Beija eu escrita por Robs


Capítulo 10
Sim ou Não?


Notas iniciais do capítulo

Pessoaaaal! Fiquei quase 2 meses sem internet porque eu tava me mudando. :( Mas isso foi suficiente pra eu adiantar 3 caps! Uhuu



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Eu te liguei porque eu gostei muito das fotos que você fez e queria que você viesse fazer parte da nossa agência de modelos. Aqui as meninas começam uma carreira em poucos meses e depois, já estão ganhando mundos e fundos no exterior, porque se tornam rapidamente conhecidas e renomadas. Você aceita trabalhar conosco?

— Eu preciso pensar com calma, Lívia.

Tudo bem. Eu aguardo a sua ligação, com a resposta mais positiva possível. Boa noite.

— Boa noite. — Falei finalmente. Joguei o celular no sofá e internamente, estava havendo uma confusão entre certa empolgação e ao mesmo tempo, um impedimento óbvio. Não conheço nenhuma jornalista ou estudante de, que tenha se encantado por um mundo completamente diferente do seu. Não estou dizendo que é proibido, mas tem todo um lance de vocação profissional e o meu não está nas passarelas, mas sim, nos papéis, nas canetas e nas lapiseiras, na forma de escrever, o modo como uma notícia é anunciada, as palavras certas que chegam a nos encantar de tão belas.

Quando desliguei, Mel estava com uma interrogação gigante em seu rosto esperando que eu balbuciasse alguma coisa sobre aquela ligação misteriosa, mas as palavras certas que eu havia acabado de pensar, não apareceram pra mim naquele momento.

— Desembucha Ju! — Ela gritou ansiosa.

— Uma tal de Lívia viu minhas fotos na internet e me convidou pra ser modelo. — Falei rapidamente.

— Não to acreditando! — Mel começou a pular talvez mais feliz que a minha própria pessoa, com aquele convite. — Você vai aceitar né?

— Por que eu aceitaria?

— Porque você é linda, é fotogênica e se ela te convidou, é porque ela acha que você tá no padrão. — Falar em padrão me incomodou um pouco. E se eu tivesse que ficar anoréxica, com os ossos à mostra, simplesmente para fazer parte do padrão de beleza delas? Eu não sou nenhuma cheinha, tenho até os braços finos, mas com certeza, possuo mais carne que aquelas meninas.

— Isso não tem nada a ver comigo, Mel.

— Como é que você sabe? A gente precisa provar pra dizer que não presta.

— Então eu acho que a gente precisa provar a comida quentinha pra poder dizer que é melhor, ao invés dela fria. Partiu?

— Você tá mudando de assunto, mas a gente ainda vai conversar sobre isso, Juliana. — Se ela quis se parecer com a minha mãe falando desse jeito, parabéns, conseguiu.

Comemos, lavamos os pratos, guardamos e Mel foi assistir às novelas. Já eu, fui para o quarto unicamente pra fugir da conversa cujo assunto era: Ju modelete. Sem qualquer motivo, meu subconsciente precisou lembrar tudo o que aconteceu durante o dia envolvendo Gustavo, como já era de costume.

~ FLASHBACK ON ~

— Vai ficar me olhando o tempo todo?

— Não.

— Se você não vai me olhar, então eu te olho.

— Por quê? — Virei inconscientemente.

— Porque você fica linda com o rosto corado.

~ FLASHBACK OFF ~

Juliana? Juliana? JULIANA? POR QUE VOCÊ ESTÁ RINDO JULIANA? Desculpa Juliana, eu não queria rir por algo tão idiota como este. Mas você estava rindo Juliana. Tá, eu sei, me desculpa. Espera um pouco, Juliana tá falando com a própria Juliana? Quer dizer, eu to falando comigo mesma como se eu não fosse Juliana?

— Já chega! — Gritei.

— Tá tudo bem aí Ju? — Mel gritou da sala.

— Aham, tudo ótimo.

Maldito subconsciente que insiste em rebobinar os acontecimentos do dia, principalmente os que envolvem Gustavo. Você ainda vai me enlouquecer, aliás, você não, vocês! Lembrei que ainda não havia tomado banho, então separei uma roupa e corri pro chuveiro.

