A canção do lobo e da leoa escrita por Moonwing


Capítulo 10
Capítulo 9-O retorno do rei


Notas iniciais do capítulo

-Em primeiro lugar, queria pedir desculpas pelo atraso. Meu note teve alguns problemas e as propagandas estavam tornando impossível a utilização do chrome.
—Tentarei atualizar com mais frequência.
—Sim! Eu fiz uma referência ridícula ao Tolkien, gosto dele, oras. Não foi a primeira e nem será a ultima.



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A cadeira ainda estava desconfortável para Rickon. Na verdade, ele mesmo não sabia dizer se o que o incomodava realmente era a cadeira em si ou ficar esperando sentado. O que fosse não incomodava nem a metade do que olhar para o vitro.

“Boltons miseráveis. Que ardam no inferno para todo o sempre.”

Quando Roose Bolton começou a reconstrução de Winterfell após a batlha com Stannnis fez questão de adornar o lugar com a temática dos Boltons. Havia até mesmo pele de homens esfolados que seu filho reclamou como troféu de batalha que homens melhores haviam vencido por ele.

Rickon destruiu todos mas as vidraças nas janelas permaneciam, pois ainda demoraria para que os novos vitros fossem construídos e sem as janelas o frio penetraria o salão. Aquilo irritava o garoto, mas, as estátuas esculpidas de lobos ajudavam a compensar o fato.

–Vossa graça.-Anunciava Robett Glover ao entrar no cheio salão.-O mensageiro dos Freys chegou, enfim.

Todos os olhares voltaram-se então para a porta e o homem magro e esguio que a atravessava. O olhar temeroso do homem não passou despercebido por nenhum dos mais de cinquenta homens que ali estavam. Todos retribuíam seu medo com profundo desprezo e parecia existir até mesmo pena no olhar de alguns.

Ao lado do jovem Stark, o lobo gigante negro se atiçava rosnando furiosamente. O ódio da criatura era tão forte que fazia até mesmo seus aliados tremerem de medo. O homem da travessia, por sua vez, já não dava um passo adiante. Estava empalidecido e tremia como uma criança no frio murmurando preces silenciosas.

“Ainda não, Felpudo.”-Em seus pensamentos, o garoto dizia ao seu lobo enquanto coçava atrás de sua orelha. Passou para a pele do animal durante alguns instantes e o acalmou.

Finalmente então ele voltou sua atenção para o mensageiro e seu estranho baú. Notou que o homem ainda não parou de tremer, mesmo depois que Rickon acalmou o seu lobo. Só parou de tremer e voltou a caminhar quando Grande-Jon desferiu um forte tapa nas costas dele.

–Ande logo com isso, seu pedaço de merda. Não temos o dia todo.

–Está diante do príncipe de Winterfell e verdadeiro senhor do Norte.-Robett Glover dizia em seu costumeiro tom diplomático, mas, mesmo em suas palavras amenas encontrava-se a fúria-Seria de bom tom se ajoelhar, Frey.

O homem imediatamente obedeceu dobrando os joelhos em uma distância de aproximadamente cinco metros do príncipe. Notou também que Domerick fez algum comentário com Oliver, Kya e um rapaz Flint deixando-os cair na gargalhada.

–É uma grande honra estar em sua presença, ó príncipe de Winterfell.-Ele falava com a voz meio trêmula-Mesmo em circunstâncias tão desagradáveis.

–Foi por isso que seu pai o mandou? Porque sabe bajular?-Rickon respondia em um tom frio e condescendente.

A resposta arrancou risadas na corte. O homem corava talvez de vergonha ou talvez por medo. Rickon, sinceramente não sabia qual das duas opções o divertia mais.

–Não, vossa graça. Eu não vim bajular. Meu pai manda-me aqui por outras razões.-O homem fez o possível para se recompor-Sou Sor Danwnell Frey e venho em paz.

–Você é um cavaleiro?-Aramyr dizia logo a frente ocupando o posto de capitão da guarda pessoal de Rickon enquanto Howland Reed se recuperava dos ferimentos-Não age como um cavaleiro.

Lyanna Mormont, que estava substituindo sua irmã ferida, cutucou com força o braço de Aramyr, que só então tocou-se de seu erro. Rickon não viu mal algum na atitude do amigo e até mesmo encontrou verdade nas palavras dele então resolveu ignorar este pequeno disparate.

