logo em seguida fomos para o carro , mas Helena estava parada em nossa frente, eu então fiquei olhando para ela querendo entender o por que ainda estava me seguindo, mas no momento não disse nada, já estava fazendo demais ao levar aquela carta que provavelmente estava cheia de palavras falsas, só queria que ela me deixasse em paz.

– O que você quer agora? – Perguntei.
– Não quero nada, só garantir que não vai jogar a carta fora.
– Não se preocupe, se eu fosse jogar a carta fora, faria isso na sua frente.

Ela então finalmente foi embora e entramos no carro, rumo a mais lojas, pois era uma festa surpresa. Enquanto eu e Jeremy comprávamos mais algumas coisas, Chris estava com meu pai fazendo os preparativos na casa Liana, e Emilie saiu com ela, para dar uma volta, senão não teria como fazer a festa surpresa. Algumas horas se passam, e todos nós, com exceção de Emilie e Liana, estávamos preparando tudo para a festa, quando de repente minha bolsa cai no chão, fazendo com que tudo que tivesse lá dentro caísse também, inclusive a carta. Eu rapidamente guardei a carta, pois estava escrito bem grande o nome do meu pai, e eu não sabia se era certo entrega-la.

– O que é esse envelope? – Perguntou meu pai, justamente ele.
– N-não é nada. – Respondi.

Não preciso dizer que meu pai ficou desconfiado, eu fiquei com medo dele ter conseguido ler o nome dele escrito no envelope. Ele agia normalmente, mas sentia a sua desconfiança no ar, e claro, qualquer um ficaria diante essa situação. Eu então tirei minha bolsa e coloquei em cima da mesa da cozinha, e meu pai com certeza, observava a bolsa toda hora.

Finalmente estava tudo pronto, e mandamos uma mensagem para Emilie, que já podia trazer Liana de volta para casa, como já estávamos prontos, só deixamos como se tudo estivesse em seu devido lugar e nos escondemos, pois Liana estava prestes a chegar. Ouvimos o barulho do seu portão da porta se abrir, e todos nós aparecemos e gritamos surpresa, Liana, ficou sem reação no momento, mas logo ficou feliz e veio nos abraçar, desejamos feliz aniversário a ela e logo em seguida a festa começa. Foi um dia tranquilo, comemos, conversamos, rimos e nesse tempo mais colegas nossos foram chegando, Liana já estava completamente lotada de presentes. O aniversário não era meu, mas eu fiquei feliz por vê-la feliz. As horas passam, a noite já havia chegado, percebi que meu pai já não estava naquele momento, eu então fui atrás dele, e o encontrei no quintal, e para a minha infelicidade, com aquele envelope em sua mão, ele notou a minha presença e não me disse nada, mas me olhava querendo entender algo e eu não sabia o que fazer no momento.

– O que é esse envelope? – Ele perguntou.
– Não sei, Helena disse que é uma carta.
– Uma carta da Helena? E por que não me disse antes?
– Não sabia se devia te entregar.
– Você sabe que deveria.
– Desculpe por não ter te mostrado na hora, só acho que temos que esquecer isso e seguir em frente, ainda mais agora que você ama outra pessoa.
– (Breve silêncio) Tem razão. Quer ler a carta junto a mim?
– (Breve silêncio) É, não custa nada ver o que está escrito.

Meu pai então abre o envelope e retira a carta de dentro, e em seguida desdobra a carta e começa a Lê-la.

Robert

Bem, eu não sei como dizer isso, mas vou tentar da melhor maneira possível.
Eu gostaria primeiramente de saber como estão às coisas por aí, afinal seria legal se essa carta tivesse alguma resposta, mesmo eu não sendo digna de pelo menos um “Oi” de você. Não sei se isso vai fazer alguma diferença para você, mas quero que saiba que não estou nem 1% bem.
Olha, eu sei que fui uma pessoa um tanto cruel, cometi erros e escolhi o caminho errado, mas eu me arrependo de tudo, porque você sempre foi importante pra mim, mesmo que eu não demonstrasse ou dissesse isso a você, mas você sempre esteve no meu coração, e isso nunca mudou. Desde o dia em que fui embora, fiquei pensando toda a hora em você, chorava todas as noites de saudades e arrependimentos, a verdade é que... Eu nunca deixei de te amar.
Sei que não vai acreditar pelo fato de eu ter te traído e forjar a minha morte, mas o meu coração é seu e sempre será, mesmo que me odeie por tudo que eu já fiz, eu ainda te amo e não posso mais esconder isso. Robert, você não foi apenas um marido para mim, você foi O MARIDO, sempre quando ficava doente, era você que cuidava de mim, nos momentos mais dramáticos da minha vida, foi você que me deu o ombro para eu derramar as minhas lagrimas, era sempre você. Quando descobri que estava grávida de Katy, eu sabia que você seria um ótimo pai, até melhor que eu como mãe, nunca tive duvida disso, mas eu sentia que o nosso casamento precisava se erguer, foi aí que aconteceu, cometi erros que nunca deveria, agora estou aqui, arrependida de tudo, e te querendo de volta.
Por favor, não ignore essa carta, me de uma resposta, mesmo que seja uma resposta negativa, estou disposta a fazer qualquer coisa para ter você e a Katy de volta.