O calor do momento me fez esquecer de tirar a roupa. Me molhei com tudo sem dó nem piedade, da cabeça aos pés. Rapidamente, a água gelada fez com que meu corpo estremecesse e sentisse certo alívio.

~ FLASHBACK ON ~

— Isso aqui foi só uma rapidinha.

— Para de falar assim! — Cochichei e bati nele — “Rapidinha”... Parece até que a gente transou. Que ridículo.

— Antes fosse.

~ FLASHBACK OFF ~

Aquele bendito homem, até mesmo em pensamento me tira do sério. Comecei a despir-me e por alguma razão, o rosto de Gustavo me veio na cabeça. Não só o rosto, tenho que admitir, mas também a sua voz e a sua pegada forte, toda a sua sensualidade e o seu jeito garanhão levemente misturado a uma dose e meia de carinho. Tire tudo isso e restará um homem arrogante e egocêntrico. (A meu ver, únicos defeitos daquela criatura).

Quanto mais eu tirava a roupa, mais calor eu sentia. Era como na matemática, diretamente proporcional: cada peça que você tira do corpo, seu calor aumenta em mil graus, principalmente se você estiver pensando em pessoas indevidas.

A água que agora corria no meu corpo completamente despido, causava-me arrepios, além de me fazer desejar que ao invés de água, fossem as mãos quentes e decididas de Gustavo passeando e explorando o que de melhor eu poderia lhe oferecer naquele momento.

O calor ainda insistia em mim e por mais que eu estivesse embaixo do chuveiro há quase trinta minutos, parecia não ser suficiente.

Saí do banho, vesti a roupa que havia separado anteriormente e ao chegar no quarto, liguei o ar-condicionado rapidamente. Se o chuveiro não resolvia o meu problema, talvez o ar gelado fosse a solução. Parei em frente ao espelho e fitei meu corpo com cuidado. Perguntas frequentes como: eu sou atraente?, ou ainda: estou gorda?, começavam a fazer todo sentido pra mim naquele momento.

— Já vai dormir? — Mel abriu a porta repentinamente e quebrou toda a minha concentração.

— Talvez. O dia foi puxado e amanhã promete ser também.

— É rapaz, vida de modelo é difícil!

— Não foi isso que eu quis dizer... É que chegou um estagiário novo lá na revista e a Mônica quer que eu o ajude.

— Hm... Ele é gatinho pelo menos?

— Ai Mel, me poupa. — Comecei a arrumar a cama e ela entendeu que o assunto deveria acabar ali, depois daquela pergunta indiscreta. A verdade é que, eu nem sequer tive tempo de reparar no Eduardo, graças à correria do dia.

Assim que Mel saiu do quarto, apaguei a luz e me deitei. Não estava com sono nem nada, mas precisava pensar em como essas malditas fotos desorganizaram minha vida consideravelmente, e como ou o que eu faria pra organizá-la de novo. Sem perceber, acabei adormecendo e pasmem, sonhei com o bendito convite para ser modelo. Sonhei com uma Juliana completamente diferente da que eu sou agora, nas passarelas, no brilho e no gloss, como costumam dizer. Uma Juliana que não se parecia em nada comigo, não em questões físicas, mas com uma visão deveras distorcida da vida.

Ao amanhecer, acordei com o celular apitando milhões de mensagens. Tentei ignorar pelo simples fato de achar que fosse o despertador, mas eu estava tão enganada que não pude continuar dormindo.

Parabéns Ju, você tava linda nas fotos!

Que linda Ju, agora além de jornalista, você virou modelo? Parabéns gata!

Amiga, vi suas fotos ontem e vou te contar hein, que mulherão!

Ju, mostrei as fotos pros seus pais e eles amaram sabia? Parabéns mesmo! Eles estão te mandando milhões de beijos e falando pra você se cuidar. Falaram também que estão super orgulhosos de você!

~

A última mensagem de fato, conseguiu fazer com que meus olhos enchessem-se de lágrimas, mas no geral, todas foram capazes de me animar. Talvez tenha sido o melhor bom dia que eu recebi desde que eu comecei a trabalhar naquela revista.