–Meu capitão tem razão. Não tem atitude alguma de um cavaleiro. E não estou interessado na paz de seu pai.-Rickon respondia antecipadamente-Pensei que a mensagem que enviei a ele tivesse deixado isso bem claro.

Após vencer Roose Bolton e passar o Forte do Pavor na espada e no archote ele enviou dois homens Freys levarem o corpo esfolado do traidor para Walder contendo uma carta que dizia apenas uma mensagem gravada em sangue de Freys escrita “O Norte se lembra”.

–O senhor meu pai recebeu sua mensagem com grande pesar. É do desejo dele fazer as pazes com o Norte. Trago uma oferta de aliança por casamento.

De repente o silêncio reinou no salão. Rickon estava com o rosto corado de fúria. Os lordes nortenhos e seus cavaleiros pareciam não acreditar no que ouviam. O cavaleiro pareceu ainda mais assustado que nunca.

–Então é por isso que veio aqui?-O jovem Stark levantava-se da cadeira-Veio fazer troça de mim? Lhe aviso que não respondo bem ao escárnio.

–Não...não é escárnio, vossa graça.-Ele respondia rápido, porém, de forma insegura-O casamento vermelho não foi obra de meu pai.

–Ah não?-Agora Wyllis Manderly falava-Não me diga que foram o Gramekins e Snarks que assassinaram os nossos companheiros.

–Foi obra de Tywin Lannister.-O mensageiro dizia de forma suplicante-Ele tinha reféns e nos coagiu a fazer aquilo. Meu pai estava chateado, mas, nunca se desonraria dessa forma. Lamentamos muito o que fizemos, porém, sabe o quão terrível Tywin Lannister podia ser e não tivemos escolha.

–Sei muito bem o quão terrível aquele demônio poderia ser.-Raymond falava agora, posicionado a esquerda de Aramyr como um dos sete guardas pessoais de Rickon-Contudo, existe uma falha em sua fábula, Frey. Se Tywin Lannister quisesse coagi-los, ele ainda estaria longe demais para lançar um ataque contra vocês sem passar despercebido. E mesmo que pudesse, vocês poderiam apenas juntar seu exército ao dele e fechar as forças do jovem lobo em Correrrio mantendo sua honra incólume e garantindo uma vitória rápida ao exército Lannister. Agora vai me dizer que seu pai não conseguiu pensar nisso quando mesmo um membro de uma casa esquecida como eu foi capaz de deduzir isso em poucos segundos?

O silêncio do mensageiro era toda resposta que Rickon precisou.

–Precisará de nós, príncipe Rickon.-O mensageiro pareceu ignorar Raymond-Rei Aegon iniciará uma retaliação contra o assassinato de lorde Bolton. Ele considera você e Edric Storm inimigos diretos do reino e traidores.

–Como nossos pais foram.-Edric agora falava de um canto-Ainda assim, os rebeldes esmagaram o avô e o pai dele e agora nós esmagaremos Aegon. E se me lembro bem de minhas aulas de história, vocês Freys chegaram convenientemente atrasados e não tomaram partido de nenhum dos dois lados. Nega isso, Sor Danwell Frey?

O suor escorria da testa do homem e ele se complicava nas palavras. Os companheiros de Edric gargalhavam do fracasso dele.

–Uma vez você falou a verdade, Frey.-Rickon agora dizia-O tal Aegon mandou-me um corvo declarando-me traidor e pedindo que eu me rendesse a ele e entrega-se Edric para ser executado. Eu o respondi com o desafio. Não existe homem nessa terra que dobre meus joelhos. Mas não preciso de gente da sua laia, Frey. São bons em matar na base da traição, porém, em uma luta honrada dão menos trabalho que um cão. Ainda que fossem de alguma utilidade, para que eu aceitaria essa insanidade? Para me matarem em meu próprio casamento como fizeram com meu irmão e minha mãe?

–O casamento seria realizado em Winterfell.-Ele respondia rapidamente como se tivesse decorado as respostas-Não poderíamos matá-lo ou qualquer um dos seus mesmo que fosse nosso desejo. Além do mais, como você bem lembrou, derramou muito sangue Frey nas ultimas batalhas.

–Nem um terço do que pretendo derramar.-Rickon dizia sentando-se novamente.

–É nosso desejo interromper o derramamento de sangue e trouxe presentes como sinal de boa-fé.

