Coração de Soldado escrita por Incrível


Capítulo 45
Capítulo 45 - Desabamento


Notas iniciais do capítulo

Fala, Povo!
Ta friozinho aqui em SP, então bora ler o cap tomando chocolate quente (só q não kkkkk aqui é Brasil)
Bom cap ;)



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Pov's Violetta

— Você está prestando atenção, Violetta? — pergunta Robert, me trazendo de volta à realidade.

— Sim, sim... — minto.

Eu e Robert estávamos no jardim do campus da faculdade. Apesar de ser sábado, Annie estava estudando mais uma das matérias que não estava entendendo. Então eu e Robert saímos pra ver o por do sol, já que naquela tarde estava relativamente frio e o "restinho de sol" nos aqueceria um pouco mais.

— Então o que eu disse? — ergue a sobrancelha.

— Que... Seu pai está no hospital por causa de uma gripe?

— Não. Meu pai é médico e está tendo uma epidemia de gripe no hospital onde ele trabalha — ri. — Estava pensando em que?

— Não era nada de mais. Só estava distraída — respondo.

— Você anda muito distante esses dias...

— Não sei... Acho que só estou com saudades do meu noivo — desabafo.

— Ah — diz no mesmo tom que sempre usava quando eu falava de Leon.

Por algum tempo, observei pelo canto do olho o rosto de Robert. Sem dúvida era muito bonito, mas estava com uma ruga entre os olhos, preocupado com algo.

— Como você conheceu o Leon? — pergunta curioso.

— Seria uma longa historia... Por que quer saber?

— Não sei, é que... Ele parece tão diferente de você.

— E é — ri. — Mas isso não nos impede de estar juntos — esclareço.

— Não preferiria uma pessoa que permanecesse mais tempo com você? Que cuidasse de você? — pergunta sorrateiramente com um sorriso. — Eu poderia ocupar esse cargo...

— Robert, não me leve à mal mas você não é pra mim. Eu tenho noivo e realmente o amo. Não importa o tempo que estamos separados e sim o tempo que passamos juntos. Você é legal mas não sou seu tipo de garota — digo nervosamente.

— Tudo bem... Quando ele disse "noiva", vi que seria uma missão perdida.

— Olha, eu não gosto de você. Mas isso não significa que alguém não goste de você — sorri.

— De quem está falando? — pergunta.

Nesse momento, meu celular toca e eu o atendo rapidamente.

— Alô, Annie — digo sorrindo pra Robert e ele arregalou os olhos.

— Vilu, o Vitor ligou no dormitório e está querendo que você desça lá na portaria.

— Por que?

— Ele diz que tem um militar querendo falar com você — diz com voz maliciosa.

Meu coração deu um salto de emoção. Ele estava aqui! Geralmente ele ia pra casa no sábado e, no domingo de manhã, chegava na faculdade, mas ele devia ter vindo mais cedo pra me ver!

— Obrigado, Annie. Tchau! — digo desligando o celular rapidamente.

— Tchau!

— Tenho que ir, Robert — digo me levantando.

— Espera! — grita segurando meu braço firmemente.

— Calma! Eu não sou surda. Estou do seu lado, não precisa gritar — ri.

— A Annie gosta de mim?

— Gosta, Einstein. Ela faz de tudo pra estar e falar com você!

— Nossa, mas eu gostava dela quando estávamos no Ensino Médio, mas ela não prestava atenção. Estava sempre ocupada com os livros... — diz, imerso em pensamentos.

— Parece que o destino quer que vocês fiquem juntos, pra ficarem na mesma faculdade... — comento. — Fica meditando e digerindo isso enquanto eu vou lá.

— Okay, até mais — diz pensativo.

Caminhei apressadamente para a portaria da faculdade, ansiosa por re-ver Leon. Vitor era um dos guardas da faculdade e não deixava absolutamente ninguém que não fosse da faculdade entrar. Por isso eu sempre me encontrava com Leon do lado de fora.

Chegando a portaria, Vitor me cumprimentou.

— Tudo bem, Violetta? — sorri.

— Tudo e você? — pergunto por educação.

— Tudo. O garoto lá fora diz que precisa urgentemente falar com você.

— Tudo bem, eu vou sair — digo.

Caminho para fora com um sorriso no rosto que logo se desfez. Não era Leon. Era um cara branco, alto, musculoso e de cabelos pretos, além de usar as mesmas roupas da Academia que Leon vestia.

Ele, ao me ver, sorriu. Não um sorriso bonito e sim aquele que os vilões dão quando estão tramando algum plano diabólico.

— Quem é você e como sabe meu nome? — pergunto asperamente.