Levantei-me e tomei um banho quente, visto que o dia estava frio e chuvoso. Me aprontei inteira e Mel ainda estava dormindo. Tive pena de acordá-la, então preferi que o próprio despertador cumprisse sua função. Comi alguma coisa rápida e saí de casa.

A rua estava calma devido à chuva, mas as poucas pessoas que passavam por mim, me olhavam como se realmente me conhecessem de algum lugar. Alguns sorriam e até acenavam, outros passavam só olhando mesmo, movidos pela curiosidade. Isso me incomodou até certo ponto, mas confesso que acabei me acostumando, e se por acaso, eu precisasse passar o dia na rua, não me irritaria em nada acenar e sorrir para as pessoas, da mesma forma.

Cheguei ao escritório e assim como na rua, mais olhares.

— Olha lá, não é aquela moça das fotos? — Pude ouvir alguns cochichos enquanto passava pelo hall de entrada até chegar no elevador. Os olhares, sorrisos e acenos não me incomodavam em nada, mas os cochichos... Esses sim. Parece até que há uma fofoca correndo solta a seu respeito, e só você não sabe de nada ainda. Peguei o elevador e senti mais olhares. A sala da revista, finalmente, foi a minha válvula de escape. Não havia ninguém ainda quando eu cheguei.

— Paz, aleluia. — Falei comigo mesma no silêncio da sala, até fez eco.

— Eu que o diga. — Ouvi a voz de Gustavo e por alguma razão, senti um arrepio na nuca. Virei-me e o vi entrar na sala como se estivesse fugindo de uma briga.

— Bom dia. — Sorri amigavelmente. Afinal, o dia também estava sorrindo pra mim.

— Bom dia. — Ele não sorriu, mas sua voz parecia descansada, e isso já era o suficiente.

— Muita gente me mandou mensagem hoje de manhã por causa dessas fotos. — Incrivelmente, eu, Juliana, estava tentando manter uma conversa com ele, Gustavo, e ainda puxando assunto pra que nada morresse ali, sem sentido.

— Comigo aconteceu a mesma coisa.

— Eu confesso que, saí muito mais feliz de casa depois de ler tudo o que me mandaram.

— Sério? — Gustavo puxou uma cadeira e sentou junto de mim. Já eu, sentei-me na mesa.

— É. Isso é de fato, um estímulo pra qualquer mulher na face da terra.

— Se sentir linda?

— Linda, importante, desejável... — Gustavo se levantou e parou bem na minha frente. Pôs as duas mãos na mesa, uma de cada lado, de forma que me deixou sem saída.

— Eu posso fazer com que você se sinta assim todos os dias.

— É mesmo? Como? — Desafiei-o.

— Assim. — Ele passou uma de suas mãos no meu rosto, acariciou-me e colocou uma mecha do meu cabelo atrás da orelha de um jeito muito carinhoso. Em seguida, pôs a mesma mão na minha nuca e fez uma espécie de massagem em mim. Aquele toque me causou um certo arrepio e percebendo isso, ele continuou. Subiu a mão, adentrando ao meu cabelo e foi cada vez mais carinhoso e cuidadoso.

Por inúmeras vezes, eu fui incapaz de reconhecer um Gustavo amável e gentil como este que estava parado bem na minha frente me acariciando. Mas, por outras inúmeras vezes, eu me senti totalmente envolvida por este mesmo homem, de tal forma, que se alguém nos interrompesse, um ódio desconhecido surgiria em mim.

Ele continuou mexendo no meu cabelo, de um jeito muito mais provocante agora. Começou também, a depositar suaves selinhos no meu pescoço e, involuntariamente, eu o estiquei para que Gustavo pudesse continuar. Algo em mim, dizia que isso deveria parar, mas o outro lado da minha moeda dizia que isso era só o começo.

— Para. — Sussurrei.

— Você quer que eu pare? — Ele falou entre um selinho e outro.

— Não. Não... Quer dizer, eu quero sim. — Gaguejei sem nem ao menos perceber a confusão que estava na minha cabeça.

— Sim ou não? — Ele parou de beijar meu pescoço e me encarou firmemente, esperando que eu lhe desse uma resposta definitiva — Hein?


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Notas finais do capítulo

Sei que eu demorei a postar, mas por favor, não me castiguem. Comentários, please!



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