Ele apontou para o baú. Dois guardas Manderly pegaram imediatamente e o abriram. Seu rosto mostrava um misto de surpresa e confusão. Caminharam levando o baú em direção a Rickon. O jovem Stark ergue-se para observar o conteúdo do presente de boa-fé. E por um instante ele perdeu a fala.

Havia uma coroa de bronze e uma espada familiar para o rapaz. Tateou a coroa devagar e a ergueu para que todos vissem. O espanto tomou conta dos nortenhos. Muitos murmuravam palavras sobre “A coroa do rei Robb”.

–Como presente de boa-fé e um sincero pedido de desculpas, lorde Walder Frey envia a coroa que seu irmão usou anteriormente, bem como a espada dele recém-afiada. Aqueles que lutaram ao lado do rei Robb podem conferir a autenticidade destas.

Agora tomava em suas mãos a espada do irmão. Seus olhos brilhavam de felicidade. Havia um costume em Skagos que dizia que uma parte da alma de um homem ficava em sua arma e lutar com ela era mais que honrá-lo, era como lutar lado-a-lado dele.

“De agora em diante estarei lutando ao lado de Robb agora.”

Embainhou a espada e prendeu a cinta em sua cintura. Tomou a coroa em suas mãos e a colocou na cabeça. Ao fazer esse gesto Grande-Jon começou a gritar “Stark! Stark! O rei do Norte” e as outras vozes juntaram-se a ele.

Rickon esperou até que eles se silenciassem e então voltou seu olhar e atenção para o mensageiro, que parecia estranhamente mais calmo e confiante.

–Disse que se chama Sor Danwell, não é mesmo? Você levará minha oferta ao seu pai, Sor Dawnwell.

–Sim, vossa graça.-Ele respondeu com um certo alívio.

–Diga-me para que ele e sua corja me encontrem no campo de batalha e eu os permitirei morrer com o mínimo de dignidade. Uma morte em combate é mais do que vocês merecem, mas, considere isso uma retribuição pelos generosos presentes. Escondam-se em seus castelos e eu os matarei como ratos pestilentos que são. Isso é tudo.

Havia uma agitação entre os nortenhos. A maioria deles sorria e vociferava provocações ao mensageiro. O Frey, por sua vez, corava de fúria com os olhos voltados para o novo rei do Norte.

–Tentei não chegar a este ponto, mas parece que é impossível dialogar com selvagens.-Seu tom agora não mostrava a bajulação de outrora e Rickon preferia assim. Gostava dos inimigos que mostravam sua face-Trouxe-lhe ofertas de paz e generosos presentes somente para receber em troca insultos e acusações vis. Pois saiba, rei menino, que temos como refém o seu tio Edmure. Recuse nossa oferta e esta será a morte dele.

Agora foi a vez de Rickon empalidecer. Cerrou o punho de indignação com a ameaça. Nunca conheceu o tio Edmure, porém, era a única família que lhe restava agora. Para vingar sua família teria de abrir mão do único que ainda estava vivo.

“Me perdoe, tio Edmure. Sei que você não ia querer deixar o assassinato de minha mãe sem sua merecida justiça”

Rickon ergue-se furioso e até seu lobo rosnava mais ferozmente do que antes. Todos emudeceram enquanto ele caminhava a passos lentos em direção ao Frey. O lobo gigante seguia junto ao seu lado enquanto ele desembainhava a espada de Robb.

–Tudo o que tem é um tio que nunca conheci e que certamente espera vingança pelo assassinato de minha mãe e do meu irmão. Ele esta além de minha salvação, é verdade. Mas eu juro-lhes pelo túmulo de minha família que se matarem ou fizerem qualquer mal ao meu tio serei ainda mais brutal do que nunca. Farei a morte parecer um doce consolo, juro pelos deuses antigos e pelos novos.

Toda a raiva e ameaça do Frey o abandonaram naquele instante restando apenas o medo. Caminhava vacilante para trás a medida que o novo rei avançava em sua direção. Grande-Jon e outros homens bloqueavam sua passagem atrás o impedindo de correr em direção a porta.