— Precisava falar com você — diz em tom preocupado. — Sou Jonas, amigo de Leon. Acho que ele já falou de mim.

O analiso por um tempo. Não era nem de longe o cara que eu esperava encontrar.

— Já... O Leon está bem? Aconteceu alguma coisa? — pergunto preocupada.

— Ele está bem... Fisicamente. Preciso conversar com você sobre isso. Podemos ir a outro lugar?

— Claro. Vamos — digo começando a andar.

Como assim "fisicamente"? Aquilo estava me deixando com medo e assustada. O que poderia estar acontecendo?

Caminhamos em silêncio enquanto eu o conduzia para o parque que eu mais gostava em Santa Fé e o observava pelo canto do olho. Leon havia me dito que Jonas era uma pessoa única, uma caixinha de surpresas, (como ele mesmo havia dito). Mas ao olha-lo, ele me parecia uma pessoa comum.

Chegando ao parque, nos sentamos num banco de concreto e eu o olhei ansiosamente para que começasse.

— Pode me dizer por favor o que está acontecendo?

— Bom, não sei se ele vai gostar de eu fazer isso. Mesmo assim você tem que saber a verdade. Talvez assim ele fique melhor... — começa.

— Melhor? — pergunto confusa.

— É que, nessas últimas semanas, Leon anda muito mal. Não está rendendo no trabalho, está desfocado e sempre leva broncas de nossos superiores. Eu tento ajudar mas não tem o que fazer. Logo ele vai ser tirado da Academia... — suspira. — Ele me disse que vocês estão discutindo muito e ele está preocupado por isso, diz que não sente o mesmo de antes...

— Ele está assim por minha causa? — pergunto preocupada.

— Sim. E ele não sabe o que fazer. Principalmente agora que a família dele vai ir pro México — diz balançando a cabeça.

— A família dele vai pro México!? — pergunto surpresa.

— Você não sabia? Nossa, mais uma coisa que eu não devia ter falado...

— Agora que começou, termina — me irrito.

— Só termino porque acho que você tem nas mãos a chance de ajudar Leon. Bem, eles estão voltando pro México e o Leon vai ficar única e exclusivamente por você — diz. — O pai dele tem tudo pronto. Até conseguiu que ele fosse transferido para a Academia Militar no México...

— E o que eu posso fazer pra ajuda-lo?

— Não posso pedir isso pra você... — diz em suspense.

— Tenta. Porque você não faz ideia do que sou capaz de fazer para a felicidade do Leon.

— Eu acho... Que seria melhor se você terminasse com ele — diz, com um sorriso?

— O que?! — grito e as pessoas que passavam me olharam. — Não posso terminar com ele. Eu o amo.

— Não estou dizendo que você tem que terminar com ele. Só acho que seria melhor que o fizesse. Porque ele anda me dizendo que não sente a mesma coisa que quando te conheceu, que vocês são muito diferentes e talvez tenha sido um erro acharem que pudessem manter esse relacionamento. E ele fica mais irritado quando pensa que não pode ir embora. Leon é muito honrado e honesto e não quer terminar com você pra quebrar um compromisso — conclui.

Fiquei pensando. Poderia deixa-lo? Ele não me amava mais? Seria realmente assim que ele pensava? Estávamos tão bem no fim de semana passado, no casamento...

— Se... Se eu terminar com ele, o que acontece? — engulo em seco.

— Ele vai pro México com a família, continuar estudando pra ser Militar — diz compreensivamente. — De inicio, ele vai querer que você reconsidere a decisão de terminar. Isso é porquê ele está acostumado em te ter... Ele mesmo disse que não termina porque é um habito conviver com você...

— Eu não sei... — digo pensativa.

— É só você pensar o que acha melhor: deixa-lo infeliz aqui ou terminar com ele para que ele esteja livre pra ficar com a família?

Enquanto caminhava sozinha de volta pra faculdade, tentava pensar coerentemente. Mas simplesmente nada me vinha à cabeça além de desespero e muito medo por perde-lo. Por isso caminhava a passos lentos.

Chegando ao dormitório, vejo que o ambiente estava completamente escuro, apenas iluminado pela luz da lua, enquanto Annie dormia apesar de serem oito horas da noite. Ela estava muito cansada e a prova disso era que ela dormia por cima das cobertas e com as mesmas roupas que usara pela manhã.

Me sentei na cama, acendendo a luz do abajur e suspirando. O que eu faria? Havia caminhado por horas tentando pensar mas não conseguia formular uma decisão.

Saber que Leon não sentia mais a mesma coisa por mim, me destruiu. Notei que realmente, fazia muito tempo que ele não dizia que me amava. Mas não entendia o porque de as coisas terem mudado.