Com amor, Helena.

Meu pai então termina de ler a carta, demonstrou que estava confuso na hora, mas fiquei na minha e esperei ele dizer alguma. A única coisa que sei, é que ao ler aquela carta, ele ficou “sentido” assim como fiquei também.

– Você está bem? – Perguntei.
– Sim, só não consigo acreditar em nenhuma palavra que está escrita aqui.

Eu então o abracei fortemente. Meu pai tinha as mesmas vontades que eu, superar tudo o que aconteceu e ser feliz novamente, mas assim não dá, não com minha mãe correndo atrás da gente. Só queríamos paz, nos queríamos uma vida melhor, ainda mais agora que achamos alguém que nos ama de verdade e não queremos enche-las de problemas nossos, ainda mais meu pai, que amou tanto minha e acabou sofrendo no final.

Horas foram passando e a noite foi chegando e a festa estava acabando, eu e Emilie estávamos arrumando tudo, com ajuda de Jeremy e Chris, claro. Senti que estava faltando alguém, e era meu pai, eu então estranhei e vi que ele não estava lá, então fui até o quintal, mas seu carro não estava lá. Quando volto, vejo a carta que minha mãe escreveu para o meu pai nas mãos de Emilie, e com certeza na hora eu gelei, obviamente ela ficou chateada, e começou a chorar.

– Não se preocupe, ele te ama. – Disse a ela.
– Ele foi encontrar com ela, Katy, está aqui o endereço onde ela pediu para encontra-lo.

Eu então pego a carta e o envelope, e tinha um endereço escrito no envelope, onde minha mãe pedia pro meu pai encontra-la. Eu rapidamente joguei a carta no chão e sai da casa de Liana, furiosa, Emilie gritava para voltar, mas eu fui mesmo assim. Entrei em meu carro e fui diretamente ao endereço da carta, chegando lá, estacionei meu carro em qualquer lugar que podia e entrei em um bar, onde estavam os dois juntos, e foi a pior cena que já vi naquele momento. Eles estavam se beijando, aquilo me deu nojo e com certeza não ia deixar aquilo passar batido. Meu pai percebeu que eu estava lá, e ficou nervoso pela minha presença.

– Mas que porra é essa? – Gritei,fazendo com que todos do bar olhassem para mim.

Mas o que eu não esperava, é que Emilie e Jeremy me seguiram até lá, fazendo também com que Chris fosse ate lá, que também pegou os dois se beijando, o que fez meu pai ficar bem mais nervoso do que já estava.

– Katy... Emilie... Eu posso explicar! – Ele disse.
– Não quero nenhuma de suas explicações. – Eu respondi.
– Não foi por que eu quis.

Comecei a tremer, estava muito nervosa, eu olhava para Emilie e ela tentava segurar suas lágrimas, mas há qualquer momento ela ia desabar.

– Emilie, não é isso que está pensando, eu te amo. – Disse ele.

Emilie não aguentou e começou a chorar, e logo em seguida saiu do bar, sem pensar duas vezes meu pai foi trás dela, derrubando tudo que via pela frente ao correr atrás, inclusive um copo de cerveja no colo de Helena. Eu então fui atrás do meu pai, ele tentava se explicar para Emilie, mas ela não queria saber e o empurrava toda vez que ele tentava encostar-se a ela, eles discutiam no meio da rua e eu estava abraçada com Chris, não queria que aquilo acontecesse, não queria que meu pai e Emilie se separassem daquela maneira, aliás, não queria que eles se separassem. Jeremy então foi em direção a eles, fazendo com que a discussão acabasse na hora.

– É melhor vocês discutirem isso em casa. – Disse Jeremy.

Nós então fomos para casa. Chegando lá, nem conversa teve, por mais que meu pai tentasse se explicar para Emilie, ela simplesmente dava as costas, sem dizer ao menos uma palavra, com os olhos ainda cheio de lágrimas.

– Fica comigo aqui hoje?– Perguntei ao Chris – Vou precisar.
– Tudo bem.

Ele então me deu um abraço e me beijou, e logo em seguida vejo meu pai triste e olhando para o nada, sentado no sofá, e eu então resolvo sentar juntamente a ele, ele precisava de alguém que pudesse ouvi-lo naquele momento.

– Eu juro que não a beijei de propósito. Vocês deveriam saber disso. – Disse ele
– Pai, vamos dormir, está tarde, amanhã gente conversa isso. Deixa a Emilie esfriar a cabeça um pouco, amanhã você se explica para ela.
– Você acredita em mim?
– Sim, eu acredito. Sei que nunca mentiria para mim.

Ele me abraça fortemente e eu o correspondo, e logo em seguida arrumamos tudo para irmos dormir. Chris se deitou junto a mim na minha cama, assim que eu deitei em seu peito, adormeci um pouco, podia sentir suas mãos acariciando meus cabelos e seus lábios beijando minha testa, não pude deixar de sorrir no momento, mesmo eu estando triste naquele momento, era incrível a capacidade dele me fazer sorrir, mesmo praticamente dormindo.