HAZEL TYRELL

Termino de trançar meus longos cabelos negros e cacheados. A trança vai até o fim de minhas costas. Enfeito-a com flores recém colhidas nos jardins do castelo. Visto um vestido vermelho, que contrasta com a cor de meus lábios.

Passo pelas portas de meu quarto, que estão abertas, e desço as escadas em direção ao pátio. Ouço o som de uma flauta e o sigo. Encontro Gage, meu namorado em segredo, se apresentando para um pequeno número de expectadores. Me escondo atrás de uma pilastra para ouvi-lo sem interromper a apresentação.

Gage termina de tocar, agradece e sai. No exato momento em que ele passa por mim, surpreendo-o, seguro sua mão e entramos na biblioteca. Ninguém a usa muito, só quando assuntos de muita importância têm de ser pesquisados. Nos beijamos apaixonadamente entre estantes do andar de cima da sala.

Depois de muitos beijos, sentamos no chão de madeira e conversamos sobre diversos assuntos. O que mais gosto nele é sua mente aberta ao mundo em que vivemos. Sua capacidade de enxergar além dos olhos.

Ele tem que ir embora, mas promete voltar logo. Me levanto com sua ajuda e ele me surpreende com um último beijo.

Me dirijo até o escritório de meu pai e o encontro lá, com uma cara de preocupação. O que me desperta curiosidade.

– Papai, o que está acontecendo? – questiono-o.

– Nada que uma você possa entender, ainda mais sendo uma garota! – ele diz sendo desdenhoso.

Minhas bochechas esquentam. Ele despertou minha ira. Nunca devia ter dito isso. Arranco a adaga que sempre guardo debaixo do vestido e coloco em seu pescoço.

– Nunca subestime as mulheres... – respiro fundo para não afundar a arma em sua pele – Nunca me subestime! Odeio esse seu discurso, nós podemos tanto quanto ou mais do que vocês!

Saio porta a fora para não cometer nenhuma loucura. Ouço meu pai falar com alguém. Guardas. Quando percebo, já estão me segurando e fazendo voltar o caminho até o escritório.

– Quem você acha que é, mocinha! – meu pai me esbofeteia – Nada de armas e contato com ninguém por muito tempo! – ele arranca a adaga presa em minha perna.

– Não sou mais uma criança! – cuspo em seu rosto – Te odeio!

– Levem-na para o quarto e tranquem a porta! – ele ordena aos homens que me seguram.

Os guardas cumprem as ordens e sou jogada para dentro do quarto e trancada. Seco o suor do rosto com um tecido velho que se encontra jogado sobre a cama.

Começo a ler meu livro de contos favorito e termino antes do anoitecer. Ouço alguma coisa ser lançada na janela. Vou até ela e não vejo nada, volto para dentro. Ouço novamente. Quando volto à sacada, vejo Gage escalando-a. Ele entra me beijando. Fico feliz por ter uma companhia tão boa como ele neste momento.

Nos beijamos e passamos a noite juntos. É a primeira vez que durmo com alguém (se é que entendem). Ops... Aconteceu.

Acordamos com o sol batendo no rosto e ficamos lá juntos (e nus). É muito bom sentir o calor de quem ama.

A porta é destrancada repentinamente. Nos assustamos. Ele não tem tempo de se esconder. É Margaery, minha irmã caçula. Ela nos encara com olhos esbugalhados. Droga.