ASTRID

Entro na cabana de meu irmão. Vislumbro Drogo sentado de costas para a entrada, afiando seu arakh.

– Mandou me chamar, irmão? - ele se vira ao ouvir minha voz.

– Sim... Temos dois assuntos importantes para discutir! - Drogo diz, apontando seu arakh para uma almofada, sinalizado para eu me sentar.

Ele afia a arma mais um pouco antes de começar, me deixando ansiosa, mas não digo nada, quando se trata de um dothraki, mesmo ele sendo de sua família, nunca se deve despertar sua fúria.

– Como vai a caçada de Cohollo ao envenenador de comida? - as palavras finalmente escorregam de seus lábios.

– Me kaffe rek tokikes! - respondo. (Ele esmagou aquele idiota)

Ele solta um riso de orgulho, como sempre faz.

Cohollo é sangue do sangue de meu irmão e foi-lhe dada a missão de matar um homem no khalasar de Khal Ogo que tentou envenenar nossa comida. Isso aconteceu alguns dias atrás.

Meu irmão e eu começamos um diálogo em dothraki, pois ele ainda não sabe falar o idioma comum direito, principalmente porque não quer aprender.

Ele me diz que para satisfazer algumas necessidades de nosso khalasar, eu deveria me casar com alguém de uma das grandes casas de Westeros. Não é uma coisa comum ao meu povo, mas era necessário. Ele providenciaria o casamento e eu conheceria meu marido em breve.

Sinalizo com a cabeça e saio para montar o cavalo que me foi dado por Drogo.

Monto por mais de três quilômetros e resolvo voltar, o sol já está se pondo. O caminho de volta é calmo e a brisa noturna me acalma. Percebo que falta pouco para chegar de volta ao acampamento.

Um guerreiro do khalasar de meu irmão se põe em frente a meu cavalo, me forçando a parar.

– O que você quer? - pergunto no idioma comum.

– Você e seu cavalo! - ele responde em dothraki.

Ele segura minha longa trança e sou obrigada a descer. Coloco a mão sobre meu arakh e rasgo seu peito.

Ele se enfurece e me segura novamente, tentando rasgar minhas vestes.

Sei que alguém mais está se aproximando e eu temo que seja outro com as mesmas intenções.

– Yer ofrakhi vosecchi sajoes mae! - ouço a voz de meu irmão e um alívio. (Você nunca irá tocar no cavalo dela!)

Em nossa cultura, tentar roubar ou machucar o cavalo de alguém é a pior coisa que se pode fazer. O pior crime. Ainda mais quando se está tentando molestar a irmã do Khal.

Meu irmão arranca sua cabeça com um só golpe e sua cabeça rola até meus pés, sujando-os de vermelho.

Abraço meu irmão e ele me acompanha até minha cabana. Pede que os sangues de seu sangue montem guarda ali esta noite.

O sono não me encontra. Passo horas pensando no casamento que terei de enfrentar. Terei que atravessar o mar. Partirei de Essos em direção a Westeros. Ter de atravessar o Mar Estreito me dá calafrios. Não sei se me adaptarei, mas sei que só faço isso por meu irmão.