O tempo, realmente o tempo havia nos mostrado quem realmente eramos. Quando nos separamos para seguir sonhos diferentes, começamos a brigar. Eu devia ter percebido antes que eramos pessoas diferentes de mundos diferentes. Nosso amor parecia muito forte, mas sem dúvidas não era.

Não que eu acreditasse que Leon não me amava, mas aquele amor que ele sentia por mim se modificou com o tempo e, como ele mesmo havia dito, não sentia mais o mesmo.

O pior era que eu nem poderia perguntar o porque de aquele amor ter mudado... Jonas me pediu que eu não contasse a Leon tudo o que ele havia me dito. Como ele foi um bom amigo, concordei.

Eu sabia que tinha que terminar com ele. Não era certo ele ficar na Argentina por obrigação. Eu não tinha o direito de deixa-lo longe da família.

A aceitação desse fato trouxe à minha mente um furacão de lembranças e emoções. Momentos que havíamos passado juntos de forma tão única. Beijos, abraços e carícias que haviam sido compartilhados com tanto amor...

Eu o amava... Muito. Mas não havia nada a ser feito, a não ser desistir desse relacionamento e deixa-lo seguir a vida.

Lágrimas silenciosas começaram a escorrer por minha face. Como poderia suportar viver sem ele? Aquilo doía demais pois eu sabia que no dia seguinte o veria pela última vez.

— Vilu? Por que ta chorando? — pergunta Annie despertando do sono enquanto sentava na cama.

— Eu... Eu... — tentava dizer começando entre soluços.

— Ei... — diz em tom sereno enquanto se levantava. — Calma...

Ela se sentou ao meu lado e me abraçou, me trazendo conforto enquanto eu descansava meu rosto em seu ombro.

— Eu...

— Não precisa dizer nada.

— Não posso ficar com ele! Não posso ficar com ele.... — fiquei repetindo esta frase.

Pov's Leon

Meus olhos queriam se fechar, mas eu me esforcei para mante-los abertos enquanto caminhava pelo parque perto da faculdade de Violetta, naquela manhã ensolarada de domingo. Era um final de semana comum pra mim: ir pra casa depois de sair da Academia, ficar lá até umas 4 da manhã, e ir pra faculdade de Vilu passar o dia com ela. Depois eu retornaria a Academia.

Me sentei num banco, ansioso para ver Violetta novamente. Agora tudo daria certo. Não brigaria mais com ela, nada me importava a não ser te-la feliz ao meu lado.

Varri o parque com meus olhos e logo vi Violetta caminhando em minha direção e meu coração se acelerou de alegria e um sorriso de alívio brotou em meu rosto. Ela porém, andava vagarosamente e ao me ver me olhou de forma estranha... Triste, talvez.

— Oi, Vilu— digo a abraçando.

— Oi — diz brevemente, ficando imóvel entre meus braços, não retribuindo meu abraço.

— Por que está assim? — pergunto com um sorriso e ela simplesmente me olha. — Ah, sim. Esqueci de te dar um beijo!

Segurei sua cintura e inclinei meu rosto para ela. Mas, Violetta olhava desesperada pra mim, como se pedisse socorro.

— O que foi? — sussurro perto de sua boca com olhos preocupados.

— Não faça isso... — diz com voz tremula, quando coloco minha mão sobre seu rosto.

— Fazer o que? — pergunto confuso.

— Me... Me beijar... — responde.

— Pode ter certeza de que é exatamente isso que vou fazer — digo com um sorriso, selando nossos lábios.

O que era pra ser um beijo longo foi apenas um selinho demorado por conta de ela manter os lábios firmes e fechados. A provoquei, movendo meus lábios sobre os seus até que eles se abriram e eu pude desfrutar de seu sabor.

Algo estava errado. E eu sabia isso pela forma com que ela retribuía meu beijo, hesitante. Era como se fosse o beijo de quando eu fui embora pra servir no Exército, solene com um pouco de medo e desespero.

Ela cessou o beijo, tomando o controle novamente.

— Não foi tão ruim assim, não é? — pergunto com um sorriso.

Por alguns segundos ela me observou diretamente nos olhos, se perdendo neles. Mas, logo balançou a cabeça de forma exasperada, como se tentasse tirar algo da mesma com aquele movimento.

— Leon... — diz me olhando de forma estranha. — Temos de terminar...

E foi ai, que meu mundo inteiro desabou em cima de mim.


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Notas finais do capítulo

Vishhhhhhhh, não quero nem ver.
Agora sim, as coisas complicam...
Por essa semana é só.
Até terça!