–Cada homem e mulher aqui em Winterfell iria querer esfolá-lo.-Rickon dizia em um tom gélido como esperado do rei do inverno-Mas lhe darei alguns dias a mais dias de vida amarga. Quero que você volte as gêmeas e conte tudo o que eu disse ao seu pai e todos aqueles ratos imundos que chama de irmãos e primos. E que envie qualquer criança que estiver nas Gêmeas para fora de Westeros e não os matarei. Caso contrário, eu as servirei de comida aos lobos.

O homem já não tinha palavras diante das ameaças do rapaz. Ele apenas tremia e acenava positivamente com a cabeça. Rickon deixou escapar um fraco sorriso nos lábios. O jovem Stark então continuou a falar.

–E você também levará um presente meu para Walder Frey. É uma torta. E diga-lhe para comer sem se preocupar, tenho planos bem mais cruéis para morte dele do que simples veneno.

–Uma...torta!?

–Sim, uma torta. É um velho costume de Skagos começar uma guerra com uma coisa agradável. Significa “aproveite algo bom da vida antes de morrer”. A torta foi feita pelo lorde Wyman Manderly e certamente é a melhor que já provei. Seu pai irá gostar.

O homem nada disse, mas saiu o mais rápido que pode assim que foi dispensado. Grande-Jon gargalhou alto no salão de como o cavaleiro Frey fugia. Outros risos juntaram-se aos dele. Rickon os silenciou erguendo sua mão.

–Teremos tempo para os risos depois que terminarmos com Aegon, os Lannisters e os Freys.-Tentou falar com a voz mais altiva que um rei poderia dizer-Os membros do conselho de guerra devem se reunir no meu solar em uma hora. Os outros estão dispensados.

Sem mais delongas ele se retirou do salão. Caminhou para fora do salão até o bosque sagrado. Embora a neve caísse forte ele jurou que isso não o deteria, pois, seu assunto ali parecia de extrema importância agora.

Desde que voltará a Winterfell, Rickon sentiu-se um estranho em seu próprio lar. Nunca se dera conta de como o lar era um lugar diferente de Skagos e tão cheio de regras sem-sentido. Pessoas se casavam sem se conhecer; Mostravam compaixão por inimigos que não mereciam e desconfiança por amigos; Ali um homem era medido por seu sangue e não pela sua habilidade; E a guerra era tão diferente ali.

Durante todos esses anos, Rickon sonhava em voltar para casa e agora que estava lá queria de todo o seu coração voltar para Skagos e sua tão amada liberdade. Quase conseguia rir de tamanha ironia.

Mas quando chegava ao bosque sagrado ele sentia-se livre novamente. O lago havia congelado e o frio estava quase insuportável, porém, ele sentia-se bem. Ajoelhou e orou.

–Deuses do Norte, deuses do meu pai e do meu irmão. Quase nunca venho aqui orar, porém, hoje eu lhes peço de todo o meu coração que salvem o meu tio Edmure.

As árvores se agitavam, mas não havia resposta alguma vindo delas. O rei soube então que congelaria ali antes de obter qualquer resposta, os deuses nada lhe trariam além do silêncio.

–Árvores idiotas. Um dia eu ainda derrubarei vocês e farei um boneco de madeira para que eu possa golpear sempre que estiver com raiva-Ele declarou bufando de raiva enquanto saía do bosque-E um escudo também. Talvez assim tenham alguma utilidade.

Contudo sabia que eram palavras vazias. Rickon sabia o quanto seu pai e seu irmão eram devotados aos deuses antigos, além é claro, de Aramyr e Thorion. Desde que soube que o irmão morreu, Rickon nunca viu utilidade nenhuma em seus deuses e os enxergava apenas como árvores mais valorizadas que alguém esculpiu um rosto.

O novo rei do Norte dirigiu-se então para o castelo de Winterfell a passos largos. Subindo as escadas diretamente para um quarto em especial. Dando três batidas leves antes de entrar.

–Jeyne? Beth? Sou eu, Rickon-Dizia o rei ao entrar no quarto.

O quarto parecia bem mobiliado. Jeyne Poole estava cuidando do cabelo de Beth Cassell da forma como as duas faziam com Sansa, pelo menos, da forma como ele lembrava. As duas sorriam para ele.

–Vossa graça-Jeyne era a primeira a dizer-Me alegro em vê-la. A coroa de seu irmão ficou muito bem em você.

–Ah, obrigado-Ele dizia enquanto a ajeitava novamente em sua cabeça- O mensageiro Frey a trouxe de volta, mas, sinceramente não sei como o meu irmão conseguia deixá-la em sua cabeça sem cair. Estou com ela a meia-hora e já quase me escapou três vezes.

