Quando voltei para dentro de casa os meus pais tinham saído para fazerem as compras necessárias, já que nesta casa havia quase de tudo, subi para o meu quarto, reparei, nesse momento, que a janela tinha vista para o Rio Elba, segui em direcção a cama para me deitar um pouco, quando reparei que estava um papel em cima da cama, peguei nele, notei que era um horário de tarefas a realizar no meu dia-a-dia, entre elas estava arrumar o quarto, coisa que eu já fazia em Africa, mas não era por isso que deixei de odiar fazer tal tarefa, por a loiça na maquina e tinha também o horário das minhas aulas de alemão, que durariam quatro horas todos os dias, excepto aos fins-de-semana que seriam somente duas horas, havia também uma nota anexada com um aviso escrito numa adorável e desconhecida caligrafia, que indicava que as aulas começariam amanha as 14 horas.
Nessa noite adormeci embalada pelo piar de uma coruja das torres. Durante o meu sono, sonhei com a minha verdadeira casa e a floresta e a floresta que a rodeava, sempre verde. Aqui algumas árvores têm folhas vermelhas e outras têm folhas amarelas. Eu sabia o porquê deste acontecimento, mas não era por isso que deixava de ser estranho para mim.
Acordei com mais um pesadelo, desta vez estava rodeada de folhas vermelhas e amarelas que não me deixavam passar, e por mais que eu gritasse não me deixavam passar na mesma, e ninguém vinha em minha ajuda. Eu perguntava-me a mim mesma se estes horríveis sonhos vão acabar, não tenho a certeza, mas têm que acabar não?
Voltei a adormecer, desta vez sem sonhar, acordei eram 10 da manhã, fui tomar o pequeno-almoço, pôs a loiça na máquina e subi para o meu quarto, arrumei-o, vesti-me, sentei-me na cama com o portátil e quando dei conta era hora de almoçar. Desci e fiz uma comidinha rápida, pôs a loiça na máquina e pu-la a funcionar.
Olhei para as horas e ainda era 13h45, mas já estava quase na hora da aula, então sentei-me num dos sofás a ver televisão. A hora marcada o professor toucou a campainha e eu corri para abrir a porta.
No outro lado da porta estava um rapaz de olhos azuis, cabelos pretos e um sorriso capaz de derreter o mais gelado dos corações. Fiquei parada a finta-lo como uma estatua. No momento em que ele se mexeu para entrar, foi aí que eu me apercebi o que estava a fazer e senti as minhas bochechas a corar. Depois daquela situação, ele olhou para mim e somente me perguntou onde seria a aula, eu fechei a porta e indiquei que me seguisse ate ao meu quarto, quando lá chegámos, sentamo-nos na mesa de estudo e aula começou.
- Então vamos lá ao principal! – Disse o professor
- Hallo, guten tag! Mein name its George Doellinger.
Fiquei espantada com a sua voz. Era rouca e sensual. Vou adorar estas aulas, pensei para mim mesma.
- Desculpe, mas eu não percebi nada do que acabou de dizer! – Murmurei envergonhada.
Ouvi uma risadinha saída da garganta do meu professor, o que fez com que me fez corar ainda mais.
- Tens razão. Não devia ter começado assim – Disse ainda divertido.
- Olá, boa tarde! O meu nome é George Doellinger. Foi o que eu disse em alemão! – Explicou ele.
Eu corei novamente. Ele deve-me achar tão burra. Ele tem um nome lindo. Que raio de tempestade ia no meu cérebro, foi tirada desta confusão interna pela sua voz rouca
- Agora vou perguntar-te como te chamas?
- Wie heiBt du? - Disse George.
- Kayra Call! – Respondi murmurando
A aula ia continuando, pelas 16 horas fizemos uma pausa para lanchar, passado uma hora a aula já tinha sido retomada. Quase à hora de acabarmos a aula naquele dia a minha mãe entrou no quarto e convidou o professor George para o jantar, ele depressa aceitou.
O jantar foi rolo de carne no forno com legumes. Depois do jantar passamos para a sala de estar. A minha mãe sentou-se no sofá da direita ao lado do meu pai e eu e o professor.
- Então Sr. Call, o senhor não precisa de umas aulinhas de Alemão, também? – Disse o professor George.
- Ai, por favor, não me trate por Sr. Call, trate-me por Semir. E não obrigado, eu sou alemão assim como a minha esposa Helga! – Comentou o meu pai.
Eu estava sentada ao lado do Prof. George e só me apetecia estender a mão para agarrar a dela que estava a repousar no seu joelho. Sua louca pára com esses pensamentos parvos e impossíveis de acontecer! – Sussurrei para o meu cérebro.
Não podemos evitar conversar, coisa que eu gostei bastante, fiquei a saber que ele tinha 21 anos, era professor de Historia Alemã, e que tal como eu, adorava carros e motas.