ISABELLE STARK

Sento-me no chão da Primeira Fortaleza. O chão está gelado, mas ignoro. Gosto de passar as horas aqui. Normalmente me escondo aqui para pensar e para que Septã Mordane não me encontre. Odeio suas lições de bordado. Hoje o motivo é outro, estou fugindo das preparações das festividades do décimo nono dia de meu nome.

Eu realmente não quero passar o dia provando vestidos que me foram comprados em Porto Real, comidas das quais todos sabem que não gosto e sendo simpática com gente que eu deveria conhecer, mas me parece estranha.

Sei que tudo isso é muito importante para meu pai, Brandon, pois isso significa que me casarei em poucas semanas. Ele prometeu-me como esposa a Leo Baratheon, que por sinal é meu primo.

Leo e eu sempre nos demos bem, quando ele vinha passar alguns dias conosco, há alguns anos, nos divertíamos muito, mas nunca quisemos nos casar. Esse sempre foi o sonho de minha mãe, Maryla, e de minha tia, Lyanna. Então, quando completamos onze anos, meu pai e Robert, nos prometeram um ao outro. Nunca gostei da ideia, mas ao menos não fui prometida à um Lannister.

Os Baratheon saíram de Ponta Tempestade há um mês para chegarem amanhã a fim de participarem da comemoração. Uma sensação estranha soca meu estômago.

Muitas pessoas estarão presentes. Meus primos: Robb, Arya, Sansa, Rickon, Bran e Jon, juntamente de seus pais. Eles moram em Winterfell, junto de nós, mas são presenças importantes. Principalmente Jon, que apesar de não ser um Stark legítimo é meu primo e ai de quem discuta, ele é meu melhor amigo. Os Baratheon: Robert, Lyanna, Leo e Alexandra. Os Arryn e os Tully, nossos aliados, também virão, mas não sei certamente quem.

Ouço os gritos de meu irmão, Erick, e me apoio na janela que antes estava sobre minha cabeça.

– Isabelle! Onde está, Isabelle? - ele continua a berrar e eu começo a rir

Ele olha para cima e me percebe.

– Papai mandou avisar que está te esperando na biblioteca!

– Eu não vou! - digo tão alto quanto ele - Não quero ouvir um sermão sobre não estar sendo grata a esta comemoração!

Ele balança a cabeça em reprovação e sai em direção a Torre da Biblioteca.

– Ei! - chamo sua atenção - Não vai me entregar, vai?

– Eu posso ser tudo, menos dedo duro, irmãzinha! Vou dizer que não te encontrei! - diz ele, jogando-me um beijo e sumindo por entre as construções.

Sento-me novamente. Posso confiar nele. Me perco em meus pensamentos.

Acordo. Não percebi que havia cochilado. Estou bem descansada, então, resolvo descer a torre me pendurando pelo lado de fora. Como meu primo, Bran, sempre faz.

Quando toco o chão ouço uma voz atrás de mim.

– Uma moça não deveria de comportar deste jeito, ainda mais usando um vestido!

Droga. Sei que essa voz pertence a Septã Mordane. Ela me puxa pelo braço até onde meu pai está.

Chego, toda suja, e ele ri.

– Pode soltá-la! - ele responde ainda rindo - Por favor, Septã, nos deixe a sós!

Ele passa a mão sobre minha cabeça.

– Você não muda, não é mesmo? - diz, limpando sujeita de meu rosto - Você é mesmo minha filha! Fique aqui, sei que não quer passar por toda esta cerimônia, sua mãe não a achará, a não ser que você queira experimentar aqueles vestidos cheios de bordados que penicam! Quer um chá?

Eu deveria saber. Meu pai sempre me apoia em minhas decisões, sempre foi assim. A única coisa em que discordamos, e que fique claro que eu perdi a discussão, foi sobre o casamento.