–Mya nos contou sobre o mensageiro Frey-Beth finalmente disse, embora tentando esconder os dentes quebrados-Isso significa que haverá guerra?

–Creio que a guerra já tenha começado, Beth-As palavras fizeram a mulher gelar e tremer. Rickon segurou as mãos dela firmemente para tranquilizá-la- Mas não tema. Não deixarei ninguém fazer mal algum a você ou qualquer um do meu povo. Vou acabar com aqueles Freys e com aquele almofadinhas do Aegon eu estarei de volta.

A garota soltou um suspiro mais aliviado. Jeyne a segurou pelos ombros também para tentar tranquiliza-la.

–Confie em Rickon, Beth. Ele venceu Ramsay e Roose Bolton. Vai vencer essa guerra também.

“Não é de se admirar que ela esteja tão assustada. Aquele monstro a torturou tanto”

Beth Cassell foi encontrada no Forte do Pavor com cicatrizes por várias partes do corpo, marcas de chicotadas nas costas e extremamente magra. A coitada comia ratos e foi repetidamente violada durante os anos como prisioneira.

Quando marchou até o Forte do Pavor o encontrou quase sem defesas e ruindo de dentro para fora. Ordenou que os camponeses e os prisioneiros fossem resgatados e levados para Winterfell enquanto os outros foram passados na espada.

–Vim apenas visitá-las rapidamente e ver como se passa, Beth.-Rickon dizia calmamente. Se aproximava de Beth e dava-lhe um beijo na testa arrancando um sorriso tímido dela-Agora tenho de ir, o conselho me espera.

Deixou as duas antigas amigas de sua irmã a sós novamente. Vê-las sorrindo arrancava sempre um sorriso de seu rosto. As duas representavam ao rei um elo com a antiga Winterfell de seus sonhos e lembranças.

Com o tempo que ainda restava antes da reunião, o jovem rei foi até seu quarto. Pegando sua ocarina e tocando como Domerick ensinou a ele. Rickon não era tão bom quanto Ray e Quinlas e nem de longe um músico talentoso como Domerick, mas, sentia-se relaxado ao tocar os sons antigos de Skagos.

Depois de um bom tempo tocando músicas como “A última cavalgada de Tungar” e “Uma noite sem lua” Rickon achou que já estava na hora de ir até seu sonar e cumprir com seus deveres reais. Então, ele guardou sua ocarina e levantou-se caminhando rumo ao seu solar.

Quando chegou ele se deu conta de que talvez tenha perdido a noção do tempo enquanto tocava sua ocarina, pois todos já estavam lá. Edric Storm estava lá junto com Junstin Massey e seu primo Sor Andrew. Os nortenhos eram representados por Jon Umber, Maege Mormont, Robett Glover, os três senhores de Skagos e seu irmão adotivo, Malchior.

–Chegaram cedo-Foi tudo o que ele pensou em dizer-Melhor não adiarmos isso mais tempo.

O rei sentou em sua cadeira que lhe era devida enquanto esperava alguém quebrar o silêncio e tratar da ameaça feita pelo rei dragão.

–Não chegamos cedo, você chegou tarde-Edric disse quase rindo-Desse jeito vamos morrer de tanto esperar se você sempre se atrasar para uma batalha.

–E mesmo atrasado matei e derrotei mais homens que você-Rickon respondeu quase rindo.

–Sei que gostam de brincar juntos, mas, o tempo não é propício, meu rei e senhor-Thorion dizia com sua assustadora e imponente voz.

–Seria bom lembrar que agora são considerados inimigos do reino-Órion completava.

–Que reino?-Rickon respondia indignado-Aegon não é meu rei, não me curvo para um almofadinha sulista. Se ele me quiser de joelhos dobrados que venha aqui e tente faze-lo.

Grande Jon pareceu adorar aquilo, mas nenhum outro compartilhou de seu entusiasmo. Nem mesmo Bor, que normalmente adorava aquele tipo de atitude.

–Não deve subestimar Aegon, Lorde Stark-Agora Justin Massey falava-Mesmo quando rapaz conseguiu vitórias notáveis contra ferrenhos oponentes.

Aquilo apenas aumentava a vontade do garoto de enfrentá-lo e respondeu em tom de desafio.

