HELAENA TARGARYEN

O vento quente do fim da tarde chega a Lançassolar e bate em meu rosto. Vislumbro o sol se pondo da sacada de meu quarto. O céu alaranjado me faz sentir bem, me lembra o fogo. Eu sou do sangue de dragão. Eu amo fogo.

Desde cheguei aqui, trazida por Oberyn, todos me receberam muito bem, mas não pertenço a este lugar, por mais que tenha crescido aqui.

– Helaena! - ouço a doce voz de Tyene chamar por meu nome - Tenho algo para lhe entregar!

Viro-me e entro dentro do grande quarto vermelho. A garota de cabelos dourados me entrega uma carta, ela está dentro de um envelope antigo.

– Obri... - tenho intenção de agradecer a entrega, mas ela já não está mais aqui.

Abro o envelope amarelado e encontro um papel já se despedaçando. Começo a ler.

Minha doce filha,

Sei que provavelmente não entende o porque não cresceu perto de sua família ou o porque de não mantermos contato, mas saiba que te amamos muito e que essa não era a nossa vontade.

Está na hora de saber algumas coisas. Esta carta foi escrita no dia em que você foi levada, mas pedi a Oberyn que ela só chegasse até você alguns dias antes do décimo quinto dia de seu nome.

Bom, eu e sua mãe nos amávamos muito, mas por um motivo maior, tivemos de nos separar. Não só nos separarmos, mas separar você, também, de nós.

Os inimigos de nosso amor nunca puderam saber de sua existência, pois se soubessem você correria muitos riscos ou, pior, talvez não estivesse mais conosco neste mundo.

Daqui algum tempo irei te trazer de volta a Porto Real, você terá uma jornada a cumprir. Explicarei tudo à você em uma carta que chegará a suas mãos em algumas semanas.

Por enquanto, isso é tudo o que precisa saber!

Com amor, seu pai

Meu pai é Rhaegar, o príncipe herdeiro do Trono de Ferro. Ele é casado com a irmã de Oberyn, Elia, e tem outros dois filhos, meus meio-irmãos, Rhaenys e Aegon. Nunca soube nada sobre minha mãe, nem quem ela é ou foi . A única vez em que toquei no assunto, Oberyn não contou-me nada, alegando que era para minha própria segurança. Sei que herdei a aparência de meu pai, cada detalhe, e nada dela.

Agora eu posso compreender melhor.

Prendo meus longos cabelos prateados, visto um vestido que me foi dado por Obella e me dirijo ao salão de jantar, deixando a carta sobre a cabeceira da grande cama.