–Não me impressiona. Conquistei minhas vitórias também, julgo que estamos em condições iguais.

–Aegon é meu adversário-Edric respondeu-Já acertamos isso, Rickon.

–Ouça os que estão falando-Órion disparou furioso-Pelos deuses, vocês são homens agora e líderes de um exército e estão disputando como enfrentar um homem como crianças disputam um brinquedo. Querem a verdade? Nenhum de vocês tem números e força suficiente para se opor a Aegon.

O golpe atingiu Rickon com a força de dez lanças.

–E o que o dragãozinho quer com o nosso rei?-Jon Umber falava.

–Creio que pensem que Rickon e Edric sejam oponentes consideráveis ao seu reino ou talvez queira vingar seu falecido pai-Sor Andrew respondeu.

Aegon enviou uma carta pouco após Rickon derrotar Roose Bolton, em seu conteúdo ela declarava Rickon como um traidor do reino por assassinar o legítimo protetor do Norte e se coroar príncipe do Norte, além de proteger e fazer causa comum com um traidor.

–Aegon não virá até vocês-Thorion respondia calmamente-O embuste de hoje dos Freys provou isso. Mesmo com um número superior ele ainda seria repelido pelo Fosso Cailin caso atacasse pelo Sul.

–Sugere passar o inverno todo escondido aqui?-Rickon perguntava, incrédulo.

–Ele sugere que você avalie bem o seu campo de batalha antes de lançar-se contra a morte-Agora Órion dizia.

As palavras do anão fizeram o rei perder o que restou de sua paciência

–Morte, é? Malagorn disse o mesmo para mim, Ramsay Bolton disse o mesmo para mim. Eu esmaguei todos eles e assim farei com essa lagartixa que se diz um dragão.

Esperava que o tom de voz e a firmeza nas palavras passassem a confiança que sentia em suas palavras, porém, o seu mentor limitou-se a abanar a cabeça negativamente e soltar um suspiro de repreensão.

–Que infeliz escolha de palavras-Ele falou e depois continuou em um tom mais calmo-Malagorn o enfrentou em combate singular de acordo com as tradições de Skagos, enquanto Ramsay e Roose Bolton estavam em uma diferença numérica brutal demais para oferecem grande resistência. Aegon terá um exército a sua espera, muito maior que o seu. Se marchar para o sul, apenas levará seus homens de encontro a sua perdição.

–Se eu alcançar Correrrio, as casas das terras fluviais iram se juntar a minha causa, lembra?-Rickon ainda debatia com firmeza-Meu exército terá o dobro de homens.

–Ótimo. Então levará o dobro de homens para morte. Pede-me a taça da verdade, porém, quando eu a sirvo você não a bebe.-Órion continuava-Difícil admitir, porém, a verdade é que não tem números para se opor a Aegon.

–Precisamos de alianças-Edric interrompia quase como se tivesse tido a melhor ideia do mundo-Eu poderia trazer a maior parte dos vassalos de meu pai. Ele e meu tio Renly eram bem queridos em Ponta da tempestade, bem como eu também fui. O problema é que—

–O problema é que você é bastardo-Rickon completava atraindo olhares estranhos dos dois companheiros de Edric.

–Sim. Pelo que soube, Jon Connington nunca foi muito querido por lá e até hoje existe quem duvide da legitimidade de Aegon. Se eu fosse um filho legítimo, eu teria o direito ao trono-Edric falou com certo desânimo.

–Isso não é problema-Rickon agora dizia-Posso legitimá-lo, como farei com Laurence Snow. Um rei pode fazer isso.

–Sim-Justin Massey agora dizia-Um rei poderia, porém, Edric seria o rei e você teria que entregar a sua coroa. Os opositores vão argumentar que sua legitimidade não é válida por vir de um rei que ajoelhou. Edric permanecerá não tendo direito ao trono e tudo será desfeito.

Foi um verdadeiro balde de água fria nas expectativas dos rapazes. Pela expressão de Edric, ele pensou que a guerra já estava vencida, tal qual Rickon. Todos permaneceram em silêncio por alguns instantes até que Edric voltou a falar.

–Poderemos dividir o reino então. Rei de sul e rei do norte, que tal? Mais tarde poderemos casar nossos filhos e reunificar o reino, se necessário.

A ideia atingiu todos de surpresa. Andrew e Justin estavam empalidecidos com a sugestão do rapaz.

–Edric, não pode. Seu tio nunca concordaria com essa...com essa loucura-Justin Massey dizia enquanto se levantava atraindo olhares e rosnados de Jon Umber.

–Meu tio Stannis morreu, lembra? Meio reino é melhor do que nenhum. Além do mais, não existe outra forma. É isso ou perder para Aegon e jamais deixarei que aconteça.

O ódio de Edric por Aegon as vezes parecia quase irracional. Segundo o que ele contou, Aegon não apenas matou Stannis como também foi responsável pelo sumiço de sua prima Shireen e seus falsos irmãos Tommen e Myrcella, ao qual o rapaz tinha grande estima.

–Agora melhorou-Órion dizia-Porém, ainda não é suficiente. Precisamos de mais aliados. O que acha disso, Malchior?

Todos os olhares seguiram para o irmão adotivo. Seu alvo rosto ficou vermelho de vergonha. Até que ele tomou ar e finalmente respondeu.

–Bem, eu creio que precisamos primeiramente definir nossas prioridades...isso...defini-las. Pela posição estratégica, os Freys são nossos adversários mais imediatos. Aegon...bem...ele provavelmente vai reunir seus vassalos e esperar até cercarmos as gêmeas para reforçar o ataque quebrando nosso cerco e os atraindo para fora do norte.

“Se passarmos pelas gêmeas sem derrotarmos os Freys, mais tarde, eles vão estar em uma posição estratégica favorável para nos atacar pela retaguarda durante o combate com Aegon ou então nos cercar e barrar nosso retorno ao norte. E pelo que pude analisar, as gêmeas só cairiam se existir um exército do outro lado os cercando.

Todos pareciam surpresos com as palavras do jovem. Com dezessete anos de idade, Malchior era um prodígio em termos de estratégia. Foi um guerreiro, outrora, até que uma lança com chifre de unicórnio perfurou totalmente sua coxa esquerda o deixando aleijado para sempre.

–Ensinou bem este aí, meia-perna-Jon Umber falava com um sorriso de satisfação.

–Para conseguirmos aliados devemos convocar aqueles insatisfeitos com o reinado atual. Que casas tem rixa com o rei dragão-Thorion agora dizia.

–Poucas-Robett Glover admitia-Ele ordenou a devolução dos reféns logo que ascendeu ao trono e tentou trazer paz ao reino. Contudo, ele também deixou o norte ao cuidado dos Boltons e tirou as terras fluviais de um tal Petyr Baelish entregando aos Freys deixando ambos os povos insatisfeitos.

–Dizem também que existe um mal sentimento entre ele e Harry Arryn-Sor Andrew acrescentava-O povo do Oeste também não parece gostar muito dele. Falam que tudo demora a chegar naquelas terras, desde comida até a justiça.

–E os Greyjoys também-Maege Mormont agora falava-Estes odeiam o rei dragão mais do que todos. Ele invadiu e quebrou Euron deixando homens de sua companhia dourada no lugar como protetores das ilhas-de-ferro.

Uma carta chegou de Pyke oferecendo aliança com o norte. Parece que muitos dos comandantes das ilhas-de-ferro estavam no cerco de Winterfell quando Rickon os matou permitiu que uma tal de Asha Greyjoy recuperasse o lugar de seu pai.

–Não quero ajuda daqueles traidores das ilhas-de-ferro. A vez deles haverá de chegar também-Rickon brandia em resposta.

–E os Tyrell?-Edric questionava.

–São lealistas Tagaryen desde sempre, primo-Sor Andrew respondia-Lutaram contra seu pai e lorde Eddard na rebelião.

–Sim, é verdade-Edric ainda insistia-Mas, a filha deles havia se tornado rainha e seus netos seriam reis antes de Aegon. Será que essa situação não os incomodou nem um pouco?

–Uma aliança pelo matrimonio pode ser forjada com eles-Justin Massey declarava animado.

Mais uma coisa que Rickon não compreendia era a aliança por matrimonio. Saber que seus pais casaram assim foi um choque para ele, não imaginava estar feliz ao lado de alguém que foi forçado a estar ali. E desde que chegou em Winterfell lhe eram oferecidas donzelas que ele sequer tinha visto.

–Então qual de nós vai se deitar com a rosinha e conseguir um exército, Rickon?-Edric agora dizia com um enorme sorriso no rosto.

–Ah...bem...pode ser você-Rickon respondia meio sem-jeito.

–Perfeito-Edric declarava-Então você pode se casar com Asha Greyjoy.

–O QUE!?-Rickon imediatamente levantou de sua cadeira-Enlouqueceu? Não vou me casar com uma cadela velha das ilhas-de-ferro.

–O que vou fazer com esse meu amigo, primo? Não quer a rosa, não quer lula gigante. Prefere que eu lhe traga o jovem falcão então?-Edric declarava.

–Não caso-Rickon respondeu abanando a cabeça-Os Greyjoy traíram meu irmão e atacaram meu povo. Não quero a amizade deles e muito menos ser casado com uma delas.

Edric soltou um longo suspiro e então finalmente continuou.

–Precisamos de alianças e a melhor forma de consegui-las é através de casamentos. Então deixe que eu me case com Asha e você com Margaery Tyrell. Melhor agora?

–Muito melhor. Duvido muito que Margaery vá me matar durante a noite para tomar minha coroa, como Asha fará com você. É um idiota em confiar nela.

Após isso os dois discutiram abertamente, porém, logo após os ânimos se acalmarem já estavam conversando amigavelmente. No curto período de tempo em que se conheceram, Edric e Rickon estavam forjando uma sólida amizade como seus pais fizeram antes deles. As vezes brigavam e discutiam, mas, logo retomavam a amizade como se nada tivesse acontecido.

Poucos assuntos importantes foram debatidos depois disso e o conselho logo chegou ao fim. Rickon resolveu caminhar até o pátio aonde Domerick treinava os novos soldados de Winterfell. A maioria era um grupo franzino e verde como a grama.

Haviam vinte e três deles treinando repetidamente o movimento com uma lança de madeira. Resolveu permanecer escondido observando e não atrapalhar o treino. Os soldados já pareciam estar cansados.

–Descansar-Domerick gritava com uma imponência nunca vista antes.

Os homens o obedeciam imediatamente. A expressão séria no rosto de Domerick, em nada lembrava o piadista de sempre. Apontava para um rapaz do grupo, não muito mais velho que ele.

–Ao meu lado, soldado.

O rapaz obedecia e ficava ao lado de Domerick. O skagosi retirava a lança de suas mãos e entregava uma espada de madeira. Apontava para três pessoas agora.

–Sergi é o seu nome, não é? E você deve ser o Nathan, não é? E você deve ser--

–Helo-Uma voz fina respondia enquanto o soldado abaixava a cabeça.
Domerick franzia o cenho antes de responder

–Conheço bem a voz de uma mulher e a sua definitivamente é a voz de uma. Sinceramente não me importo se você não se importar. Apanhará, passará fome, frio e medo como todo e qualquer homem. Estamos entendidos?

–Sim-Ela respondeu com firmeza.

Ele jogou um punhal para ela, que segurou com facilidade.

–Se alguém tentar violar você, use isso. Não importa quem seja. Se de todo caso falhar, fale comigo ou com o rei.

Ela assentiu com a cabeça silenciosamente.

–Agora vocês três devem atacar o Christopher aqui. As lanças não possuem ponta então podem golpeá-lo a vontade. Depois de dez minutos você entra no lugar dele, Nathan.

O homem parecia um pouco assustado quando os golpes choveram em sua direção. Sua espada voava de um lado para o outro tentando evitar os golpes. Domerick vociferava ordens e instruções para o soldado.

–Até que ele não é tão inútil quanto eu pensava-Notava então que Órion estava ao seu lado observando.

–Não é tão ruim. Ele os treinando bem e transmite as lições como você faz.

–Precisa fazer melhor-Órion respondeu cruzando os braços.

Nunca entendeu muito bem o motivo de Órion não gostar muito de Domerick, mas naquele momento ele compreendeu que se algo acontecer ao senhor do salão dos troncos haveria alguém para treinar os novos soldados e inspirar os homens da casa Stane.

“Órion tem seu herdeiro e eu vou precisar do meu”

Demoraria até encontrar Margaery Tyrell e ainda havia a possibilidade dela não aceitá-lo. Os dois não teriam um filho tão cedo. Mas Rickon não era o ultimo Stark restante no mundo. E por enquanto ele teria de ser seu herdeiro.



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